quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

O Homem é Doido Por Cargo!


Tancredo Neves tinha uma maneira muito singular de descartar os aliados que ficavam voejando em torno dele em busca de cargos. Ele aconselhava o “cliente” a dizer que foi convidado e não aceitou. Podia até dizer que desautorizava a especulação em torno do nome dele (candidato), como fez agora o ex-governador Lúcio Alcântara. Claro que Alcântara vai querer limpar-se nessa história, mas que ele tentou ir para a presidência da Chesf, tentou, e com afinco. A novela se arrastou por mais de um ano e o capítulo final deixou um rastro mal-cheiroso de fisiologismo, que o filho Léo tratou de espalhar quando disse –afetado pelas notícias de que o deputado Ciro Gomes tinha vetado o nome de Lúcio para qualquer cargo no governo federal– que o pai dele (estava de férias em Portugal) agora seria candidato a prefeito de Fortaleza. Pegou mal. A vingança acentuou o mau olor e deixou Lúcio ao léu e ao Deus dará. O jeito foi costurar às pressas (igual a inventar) uma viagem a Brasília para voltar falando “grosso”. "Não quero fazer parte de qualquer lista de cargo no Governo Federal. Quero que meu nome seja retirado, porque não pretendo nenhum cargo. Vou trabalhar para viabilizar minha candidatura à Prefeitura de Fortaleza". A ironia é quando Lúcio chegou ao aeroporto de Brasília para pegar o avião de retorno a Fortaleza, o sistema de som executava uma música antiga, de Sérgio Reis, chamada Coração de Papel. Um trecho da música diz: “... você não quis jogou ao léu... meu coração que não é de papel”.

DIVIDIR A GRIFE

E como Lúcio não sabe viver na planície, ou seja, sem cargo, tratou logo de jogar a sua pré-candidatura à prefeitura de Fortaleza, com slogan e tudo. “Já temos definidos dois motes para a campanha: ‘Experiência e esperança’. Experiência do que eu tenho acumulado ao longo da minha vida, inclusive da vida pública; e esperança, porque quero uma Fortaleza melhor, mais justa e mais humana". Mostrou o caminho. Vai, outra vez, dividir a grife Lula, agora com a prefeita. ‘Esperança’ foi uma palavra trabalhada por Lula: ‘A esperança venceu o medo’, lembram? Na campanha em que foi derrotado pela oligarquia Gomes, ele tentou passar que também tinha o apoio de Lula, colocando um elogio de Lula a ele em seu programa de TV. Deu errado. Agora, Alcântara vai colocar a ‘experiência’ dele e de Léo à disposição do eleitor de Fortaleza e tem ‘esperança’ que dê certo. Quem sabe? Ele é um político decidido e corajoso e pode até chegar a um bom desiderato.

Confira no link abaixo:

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Festa de Arromba Sem Lei


O presidente Lula não foi com vergonha e como parte da estratégia de que nunca sabe de nada, seja de roubo no seu Governo ou do seu partido. Não compareceu, mas mandou todo o seu estado maior, que não se inibiu em prestar homenagem ao famigerado José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil de Lula e autor do abjeto mensalão. A festa dos 28 anos de fundação do PT, promovida para mil convidados, com direito a forró, custou R$ 90 mil, foi, em verdade, mais uma afronta à lei. Refiro-me à resolução do TSE de 2007, que proibiu detentores de cargos de confiança no governo de contribuir com seus partidos. Como é praxe do PT (e PC do B), os convites à festa custavam entre R$ 50 e 200. Desse modo, não restou aos ministros e assessores outro caminho que não burlar a lei recorrendo aos amigos para comprar os convites (até parece que infringir a lei é uma questão de convicção desse povo). Dirceu, processado pelo STF por corrupção ativa, formação de quadrilha e outros crimes, recebeu homenagens dos companheiros, transitou à vontade e até dançou forró. É o que ele merece dos iguais, ou não? Agora, quem dança mais José Dirceu e o PT ou o povo brasileiro?

So para que você não esqueça, veja o melô do Bolsa Família (You Tube).

Clique no link abaixo


BANQUEIRO DE ESQUERDA
(OU O FIM DAS IDEOLOGIAS)

Adauto Bezerra, coronel da reserva do Exército, banqueiro, latifundiário e ex-presidente de Honra do Democratas, está costurando acordo com o PT e PSB (dois partidos tidos como de esquerda) para lançar seu irmão, Ivan Bezerra (secretário de Desenvolvimento do governo da oligarquia Gomes), como candidato a prefeito de Juazeiro do Norte. Exatamente por essa costura, Adauto saiu do partido ao perder o controle do Democratas em Juazeiro, que se define como oposicionista aos governos federal e estadual. A aliança que Adauto tenta construir é bem interessante, o que induz qualquer animal político a pensar que ele (AB) deu um giro à esquerda. Ou terá sido os partidos de esquerda que deram um giro à direita? Sem dúvida, todos são pustemas que querem o poder pelo poder.

JORNALISMO OU MARKETING?

Nem todo mundo entendeu ainda o papel dos veículos convencionais de comunicação (rádio, jornal e TV) levando em conta o rolo compressor da mídia ágil e interativa da comunicação por satélite e internetiana. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, pagou o preço por não captar essa mensagem. Cassou a concessão da TV comercial de maior audiência, levando-a para a área estatal, mas esqueceu a horizontalidade da comunicação, da qual é alavanca a internet e o celular. Resultado: perdeu o plebiscito. E assim, da mesma forma como mudam as relações de audiência (e leitura) da mídia convencional, também mudam (e não deveriam) o papel dos profissionais que fazem o produto final desses veículos. São mais profissionais de marketing – a serviço de quem paga, aos padrões ou direto ao profissional– que jornalistas ou radialistas. Se antes, os departamentos comercial e editorial trabalhavam cada um com sua autonomia, hoje são integrados, e o editorial se subordina ao comercial, como faz questão de dizer a diretora (herdeira) do jornal O Povo, Luciana Dummar. Os veículos convencionais vivem a plena transição de meio de informação jornalística para meio de propaganda de quem paga mais. E não só por questão de sobrevivência. Hoje, o que se vê em quase todos os veículos convencionais de comunicação são campanhas –contra ou a favor.

TRANSIÇÃO MAIS FÁCIL

Há pouco mais de um mês publicamos aqui neste espaço que as campanhas são uma necessidade da imprensa para influenciar a opinião de seu público, uma probabilidade cada vez mais difícil (veja os três tópico abaixo). Vamos relembrar o tema. Sabe-se que uma matéria isolada tem pouca memorabilidade. Assim mesmo uma campanha sobre um tema, fato ou pessoa, não tem garantia de memorabilidade, mas a probabilidade é muito maior. Há três tipos de campanha de imprensa: a pró-ativa, a reativa e a direcionada. A pró-ativa é quando um grupo de comunicação tem seu marketing de marca que fideliza seu público. Por exemplo, a Criança Esperança da TV Globo. A reativa é quando surge um problema ou fato e durante um período se faz uma cobertura em série, como no onze de setembro, na guerra do Iraque, no mensalão... A direcionada é uma campanha que tem um objetivo específico e conjuntural. Sempre é destrutiva. Quer dizer, é destrutiva para o adversário de quem paga (partido, corporação, empresário ou governante). No Brasil –no Ceará, principalmente– é assim que tem trabalhado a maioria dos veículos convencionais de comunicação


A MÍDIA DISTRIBUI INFORMAÇÕES
(PODE OU NÃO FORMAR OPINIÃO)

Não caiu ou poder de fogo da Comunicação. Apenas está diluído no multiverso de meios. Na sociedade da informação em que cada Pessoa recebe o impacto diário –queira ou não– de milhares de estímulos informacionais, a reação de cada um a estes mesmos impactos representa um vetor decisivo na formação da opinião. Foi-se o tempo em que se podia falar numa tal comunidade abstrata denominada de ‘formadores de opinião’. Já há estudos conseqüentes (como ensina Gabriel Tarde)[1] que mostram que a opinião pública não se forma mais por impactos verticais, desde os meios de comunicação e menos ainda de formadores de opinião. Os meios de comunicação de massa, que tem a audiência como elemento de competição, por definição, não formam opinião, pois audiência é opinião já formada. Estas centenas de estímulos informacionais são espontaneamente selecionados pelas pessoas como que guardando em alguma caixa na cabeça aqueles que interessam. Depois, por indução externa ou pela importância que dão, estas informações produzem fluxos nos contatos com outras pessoas cuja opinião é importante para quem pergunta. Estes fluxos de opinamento podem ser curtos (terminar rápido), ou longos (serem multiplicados para outras pessoas). A mídia distribui informações, não forma opinião. Mas como muitas informações são comuns a toda a imprensa, elas chegam a milhões de pessoas e a probabilidade de serem selecionadas é maior. Quando os fluxos de opinamento individuais se multiplicam, dando a informação uma qualificação convergente, estes podem se tornar opinião publica.

