sexta-feira, 30 de julho de 2010

Eleições no Brasil - Governador II

PARAÍBA – CAMPANHA JUDICIAL

Na Paraíba, mais um governador que ganhou o lugar na Justiça eleitoral busca a reeleição. Trata-se do ex-senador José Maranhão (PMDB), que assumiu o mandato após a cassação pelo TSE do governador Cássio Cunha Lima (PSDB). Ele apareceu na pesquisa realizada pelo instituto Consult, entre 13 e 17 de junho deste ano, com 43,75% das intenções de voto. Seu principal oponente é o ex-prefeito de João Pessoa Ricardo Coutinho (PSB), que foi apontado por 32,7% dos eleitores. Foram entrevistados dois mil eleitores. A margem de erro é de 2,1 pontos percentuais. A pesquisa, contratada para o jornal Correio da Paraíba, foi registrada no TRE com o número 17.353/2010. Os dois outros candidatos, Lourdes Sarmento (PCO) e Marcelino Rodrigues (PSTU) não foram citados.
Comentário – Na Paraíba, o embate promete acirramento judicial. O problema é que o governador cassado e candidato ao Senado, Cássio Cunha Lima-PSDB (excesso de gasto em mídia institucional), luta na Justiça para registrar sua candidatura. Diz que a Lei Ficha Limpa não pode lhe atingir: “num Estado Democrático de Direito uma Lei nova, por melhor que seja, não pode ampliar uma sanção já cumprida. Nem a ditadura assim faria”. A decisão está com o desembargador Manoel Monteiro, que pode ser responsável por uma reviravolta nas eleições da Paraíba, segundo juristas. O mesmo desembargador também é relator de processos de impugnações contra Cássio e contra as duas principais forças da Paraíba, José Maranhão (PMDB) e Ricardo Coutinho (PSB). De qualquer modo, se Cássio for declarado inelegível (neste caso, lançará o tio Ivandro Cunha Lima (PSDB) ou sua esposa Silvia Cunha Lima), a campanha socialista de Ricardo Coutinho estaria afetada. O ex-governador Cássio Cunha Lima desponta em primeiro lugar na corrida rumo ao Senado Federal com larga vantagem em relação ao segundo colocado, Vital do Rego Filho (PMDB). A maior decisão cabe à Justiça Eleitoral. Resultado em aberto. Marketing e proposta nada significam.
Na Paraíba, conforme pesquisa do instituto Vox Populi (Rede Bandeirantes e o portal IG), mostrou, dia 23 passado, que a candidata Dilma Rousseff (PT) tem 8% das intenções de votos sobre seu principal adversário, José Serra (PSDB). Dilma tem 41% da preferência dos entrevistados e Serra, 33%. A candidata Marina Silva, do Partido Verde, aparece em terceiro lugar, com 8%.

RIO GRANDE DO NORTE – LOCAL SEM NACIONAL

É o estado em que o DEM que tem mais chances de obter vitória na disputa de um governo estadual. A senadora Rosalba Ciarlini, integrante do partido, é apontada pelas primeiras pesquisas eleitorais como a favorita na disputa. Pesquisa feita pelo Vox Populi entre 8 e 12 de maio, ela tinha 49% das intenções de voto, contra 16% de Carlos Eduardo Alves (PDT), 15% de Iberê Ferreira de Souza (PSB), 2% de Miguel Mossoró (PTC), 1% de Sandro Pimentel (Psol) e 1% de Simone Dutra (PSTU). Uma nova pesquisa do Vox Populi/Band/Diário de Natal, realizada entre os dias 17 e 20 de julho, ouvindo 700 eleitores, aponta que a senadora Rosalba Ciarlini (DEM) aumentou a vantagem: passou a 53%. O governador Iberê Ferreira de Souza (PSB), que tinha 15 foi para 18% e o ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), que tinha 16, caiu para 13%. Os demais candidatos ao governo do estado, Bartô Moreira (PRTB), Camarada Leto (PCB), Roberto Ronconi (PTC), Simone Dutra (PSTU) e Sandro Pimentel (PSOL) não pontuaram. As intenções de votos brancos ou nulos chegaram a 6% e os que não sabem em quem votar ou não responderam à pesquisa somam 10%. A margem de erro da pesquisa é de 3,7 pontos percentuais, e o intervalo de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada junto à Justiça Eleitoral, no Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte, com o protocolo nº 18.492/10, e no TSE, com o protocolo no. 19.926/10.
Comentário – Rio Grande do Norte, a tirar pelas duas rodadas de pesquisa, terá uma decisão de primeiro turno, mesmo o atual governador e candidato à reeleição Iberê Ferreira (PSB) tendo ao seu lado a candidata Dilma Rousseff, que aparece na mesmo pesquisa com 52% das intenções de voto, seguida por José Serra (PSDB) com 31% e de Marina Silva (PV), com 6%. Rosalba Ciarlini está muito bem colocada e mesmo caindo um pouco ainda ficará com boa margem. Rosalba (DEM), pelo visto, não está fazendo força pela candidatura Serra e Iberê não consegue direcionar seu marketing para colar sua imagem em Dilma/Lula. É um exemplo de que o nacional conta pouco quando há lideranças fortes. Outro adjutório de Iberê, Wilma de Faria, tem sua candidatura ao Senado impugnada pelo Ministério Público Eleitoral. O procurador regional, Ronaldo Sérgio Chaves, apresentou acusação de que a líder do PSB não estava quite com a Justiça Eleitoral no ato do pedido de registro. No entanto, o advogado de Wilma de Faria afirma que há uma certidão que prova a quitação. Rosalba é cacique política oriunda do PDT, que já administrou Mossoró em três oportunidades. Seu principal foco são as obras.

