quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

O Homem é Doido Por Cargo!


Tancredo Neves tinha uma maneira muito singular de descartar os aliados que ficavam voejando em torno dele em busca de cargos. Ele aconselhava o “cliente” a dizer que foi convidado e não aceitou. Podia até dizer que desautorizava a especulação em torno do nome dele (candidato), como fez agora o ex-governador Lúcio Alcântara. Claro que Alcântara vai querer limpar-se nessa história, mas que ele tentou ir para a presidência da Chesf, tentou, e com afinco. A novela se arrastou por mais de um ano e o capítulo final deixou um rastro mal-cheiroso de fisiologismo, que o filho Léo tratou de espalhar quando disse –afetado pelas notícias de que o deputado Ciro Gomes tinha vetado o nome de Lúcio para qualquer cargo no governo federal– que o pai dele (estava de férias em Portugal) agora seria candidato a prefeito de Fortaleza. Pegou mal. A vingança acentuou o mau olor e deixou Lúcio ao léu e ao Deus dará. O jeito foi costurar às pressas (igual a inventar) uma viagem a Brasília para voltar falando “grosso”. "Não quero fazer parte de qualquer lista de cargo no Governo Federal. Quero que meu nome seja retirado, porque não pretendo nenhum cargo. Vou trabalhar para viabilizar minha candidatura à Prefeitura de Fortaleza". A ironia é quando Lúcio chegou ao aeroporto de Brasília para pegar o avião de retorno a Fortaleza, o sistema de som executava uma música antiga, de Sérgio Reis, chamada Coração de Papel. Um trecho da música diz: “... você não quis jogou ao léu... meu coração que não é de papel”.

DIVIDIR A GRIFE

E como Lúcio não sabe viver na planície, ou seja, sem cargo, tratou logo de jogar a sua pré-candidatura à prefeitura de Fortaleza, com slogan e tudo. “Já temos definidos dois motes para a campanha: ‘Experiência e esperança’. Experiência do que eu tenho acumulado ao longo da minha vida, inclusive da vida pública; e esperança, porque quero uma Fortaleza melhor, mais justa e mais humana". Mostrou o caminho. Vai, outra vez, dividir a grife Lula, agora com a prefeita. ‘Esperança’ foi uma palavra trabalhada por Lula: ‘A esperança venceu o medo’, lembram? Na campanha em que foi derrotado pela oligarquia Gomes, ele tentou passar que também tinha o apoio de Lula, colocando um elogio de Lula a ele em seu programa de TV. Deu errado. Agora, Alcântara vai colocar a ‘experiência’ dele e de Léo à disposição do eleitor de Fortaleza e tem ‘esperança’ que dê certo. Quem sabe? Ele é um político decidido e corajoso e pode até chegar a um bom desiderato.

Confira no link abaixo:

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Festa de Arromba Sem Lei


O presidente Lula não foi com vergonha e como parte da estratégia de que nunca sabe de nada, seja de roubo no seu Governo ou do seu partido. Não compareceu, mas mandou todo o seu estado maior, que não se inibiu em prestar homenagem ao famigerado José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil de Lula e autor do abjeto mensalão. A festa dos 28 anos de fundação do PT, promovida para mil convidados, com direito a forró, custou R$ 90 mil, foi, em verdade, mais uma afronta à lei. Refiro-me à resolução do TSE de 2007, que proibiu detentores de cargos de confiança no governo de contribuir com seus partidos. Como é praxe do PT (e PC do B), os convites à festa custavam entre R$ 50 e 200. Desse modo, não restou aos ministros e assessores outro caminho que não burlar a lei recorrendo aos amigos para comprar os convites (até parece que infringir a lei é uma questão de convicção desse povo). Dirceu, processado pelo STF por corrupção ativa, formação de quadrilha e outros crimes, recebeu homenagens dos companheiros, transitou à vontade e até dançou forró. É o que ele merece dos iguais, ou não? Agora, quem dança mais José Dirceu e o PT ou o povo brasileiro?

So para que você não esqueça, veja o melô do Bolsa Família (You Tube).