PESQUISA EVITA O EFEITO CONTRÁRIO

É por essa razão que alguns veículos, através, principalmente, de seus colunistas têm repetido tanto alguns ataques ou defesa (caso do Ronda, com Fábio Campos, jornal O Povo), embora desconheçam –com exceções– a fundamentação científica. Preste atenção, se a mídia, especialmente a TV, retorna a informação coincidindo com estes fluxos, seja por sensibilidade jornalística, seja por pesquisa, seja por coincidência, esta informação já qualificada rapidamente se torna opinião pública. Daí que uma informação com o maior destaque que tenha, aparecendo uma ou duas vezes na imprensa, tem uma probabilidade muito menor de se tornar opinião publica que outra que é apresentada como campanha, ou seja, por dias e semanas na TV. Mas é bom atentar que a imprensa -em campanha- deve ter um enorme cuidado para não dizer uma coisa e os fluxos de opinamento processarem outra. Por isso, devem os veículos -quando em campanha- acompanhá-la com pesquisas sistemáticas para saber como as pessoas estão traduzindo a informação dada em overdose.

A FORÇA DA COMUNICAÇÃO PONTUAL

É o caso de indagar que, se assim é, por que a comunicação de governo, de muitas empresas e da maioria dos políticos investe tanto em anunciar e mesmo “comprar” veículos e profissionais dos meios de comunicação de massa (ou convencionais)? O Caso é que, de um modo geral, governos, políticos e empresários pouco acreditam e, portanto, dão pouca atenção à comunicação pontual (ou direta), ou seja, folders, panfletos, internet boca-a-boa etc. e são hiperestésicos aos estímulos informacionais, favoráveis ou desfavoráveis. Ah, o Fábio Campos disse na coluna que o Ronda do Quarteirão acaba com o discurso da segurança! É no momento em que a matéria é negativa que se cai na armadilha, pois o político, essencialmente, não tem controle sobre os fluxos e quando reage a esse tipo de matérias estará gerando novos estímulos a informação que não lhe é favorável, o que pode produzir fluxos de opinamento que não existiriam sem a sua intervenção. Da mesma forma a armadilha se arma quando a matéria é positiva, pois a tendência do contemplado é deleitar-se, esquecendo que se não produzir aqueles ditos fluxos ficará no esquecimento. E melhor ainda será ter a matéria favorável reproduzida através da comunicação pontual. Aprende quem quiser.


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[1] Para as pessoas que estudaram as idéias de Gabriel Tarde, ele estabeleceu princípios de toda uma sociologia das nuanças, dos detalhes e dos relacionamentos infinitesimais, de uma microssociologia heterogênea e foi um crítico à reificação dos sujeitos coletivos e à naturalização dos fenômenos macrossociais. Foi um crítico ferrenho ao mecanicismo e organicismo do arcabouço teórico de Émile Durkheim. Segundo Tarde, haveria uma tendência (que alguns autores chamam de antropocêntrica) de "imaginar homogêneo tudo o que nós ignoramos".

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

As Maracutais da Corte (Ô Povo Ladrão!)

(Compare passado e presente, à luz dos muitos escândalos que eclodiram no Governo, incluindo o atual –dos cartões corporativos).


O PASSADO: A HISTÓRIA - I

Está no sangue e está na história. Dizem que a história não se repete. É fato, mas exatamente 200 anos depois, as semelhanças são tantas que intrigam. Quando apressadamente fugiu de Portugal, a corte chegou ao Brasil colônia em 1808. O príncipe regente (D. João) trouxe entre 10 e 15 mil portugueses. “Um verdadeiro enxame de aventureiros, necessitados e sem princípios, acompanhou a família real. Os novos hóspedes do coroa (ou do governo) pouco se interessavam pela prosperidade do Brasil. Consideravam temporária a sua ausência de Portugal (ou presença no governo) e propunham-se mais a enriquecer-se à custa do Estado do que a administrar justiça ou a beneficiar o público”.[1] Como escreve Laurentino Gomes (não tem nenhum parentesco com Ciro Gomes, que faz parte da corrupta corte atual e que, durante quase uma década, foi o desempregado mais bem sucedido do Brasil), a corte portuguesa, que se homiziou no Brasil para fugir do já decadente exército napoleônico, era perdulária e voraz (como o pessoal do PT e da base aliada do Governo Lula). Pouco antes de retornar a Portugal (1821), a Ucharia Real (repartição responsável pelo abastecimento) da corte comprava 513 galinhas, pombos e perus e 90 dúzias de ovos por dia. Por ano, eram quase 200 mil aves, 33 mil dúzias de ovos, o que significavam quase R$ 50 milhões de reais.

O PRESENTE: OS FATOS – I

Hoje, o governo Lula não faz diferente. Veja os fatos. Logo depois de assumir o Governo em 2002, Lula desembarcou em Brasília com um verdadeiro enxame de petistas e aliados, necessitados e ávidos. Os 40 ministérios do governo triplicaram o número de funcionários nos gabinetes de Brasília e de outras repartições nos diversos Estados. Só no Palácio do Planalto hoje há 3,3 mil funcionários, contra 1,8 mil no governo Itamar Franco e 1,1 mil no governo FHC. A farra com o dinheiro público (da coroa) começou imediatamente e os escândalos se sucederam. Só a despesa com o gabinete presidencial (Fonte: Diário oficial da União) subiu de R$ 38,4 milhões em 1995 para R$ 318,6 milhões em 2003. Em 2002, saltou para R$ 372,8 milhões, ou seja, R$ 1,5 milhões por dia útil de trabalho. E as compras de comida e bebidas (da mesma forma que no Império) são de arrepiar: O processo de licitação de número 00140.000226/2003-67, publicado no Diário Oficial da União, previu a compra de 149 itens para o Palácio. Dentre eles constam:
- sete toneladas de açúcar;
- duas toneladas e meia de arroz;
- 400 latas de azeitona;
- 600 quilos de bombons;
- 800 latas de castanhas de caju;
- 900 latas de leite condensado...
- dois mil vidros de pimenta;
- dois mil e quinhentos rolos de papel alumínio;
- quatrocentos vidros de vinagre;
- quatrocentos e sessenta pacotes de sal grosso e ainda
- seis mil barras de chocolate.
- 22 quilos de arroz;
- 50 barras de chocolate;
- 15 vidros de pimenta...pimenta???

E a coisa vai mais longe: em outra licitação (00140.000217/2003-36), o Gabinete da Presidência comprou um pouco de tudo para beber. Entre os itens estão:

- 129 mil litros de água mineral (consumo de mais de mil litros por dia);
- duas mil latas de cerveja;
- 35 mil latas de refrigerante;
- 1344 garrafas de sucos naturais;
- 610 garrafas de vinho (consumo de cinco por dia);
- 50 garrafas de licor.

Em outra licitação (00140.000228/2003-56), foi comprado para o Palácio:
- 495 litros de suco de uva;
- 390 litros de suco de acerola;
- o mesmo tanto de suco de maracujá, laranja, tangerina e manga.
- 2.250 quilos de pó de café;

Em outra licitação (00140.000126/2003-31):
- três toneladas e meia de batata:
- duas mil dúzias de ovos;
- duas toneladas de cebola e
- uma tonelada de alho porró.
- 2400 abacaxis;
- uma tonelada e meia de banana;
- outro tanto de ameixa e ainda
- uma tonelada de caqui.

A Licitação (00140.000227/2003-10) de meios permitiu a compra de (para 120 dias):
- dez botijões de gás de dois quilos;
- 170 botijões de 13 quilos;
- 20 cilindros de 45 quilos e mais
- 45 toneladas de gás a granel.
- dois mil CDs para gravação, com as respectivas caixinhas, e
- 20 mil disquetes;

Outra licitação, a de número 00140.000143/2003-78:
- 300 colchas;
- 330 lençóis;
- 300 fronhas;
- 50 travesseiros;
- 66 cobertores (cobertor em Brasília é grave, hein?);
- 15 roupões;
- 20 jogos de toalha;
- 20 toalhas de banho e
- 120 colchões

Por isso é que para as lavanderias foram mandados em 120 dias:
- 54 toneladas - ou 13 toneladas e meia por mês, ou ainda, 450 quilos de roupa por dia.

Para melhorar o conforto, foram ainda comprados (além do que já existia no Palácio):
- dois fogões;
- duas cafeteiras;
- quarto fornos de microondas;
- quatro geladeiras;
- oito ventiladores;
- seis aparelhos de ar condicionado;
- dois bebedouros;
- sete televisores;
- dois aparelhos de CDs;
- três liquidificadores;
- uma sanduicheira;
- um frigobar.

O PASSADO: A HISTÓRIA - II

Nos treze anos que viveu no Brasil, D. João estourou todo o orçamento sustentando a voraz corte. O jeito foi criar um banco estatal para emitir moeda. Pela carta régia de outubro de 1808 foi criado o Banco do Brasil. Em 1820, o BB já estava arruinado. Só podia dispor de 20% de lastro (ouro) do dinheiro em circulação. E mesmo esses 20% em ouro e diamantes D. João VI levou em 1821 quando retornou a Portugal. O BB fechou as portas em 1829, sete anos depois da Independência. Foi recriado em 1853, já no governo do Imperador Pedro II. A segunda encarnação do BB também viveu momentos semelhantes aos de sua origem ao financiar, sem garantias, políticos, usineiros, fazendeiros quebrados e os cartões corporativos, sem o devido empenho. Realizar despesa sem empenho é grave irregularidade no setor publico. Outra herança de D. João VI, que virou escola na atualidade, foi a prática da “caixinha” nas concorrências e pagamentos dos serviços publicos[2]. Se o fornecedor interessado não pagasse os 17% os processos simplesmente não andavam, como hoje. D. João VI era um homem supersticioso, de hábitos simples e só se referia a si mesmo na terceira pessoa “Sua majestade quer passear”. Conforme Pandiá Calógeras (citação de Laurentino Gomes, p. 169), “era querido, mas também carinhosamente e tolerantemente desprezado por sua fraqueza e covardia. Com sua opinião ninguém se preocupava, e isto o levava a esconder seus sentimentos, bem como a procurar vencer adiando as soluções, lançando seus conselheiros uns contra os outros. Triunfava cansando seus adversários”. Viveu um período em que muitos perderam a cabeça e, ainda assim, deve ser descrito como um rei esperto e popular, embora sem grandes proezas e ações audaciosas na administração.

