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sábado, 17 de julho de 2010

Um Paulista Ameaçando o Ceará

Houvesse no Ceará um deputado federal, ou mesmo um senador, com coragem, o omisso e ausente deputado Ciro F. Gomes se veria obrigado a devolver o mandato que recebeu generosamente do povo cearense, com mais de 600 mil votos. Sem consultar a ninguém, ele transferiu seu título de eleitor para São Paulo, na ambição de concorrer ao governo daquele Estado. Caiu na armadilha armada pelo povo de Lula (ou dele próprio, embora não acredite que Lula tenha essa inteligência). Depois, veio a rasteira no PSB e Ciro F. Gomes ficou sem o mel e sem a cabaça. Não teve legenda para sua pretensão presidencial, tampouco a governador paulistano e não pode concorrer a nada pelo Ceará. Em São Paulo, nem pensar, pois lá ele não tem voto nem para vereador. Agora, como ninguém (seria o caso de uma ação popular?) tem peito para pleitear o mandato paulista de volta para o Ceará, cabe ao eleitor dar a resposta nas urnas. Não para ele, que não concorrerá nada. Ficará mais uma vez como um desempregado bem sucedido. Mas fazendo o que ele fará, ou seja, não votando no irmão (Cid) para o governo.

Depois do mar de sandices que patrocinou, Ciro F. Gomes resolver voltar à tona no Ceará para coordenar a campanha do irmão, que não terá seu voto. E a primeira coisa que ele fez foi encher a todos com ameaças. Faz mais uma vez o papel de bobo, que ele confessa ter feito no episódio de sua pretensão presidencial. Vale a pena conferir (o papelão) as declarações dele na reportagem de Carmen Pompeu, no Estadão online:


O deputado federal Ciro Gomes (PSB) não vai mesmo se engajar na campanha nacional da candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff. “Vou cuidar aqui da nossa paróquia, que é o que me apaixona hoje”, disse, referindo-se ao Ceará, onde o irmão dele, Cid Gomes (PSB), disputa a reeleição para governador.

Coordenador político da campanha de Cid Gomes, Ciro afirmou não guardar mágoas e nem rancor. Mas que se sentiu “feito de bobo” com a forma como a pré-candidatura dele a presidente foi descartada e que, por isso, não tem a menor vontade de participar da sucessão presidencial.


“Isso tudo que aconteceu comigo, nesses passos da vida nacional, me machucou profundamente. Eu passei um momento de grande tristeza pessoal. Cheguei a negar a minha própria vocação. Eu me senti feito de bobo, que é uma sensação terrível”, desabafou, em entrevista concedida ontem (15) à noite, depois de inaugurar o comitê eleitoral do irmão, em Fortaleza.

O comitê foi inaugurado com pompa. Teve bandeiraço nos arredores e foram servidos cerveja e salgadinho à vontade aos presentes. O espaço, que era uma residência próxima ao maior parque da Cidade, o Cocó, foi todo decorado com painéis gigantes. No maior deles, estão Lula, Dilma, Ciro, Cid e os demais candidatos que compõem a chapa majoritária ao governo estadual. Dilma não compareceu. Deve visitar o Ceará apenas em agosto.

Sobre a candidata petista, Ciro disse aos jornalistas ser “profundo amigo” dela. “Somos grandes companheiros. Acho que se havia uma pessoa no PT que tinha dotes para ser candidata, entre todos os militantes petistas de alta qualidade, ela era a melhor”. Mas sair pelo Brasil pedindo votos para Dilma, ele não vai.

“Eu vou acompanhar o meu partido. Vou votar… nem votar eu vou, porque infelizmente…”, disse Ciro, fazendo uma breve pausa, lembrando e demonstrando tristeza com o fato de que, atendo ao pedido do presidente Lula, mudou o domicílio eleitoral do Ceará para São Paulo. “Ah sim vou votar para presidente”, emenda ao ser advertido por jornalistas que a transferência não impediria o voto para presidente, mas sim no próprio irmão, Cid, que é candidato no Ceará.

Ciro não quis falar se subiria no palanque de Dilma, ao menos nas vezes em que ela visitasse o Ceará. “O nível da minha participação em campanha dependerá muito da incorporação das minhas preocupações com o futuro do Brasil, que não são poucas e nem pequenas”, comentou. Se ele acha que essas preocupações serão atendidas? “Não sei. Eu sou um ninguém nesse momento. Nem candidato eu sou a nada”, respondeu.

No discurso que fez durante a inauguração do comitê do irmão, Ciro mencionou o nome de Dilma duas vezes. No início, afirmando que o espaço também era dedicado à campanha dela no Ceará. E no final, ao pedir votos para Cid e para todos os demais integrantes da chapa majoritária.