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BANQUEIRO DE ESQUERDA
(OU O FIM DAS IDEOLOGIAS)

Adauto Bezerra, coronel da reserva do Exército, banqueiro, latifundiário e ex-presidente de Honra do Democratas, está costurando acordo com o PT e PSB (dois partidos tidos como de esquerda) para lançar seu irmão, Ivan Bezerra (secretário de Desenvolvimento do governo da oligarquia Gomes), como candidato a prefeito de Juazeiro do Norte. Exatamente por essa costura, Adauto saiu do partido ao perder o controle do Democratas em Juazeiro, que se define como oposicionista aos governos federal e estadual. A aliança que Adauto tenta construir é bem interessante, o que induz qualquer animal político a pensar que ele (AB) deu um giro à esquerda. Ou terá sido os partidos de esquerda que deram um giro à direita? Sem dúvida, todos são pustemas que querem o poder pelo poder.

JORNALISMO OU MARKETING?

Nem todo mundo entendeu ainda o papel dos veículos convencionais de comunicação (rádio, jornal e TV) levando em conta o rolo compressor da mídia ágil e interativa da comunicação por satélite e internetiana. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, pagou o preço por não captar essa mensagem. Cassou a concessão da TV comercial de maior audiência, levando-a para a área estatal, mas esqueceu a horizontalidade da comunicação, da qual é alavanca a internet e o celular. Resultado: perdeu o plebiscito. E assim, da mesma forma como mudam as relações de audiência (e leitura) da mídia convencional, também mudam (e não deveriam) o papel dos profissionais que fazem o produto final desses veículos. São mais profissionais de marketing – a serviço de quem paga, aos padrões ou direto ao profissional– que jornalistas ou radialistas. Se antes, os departamentos comercial e editorial trabalhavam cada um com sua autonomia, hoje são integrados, e o editorial se subordina ao comercial, como faz questão de dizer a diretora (herdeira) do jornal O Povo, Luciana Dummar. Os veículos convencionais vivem a plena transição de meio de informação jornalística para meio de propaganda de quem paga mais. E não só por questão de sobrevivência. Hoje, o que se vê em quase todos os veículos convencionais de comunicação são campanhas –contra ou a favor.

TRANSIÇÃO MAIS FÁCIL

Há pouco mais de um mês publicamos aqui neste espaço que as campanhas são uma necessidade da imprensa para influenciar a opinião de seu público, uma probabilidade cada vez mais difícil (veja os três tópico abaixo). Vamos relembrar o tema. Sabe-se que uma matéria isolada tem pouca memorabilidade. Assim mesmo uma campanha sobre um tema, fato ou pessoa, não tem garantia de memorabilidade, mas a probabilidade é muito maior. Há três tipos de campanha de imprensa: a pró-ativa, a reativa e a direcionada. A pró-ativa é quando um grupo de comunicação tem seu marketing de marca que fideliza seu público. Por exemplo, a Criança Esperança da TV Globo. A reativa é quando surge um problema ou fato e durante um período se faz uma cobertura em série, como no onze de setembro, na guerra do Iraque, no mensalão... A direcionada é uma campanha que tem um objetivo específico e conjuntural. Sempre é destrutiva. Quer dizer, é destrutiva para o adversário de quem paga (partido, corporação, empresário ou governante). No Brasil –no Ceará, principalmente– é assim que tem trabalhado a maioria dos veículos convencionais de comunicação


A MÍDIA DISTRIBUI INFORMAÇÕES
(PODE OU NÃO FORMAR OPINIÃO)

Não caiu ou poder de fogo da Comunicação. Apenas está diluído no multiverso de meios. Na sociedade da informação em que cada Pessoa recebe o impacto diário –queira ou não– de milhares de estímulos informacionais, a reação de cada um a estes mesmos impactos representa um vetor decisivo na formação da opinião. Foi-se o tempo em que se podia falar numa tal comunidade abstrata denominada de ‘formadores de opinião’. Já há estudos conseqüentes (como ensina Gabriel Tarde)[1] que mostram que a opinião pública não se forma mais por impactos verticais, desde os meios de comunicação e menos ainda de formadores de opinião. Os meios de comunicação de massa, que tem a audiência como elemento de competição, por definição, não formam opinião, pois audiência é opinião já formada. Estas centenas de estímulos informacionais são espontaneamente selecionados pelas pessoas como que guardando em alguma caixa na cabeça aqueles que interessam. Depois, por indução externa ou pela importância que dão, estas informações produzem fluxos nos contatos com outras pessoas cuja opinião é importante para quem pergunta. Estes fluxos de opinamento podem ser curtos (terminar rápido), ou longos (serem multiplicados para outras pessoas). A mídia distribui informações, não forma opinião. Mas como muitas informações são comuns a toda a imprensa, elas chegam a milhões de pessoas e a probabilidade de serem selecionadas é maior. Quando os fluxos de opinamento individuais se multiplicam, dando a informação uma qualificação convergente, estes podem se tornar opinião publica.