O PRESENTE: OS FATOS – II

Vários escândalos de corrupção varreram o Governo Lula e ele, tolerante e carinhosamente faz de conta que nada vê. Assim que a maracutaia é apontada, como bem analisa o professor Marcos Fernandes Gonçalves, da Fundação Getúlio Vargas, o presidente pode até afastar os responsáveis, mas passa a mão na cabeça deles, afaga-os, continua tratando-os como "bons companheiros" (e o duplo sentido, neste caso, justifica-se plenamente), o que só estende a sensação, por todos os escalões da administração pública, de que abusar está permitido -e até incentivado. A farra do cartão corporativo é apenas mais um caso de uma lista enorme, que teve seu ápice com o mensalão de José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil do Governo e ainda hoje chamado de companheiro por Lula. Marcos Fernandes acrescenta com propriedade que o governo caiu em tal grau de degenerescência que o lulopetismo já nem tenta mais protestar inocência. Ao contrário: cada vez que aparece um escândalo, limita-se a gritar "eu faço, mas eles também fazem". Aliás, a frase-símbolo do atual governo é "o PT fez o que todo mundo faz", pronunciada na esquisita entrevista que Lula deu em Paris, durante o escândalo do mensalão. Mesmo que "todo mundo faça", não deveria o presidente da República ser o primeiro a exigir que os "seus" não o façam, em vez de, ao absolver "todos", dar a senha para que continuem "fazendo"? Imagine agora se Lula vivesse naquela época, onde o imperador tudo (ou quase tudo) podia! A rei não sei ainda se ele se comparou, mas já se referiu à mesa ministerial como a mesa da Santa Ceia. Te cuida JC!

Só para eu você relembre veja a fala de Lula na reunião ministerial em que ele teria dito que aquilo parecia a Santa Ceia (seria ele Jesus? E quem seria Judas?) e que os ministros ficavam um ano sem se falar. Dá para acreditar?

Clique abaixo e veja você mesmo.


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[1] John Armitage, História do Brasil, p. 32, citação de Laurentino Gomes, 1808, pp. 188-189.

[2] O registro é do historiador Oliveira Lima, citando os relatos do inglês Luccock, presente no livro 1808, de Laurentino Gomes, p. 192.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

O Desafio do Crime Organizado

O crime organizado no Brasil continua a mostrar sua força no Rio de Janeiro e em outras paragens. Medidas tópicas são tomadas, mas o efeito continua sendo duvidoso. Veja você mesmo ( se já não viu) e tire suas conclusões. O ex-blog do César Maia colocou no Youtube uma reportagem da TV com o desafio dos traficantes dos morros cariocas. São cenas e palavras que chocam.

Clique abaixo no link abaixo para ver (ou rever):

O Fim da Reeleição Imediata

Sou contra o direito de reeleição imediata em países, como o Brasil, de partidos fracos, sem identidade, com sistema eleitoral de voto proporcional aberto, produzindo democracias, consequentemente instáveis, como é o caso do Brasil e da maioria dos países da América Latina. Não vejo qualquer ganho para democracia no direito ao segundo mandato. Pelo contrário, só consigo vislumbrar o risco, o perigo ao sistema democrático, principalmente quando há um governo dito de esquerda de plantão no poder, pois sabemos todos que no armário de todo líder personalista de esquerda está escondida a beca de ditador. Basta ver exemplos como o da Venezuela e da Bolívia. A atitude principal Hugo Chávez e Ivo Morales foi tentar emendas constitucionais que garantissem a eles o direito ilimitado à reeleição. Nenhum deles, incluindo Lula, que só não tenta emenda constitucional semelhante por falta de espaço, buscou realmente o rompimento de paradigmas essencialmente nas áreas de educação e social ou mesmo lograram efetivo combate à pobreza. Respaldaram suas administrações em cima de programas sociais assistencialistas, que só perpetuam a miséria e a dependência. Seria um ganho para o país, um mandato de cinco anos, sem reeleição imediata.

O SERVIÇO DE CLIENTELA

Para entender as brechas do nosso sistema, basta observar o calendário eleitoral brasileiro, com eleições gerais a cada dois anos. Cabe a básica pergunta: o que sobra depois de cada processo? O que sobra não é bom para o país. A cada eleição se vê construir, como em nenhum outro país, uma rede de dependências, entre as eleições gerais municipais e as gerais, estaduais/federais. O governo que se instala não governa de acordo com os planos desenvolvidos, sendo levado ao sabor do próximo embate. É no desencadear dessa relação que se verifica que é mais forte a determinação desde as eleições municipais em direção às estaduais/federais e isso ocorre precisamente em função da inorganicidade (talvez seja o termo certo) partidária brasileira e do sistema eleitoral de voto proporcional aberto. Essa combinação, como gosta de dizer o cientista político, transforma cada parlamentar -em qualquer nível- em uma espécie de partido unitário. Desta forma, se no exercício do mandato os parlamentares podem ser temáticos, corporativos, especialistas etc. É assim que cada vez menos parlamentares, seja no Estado, no Município ou na esfera federal, são eleitos com base levando em conta a opinião pública. A busca do voto é negócio que estabelece tendo em vista relações regionais e políticas, de prestação de serviço, ou de clientela -dinheiro (direta ou através de lideranças). Este processo leva a que venha se tornando comum aos governantes e parlamentares a só mostrar trabalho no ano eleitoral. É pouco, muito pouco. Daí o desespero da Prefeita de Fortaleza no esbanjamento do erário com os meios de comunicação.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Necessidade de Aprovação

Pareceu estranha a nota na coluna do Edilmar Norões (DN) com um rasgado elogio ao homem do caranguejo, Arialdo Pinho, descrito como um homem de “qualidades de administrador moderno” (no futebol, sempre que um técnico é elogiado ele cai em seguida). O assunto é relativo à decisão da verba de publicidade: R$ 40 milhões para 4 agências e R$ 6 milhões para a área de eventos. Aí não há nada de novo, desde a era Jereissati que tem sido assim. Está faltando a verba de pesquisa, a não ser que esteja inclusa no dinheiro das agências. Fica tranqüilo Arialdo, a gente sabe como funciona o esquema de agências e nada vai ser diferente. Vão ser selecionadas as agências amigas da casa, que são mais lavanderias. Uma ou outra, que vai pegar o osso e gastará o mínimo, será escolhida apenas para legitimar o processo. Não tenta passar o que não tens. Navega manso e humilde, pois ninguém está querendo roubar cargo que ocupas e tampouco falar do passado (remoto ou recente).

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Duarréia Cerebral Com o Erário

Não resisti. Achei tão interessante esta matéria/opinião publicada pela Folha de S. Paulo que decidi reproduzir aqui. Veja que pérola do Governo Lula:

UM DESERTO de homens e idéias: por muito tempo, o Brasil foi visto desse modo, aliás, injustamente. Seja como for, o ministro de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, parece mais do que nunca disposto a ocupar esse deserto por conta própria.
Desembarcou na Amazônia nesta terça-feira, fumegando de propostas para a região. Impostos, educandários e aquedutos brotavam da sua mente fértil.
Por que não um aqueduto? Por que não vários? Transamazônicas líquidas, velozes, atravessavam as visões do ministro. Desembocariam no árido Nordeste. A teoria ungeriana é clara, límpida, desconcertante. "Numa região, sobra água, inutilmente. Na outra região, falta água, calamitosamente”.
Diante do torrencial igualitarismo do projeto, até a dispendiosa e polêmica transposição do rio São Francisco parece modesta. O que faria seu adversário mais célebre, frei Luiz Flávio Cappio, se confrontado com o portentoso mangabeiroduto? Houve quem considerasse sua greve de fome um ato comparável aos de um profeta do Antigo Testamento. Talvez ao religioso só restasse prosternar-se, contrito, diante das inspirações superiores de Mangabeira, ao mesmo tempo Moisés e faraó, Netuno e Curupira.
A ministra do Meio Ambiente guarda silêncio. A prefeita de Santarém lembra que antes dos aquedutos seria interessante prover de água encanada os domicílios da região.
Nosso Doutor Fantástico viajou em companhia de 35 assessores. O desperdício da missão só é menor do que o desperdício dos neurônios, certamente preciosos, do professor da Universidade Harvard.

Era assim –e vai continuar– que era gasto o dinheiro da CPMF.

TEMPORÃO OU RETARDÃO?

Foi matéria de capa do Estado de SP: Ministro culpa vítimas por terem se vacinado contra doenças. Na matéria, o ministro José Gomes Temporão disse que mais pessoas vão morrer com a febre amarela, mas que o governo não tem culpa em relação ao aumento de casos da doença neste ano. "Todas as mortes foram de pessoas que não se vacinaram e foram para áreas de risco e não se protegeram". Para Temporão (ou Retardadão), há informação suficiente sobre os riscos nas áreas endêmicas. Este é o governo das trapalhadas e das trambicadas.