PERNAMBUCO – FOCO NA SEGURANÇA

Pernambuco tem a situação mais clara do Nordeste. O Datafolha (20 a 23 de julho) mostrou que o governador Eduardo Campos (PSB) tem 59% das intenções de voto, apresentando assim grandes chances de se reeleger no primeiro turno. Seu principal adversário, Jarbas Vasconcelos (PMDB), tem 28%. Sérgio Xavier (PV), 1%. Os demais candidatos tiveram menos de 1% das indicações dos entrevistados. Foram ouvidos 1.098 eleitores. A pesquisa, feita para o jornal Folha de S. Paulo e para a TV Globo, foi registrada no TRE com o número 32.333/2010. Margem de erro de três pontos percentuais.
Comentário – Aliado forte de Lula e Dilma Rousseff, Eduardo Campos é neto de Miguel Arraes, presidente nacional do PSB e foi o principal algoz do deputado federal por São Paulo (embora eleito pelo Ceará), Ciro F. Gomes-PSB. Ele articulou o xeque-mate na candidatura Ciro à presidência da República ao conduzir o partido para apoiar Dilma Rousseff. Menos de dois meses antes, Ciro F. Gomes havia sido o repórter/apresentador do programa de TV nacional do PSB, que teve como uma das principais atrações o governador Pernambucano. Por ironia, Eduardo Campos, ao abordar as realizações do seu governo, apresentou como ponto alto o combate à violência, um programa que une o social ao repressivo e não usa Hilux, que alcança resultados alentados, diferente do que ocorre no Ceará com o Ronda.
A escolha plebiscitária entre Eduardo Campos e Jarbas Vasconcelos não vai se alterar com o reforço dos aliados. Dilma e Lula têm o dever (mas há dúvidas) de aparecer no palanque de Eduardo Campos, ainda que Jarbas seja da base de apoio ao Planalto. Serra não terá palanque de Governo no Pernambuco, a não ser que Jarbas chute o pau da barraca. O máximo que pode conseguir é impedir que Dilma/Lula frequente a TV e o palanque de Eduardo Campos. Um imbróglio interessante. Na análise das pesquisas nos Estados, Dilma Rousseff teve melhor desempenho na Bahia, no Rio de Janeiro, em Pernambuco e no Distrito Federal. Serra lidera em São Paulo, no Rio Grande do Sul e no Paraná. Em Minas Gerais, a disputa está equilibrada: Serra tem 38% e Dilma 35%. Nas capitais, Serra aparece na frente em Curitiba (47%), Porto Alegre (42%) e Belo Horizonte (39%). Dilma aparece em primeiro em Recife (41%) e em Salvador (40%).
No marketing, é claro que Eduardo Campos, com equipe paulista, vai seguir a linha petista de apresentar as obras e enaltecer a parceria com o Planalto. Jarbas Vasconcelos, com bom tempo de TV e equipe local, vai tentar estabelecer uma crítica em pontos vulneráveis do governo, bem na linha de que manterá o que for bom a mudará o que não deu resultado, com a alegação de que também terá facilidades para estabelecer parceria nacional. Um discurso difícil, bem parecido com o de Lúcio Alcântara (PR-PPS) no Ceará, mas com sérios problemas de forma, que é mais importante que o conteúdo. Primeiro turno certo.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Eleições no Brasil - Governador

Este blogdoerivas vai cobrir as eleições pelo Brasil, acompanhando, passo-a-passo, a dança das pesquisas e o foco da campanha, apontando erros e acertos. Para melhor entendimento, vamos abordar o assunto regionalmente, começando pela região Nordeste, pelo fator proximidade. Depois, é claro, virão as outras regiões. Não omitirei comentários sobre a trajetória de vida política de cada candidato e sobre desempenho deles na campanha. Vamos iniciar com Ceará, Piauí e Maranhão. Veja como está a disputa nos três Estados.

CEARÁ – ERROS E ARROGÂNCIA

Pesquisa, que você já viu publicada (Datafolha entre os últimos dias 14 e 15), apontou boa vantagem para o atual governador Cid F. Gomes (PSB), candidato à reeleição. Com 47% dos votos na pesquisa estimulada, ele reúne mais intenções de voto que a soma (36%) de todos os demais concorrentes. O ex-governador Lúcio Alcântara (PR), 26%; Marcos Cals (PSDB), 7%; Francisco Gonzaga (PSTU), 2%; e Soraya Tupinambá (Psol), 1%. Marcelo Silva (PV) e Maria da Natividade (PCB) tiveram menos de 1%. O levantamento foi contratado pelo jornal O Povo, ouviu 912 pessoas, tem margem de erro de três pontos percentuais e foi registrado no TRE-CE com o número 35.709/2010.

