quinta-feira, 15 de julho de 2010

Visão Corrompida de Representação Democrática

Por mais que queira o homem não foge de fazer as coisas à sua imagem e semelhança e tais atributos são formatados no convívio sócio-familiar em tenra idade. Durante o restante da vida, ele vai cinzelando e apurando ditos atributos. Juntar tais traços ao sesgo democrático que vivência o Brasil é igual a declaração de Cid F. Gomes (candidato a novo mandato de governador do Ceará).

“Tem quem esteja na política para ser servido e tem quem esteja na política para servir. Quem faz o julgamento de se tem mais para ser servido ou se para servir é o povo”. A minha grande satisfação na vida é poder ajudar as pessoas e ter a possibilidade de reconhecimento por parte delas”.
A seguir o governardor/candidato confessa que a filosofia que tenta seguir ele aprendeu com o pai, José Euclides F. Gomes Júnior, que foi eleito prefeito de Sobral quando ele ainda era menino.

Lembro agora de uma declaração de Franklin Roosevelt quando chegou ao poder (EUA) em 1932. A história registra que Roosevelt assumiu em uma época em que uma visão degenerativa do futuro estava tomando forma na consciência pública, em um ritmo alarmante. Naquele momento, os clãs oligárquicos tinham controle quase total sobre a imprensa e as instituições financeiras. Os oligarcas, conforme se percebia, tinham a impressão de que a democracia era uma forma de hábito de governo construída exclusivamente para eles, enquanto a maioria das pessoas deveria ser ajudada, mas, supostamente, não deveria gozar dos benefícios da democracia. Roosevelt disse que os privilegiados das novas dinastias, aqueles com uma cobiça pelo poder, são inclinados a controlar o governo. Segundo Roosevelt, "eles criaram um novo despotismo sob o disfarce da democracia”.

Guardadas as diferenças ditadas pela distância temporal, o que se verifica hoje, seja no cenário nacional, seja regional, é uma visão corrompida das obrigações do poder representativo (do povo). Não elegemos um governante para nos “ajudar”, mas sim para governar limpa e corretamente em nosso nome. É como se elegêssemos um síndico para administrar a área comum do condomínio em que moramos. O pior de tudo é que essa visão degenerada se espalhou pelas instituições. Hoje, quando precisamos ir a uma repartição pública, uma delegacia, um posto de saúde, por exemplo, somos mal servidos por servidores que são pagos por nossos impostos para nos servir, não “ajudar”. Não pense em escolher quem pode lhe ajudar. Pense em escolher um presidente ou governador/síndico para administrar a miríade de recursos do povo (recolhido através de impostos, taxas, contribuições, multas etc.) para lhe servir.

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