PARTIDOS FRACOS, DEMOCRACIA TAMBÉM

A Revista Opinião (Campinas), volume 13, número 2, de novembro de 2007, publica trabalho de Luciana Fernandes Veiga da Universidade do Paraná, apoiado pela Doxa / Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, páginas 340 a 365, sobre a identidade partidária do eleitor brasileiro. Conforme a publicação –o que comprova o modelo populista/personalista adotado por Lula–, o eleitor passou a se identificar menos com os partidos entre 2002 e 2006, período de Lula. O PT, que tem a maior identificação partidária do eleitor, foi quem mais perdeu: caiu de 23% para 18%. A identidade partidária (os que se identificam com algum partido) caiu de 39% para 28%. Os que não se identificam com partido algum, subiram de 56% a 67%.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

O Vale-Tudo Sucessório

A ofensiva da campanha de reeleição da prefeita está em plena execução. São dois minutos na TV e no rádio e entrevistas em jornal, rádio e TV a dar ressaca ao povo só de ouvir aquela voz esganiçada a dizer “companheiro e companheira”, como se todo o povo de Fortaleza fizesse parte do aparelho petista. E o vale-tudo eleitoral desencadeado pela prefeita inclui até promessas de campanha não cumpridas e novas. Pena que tudo está com pelo menos dois anos de atraso. Se tais providências tivessem sido tomadas antes ela realmente teria uma condição privilegiada e nem precisaria se arriscar tanto na burla da lei (O PSDB já entrou com ação judicial contra a prefeita pela propaganda irregular) e nem gastar desbragadamente o dinheiro público. Entre as velhas promessas não cumpridas, a prefeita resgata a construção do Hospital da Mulher, que não vai acontecer. No máximo, ela pode preparar o canteiro de obras e fazer uma maquete eletrônica para apresentar na campanha.

RENDIÇÃO AO MODELO DOS DEMOCRATAS

Entre as novas promessas, destaca-se a despoluição visual de Fortaleza, rendendo-se ao modelo dos Democratas aplicado em São Paulo pelo prefeito Gilberto Kassab, do mesmo partido que o maior adversário da prefeita nas próximas eleições, Moroni Torgan. Não tem problema que a prefeita copie as boas idéias. Até louvamos. O que duvido é que ela faça qualquer referência. Basta ver o colunista oficial da prefeitura e do governo do Estado, Fábio Campos, coluna Política do O Povo, para entender que lembrar a administração de Kassab em São Paulo incomoda. Fábio, para fazer jus ao que ganha, coloca em sua coluna que a prefeita segue exemplos já ocorridos em “algumas capitais do País”. Para disfarçar a chupada, a prefeita mandou elaborar uma campanha com o título “Fortaleza Bela, Quero Te Ver” (parece até as campanhas do Samuel Braga, que foi vereador ecológico de Fortaleza – Verde que te quero ver). Nós também, prefeita, só que a promessa era para ser executada em 60 dias. A beleza que perdura é natural e, esta, apesar do seu esforço, ninguém tira. Ao final, um conselho aos dirigentes do O Povo: façam uma análise sobre o tipo de jornalismo que estão praticando. Os estudiosos em desvio de conduta de tal natureza dizem que a "doença infantil do jornalismo" é não entender qual seu campo de atuação e sua função, e atuar como um partido político. Ou seja, disputando poder pelo poder (do dinheiro), apoiando ou denegrindo.


- Um belo exemplo da Fortaleza Bela.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Vitória de Pirro

Estava ontem (terça-feira) participando de uma roda de discussão informal sobre a sucessão municipal, quando um dos participantes da roda, chegado do senador Tasso Jereissati (PSDB), disse que o prócer (palavra de Edilmar Norões) tucano arrependeu-se amargamente de ter manobrado em favor de Luizianne Lins nas eleições de 2004. O próprio Jereissati teria reconhecido (o que acho muito difícil) que foi um momento de plena raiva, após o candidato Moroni declarar na TV que não precisava de apoio de “Cambeba” e nem de “jurubeba” para vencer no segundo turno (Moroni tinha tirado o primeiro lugar no primeiro turno). Em vingança, Jereissati atacou fortemente Moroni e passou a apoiar Luizianne, revalidando um acordo que teria feito com Juraci Magalhães ainda no decorrer do primeiro turno. Contam as pessoas que testemunharam o encontro que, ao sair, Juraci teria em dito em tom de chiste (arrancando gargalhadas de todos os presentes):

- Tasso, cuida do ventão que eu cuido do dentim.

Resultado: Moroni foi derrotado e Jereissati se sentiu vitorioso, embora tenha sido uma vitória de Pirro[1], pois logo começou a pagar o preço de sua incontrolável ira. Por último, está construindo às pressas a torre de escritórios anexa ao Iguatemi, como resposta a ameaça da prefeita de fazer um referendo[2].

DESESPERO ATRASADO II

Já publiquei neste blog um comentário sobre o desespero da prefeita para reduzir a sua taxa de rejeição. Os veículos de comunicação estão rindo à toa e demonstrando claramente a sua boa vontade (o jornal O Povo, principalmente). É uma verdadeira farra de comunicação com o dinheiro público. São dois minutos (e não um como disse antes) na TV no horário nobre da noite e, no rádio, pelo menos 10 inserções por dia em cada emissora, seja AM ou FM. É difícil suportar a voz de megafone da prefeita, reduzindo todo o eleitorado fortalezense a “companheiros e companheiras”. Ridículo. Esse tipo de saudação pega bem em reuniões do aparelho petista e não dirigida ao grande público. Enquanto ela fala e dilapida o erário, a Justiça Eleitoral continua cega. A peça publicitária é destacadamente uma peça de campanha de reeleição, pois ela diz abertamente “vamos continuar juntos para fazer uma Fortaleza melhor”. Sacou o “Fortaleza bela”, pois de bela Fortaleza tem muito pouco. Já que ninguém toma providência, a nós não resta senão usar as palavras do rei de Espanha Juan Carlos na admoestação a Hugo Chávez: ?por qué no te callas, prefeita?

Só para lembrar, clique no link abaixo:

http://acertodecontas.blog.br/politica/por-que-no-te-callas-diz-rei-da-espanha-para-chavez/

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[1] Do General Pirro -grego- rei de Épiro (hoje Albânia) depois das suas vitórias contra os romanos em Ásculo e Heracleia - em 280 aC: "- Mais uma vitória como esta e eu estou perdido".

[2] O artigo 14 da Constituição Federal determina que "a soberania popular será exercida pelo voto direto e secreto, e também, nos termos da lei, pelo plebiscito, referendo e pela iniciativa popular". O referendo é uma consulta popular. Porém, é importante destacar que o referendo é a consulta ao povo feita DEPOIS da aprovação de uma lei, seja ela complementar, ordinária ou emenda à Constituição. No plebiscito, ao contrário, a consulta é feita ANTES da elaboração da lei.
No Brasil, uma das experiências de referendo aconteceu no governo de João Goulart, em 1961. Nesse período, o Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitucional nº 4, que garantiu a posse do Presidente Goulart, mas instituiu o Parlamentarismo no País. Dois anos depois, a população foi consultada sobre a manutenção do regime parlamentarista ou o retorno do regime presidencialista. Assim, em janeiro de 1963, foi realizado um referendo, no qual os eleitores responderam pelo retorno ao Presidencialismo.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Cortes Para os Outros


Por isso é que ninguém –a não ser os petistas que são partes do aparelho– acredita quando Lula afirma que há energia suficiente para sustentar o crescimento do Brasil (se não chover) e que não vai haver racionamento de energia. Da mesma forma como ele disse que não haveria aumento de impostos e houve, como foi anunciado no primeiro dia-útil do ano/08. Depois, na sua gutural, Lula falou que iria cortar na carne, ou seja, que cortaria gastos internos. Sabe como ele cortou? Elevando os gastos com os aviões presidenciais, incluindo o luxuoso aerolula. O contrato com uma empresa privada para fornecimento de alimentação para as aeronaves presidenciais acaba de ter um aumento de 14,87%, já descontada a inflação de 2007. Passou de R$ 1,5 milhão para R$ 1,8 milhão, segundo o "Diário Oficial" da União do dia 13/01/08. O contrato, válido de 2 de janeiro até 31 de dezembro deste ano, é com a Comissaria Aérea Brasília, empresa que detém o monopólio do serviço de "catering" (alimentação para vôos) em aviões na capital federal. O contrato prevê o fornecimento de comida e bebida para todos os aviões da Presidência: o Airbus 319 ("Aerolula", usado pelo presidente), dois Boeings 737-200 (os "Sucatinhas"), sete aviões da Embraer, sete jatos Learjet e dois helicópteros. Além do presidente, ministros e autoridades do Legislativo usam essas aeronaves.