PESQUISA EVITA O EFEITO CONTRÁRIO

É por essa razão que alguns veículos, através, principalmente, de seus colunistas têm repetido tanto alguns ataques ou defesa (caso do Ronda, com Fábio Campos, jornal O Povo), embora desconheçam –com exceções– a fundamentação científica. Preste atenção, se a mídia, especialmente a TV, retorna a informação coincidindo com estes fluxos, seja por sensibilidade jornalística, seja por pesquisa, seja por coincidência, esta informação já qualificada rapidamente se torna opinião pública. Daí que uma informação com o maior destaque que tenha, aparecendo uma ou duas vezes na imprensa, tem uma probabilidade muito menor de se tornar opinião publica que outra que é apresentada como campanha, ou seja, por dias e semanas na TV. Mas é bom atentar que a imprensa -em campanha- deve ter um enorme cuidado para não dizer uma coisa e os fluxos de opinamento processarem outra. Por isso, devem os veículos -quando em campanha- acompanhá-la com pesquisas sistemáticas para saber como as pessoas estão traduzindo a informação dada em overdose.

A FORÇA DA COMUNICAÇÃO PONTUAL

É o caso de indagar que, se assim é, por que a comunicação de governo, de muitas empresas e da maioria dos políticos investe tanto em anunciar e mesmo “comprar” veículos e profissionais dos meios de comunicação de massa (ou convencionais)? O Caso é que, de um modo geral, governos, políticos e empresários pouco acreditam e, portanto, dão pouca atenção à comunicação pontual (ou direta), ou seja, folders, panfletos, internet boca-a-boa etc. e são hiperestésicos aos estímulos informacionais, favoráveis ou desfavoráveis. Ah, o Fábio Campos disse na coluna que o Ronda do Quarteirão acaba com o discurso da segurança! É no momento em que a matéria é negativa que se cai na armadilha, pois o político, essencialmente, não tem controle sobre os fluxos e quando reage a esse tipo de matérias estará gerando novos estímulos a informação que não lhe é favorável, o que pode produzir fluxos de opinamento que não existiriam sem a sua intervenção. Da mesma forma a armadilha se arma quando a matéria é positiva, pois a tendência do contemplado é deleitar-se, esquecendo que se não produzir aqueles ditos fluxos ficará no esquecimento. E melhor ainda será ter a matéria favorável reproduzida através da comunicação pontual. Aprende quem quiser.


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[1] Para as pessoas que estudaram as idéias de Gabriel Tarde, ele estabeleceu princípios de toda uma sociologia das nuanças, dos detalhes e dos relacionamentos infinitesimais, de uma microssociologia heterogênea e foi um crítico à reificação dos sujeitos coletivos e à naturalização dos fenômenos macrossociais. Foi um crítico ferrenho ao mecanicismo e organicismo do arcabouço teórico de Émile Durkheim. Segundo Tarde, haveria uma tendência (que alguns autores chamam de antropocêntrica) de "imaginar homogêneo tudo o que nós ignoramos".

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

As Maracutais da Corte (Ô Povo Ladrão!)

(Compare passado e presente, à luz dos muitos escândalos que eclodiram no Governo, incluindo o atual –dos cartões corporativos).


O PASSADO: A HISTÓRIA - I

Está no sangue e está na história. Dizem que a história não se repete. É fato, mas exatamente 200 anos depois, as semelhanças são tantas que intrigam. Quando apressadamente fugiu de Portugal, a corte chegou ao Brasil colônia em 1808. O príncipe regente (D. João) trouxe entre 10 e 15 mil portugueses. “Um verdadeiro enxame de aventureiros, necessitados e sem princípios, acompanhou a família real. Os novos hóspedes do coroa (ou do governo) pouco se interessavam pela prosperidade do Brasil. Consideravam temporária a sua ausência de Portugal (ou presença no governo) e propunham-se mais a enriquecer-se à custa do Estado do que a administrar justiça ou a beneficiar o público”.[1] Como escreve Laurentino Gomes (não tem nenhum parentesco com Ciro Gomes, que faz parte da corrupta corte atual e que, durante quase uma década, foi o desempregado mais bem sucedido do Brasil), a corte portuguesa, que se homiziou no Brasil para fugir do já decadente exército napoleônico, era perdulária e voraz (como o pessoal do PT e da base aliada do Governo Lula). Pouco antes de retornar a Portugal (1821), a Ucharia Real (repartição responsável pelo abastecimento) da corte comprava 513 galinhas, pombos e perus e 90 dúzias de ovos por dia. Por ano, eram quase 200 mil aves, 33 mil dúzias de ovos, o que significavam quase R$ 50 milhões de reais.