Comentário – Até poucos dias antes das convenções, Cid F. Gomes (a criatura) tentou empurrar autoritariamente uma aliança ampla, envolvendo também PSDB e DEM, deixando de fora e sem tempo de TV, o PR e o PPS. O PT resistiu, por não aceitar o senador Tasso Jereissati (PSDB) na coligação. O rompimento acabou por acontecer. Jereissati (o criador), dono da sigla tucana, rompeu atirando contra a oligarquia Gomes, que ele criou, e lançou Marcos Cals (até dia 3 de abril passado, secretário de Cid F. Gomes). Lúcio Alcântara-PR, que entregou o governo em 2006 para os irmãos Gomes, à época com apoio de Jereissati, viu na dissensão, a oportunidade de ressuscitar, após o fracasso da campanha para a prefeitura de Fortaleza (com o deputado estadual Adahil Barreto). No final, quem mais perdeu foi Cid F. Gomes e seu aliado PT. Cid agora enfrenta uma luta acirrada, apesar da folga nas pesquisas, e o PT, porque teve de renunciar a vaga de vice-governador, para ficar com uma vaga de senador (Pimentel). PMDB ganhou. Tem o vice (Domingos Filho) e um senador (Eunício Oliveira). Cid escolheu um vice de confiança para, se eleito, ter tranquilidade para renunciar e postular uma vaga ao Senado (quem sabe?), deixando seu vice como candidato a reeleição. A prefeita de Fortaleza e presidente estadual do PT, Luizianne Lins, não engoliu a trama e já disse que vai apoiar Cid F. Gomes cirurgicamente, ou seja, só em algumas situações.

A campanha de marketing está estrangeirada nos três candidatos competitivos e provinciana nos três nanicos. Jereissati trouxe seu time de fora, Cid F. Gomes, também, e até Lúcio cedeu ao “lobby” de um financiador paulista e trouxe equipe de fora. A moda foi lançada por Jereissati em 1986, sua primeira campanha. Ensinou que nada local presta. Só o que vem de fora. Menos os candidatos (e o dinheiro, que não carrega local de nascimento), a tirar pelo que disse Cid F. Gomes: “Serra é preparado, é inteligente, é competente. Mas o Serra é lá pro povo do Sul, ele não é pra gente aqui do Nordeste”. Indo e voltando, são atitudes discriminatórias.
O discurso até agora não está ajustado. Os três candidatos de maior peso navegam nas ondas dos fatos, com rara exceção, cobertos de forma tendencial pelos veículos de comunicação (vício original). Quando o fato é mais duro, já vem acompanhado da vacina, como ocorreu no caso da morte (por um policial do Ronda) do jovem Cristian, imediatamente comparada a morte do brasileiro Jean Charles ocorrida em Londres em 22 de julho de 2005.

Cid F. Gomes tenta parecer popular, filando copo de cerveja de um eleitor, subindo na garupa de um jumento ou colando adesivos nas ruas, mas nada pode dizer quanto à sua postura oligarca. Promete mostrar os canteiros de obras e anuncia muito mais. A oposição não consegue sair da crítica ao Ronda e a arrogância do candidato situacionista. Marcos Cals faz algumas propostas pontuais, em cima de pontos fracos do Governo, enquanto Lúcio (2 minutos na TV) confessa que não saberia o que fazer com o Ronda. É pouco. Cid F. Gomes está na vantagem. Segundo turno é possível, mas é preciso densidade das chapas oposicionistas.

MARANHÃO – DUELO ENTRE FICHAS SUJAS

Não tomei conhecimento (posso estar equivocado) de pesquisas recentes, e com abrangência estadual, que mereçam citação. Os principais candidatos no estado são o deputado federal Flávio Dino (PCdoB), o ex-governador Jackson Lago (PDT) e a atual governadora, Roseana Sarney (PMDB).

Comentário – As informações de bastidores de pesquisas contratadas (não encomendadas) tanto pelo pessoal ligado à família Sarney como pelos aliados de Jackson Lago dizem que Roseana estaria com vantagem sobre Lago, apesar do desgaste do apoio do PT nas classes mais abastadas (não ligadas a Sarney, que não são muitas). Fosse um Estado não dominado pela oligarquia Sarney, que impõe o que quer, nenhum dos dois seria candidato. Lago foi apeado do Governo sob a acusação de abuso de poder econômico pela própria Roseana, que tinha ficado em segundo lugar na eleição passada. Agora, ele quer retomar o poder, mas esbarra no Ficha Limpa, que pode tirá-lo da disputa. O terceiro candidato, Flávio Dino (PCdoB) não aparece bem, embora o terreno esteja fértil para um nome novo. Foi candidato a prefeito na eleição municipal passada e perdeu no segundo turno. Apesar do pouco tempo de TV e de política poderia germinar, em circunstâncias normais de temperatura e pressão. A força da oligarquia Sarney no subdesenvolvido Maranhão está segurando Roseana. Segundo turno.

PIAUÍ – CAMINHO ABERTO A NOVA PROPOSTA

O Piauí fervilha de pesquisa, algumas não merecem sequer citação. Vou levar em conta, como ponto de partida, a pesquisa do instituto Amostragem, realizada entre 18 e 21 de junho. O ex-prefeito de Teresina, Sílvio Mendes (PSDB), apareceu com 36,5% das intenções de voto, seguido pelo atual governador, Wilson Martins (PSB), com 24,89%; e João Vicente Claudinho (PTB), com 22,43%. Brancos, nulos e indecisos somavam 14,16%. Os demais candidatos tiveram menos de 1% da preferência dos eleitores entrevistados. Foram ouvidas 1.137 pessoas. Encomendada pelo Sistema Meio Norte de Comunicação, a pesquisa tem margem de erro de 2,85 pontos e foi registrada no TRE-PI com o número 13.518/2010.