VEJA A CONTA DA MORDOMIA (só na aviação)

Só para você ficar ciente de como é bem gasto o imposto que você recolhe, entre janeiro e novembro do ano passado, os gastos do governo federal com passagens e diárias foram de R$ 843,7 milhões, segundo dados disponíveis do Siafi (sistema de acompanhamento de gastos do governo). Essa fatia deveria dar alguma contribuição no esforço do governo de cortar R$ 20 bilhões para compensar o buraco deixado pelo fim da CPMF. Lula, antes de embarcar para a vilegiatura na América Central, incluindo Cuba do morto-vivo Fidel Castro, recomendou aos auxiliares que fossem parcimoniosos (se é que ele sabe o que é isso) com os gastos, mas adiantou que pretende intensificar suas viagens pelo Brasil no primeiro semestre, inaugurando obras de saneamento e habitação do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). No segundo semestre, por conta do período eleitoral, o presidente deve fazer viagens ao exterior, principalmente para a Ásia.

AGORA A CONTA DOS CARTÕES

O valor gasto com os cartões corporativos, tido como dinheiro de ninguém e fiscalizado por ninguém, cresce em progressão geométrica. Como gosta de dizer o presidente Luiz Inácio da Silva, nunca antes na história deste país nenhum setor registrou aumentos como os cartões. De 2006 para 2007 o incremento foi de 129%, como demonstra levantamento publicado domingo no Estado, com base nos números da Controladoria-Geral da União.
Durante o ano passado, foram R$ 75,6 milhões, dos quais R$ 58,7 milhões (75%) sob a forma de saques diretos nos caixas eletrônicos. Dinheiro vivo, em espécie, de destino questionável.
O volume é significativo, o aumento, espantoso - em 2004 o gasto foi de R$ 14,15 milhões; em 2005, R$ 21,7 milhões; em 2006, R$ 33,027 milhões. O pior de tudo é que o dinheiro gasto à farta é protegido em seu uso. Parte não se sabe para onde vai, parte não se tem como fiscalizar se foi para onde deveria. Por exemplo: quando a campeã de gastos em cartões, a ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, apresenta uma conta de R$ 171,5 mil em viagens, aí incluídas despesas com hotéis, restaurantes e aluguéis de carros, não há outro meio, a não ser a palavra dela, de saber se realmente todos os gastos guardaram relação com atividades profissionais.

Desespero Atrasado

Veja a quanto leva o desespero. E quem paga a conta é o dinheiro do povo. A prefeita de Fortaleza fez um pronunciamento de fim de ano (um minuto), que até hoje, dia 15 de janeiro/08, está no ar, anunciando o que fez (?) nos três anos de mandato e prometendo uma série de obras (inclusive o hospital da Mulher) no ano final de seu mandato, que, por ser eleitoral, só vai até 5 de julho, ou seja, menos de 7 meses para cumprir o que prometeu e não cumpriu em três anos. O pior de tudo é que a nossa Justiça Eleitoral parece ser cega. A peça publicitária é já uma peça de campanha de reeleição, pois ela diz abertamente “vamos continuar juntos para fazer uma Fortaleza melhor”. Sacou o “Fortaleza bela”, pois de bela Fortaleza tem muito pouco. Perdão, não pretendo ser cruel com os petistas, mas a peça da prefeita apresenta várias burlas à lei (que diz que a propaganda de governo deve ser educativa e/ou de utilidade pública) e fere também as normas do Conar – Conselho Nacional de Auto-Regulamentação por ser mentirosa, já que ela fala do que não existe. É incrível como o aparelho petista teima (parece até convicção) em desrespeitar as leis.

Não deu para resistir. Por isso, estou anexando para que você tenha oportunidade de ver (se já não viu), pois está rolando na Internet, a piada da criação do mundo. Veja a seguir:

Quando Deus fez o mundo, para que os homens prosperassem decidiu dar-lhes apenas duas virtudes. Assim:
- Aos Suíços os fez organizados e respeitadores da lei.
- Aos Ingleses, corajosos e estudiosos.
- Aos argentinos, chatos e arrogantes.
- Aos Japoneses, trabalhadores e disciplinados.
- Aos Italianos, alegres e românticos.
- Aos Franceses, cultos e finos.
- Aos Brasileiros, inteligentes, honestos e petistas.
O anjo anotou, mas logo em seguida, cheio de humildade e de medo, indagou:
- Senhor, a todos os povos do mundo foram dadas duas virtudes, porém, aos brasileiros foram dadas três! Isto não os fará soberbos em relação aos outros povos da terra?
- Muito bem observado, bom anjo! exclamou o Senhor.
- Isto é verdade!
- Façamos então uma correção! De agora em diante, os brasileiros, povo do meu coração, manterão estas três virtudes, mas nenhum deles poderá utilizar mais de duas simultaneamente, como os outros povos!
- Assim, o que for petista e honesto, não pode ser inteligente. O que for petista e inteligente, não pode ser honesto. E o que for inteligente e honesto, não pode ser petista.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Dependemos de São Pedro


O presidente Lula, em seus exageros megalômanos, disse no seu programa de rádio que o Brasil não entra em racionamento de energia e há suficiente para bancar o crescimento do País até 2010. Como o presidente não costuma dizer a verdade, as pessoas não estão acreditando. Quanto mais Lula tenta desmentir, mais as pessoas têm como referência as declarações do diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, de que "não é impossível" um racionamento de eletricidade ainda neste ano.

Quanto mais procura desmentir as afirmações do diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, de que "não é impossível" um racionamento de eletricidade ainda neste ano, mais o governo exibe sinais de que sabe que a possibilidade é real. A ministra sargentão do Governo Lula, Dilma Rousseff, proclamou que a interligação do sistema elétrico e a malha de termoelétricas evitarão que se repita o racionamento de 2001 e que é possível antever problemas com margem de segurança necessária para tomar providências. Sei não, mas não acredito, sinceramente. Levo mais fé nas pessoas que estão olhando o céu com bastante atenção, pois depende de São Pedro abrir as comportas para mandar chuvas nas regiões que abastecem os nos nossos reservatórios com usinas geradoras de energia. Agora, por que o presidente Lula não faz o que nunca quis fazer, ou seja: convocar o setor privado para uma discussão franca sobre a melhor maneira de economizar energia desde já, e se preparar para um racionamento que só São Pedro pode evitar?


DE VÍTIMA A ALGOZ

A prefeita conseguiu dominar PT. De vítima, na campanha anterior, quando o partido quis tirar a sua candidatura, ele se transformou agora em algoz do grupo que era dominante –Joaquim Cartaxo e Guimarães– e em uma candidata poderosíssima, com apoio das três esferas de poder (federal, estadual e municipal). Não vai dar, então, para o ela fazer o papel que mais gosta: de vítima. Vai ser mesmo algoz daqueles que ousarem enfrentá-la, massacrando-os com a imensa estrutura (e dinheiro) de poder que manipula. O partido está em suas mãos e ela fez questão de estar presente e posar para as fotos, como a mandar um recado aberto para os setores que tentaram minar sua força, ameaçando com candidaturas independentes (Chico Lopes e Patrícia Sabóia): PC do B e PSB (oligarquia Gomes).Só falta agora combinar com o eleitor, que foi massacrado nos três primeiros anos de mandato do aparelho petista, que engordou mas deixou à míngua a população mais pobre.


POPULAÇÃO CONTINUA ASSUSTADA

Não sou contra o Ronda do Quarteirão. Torço para que dê certo. Mas é fato, apesar de o Jornal O Povo, com os seus colunistas, principalmente Fábio Campos (Política), continuarem em campanha aberta a favor do programa, escamoteando os fatos e a verdade. Por mais que esteja cumprindo o seu papel, o Ronda precisa de críticas para se aprimorar e se estender, como é necessário. Os cruzamentos de Fortaleza continuam a espalhar terror. O Ronda até que se esforça, mas não consegue fazer uma prisão. E os assaltos se sucedem nos semáforos. Não será porque os policiais estão nos restaurantes da cidade fazendo uma boquinha? As vítimas preferenciais são as mulheres que conduzem seus carros sozinhas. Também não têm tréguas os proprietários de casas de praia na Região Metropolitana. Não sei quanto a você, mas eu não tenho de coragem de entrar no trânsito congestionado das 18 horas nas regiões do Cocó, Aldeota, Papicu e Via Expressa. Mais de 10 assaltos ocorreram este fim de semana. Estou falando somente daqueles motoristas que ainda acreditam e vão às delegacia para registrar um BO.

ABUSO GRAVE OU SÍNDROME DE ESTOCOLMO?

Há algum tempo martelava em minha cabeça recorrentemente a pergunta, que vi agora no ex-blog do César Maia: seria incorreto politicamente perguntar em que situação a deputada Clara Rojas -refém do grupo narcoguerrilheiro FARC- ficou grávida? Não vi uma linha sequer na imprensa, seja daqui ou da colombiana e venezuelana. Ela só trata do assunto em relação ao parto e a separação de seu bebê, como na coletiva de sexta-feira que se pode assistir no link abaixo de oito minutos. Teria a deputado sido obrigada por constrangimento grave ou seria síndrome de Estocolmo? Só para não deixar em branco, acrescento que a Síndrome de Estocolmo ocorre como uma resposta psicológica em situações em que os reféns demonstram lealdade aos seus seqüestradores. Alguns casos –está na literatura– de abuso infantil ou violência doméstica também podem caracterizar a síndrome. Para os pesquisadores, parece que é um mecanismo de sobrevivência desenvolvido por pessoas que se encontram sob o poder de outras.