O PRESENTE: OS FATOS – I

Hoje, o governo Lula não faz diferente. Veja os fatos. Logo depois de assumir o Governo em 2002, Lula desembarcou em Brasília com um verdadeiro enxame de petistas e aliados, necessitados e ávidos. Os 40 ministérios do governo triplicaram o número de funcionários nos gabinetes de Brasília e de outras repartições nos diversos Estados. Só no Palácio do Planalto hoje há 3,3 mil funcionários, contra 1,8 mil no governo Itamar Franco e 1,1 mil no governo FHC. A farra com o dinheiro público (da coroa) começou imediatamente e os escândalos se sucederam. Só a despesa com o gabinete presidencial (Fonte: Diário oficial da União) subiu de R$ 38,4 milhões em 1995 para R$ 318,6 milhões em 2003. Em 2002, saltou para R$ 372,8 milhões, ou seja, R$ 1,5 milhões por dia útil de trabalho. E as compras de comida e bebidas (da mesma forma que no Império) são de arrepiar: O processo de licitação de número 00140.000226/2003-67, publicado no Diário Oficial da União, previu a compra de 149 itens para o Palácio. Dentre eles constam:
- sete toneladas de açúcar;
- duas toneladas e meia de arroz;
- 400 latas de azeitona;
- 600 quilos de bombons;
- 800 latas de castanhas de caju;
- 900 latas de leite condensado...
- dois mil vidros de pimenta;
- dois mil e quinhentos rolos de papel alumínio;
- quatrocentos vidros de vinagre;
- quatrocentos e sessenta pacotes de sal grosso e ainda
- seis mil barras de chocolate.
- 22 quilos de arroz;
- 50 barras de chocolate;
- 15 vidros de pimenta...pimenta???

E a coisa vai mais longe: em outra licitação (00140.000217/2003-36), o Gabinete da Presidência comprou um pouco de tudo para beber. Entre os itens estão:

- 129 mil litros de água mineral (consumo de mais de mil litros por dia);
- duas mil latas de cerveja;
- 35 mil latas de refrigerante;
- 1344 garrafas de sucos naturais;
- 610 garrafas de vinho (consumo de cinco por dia);
- 50 garrafas de licor.

Em outra licitação (00140.000228/2003-56), foi comprado para o Palácio:
- 495 litros de suco de uva;
- 390 litros de suco de acerola;
- o mesmo tanto de suco de maracujá, laranja, tangerina e manga.
- 2.250 quilos de pó de café;

Em outra licitação (00140.000126/2003-31):
- três toneladas e meia de batata:
- duas mil dúzias de ovos;
- duas toneladas de cebola e
- uma tonelada de alho porró.
- 2400 abacaxis;
- uma tonelada e meia de banana;
- outro tanto de ameixa e ainda
- uma tonelada de caqui.

A Licitação (00140.000227/2003-10) de meios permitiu a compra de (para 120 dias):
- dez botijões de gás de dois quilos;
- 170 botijões de 13 quilos;
- 20 cilindros de 45 quilos e mais
- 45 toneladas de gás a granel.
- dois mil CDs para gravação, com as respectivas caixinhas, e
- 20 mil disquetes;

Outra licitação, a de número 00140.000143/2003-78:
- 300 colchas;
- 330 lençóis;
- 300 fronhas;
- 50 travesseiros;
- 66 cobertores (cobertor em Brasília é grave, hein?);
- 15 roupões;
- 20 jogos de toalha;
- 20 toalhas de banho e
- 120 colchões

Por isso é que para as lavanderias foram mandados em 120 dias:
- 54 toneladas - ou 13 toneladas e meia por mês, ou ainda, 450 quilos de roupa por dia.