Comentário – O ex-prefeito Sílvio Mendes parecia o favorito, mas enrolou-se na escolha do vice e não agradou. Perdeu alguns pontos. O jogo está embolado e falta somente ajustar o discurso e o foco da campanha, o que não será fácil, tendo em vista o sestro das equipes de marketing local, contratadas para conduzir o trabalho nas três principais campanhas. Bom que sejam equipes locais, mas era necessário, pelos menos, ouvir ideias novas para sair do trilho rebatido. A chave da questão é saber o que o eleitor piauiense quer, depois de quase 8 anos do PT de Wellington Dias. A resposta pode sair partida entre Teresina e o restante do Piauí.
Sílvio Mendes não assume o papel de oposição, embora solte críticas ao modelo de governo vigente. Vai focar as obras que realizou em Teresina, referência vaga para os extremos do PI. Deverá andar os 223 municípios para aumentar o conhecimento e fazer identidade com o eleitor. Pode perder densidade no roteiro para o governador Wilson Martins, mas afeito à estrada, montado na máquina e tirando proveito do condutor – Wellington Dias. O discurso deve ser elaborado com cuidado, pois deve assumir o papel do continuísmo e de avanço. O mero continuísmo pode resultar pouco. Sobra na terceira raia o senador João Vicente Claudino, com apagado desempenho parlamentar na primeira quadra do seu mandato (tem mais 4 anos). Foi eleito a bordo do barco da reeleição de Wellington, à época imbatível e dele foi aliado até meses atrás. Não sabe encarnar o papel de oposição, ainda que a força do grupo empresarial do pai (João Claudino) lhe confira alguma sustentação. Também faz parte da base de apoio de Lula, mas não poderá usufruir do prestígio dele, já agregado ao candidato situacionista. Tempo pouco tempo de TV e se ficar só nas propostas fáceis pode perder fôlego logo na largada. Pode só estar querendo manter o nome em alta para o próximo embate eleitoral. Segundo turno certo.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Nós, Asnáticos Nordestinos

Sou cearense, ainda que não muito orgulhoso com a situação política do nosso Estado, e não consigo aceitar, como ente inteligente, que tenha de conviver com a arrogante mediocridade que querem nos empurrar. Quer a prova? Leia a declaração do governador/candidato do Ceará, Cid F. Gomes, apoiador de Dilma Rousseff (PT), no jornal O Povo, na matéria sob o título “Cid surpreende ao dizer que Serra é preparado e inteligente”, edição de 22/07/2010. Ele diz, ‘inteligentemente’, que Serra “é preparado, é inteligente, é competente”. Depois, completa o raciocínio: “mas o Serra é lá pro povo do Sul, ele não é pra gente aqui do Nordeste”. O que se pode inferir da declaração do governador, que quer ficar no trono por mais quatro anos?

Que nós, asnáticos nordestinos, não queremos (ou não merecemos) ser governados por alguém inteligente, competente e preparado, e, sim, o povo do Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná). Até o irmão dele, Ciro F. Gomes, está na moldura asnática, como eleitor paulista, filho de Pindamonhangaba, Sudeste, portanto. E, ainda, que nós, como asnáticos nordestinos, temos de ser governados por seres semelhantemente asnáticos como o pernambucano Lula e a mineira (quase gaúcha) Dilma Roussef. E logo Cid F. Gomes explicou a razão: ”Lula trocou de nome, agora se chama Dilma, e por isso todos devem votar em Dilma”. Pelo que disse o governador/candidato, dá para concluir que somente seres asnáticos engolem votar em uma candidata que nem identidade tem. Lembro que quando Antônio Cambraia foi candidato para suceder Juracy Magalhães na Prefeitura de Fortaleza ficou conhecido como o boneco de Juracy. Mas, ele não deixou de ser o Cambraia. Agora, Dilma é o Lula que trocou de nome e virou Dilma Rousseff. Será que Freud explicaria?

Pode-se inferir também que Cid F. Gomes quis ser engraçado e estreou uma nova forma de bater (elogiando), ou de ameaçar (ele tem o irmão, deputado federal por SP, Ciro F. Gomes, para o bateu levou). Quis também passar a imagem de um grande político, que não precisava falar mal, ou atacar, quem quer que seja. Quem conhece a história dos Gomes sabe que não é assim. Essa ‘grandeza’ só existe porque a pesquisa, neste momento, lhe é favorável e é conveniente patrulhar os oponentes. Na campanha passada, Ciro F. Gomes subiu no palanque em Horizonte (município da RM de Fortaleza) e bradou contra Lúcio Alcântara (agora só ameaçado e chamado de rancoroso), tachando-o de fdp. Depois, a má repercussão o obrigou o usar a TV para pedir desculpas ao eleitor cearense pelo destempero.