Clique no link abaixo para ver a entrevista:

domingo, 13 de janeiro de 2008

Oligarquia x Emparelhamento


Quem analisa a política com cuidado, prestando atenção nos movimentos do tabuleiro do xadrez sucessório, vai entender que a eleição de Ilário Marques para a presidência do PT representa um claro lance de advertência à oligarquia Gomes. A prefeita sentiu o aberto aliciamento a setores do partido. Cartaxo (e Guimarães), o ex-presidente petista, estava gostando demais de ser parte do poder, o vereador Sérgio Novaes atendeu ao aceno de Ciro Gomes e assumiu um cargo na esfera federal (Companhia Docas) e mesmo a bancada do PT estava muito branda, enquanto a oligarquia abria lances mais ousados, como o movimento da senadora Patrícia ao ir para o PDT e acenar sua candidatura. Basta observar os detalhes do jogo futuro que a oligarquia e o aparelho do PT são aliados que se olham com desconfiança. A prefeita engoliu seco a pré-candidatura de Patrícia, entendendo que a senadora foi incensada por Ciro e Tasso para minar sua recandidatura, já que as duas correm quase na mesma faixa eleitoral. Aguardou o momento e deu troco desbancando o segmento do PT mais servil aos Gomes. Apoiou Ilário, que, embora simpático, tem pretensões, já cansado de ser o herói do sertão quixadaense. E, de quebra, reduziu o tamanho da vidraça e a concorrência.

A ESPADA DE DÂMOCLES

Agora, cada rei tem sua espada suspensa por um fio de crina de cavalo na cabeça um do outro, como fez o Dionísio com seu cortesão Dâmocles (século IX a.C.). Se a oligarquia ameaça minar o caminho da prefeita com Patrícia, a chefe do aparelho petista pode retirar seu partido do governo, o que produziria dificuldades internas e mesmo no Planalto. O caso é que o lance não se encerra na eleição de 5 de outubro próximo. Chega a 2010. Os oligarcas sabem que o aparelho petista dificilmente votaria em Ciro Gomes para a presidência da República, a não ser que o chefe dos Gomes fosse o candidato de Lula, o que é muito difícil (é uma aposta que o próprio Ciro faz, mas sem muita convicção). Temem ainda que a reeleição abra mais ainda o apetite da prefeita para 2010. O caminho, então, seria atrapalhar a trajetória petista em 2008, se possível sem queimar os dedos, reeditando o jogo que os coronéis (irmãos) faziam no tempo da Arena I e Arena II. Com um ou com outro, estaria tudo em casa. O busílis da questão é que há uma terceira via que se apresenta em plenas condições de melar o jogo. No tempo dos coronéis, Ciro sabe muito bem, a terceira via não tinha peso eleitoral.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Só Muda a Embalagem


Engana-se quem pensa que mudou alguma coisa no PT com a eleição de Ilário Marques para a presidência do partido. Quer dizer, mudou sim, para ficar tudo como estava. Certo que o objetivo de um partido é a conquista do poder. Legítimo. E como o PT do Ceará já segura o poder nas três esferas, a armação vai buscar, por todos os meios, a manutenção. Engana-se igualmente quem pensa que o PT divide poder. Analise o caso da nomeação do ministro das Minas e Energia. O Governo Lula já entregou o cargo ao PMDB. A indicação de Sarney (sempre a sombra daquele papangu) é o senador Edson Lobão. Mas ele só leva mesmo alguns carguinhos, pois os postos mais importantes da Pasta continuarão com os petistas. Não existe, como quer o PMDB, ministérios de “porteira fechada”. Aqui é a mesma coisa, os partidos que fizeram parte do arco de aliança da eleição e integram o grupo de sustentação da prefeita ficaram com cargos diversos, mas o governo mesmo está nas mãos de poucos. A maioria, apenas faz pose. A queda de Cartaxo e a ascensão de Marques tira do bolo apenas as moscas gordas e coloca outras que querem engordar mais.

MAIS UMA PESTE ESTÁ CHEGANDO

Coloque as barbas de molho. Mais uma peste está chegando. Não se trata da CPMF, IOF ou outra sigla qualquer, mas da febre amarela, que vai se jantar a dengue, à lepra, mal de chagas, leptospirose, Leishmaniose, hepatite (qualquer letra) etc. E o governo o que faz? Como sempre, negar que exista o problema. As estatísticas são sempre mentirosas, pois dezenas de pessoas morrem e sequer a causa é investigada o mesmo chega a instituição pública. O mosquito que transmite a febre amarela habita as selvas tropicais do norte e centro-oeste, mas com o desmatamento acelerado ele está chegando às cidades.


E O CRIME SE MUDANDO

O Ronda continua girando a cidade e empurrando o crime para dentro das casas do cinturão metropolitano e para os bancos de cidades mais isoladas deste Ceará sofredor. Deste foi o BB do Potengi, mas já foi o de Pacajus, de Guaiúba, de Cascavel, de Pedra Branca... Por falar no Ronda, quantos assaltantes ele prendeu na última semana? E mais uma pergunta, até quanto os donos de restaurante vão suportar alimentar diariamente os mais de 500 policiais que integram o Ronda?

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Dia de Herói

Terminou o episódio de libertação das duas reféns da narcoguerrilha (Farc) colombiana. Hugo Chávez, enfim, consegue seu dia de herói e, óbvio, tratou de mostrar tudo ao mundo, que só pode aplaudir. Representa, sem dúvida, uma vitória e abre a possibilidade para o começo do fim dessa luta armada, hoje desviada pela força dos narcotraficantes, que já dura mais de três décadas. Em liberdade, Clara Rojas e Consuelo González podem prestar grande ajuda no resgate dos outros seqüestrados. Há muito a fazer na negociação com os narcoguerrilheiros, que receberam apoio até de setores do PT de Lula, e o presidente Uribe está disposto e não tem motivo para afastar Chávez da intermediação. O presidente Lula, que também tirou um casquinha do trabalho do presidente Venezuelano, só deveria tomar uma atitude que não fosse agressiva aos brasileiros, melhor dizendo, deveria afastar do caso –e até do Planalto– o homem que foi flagrado pela TV fazendo aquele gesto obsceno: Marco Aurélio Garcia.

Apenas para conferir o que você viu na TV, veja em mais detalhes as imagens da entrega das reféns pelos narcoguerrilheiros aos enviados de Chávez. Clique abaixo:


RABO PRESO COM O PODER

O ex-deputado Paes de Andrade, que bem ou mal (a segunda opção pesa mais) teve uma história política no Ceará é o culpado por colocar no mundo político a figura ridícula do deputado Eunício Oliveira, presidente estadual do PMDB. E o pior é que ele já foi até ministro e foi durante a gestão dele que a propina comeu solta e aquele funcionário dos correios foi filmado recebendo e embolsando dinheiro, deflagrando o escândalo denunciado do mensalão pelo então deputado Roberto Jefferson, que chegou em meio Planalto e até no Ciro Gomes, à época, ministro da Integração Regional. Um influente assessor do ministro recebeu R$ 100 mil do mensalão, o que até hoje não foi bem (nem mal) explicado. No Congresso, fazem até piadas com as gabolices de Eunício, pousando de influente político nos corredores do Planalto. E a turma do PMDB ainda acha estranho que ele diga que tem compromissos com Cid Gomes e com o governo Lula quando se fala de sucessão municipal. É claro, gente, o homem tem um enorme rabo e tem que rezar pela cartilha dos “chefes”, caso contrário, a degola é feita.

SE HÁ O RUIM É PORQUE HÁ O BOM

É preciso animar e dar esperanças, pois também acontecem coisas boas neste nosso imenso Brasil. Há até pessoas que acham e devolvem dinheiro. Por isso, reproduzo a redação de uma aluna de apenas 16 anos no vestibular da Bahia (saiu em um jornal que não lembro o nome e se espalhou pela Internet). O vestibular cobrou dos candidatos a interpretação do seguinte trecho de poema de Camões:

"Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
dor que desatina sem doer ".
Veja a pérola de interpretação que aluna deu:
"Ah! Camões, se vivesses hoje em dia,
tomavas uns antipiréticos,
uns quantos analgésicos
e Prozac para a depressão.
Compravas um computador,
consultavas a internet
e descobririas que essas dores que sentias,
esses calores que te abrasavam,
essas mudanças de humor repentinas,
esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
mas somente falta de sexo!"

Ganhou nota dez, claro. E você, tem alguma dúvida que o problema de Camões era falta de mulher?

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

O Retrato do Populismo


Na história não há um exemplo sequer de regime populista que tenha conseguido acabar, ou mesmo mitigar eficientemente, com a pobreza, estimular a educação aberta ou desmontar o fanatismo. Os programas populistas não se voltam efetivamente para o desenvolvimento dito sustentável e firme. O populista, é claro, não se interessa pelos direitos individuais, nem pela majestade das instituições republicanas. Bem ao contrário, exagera o assistencialismo mendicante, impõe doutrinas tendenciosas e exalta diversos tipos de animosidade para conseguir a adesão de multidões desprotegidas, exploradas, ressentidas ou perturbadas pela confusão. O texto é parte de um artigo de Marcos Aguinis, publicado no jornal La Nación, que fiz questão de transcrever para fazer uma análise comparativa com a situação que vive alguns países latino-americanos, principalmente o Brasil de Lula da Silva e a Venezuela de Hugo Chávez. O mexicano Enrique Krause completa o desenho quando diz que no populismo nunca falta o personalismo, porque o partido ou o movimento se constrói em torno da figura providencial. O líder é um demagogo, porque se acomoda, mente, adula e desacredita, segundo convenha ao crescimento de seu poder.