Para melhorar o conforto, foram ainda comprados (além do que já existia no Palácio):
- dois fogões;
- duas cafeteiras;
- quarto fornos de microondas;
- quatro geladeiras;
- oito ventiladores;
- seis aparelhos de ar condicionado;
- dois bebedouros;
- sete televisores;
- dois aparelhos de CDs;
- três liquidificadores;
- uma sanduicheira;
- um frigobar.

O PASSADO: A HISTÓRIA - II

Nos treze anos que viveu no Brasil, D. João estourou todo o orçamento sustentando a voraz corte. O jeito foi criar um banco estatal para emitir moeda. Pela carta régia de outubro de 1808 foi criado o Banco do Brasil. Em 1820, o BB já estava arruinado. Só podia dispor de 20% de lastro (ouro) do dinheiro em circulação. E mesmo esses 20% em ouro e diamantes D. João VI levou em 1821 quando retornou a Portugal. O BB fechou as portas em 1829, sete anos depois da Independência. Foi recriado em 1853, já no governo do Imperador Pedro II. A segunda encarnação do BB também viveu momentos semelhantes aos de sua origem ao financiar, sem garantias, políticos, usineiros, fazendeiros quebrados e os cartões corporativos, sem o devido empenho. Realizar despesa sem empenho é grave irregularidade no setor publico. Outra herança de D. João VI, que virou escola na atualidade, foi a prática da “caixinha” nas concorrências e pagamentos dos serviços publicos[2]. Se o fornecedor interessado não pagasse os 17% os processos simplesmente não andavam, como hoje. D. João VI era um homem supersticioso, de hábitos simples e só se referia a si mesmo na terceira pessoa “Sua majestade quer passear”. Conforme Pandiá Calógeras (citação de Laurentino Gomes, p. 169), “era querido, mas também carinhosamente e tolerantemente desprezado por sua fraqueza e covardia. Com sua opinião ninguém se preocupava, e isto o levava a esconder seus sentimentos, bem como a procurar vencer adiando as soluções, lançando seus conselheiros uns contra os outros. Triunfava cansando seus adversários”. Viveu um período em que muitos perderam a cabeça e, ainda assim, deve ser descrito como um rei esperto e popular, embora sem grandes proezas e ações audaciosas na administração.

O PRESENTE: OS FATOS – II

Vários escândalos de corrupção varreram o Governo Lula e ele, tolerante e carinhosamente faz de conta que nada vê. Assim que a maracutaia é apontada, como bem analisa o professor Marcos Fernandes Gonçalves, da Fundação Getúlio Vargas, o presidente pode até afastar os responsáveis, mas passa a mão na cabeça deles, afaga-os, continua tratando-os como "bons companheiros" (e o duplo sentido, neste caso, justifica-se plenamente), o que só estende a sensação, por todos os escalões da administração pública, de que abusar está permitido -e até incentivado. A farra do cartão corporativo é apenas mais um caso de uma lista enorme, que teve seu ápice com o mensalão de José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil do Governo e ainda hoje chamado de companheiro por Lula. Marcos Fernandes acrescenta com propriedade que o governo caiu em tal grau de degenerescência que o lulopetismo já nem tenta mais protestar inocência. Ao contrário: cada vez que aparece um escândalo, limita-se a gritar "eu faço, mas eles também fazem". Aliás, a frase-símbolo do atual governo é "o PT fez o que todo mundo faz", pronunciada na esquisita entrevista que Lula deu em Paris, durante o escândalo do mensalão. Mesmo que "todo mundo faça", não deveria o presidente da República ser o primeiro a exigir que os "seus" não o façam, em vez de, ao absolver "todos", dar a senha para que continuem "fazendo"? Imagine agora se Lula vivesse naquela época, onde o imperador tudo (ou quase tudo) podia! A rei não sei ainda se ele se comparou, mas já se referiu à mesa ministerial como a mesa da Santa Ceia. Te cuida JC!

Só para eu você relembre veja a fala de Lula na reunião ministerial em que ele teria dito que aquilo parecia a Santa Ceia (seria ele Jesus? E quem seria Judas?) e que os ministros ficavam um ano sem se falar. Dá para acreditar?

Clique abaixo e veja você mesmo.


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[1] John Armitage, História do Brasil, p. 32, citação de Laurentino Gomes, 1808, pp. 188-189.

[2] O registro é do historiador Oliveira Lima, citando os relatos do inglês Luccock, presente no livro 1808, de Laurentino Gomes, p. 192.