Depois de ler a matéria, saí de casa e logo ao chegar à rua vi um carro de som passar executando uma música que pensei ser a de Luizianne na campanha de 2008, tal a semelhança. O veículo estava todo adesivado com o nome CID, o número, e a seguinte frase, que entendo ser o conceito da campanha: PRA FAZER MUITO MAIS (pode ser que não tenha o muito). Sinceramente, não sei se vou suportar MAIS.

terça-feira, 20 de julho de 2010

O Mundo do Feeling

A Primeira pesquisa registrada após as convenções, que legitimaram as candidaturas, deixou quase todo mundo satisfeito. Mas é apenas uma pesquisa de intenção de voto a pouco mais de 70 dias da ida às urnas. O modelo é só uma forma de manter as atenções e de oferecer uma panorâmica não muito diferente daquilo que tínhamos visto em pesquisa anteriores às convenções. É um retrato do ponto de partida, que já enganou muita gente. Para o eleitor, está de bom tamanho, pois não lhe cabe analisar desempenhos e possibilidades. Para os candidatos, não traz as respostas que são necessárias na posição de largada. O próprio governador/candidato, Cid F. Gomes, com toda estrutura e recursos que tem à sua diposição, solta uma frase que representa a inadequação das informações do eleitor que dispõe: "sinto que o clima não é de mudança, mas de continuidade". Feeling só rendeu mesmo para Morris Albert. Lembram dele? Uma campanha somente se assenta sobre sentimentos quando não tem meios para buscar a informação científica, com confiável nível de certeza. É certo que este é o "xis" da questão: clima de continuidade ou clima de mudança? Ademais de saber se é um ou o outro, ainda há que captar junto ao eleitor, neste momento sócio-político, o que ele entende por continuidade e/ou o que ele compreende por mudança. Não é tão simples quanto parece, não é mesmo?. Existe formato de pesquisa adequado para buscar tais informações, que chega ao conhecimento da motivação do eleitor. Faz parte do universo da Ciência Política. Um exemplo bem elementar: Serra, o candidato do PSDB-DEM, representa mudança ou continuidade? Lúcio Alcântara (PR-PPS) e Marcos Cals (PSDB-DEM) representam mudança ou contiuidade no Ceará? Mudança significa só a manutenção do mesmo governador ou eleger o aliado ou indicado(a) do governador ou presidente? Ou ainda, continuidade significa manter planos como o Bolsa Família e dar sequência as obras? Será que o eleitor ainda considera que o Bolsa Família pode ser tirado ou entende que o Bolsa Família está garantido e que agora é hora de querer mais? Os benefícios materiais não saciam os do homem: uma vez adquiridos, ele aspira valores mais altos, satifações... (Serge Tchakhotine). Se for assim, quem é melhor para fazer "esse mais"? Isso é continuidade ou mudança?

sábado, 17 de julho de 2010

Um Paulista Ameaçando o Ceará

Houvesse no Ceará um deputado federal, ou mesmo um senador, com coragem, o omisso e ausente deputado Ciro F. Gomes se veria obrigado a devolver o mandato que recebeu generosamente do povo cearense, com mais de 600 mil votos. Sem consultar a ninguém, ele transferiu seu título de eleitor para São Paulo, na ambição de concorrer ao governo daquele Estado. Caiu na armadilha armada pelo povo de Lula (ou dele próprio, embora não acredite que Lula tenha essa inteligência). Depois, veio a rasteira no PSB e Ciro F. Gomes ficou sem o mel e sem a cabaça. Não teve legenda para sua pretensão presidencial, tampouco a governador paulistano e não pode concorrer a nada pelo Ceará. Em São Paulo, nem pensar, pois lá ele não tem voto nem para vereador. Agora, como ninguém (seria o caso de uma ação popular?) tem peito para pleitear o mandato paulista de volta para o Ceará, cabe ao eleitor dar a resposta nas urnas. Não para ele, que não concorrerá nada. Ficará mais uma vez como um desempregado bem sucedido. Mas fazendo o que ele fará, ou seja, não votando no irmão (Cid) para o governo.

Depois do mar de sandices que patrocinou, Ciro F. Gomes resolver voltar à tona no Ceará para coordenar a campanha do irmão, que não terá seu voto. E a primeira coisa que ele fez foi encher a todos com ameaças. Faz mais uma vez o papel de bobo, que ele confessa ter feito no episódio de sua pretensão presidencial. Vale a pena conferir (o papelão) as declarações dele na reportagem de Carmen Pompeu, no Estadão online:


O deputado federal Ciro Gomes (PSB) não vai mesmo se engajar na campanha nacional da candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff. “Vou cuidar aqui da nossa paróquia, que é o que me apaixona hoje”, disse, referindo-se ao Ceará, onde o irmão dele, Cid Gomes (PSB), disputa a reeleição para governador.

Coordenador político da campanha de Cid Gomes, Ciro afirmou não guardar mágoas e nem rancor. Mas que se sentiu “feito de bobo” com a forma como a pré-candidatura dele a presidente foi descartada e que, por isso, não tem a menor vontade de participar da sucessão presidencial.


“Isso tudo que aconteceu comigo, nesses passos da vida nacional, me machucou profundamente. Eu passei um momento de grande tristeza pessoal. Cheguei a negar a minha própria vocação. Eu me senti feito de bobo, que é uma sensação terrível”, desabafou, em entrevista concedida ontem (15) à noite, depois de inaugurar o comitê eleitoral do irmão, em Fortaleza.