O DESDÉM AO FUNCIONAMENTO LEGAL

Veja agora, o trecho seguinte do artigo de Marcos Aguinis: Também pertence a esse modelo seu desdém para com a ordem legal. A lei é apenas um traje que se ajusta de acordo com o gosto e a medida. Está claro que o modelo populista não aceita a alternância, mas sim quer permanecer aparafusado ao trono. Reeleição ilimitada ou presidência vitalícia. A todas essas características não lhe falta o cultivo da utopia. Ou seja, a promessa de que se avança na direção de um futuro esplendido. É uma ilusão, que se prepara com tenacidade, o mesmo que atribuir a culpa a outros e ao passado para encobrir a ineficiência da gestão atual e disfarçar os sintomas da deterioração. A hipnose de repetir, que se lograram resultados brilhantes com este modelo populista e que serão ainda melhores, não deixa de perturbar e convencer. Enquanto nos resignamos à mediocridade de continuar navegando sem rumo.

Reflita um pouco sobre a reação de Lula da Silva à queda da CPMF. Ele e seus séquito de aduladores não cansaram de dizer que a saúde não poderia ser a mesma com o fim da constribuição (imposto) do cheque, como se o quadro caótico que existe (com CPMF e tudo) até hoje pudesse ser pior. Só para relembrar clique no endereço abaixo para ouvir as palavras do presidente.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Só o Cego Não Vê


Os fatos estão ocorrendo aos borbotões, aqui como alhures, em todas as áreas. Momento muito rico. Claro que no meio disso tudo, alguns teimem em bater na mesma tecla, ainda que desconhecedores em profundidade do assunto. É o caso do jornalista Fábio Campos, da coluna Política do jornal O Povo. Teima em receber e publicar comentários sobre o Ronda sem e nem cabeça. Apostar no conflito entre o velho e o novo é um tipo de caminho velho, manjado e óbvio. Mas o miolo do problema não é isso. O problema é que se está construindo uma casa nova em cima de uma estrutura cheia de ranhuras e mal-remunerada. E, todos sabemos, não se pode tratar desigualmente o que deveria ser igual. Criar, vamos dizer, um segmento de elite dentro de um organismo policial (ou outro qualquer) é possível, mas o corpo existente não pode ser abandonado ou execrado, principalmente, se só o novo membro da corporação não vai dar conta do trabalho todo. O velho corpo tem de ser utilizado para assegurar, mesmo que em pequena escala, o sucesso. Alimentar, via matérias pagas, a divisão é aumentar a ferida.

O DISCURSO SERÁ O MESMO

O jornalista, no afã de prestar serviço, faz uma análise enviesada. Diz que o discurso será abafado pelo Ronda. Pelo contrário, o Ronda vai fortalecer a necessidade de uma discussão mais ampla do tema. Preste atenção jornalista, Fortaleza não é o centro do mundo e o crime é abrangente e dinâmico. Quando a ação é tópica, como é o caso, ele se muda, busca novos métodos e formas. Basta ver (e ler) os jornais e os noticiários eletrônicos para pegar a pista. Se as ruas passam a sensação de segurança, dentro de casa a insegurança toma conta. Basta ver a manchete do Diário do Nordeste: “Assaltos às residências de veraneio geram pavor”. O crime saiu de algumas áreas públicas de Fortaleza e foi para o cinturão metropolitano da capital. Evidente que é elogiável em qualquer hipótese a iniciativa do Ronda, mas há muitos pontos a corrigir, e acrescentar. Já disse aqui, em outros comentários, que é preciso somar ao ronda (policiamento motorizado preventivo, ostensivo) o trabalho de investigação, de polícia judiciária e a polícia de terreno (o policial a pé ou o antigo cosme-damião). Por aí se vê que o governo do Estado só não vai resolver. Não tem efetivo, não tem meios (incluindo dinheiro) suficientes e tampouco o conhecimento necessário. O governo federal (com o mesmo problema no Brasil inteiro), as prefeituras e a sociedade devem ser chamados a uma participação efetiva.

... E OS OUTROS FATOS

Estendemos um pouco o comentário sobre o problema da segurança pela sua premência e pelo equívoco a que querem nos induzir. Vamos aos outros fatos:

O governo Lula nunca esperou uma rejeição tão forte ao anunciado aumento de imposto. Agora, depois do ADIM do Democratas, o STF deu prazo de 10 dias para que o governo justifique a necessidade do aumento do imposto, que até o vice-presidente José Alencar ficou contra.
  1. E a Patrícia Gomes, digo Sabóia, pegou a deixa da repercussão negativa do aumento de imposto e está dizendo eleitoreiramente, como o vice-presidente, que o “aumento é um remendo” e que o seu partido (agora é o PDT) vai reavaliar o caso. Aí sabe o que faz, e diz.

  2. Outra chibatada atingiu o lombo do governo Lula. O ministro Marco Aurélio, do STF, disse ser inconstitucional a extensão do “bolsa família” para os jovens, coincidentemente no ano eleitoral. E ainda vem o papangu do ministro da Justiça, Tarso Genro, que precisa explicar o caixa 2 da construção da sede do PT de Porto Alegre (conforme denúncia do ex-ministro Zé Dirceu) dizer que o “bolsa” não tem influência eleitoral. Ou é um idiota ou sabido demais.

  3. Fiquei esperando para ver se alguém falaria sobre uma matéria que saiu no jornal O Estado (o nosso) sobre uma triangulação na execução do réveillon deste ano. É que a licitação foi ganha por uma firma de Goiás, mas quem executou o contrato foi a empresa T’Aí –produções e eventos, de propriedade de Andréia Carvalhedo F. Gomes. O contrato era de R$ 1.180 milhão e a empresa executante ganhou com a intermediação R$ 236 mil (20%). Dá para entender de quem essa empresa, não?

  4. Outra do Governo Lula. O ministro da Justiça, o iluminado Tarso Genro, quer endurecer as leis de trânsito. Embora o motivo seja nobre (tem mesmo de endurecer), o ministro tem, pelo menos, que aprender a copiar. Fala-se em Brasília até em fazer confisco em caso de reincidências de multas de trânsito. Melhor dizendo, a multa da reincidência seria igual ao valor do veículo. A Constituição, artigo 150, IV, veda utilizar o tributo como efeito de confisco. Os governistas estão se espelhando no que fez a Espanha. Lá, instituíram até a multa mensal. Copiem direito, por favor.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

O Preço da Folha de Pagamento


A venda da folha de pagamento (de governo ou de prefeitura) a banco privado já rendeu muita propina e muito caixa dois (o mesmo que o ex-ministro Zé Dirceu praticava e denunciou na revista Piauí). Em Fortaleza, resultou no denunciado escândalo do réveillon de 2006, embora só uma parte desse dinheiro tenha sido falado. Agora, é o governo de São Paulo (Zé Serra-PSDB) que faz uma operação triangular. O acerto da operação sobre a venda da milionária folha salarial de SP a banco privado foi fechado através de uma liberação de verba federal no valor de R$ 270 milhões, dinheiro que seria para a ampliação do metrô paulistano. Em troca a União recebe o dinheiro da venda da folha ao invés de só os 13%, como costuma cobrar. Desse modo, o dinheiro deu um passeio por Brasília e voltou aos cofres de SP em forma de verba para o metrô. Vivacidade tem disso, o Governo usou o próprio dinheiro de SP para o metrô e ainda legitima a cobrança de 13% que pretende fazer em todos os Estados. Hoje já existe uma disputa judicial entre o governo federal e as prefeituras de São Paulo e do Rio de Janeiro sobre a classificação dessa receita. O Tesouro Nacional quer que o dinheiro seja incluído na base de cálculo usado para cobrança da dívida dos municípios com a União. Mas, amparadas por liminares, as prefeituras têm resistido ao pagamento.

NO CEARÁ TEM DISSO, SIM

No Ceará, recentemente foi realizada semelhante negociação, ainda que a venda do BEC para o Bradesco tenha obrigado a que a conta dos servidores permanecesse no banco comprador por 10 anos. De qualquer modo, como nunca sabemos de tudo que é mastigado nos escaninhos dos gabinetes, ninguém ficou sabendo realmente o que ocorreu. O que é fato é que venderam a conta do Estado para um banco e o dinheiro da “venda” entrou. Quanto, hein Arialdo? Esse dinheiro tende a ser legalizado em sua totalidade. O problema é que muitas vezes o preço é “x” mas só entra no tesouro “x-y”, afora o que levam as autoridades do governo federal –os 13% anunciado. Nunca houve na história deste país tanta licenciosidade e mentira com o dinheiro público. Há uma distância enorme entre o que é dito –e as vezes nem é dito– e o que é realizado. Se foi assim no que é público, como foi o caso da CPMF, imagine naquilo que é subterrâneo. Por isso, é que vemos tantos homens públicos (ou seja, que não vende e nem fabrica nada) ficarem ricos. Alguns, que chegaram a ficar anos sem emprego, são hoje milagrosamente bilionários.