O comitê foi inaugurado com pompa. Teve bandeiraço nos arredores e foram servidos cerveja e salgadinho à vontade aos presentes. O espaço, que era uma residência próxima ao maior parque da Cidade, o Cocó, foi todo decorado com painéis gigantes. No maior deles, estão Lula, Dilma, Ciro, Cid e os demais candidatos que compõem a chapa majoritária ao governo estadual. Dilma não compareceu. Deve visitar o Ceará apenas em agosto.

Sobre a candidata petista, Ciro disse aos jornalistas ser “profundo amigo” dela. “Somos grandes companheiros. Acho que se havia uma pessoa no PT que tinha dotes para ser candidata, entre todos os militantes petistas de alta qualidade, ela era a melhor”. Mas sair pelo Brasil pedindo votos para Dilma, ele não vai.

“Eu vou acompanhar o meu partido. Vou votar… nem votar eu vou, porque infelizmente…”, disse Ciro, fazendo uma breve pausa, lembrando e demonstrando tristeza com o fato de que, atendo ao pedido do presidente Lula, mudou o domicílio eleitoral do Ceará para São Paulo. “Ah sim vou votar para presidente”, emenda ao ser advertido por jornalistas que a transferência não impediria o voto para presidente, mas sim no próprio irmão, Cid, que é candidato no Ceará.

Ciro não quis falar se subiria no palanque de Dilma, ao menos nas vezes em que ela visitasse o Ceará. “O nível da minha participação em campanha dependerá muito da incorporação das minhas preocupações com o futuro do Brasil, que não são poucas e nem pequenas”, comentou. Se ele acha que essas preocupações serão atendidas? “Não sei. Eu sou um ninguém nesse momento. Nem candidato eu sou a nada”, respondeu.

No discurso que fez durante a inauguração do comitê do irmão, Ciro mencionou o nome de Dilma duas vezes. No início, afirmando que o espaço também era dedicado à campanha dela no Ceará. E no final, ao pedir votos para Cid e para todos os demais integrantes da chapa majoritária.

A fala de Ciro foi cheia de recados duros aos adversários do irmão governador. Disparou mensagens indiretas até contra o padrinho político, Tasso Jereissati (PSDB), que lançou Marcos Cals na disputa contra Cid. “Nós ouviremos com ouvidos muito respeitosos, com ouvidos muito sensíveis, todas as críticas que acaso os eminentes adversários, entre eles, alguns queridos adversários. Todas as críticas que fizerem serão anotadas em um livro de ouro da campanha do Cid Gomes. Porque o Cid, ao contrário de alguns, sabe que a verdade não tem dono. O Cid, ao contrário de alguns, sabe que a prepotência, o mandonismo, a arrogância e a violência não são linguagens para uma democracia, que nós precisamos ter aperfeiçoada”, discursou.

Ciro garantiu que ele próprio terá a incumbência de responder os ataques dirigidos contra Cid Gomes. “Respeitabilíssimos adversários, queridos alguns deles adversários, saibam também que a injustiça, que a ignomínia, que a ignorância e que a truculência contra o Cid serão todas respondidas com toda a serenidade e com todo o equilíbrio”.

Questionado se as críticas significam rompimento com Tasso Jereissati, Ciro afirmou que amizade dele com o senador tucano “não está em votação”. “O que está em votação é um projeto de Ceará. E a pergunta é simples: Quem é melhor para o Ceará, o Marcos Cals, que o Tasso defende, ou o Cid Gomes que eu defendo?”, comentou Ciro.

“Mas o projeto dos senhores não era o mesmo?”, os jornalistas perguntaram. “Mas já faz muito tempo que, em determinadas questões, nosso projeto é distinto. O projeto nacional acabou estressando e criando uma condição que não põe a minha amizade, o meu respeito, a minha profunda admiração, o meu reconhecimento - eu sou um amante da história do Ceará antes de ser um militante político. A obra que o Tasso realizou no Ceará dá a ele um lugar na história quer se goste dele, quer não se goste. E eu gosto muito. Agora, o Tasso, às vezes, desperta determinados antagonismos. Ele mesmo tem um estilo que eu já compreendo e já respeito, já entendo. Enfim, eu também tenho os meus defeitos”, disse Ciro.

Ele finalizou a entrevista afirmando que Tasso merece sim ser reeleito. “Mas, evidentemente, quem vai decidir isso é o eleitor cearense. Eu não quero fazer campanha pra ninguém. Vou fazer campanha pro Cid e pra chapa dele”.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Visão Corrompida de Representação Democrática

Por mais que queira o homem não foge de fazer as coisas à sua imagem e semelhança e tais atributos são formatados no convívio sócio-familiar em tenra idade. Durante o restante da vida, ele vai cinzelando e apurando ditos atributos. Juntar tais traços ao sesgo democrático que vivência o Brasil é igual a declaração de Cid F. Gomes (candidato a novo mandato de governador do Ceará).

“Tem quem esteja na política para ser servido e tem quem esteja na política para servir. Quem faz o julgamento de se tem mais para ser servido ou se para servir é o povo”. A minha grande satisfação na vida é poder ajudar as pessoas e ter a possibilidade de reconhecimento por parte delas”.
A seguir o governardor/candidato confessa que a filosofia que tenta seguir ele aprendeu com o pai, José Euclides F. Gomes Júnior, que foi eleito prefeito de Sobral quando ele ainda era menino.

Lembro agora de uma declaração de Franklin Roosevelt quando chegou ao poder (EUA) em 1932. A história registra que Roosevelt assumiu em uma época em que uma visão degenerativa do futuro estava tomando forma na consciência pública, em um ritmo alarmante. Naquele momento, os clãs oligárquicos tinham controle quase total sobre a imprensa e as instituições financeiras. Os oligarcas, conforme se percebia, tinham a impressão de que a democracia era uma forma de hábito de governo construída exclusivamente para eles, enquanto a maioria das pessoas deveria ser ajudada, mas, supostamente, não deveria gozar dos benefícios da democracia. Roosevelt disse que os privilegiados das novas dinastias, aqueles com uma cobiça pelo poder, são inclinados a controlar o governo. Segundo Roosevelt, "eles criaram um novo despotismo sob o disfarce da democracia”.

Guardadas as diferenças ditadas pela distância temporal, o que se verifica hoje, seja no cenário nacional, seja regional, é uma visão corrompida das obrigações do poder representativo (do povo). Não elegemos um governante para nos “ajudar”, mas sim para governar limpa e corretamente em nosso nome. É como se elegêssemos um síndico para administrar a área comum do condomínio em que moramos. O pior de tudo é que essa visão degenerada se espalhou pelas instituições. Hoje, quando precisamos ir a uma repartição pública, uma delegacia, um posto de saúde, por exemplo, somos mal servidos por servidores que são pagos por nossos impostos para nos servir, não “ajudar”. Não pense em escolher quem pode lhe ajudar. Pense em escolher um presidente ou governador/síndico para administrar a miríade de recursos do povo (recolhido através de impostos, taxas, contribuições, multas etc.) para lhe servir.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Novo Formato em Novo Endereço

Bem vindo ao novo blogdoerivas. Estamos reformatando tudo e funcionando experimentalmente. Ainda esta semana retornaremos com mais informações, comentários, ensaios, crônicas para sua consulta. O novo formato torna mais fácil a navegação por filmes, fotos, textos, ilustrações e charges.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

O Texto Que Dilma Mudou

Quase nenhum jornal trouxe o texto que a candidata Dilma Rousseff mudou em sua plataforma de governo entregue ao TSE. Bom, o texto que ela retirou era o que mostramos abaixo:

“Medidas que promovam a democratização da comunicação social no país, em particular aquelas voltadas para combater o monopólio dos meios eletrônicos de informação, cultura e entretenimento. Para isso, deve-se levar em conta as resoluções aprovadas pela lª. Confecom, promovida por iniciativa do governo federal, e que prevêem, entre outras medidas, o estabelecimento de um novo parâmetro legal para as telecomunicações no país; a reativação do Conselho Nacional de Comunicação Social; o fim da propriedade cruzada; exigência de urna porcentagem de produção regional, de acordo com a Constituição Federal; proibição da sublocação de emissoras e horários; e direito de resposta coletivo”. (Transcrito por Reinaldo Azevedo).

O problema é que a pessoa da campanha de Dilma, ou seja, o companheiro, que escreveu o texto esqueceu que da forma como está seriam atingidos quase todos os grandes conglomerados de comunicação do País. Dilma, que tinha assinado sem ler uma linha, quando começaram a jorrar as críticas, teve que recuar e fazer uma versão mais “light”. Vale aqui o comentário do jornalista Reinaldo Azevedo: o “combate ao monopólio” e a “democratização da comunicação”, no PT, é só a veste angelical da velha tentação totalitária de sempre. E que Deus afaste de nós esse cálice.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O Fim de um Modelo Que Já Rendeu o Possível


A seleção perdeu. Não é novidade, claro. A bola estava sendo cantada pelos 190 milhões de técnicos que desconfiavam da seleção de armandinhos de Dunga. Há um consolo. Não veremos aquelas cenas de desfiles em carro aberto (dos Bombeiros) com jogadores falantes e nem a famosa visita a Brasília para mais desfiles, com Lula e Dilma acenando para o povo ao lado dos jogadores. Um descanso para os olhos. Já bastaram as centenas de reportagens sobre os bairros africanos (principalmente o Soweto) e o ufanismo de Galvão Bueno. É o fim da era Dunga e mais uma virada na página da história. É para o bem do Brasil. A virada sempre enseja uma renovação do modelo que vigia, apesar de alguns resultados favoráveis. O modelo já rendeu o que podia. Por isso, é muito improvável um continuismo. Dificilmente, Jorginho, auxiliar técnido de Dunga, será escolhido para ser o comandante da seleção. Que o sentimento de renovação possa se espargir e que a ruptura seja a marca deste novo e rico momento. Recomeçar é o sentido maior da vida. Merecemos outra experiência, que mantenha tudo que foi positivo, mas que renove e tenha ousadia de colocar este país em um patamar de desenvolvimento interno mais elevado. Vamos Brasil, é hora de renovação!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A Hora dos Ajustes