BRIGA DE QUADRILHA

Você leu a revista Piauí? Não deixe de ler a matéria com o ex-ministro Zé Dirceu, o pai do mensalão (e, claro, do caixa 2). Ele entrega alguns inimigos de dentro do Governo a que serviu, o que equivale a uma confissão do que ele fazia quando era da equipe de governo. O ministro do STF deve estar exultante. O DEM está. Alguns integrantes da cúpula nacional do partido já estão trabalhando para instalar uma CPI, que os governistas, liderados pelos senadores Inácio Arruda e Ideli Salvatti vão fazer de tudo para impedir. Nunca pensei que um político forjado nos movimentos populares, como Inácio Arruda, fosse tão chegado a dinheiro. Vale a pensa ver as acusações de Dirceu ao relatar o caixa dois utilizado na construção da sede do PT-RS. Depois, ele ataca Luiz Favre, marido trambiqueiro de Marta Suplicy. Por fim, mas não menos importante, há Lulinha, o hoje também milionário filho do presidente.

VAMOS COBRAR ATITUDE DO JUDICIÁRIO

A entrevista do ex-ministro da Casa Civil é nitroglicerina pura e as autoridades competentes não devem fazer de conta que ela não existiu. Já era para alguém ter sido preso. É o que faria qualquer país sério. Dirceu agiu com instinto de vingança e acabou pegando mais gente do que imaginava e comprometendo o próprio Governo. O estouro foi tão grande que Dirceu, ex-deputado e ex-presidente do PT, já desmentiu. Disse que não disse o que disse. A vice-presidente nacional do PSDB, senadora Marisa Serrano já pegou a deixa: “É gravíssimo. Uma bomba. Não só os partidos, mas a população tem de exigir da Justiça o aprofundamento dessas informações e a verificação de sua autenticidade”. Grave também é o que ele diz ao tentar defender Delúbio (lembram dele?). Dirceu entregou todo o esquema. Disse que colegas de sigla recorriam ao ex-tesoureiro petista com pedido de até R$ 1 milhão: “a mala era para eles. O pobre do Delúbio tinha que ir aos empresários conseguir doações. Aí, estoura o mensalão, e esse pessoal vem dizer que o Delúbio era o homem da mala. O que não dizem é que a mala era para eles”, destacou o mais prestigiado ex-ministro de Lula.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Não Existe Democracia Sem Imprensa "Livre"


O ex-blog do César Maia traz um grande ensaio para explicar, ou melhor, explicitar a parcialidade da imprensa. Precisa a análise, pois é sem dúvida, especialmente nos estados mais pobres do Nordeste, como o Ceará, que a imprensa está cumprindo um papel muito mais de assessoria de imprensa de grandes corporações, empresários inescrupulosos, de partidos políticos e de administradores de plantão. Basta, ao leitor mais atento e despido de qualquer bandeira política, ver alguns jornais e algumas colunas, principalmente, para identificar quem são os pagantes da mídia. Há alguns dias tenho feito este exercício com os três jornais da Capital cearense: Diário do Nordeste, O Povo e o O Estado. Depois, voou observar também os jornais eletrônicos da TV, deixando de lado o rádio, que vive a era dos nefastos arrendamentos. O resultado é ruim. Dos três, o mais parcial é o jornal O Povo, ainda que tenha um ouvidor, que, vez por outra, lembra os compromissos elementares do jornalismo.

O PREÇO DA MÍDIA É FEDERAL (ESTADUAL E MUNICIPAL)

A publicação do ex-blog do César Maia diz que as campanhas são uma necessidade da imprensa para influenciar a opinião de seu público. Sabe-se que uma matéria isolada tem pouca memorabilidade. Assim mesmo uma campanha sobre um tema, fato ou pessoa, não tem garantia de memorabilidade, mas a probabilidade é muito maior. Há três tipos de campanha de imprensa: a pró-ativa, a reativa e a direcionada. A pró-ativa é quando um grupo de comunicação tem seu marketing de marca que fideliza seu público. Por exemplo, a Criança Esperança da TV Globo. A reativa é quando surge um problema ou fato e durante um período se faz uma cobertura em série, como no onze de setembro, na guerra do Iraque, no mensalão... A direcionada é uma campanha que tem um objetivo específico e conjuntural. Sempre é destrutiva. Quer dizer, é destrutiva para o adversário de quem paga (partido, corporação, empresário ou governante. Às vezes é um pacote). Se você, que é um leitor antenado, tiver prestado atenção ao que publicou o Povo nos últimos 30 dias nas colunas (Política, especialmente) e mesmo editorialmente percebe cristalinamente o acordo fechado com o time que detém o poder no Ceará (incluindo a intermediação com o federal). Virou o jornal oficial do poder ao mesmo tempo em que atinge impiedosamente os adversários. Alguém contou quantas colunas inteiras e matérias foram publicadas com eleição para presidência do PT? 36. Pensei que fosse eleição para presidência da República. Alguém ouviu ontem (dia 03/01) a entrevista do Presidente do DEM na rádio O Povo? Teve o cuidado de ver hoje a matéria publicada no jornal O Povo? Entregaram o cliente. Quando estava lendo a matéria houve momento em que pensei estar lendo um panfleto e não um jornal de tradição e história, embora nem sempre reta. Lembrei do final dos 80, quando Tasso e Ciro desancavam o dito jornal e seu dono.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Um Governo Sério Não Mente


Como o cidadão pode cumprir um contrato social se o Governo é o primeiro a descumpri-lo? O Estado, como escreve Max Weber, tem o “monopólio da violência legítima”, mas o presidente Lula e seus ministros Guido Mantega (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento) precisam entender que não se trata da violência que eles praticaram contra o País. A violência da mentira, da enganação. E com que cara de pau Mantega explicou que o presidente estava cumprindo a palavra quando disse que não iria aumentar imposto... em 2007. Um governo sério e honesto teria outra atitude, e que fosse a de aumentar imposto. O problema maior é o péssimo exemplo da enganação. Quando se presencia atitudes dessa natureza, imediatamente vem à lembrança a famosa frase atribuída a Charles De Gaulle: “Le Brésil n’est pas um pays sérieux” (O Brasil não é um país sério), no auge da crise política surgida entre Brasil e França, nos anos 60, decorrente da apreensão de pesqueiros franceses que capturavam lagostas na costa brasileira. De Gaulle morreu sem conseguir convencer que não pronunciara a frase. Há versões sobre o episódio que deixam a situação ainda pior. O general teria dito quase tudo e que teria sido o embaixador do Brasil, Carlos Alves de Souza, a acrescentar o adjetivo “sério”. Não tem importância, mas vale dizer que o Brasil é um país sério, mas há governantes que nos envergonham como o honesto Lula e seus seguidores trambiqueiros.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

A Nossa Política Rastaquera e Tupiniquim


Sem ter muito a mostrar, a prefeita transformou a festa púbica do réveillon –realizada nos mesmos moldes em todo o Brasil– em um “grande ato político-eleitoral”, com direito a discurso e a elogios pagos na mídia. Sem dúvida, a polêmica resultante dos atos ilícitos praticados no igual evento em 2006/07 levou a que a festa de 2007/08 fosse ampliada e bem cuidada, inclusive no item de segurança. Este foi, ao invés de um ato político-eleitoral, um ato que poderíamos chamar de cívico-eleitoral. É a maior demonstração de que quando o ato é limpo todos ganham. Ganhou a administração municipal porque conseguiu realizar um bom evento; ganhou o povo, que foi brindado com uma bonita festa; ganharam também as lideranças políticas (ou não) que denunciaram as falcatruas da festa anterior, obrigando ao bom resultado do evento deste ano. Que sirva de lição –ainda que tardia– para a prefeita e seu imenso séqüito de aduladores. Pelo visto, porém, a lição mais produziu ódio do que humilde lição, a tirar pelo discurso raivoso da prefeita, condenando “os poderosos”. Bem, se os poderosos são aqueles que denunciaram a roubalheira, prestaram um bom serviço à causa democrática, porque o maior beneficiado foi o povo. E é para o povo que o poder público deve direcionar as suas ações.



E POR FALAR EM PODEROSOS...

Há alguns anos não ouvia a palavra “poderosos” sair da boca de quem detém o poder. A última vez foi na campanha eleitoral para governador de 1986. Saiu da boca do camaleônico Mauro Benevides (PMDB) num comício em Juazeiro do Norte. Era um comício de Tasso Jereissati (PMDB), que disputava com Adauto Bezerra (PFL) o trono estadual. Benevides (que sempre fora da panelinha do poder, embora em sigla diferente, não importava) estava ocasionalmente no palanque de Jereissati, que representava a situação, já que levava o apoio do governador Gonzaga Mota, após o rompimento com os coronéis. Benevides sempre falava antes de Jereissati, que sempre pedia para que ele (Benevides) criticasse fortemente os coronéis. Sempre ensebado, Benevides enrolava e não batia em ninguém. Mas, daquela vez, o evento era na casa dos coronéis e Jereissati foi enfático. Sem saída, Benevides respondeu lacônico: deixa comigo. Veio o momento do discurso, Benevides tomou a palavra e falou por mais de 15 minutos e nada contra Adauto ou os coronéis. Jeressati, quase apoplético, como sempre ocorre quando é contrariado, interpelou Benevides: “Mauro, cadê as críticas?” Benevides, no melhor estilo vaselina, respondeu: “Tasso, não ouviu aquela parte em que falei dos poderosos? São eles”. E assim foi até o final da campanha.