Todas as chapas para concorrer a eleição estão formadas. Até José Serra já tem um vice. A verdade é que nunca se perdeu tanto por nada. E o candidato presidencial tucano perdeu mais que todos. Caminhou mal o percurso da escolha e pagou o preço. Composto o quadro, ou postas as peças no tabuleiro, agora começam os movimentos. Estamos no finalzinho da Copa e é este o tempo que todos têm para ajustar a estratégia. Serra trafegou mal até agora. Marina caminhou sem resultado e Dilma surfou nas ondas de Lula, mas precisa de conteúdo, ainda que tenha menos importância que a forma, que lhe dá a vantagem (não me refiro ao que dizem as pesquisas) que sustenta até agora. O gancho de comunicação em cada um vai se pendurar já está posto, embora ainda passe por ajustes. Dilma é Lula e o PAC. Serra é o realizador de obras em São Paulo, o melhor ministro da saúde, tentando provar que pode fazer mais e melhor. Marina fica quase sem nada, imprensada pelos dois discursos similares. Ainda não desincorporou da doméstica, costureira, e mais tarde como professora de história do início da vida profissional. Faz algumas propostas pontuais. Precisa encontrar uma cunha.


O QUADRO NO CEARÁ

É possível dizer que o Ceará tem três candidatos competitivos para disputar o trono ocupado por Cid F. Gomes, recandidato a mais 4 anos. Diferente da campanha nacional, aqui nada se camininhou até as convenções. O tempo foi preenchido com um jogo de sujiga, que sempre parte dos poderosos contra os mais fracos. Jereissati e os Gomes tentaram levar no empurra uma aliança tão ampla que não sobraria nada (só os ananos) para fazer oposição durante a campanha. Seria uma reedição imposta da famosa União pelo Ceará, colocando no mesmo saco UDN, PSD e PTN, numa espécie de pacto que elegeu Virgílio Távora-(UDN) a governador em 1962. A arrogância do Gomes governador acabou ofendendo o aliado mais poderoso, que rompeu o pacto e lançou Marcos Cals, um deputado que servira ao governo Gomes até a desincompatibilização (3 de abril). Foi a senha para Lúcio Alcântara, tirado do governo pelos Gomes, com apoio de Jereissati em 2006, buscar a revanche, colocando ao eleitor a sua candidatura. Só agora, com o fim das convenções, o jogo está fechado e se inicia a campanha para os desafiantes, porque o candidato situacionista está em campanha há tempos, driblan do com facilidades a Justiça eleitoral.

Renovação x Oligarquia


O pontapé eleitoral foi marcado pela chuva de farpas atiradas pelos três principais postulantes, uma forma de cada um marcar seu terreno. Jerissati fez o “mea-culpa” ao reconhecer que não estimulou renovação nos últimos 20 anos e que o Ceará já não suporta mais o revezamento Jereissati-Gomes. Cid F. Gomes reagiu, primeiro através do irmão Ivo F. Gomes, que disse que Cid F. Gomes não fazia parte da geração Tasso-Ciro F. Gomes (se é complicado escrever com tanto Gomes, imagine...). Depois, foi o próprio Gomes governador que disse que Jereissati era como uma mangueira, que dá bons frutos, mas não deixa nada nascer embaixo dela. É verdade. Nasceu pouco. Quase nada. Tasso e Ciro F. Gomes não deixaram quase sobras. O pouco que nasceu ainda veio com erro conatural. A mesma prepotência e arrogância e uma duvidosa ética de dominação (Weberiana só quanto aos objetivos, mas não quanto a ação). Lúcio procurou marcar seu nicho dizendo (mas parecendo) que sua candidatura não era uma revanche de ressentido, mas que era preciso marcar suas obras, hoje com outros nomes (rebatizadas) no atual governo, e oferecer ao eleitor uma oportunidade para redenção. O problema é que pode não haver tanto eleitor arrependido. De qualquer modo, o sarcasmo de cada um deixa antever a estratégia que a seguir.

OS CAMINHOS DAS 3 CHAPAS

Não vale aqui entrar no mérito se os caminhos que pretendem seguir as 3 chapas vão estimular as 4 forças genéricas (Serge Tchakhotine) que agem de forma mais ou menos constante na determinação do comportamento do eleitor/indivíduo: impulso da combatividade, impulso das exigências materiais nutritivas, impulso sexual e impulso parental ou impulso da amizade. Sem a âncora do Ronda, Cid F. Gomes, vai deixar aos irmãos Ivo F. Gomes (este mais) e Ciro F. Gomes e aliados o papel de atacantes, e centrar seu discurso nas obras (centenas de maquetas eletrônicas) vão ocupar o generoso espaço do programa de TV e preencher os espaços da Internet e centenas de folhas de papel. Bem no estilo, “ninguém fez tanto, mas é preciso mais tempo para concluir e fazer muito mais”. Jereissati, sempre pajeando seu candidato Marcos Cals, vai focar na crítica da renovação, no nepotismo dos Gomes e na falta de obras de infra-estruturantes, tentando alinhar com o discurso de Serra, seu candidato a presidente. Lúcio, que divide com Cid F. Gomes o apoio a Dilma Roussef, vai assumir o papel de única oposição e fazer o resgate de suas obras, hoje rebatizadas por Cid F.Gomes no exíguo espaço de TV. Roberto Pessoas será o aríete mais usado. Ele e Jereissati vão tentar provocar um possível segundo turno. Cid F. Gomes faz o melhor discurso possível. Lúcio e Marcos Cals precisam de ajustes em suas campanhas.