A fala de Ciro foi cheia de recados duros aos adversários do irmão governador. Disparou mensagens indiretas até contra o padrinho político, Tasso Jereissati (PSDB), que lançou Marcos Cals na disputa contra Cid. “Nós ouviremos com ouvidos muito respeitosos, com ouvidos muito sensíveis, todas as críticas que acaso os eminentes adversários, entre eles, alguns queridos adversários. Todas as críticas que fizerem serão anotadas em um livro de ouro da campanha do Cid Gomes. Porque o Cid, ao contrário de alguns, sabe que a verdade não tem dono. O Cid, ao contrário de alguns, sabe que a prepotência, o mandonismo, a arrogância e a violência não são linguagens para uma democracia, que nós precisamos ter aperfeiçoada”, discursou.

Ciro garantiu que ele próprio terá a incumbência de responder os ataques dirigidos contra Cid Gomes. “Respeitabilíssimos adversários, queridos alguns deles adversários, saibam também que a injustiça, que a ignomínia, que a ignorância e que a truculência contra o Cid serão todas respondidas com toda a serenidade e com todo o equilíbrio”.

Questionado se as críticas significam rompimento com Tasso Jereissati, Ciro afirmou que amizade dele com o senador tucano “não está em votação”. “O que está em votação é um projeto de Ceará. E a pergunta é simples: Quem é melhor para o Ceará, o Marcos Cals, que o Tasso defende, ou o Cid Gomes que eu defendo?”, comentou Ciro.

“Mas o projeto dos senhores não era o mesmo?”, os jornalistas perguntaram. “Mas já faz muito tempo que, em determinadas questões, nosso projeto é distinto. O projeto nacional acabou estressando e criando uma condição que não põe a minha amizade, o meu respeito, a minha profunda admiração, o meu reconhecimento - eu sou um amante da história do Ceará antes de ser um militante político. A obra que o Tasso realizou no Ceará dá a ele um lugar na história quer se goste dele, quer não se goste. E eu gosto muito. Agora, o Tasso, às vezes, desperta determinados antagonismos. Ele mesmo tem um estilo que eu já compreendo e já respeito, já entendo. Enfim, eu também tenho os meus defeitos”, disse Ciro.

Ele finalizou a entrevista afirmando que Tasso merece sim ser reeleito. “Mas, evidentemente, quem vai decidir isso é o eleitor cearense. Eu não quero fazer campanha pra ninguém. Vou fazer campanha pro Cid e pra chapa dele”.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

O Texto Que Dilma Mudou

Quase nenhum jornal trouxe o texto que a candidata Dilma Rousseff mudou em sua plataforma de governo entregue ao TSE. Bom, o texto que ela retirou era o que mostramos abaixo:

“Medidas que promovam a democratização da comunicação social no país, em particular aquelas voltadas para combater o monopólio dos meios eletrônicos de informação, cultura e entretenimento. Para isso, deve-se levar em conta as resoluções aprovadas pela lª. Confecom, promovida por iniciativa do governo federal, e que prevêem, entre outras medidas, o estabelecimento de um novo parâmetro legal para as telecomunicações no país; a reativação do Conselho Nacional de Comunicação Social; o fim da propriedade cruzada; exigência de urna porcentagem de produção regional, de acordo com a Constituição Federal; proibição da sublocação de emissoras e horários; e direito de resposta coletivo”. (Transcrito por Reinaldo Azevedo).

O problema é que a pessoa da campanha de Dilma, ou seja, o companheiro, que escreveu o texto esqueceu que da forma como está seriam atingidos quase todos os grandes conglomerados de comunicação do País. Dilma, que tinha assinado sem ler uma linha, quando começaram a jorrar as críticas, teve que recuar e fazer uma versão mais “light”. Vale aqui o comentário do jornalista Reinaldo Azevedo: o “combate ao monopólio” e a “democratização da comunicação”, no PT, é só a veste angelical da velha tentação totalitária de sempre. E que Deus afaste de nós esse cálice.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O Fim de um Modelo Que Já Rendeu o Possível


A seleção perdeu. Não é novidade, claro. A bola estava sendo cantada pelos 190 milhões de técnicos que desconfiavam da seleção de armandinhos de Dunga. Há um consolo. Não veremos aquelas cenas de desfiles em carro aberto (dos Bombeiros) com jogadores falantes e nem a famosa visita a Brasília para mais desfiles, com Lula e Dilma acenando para o povo ao lado dos jogadores. Um descanso para os olhos. Já bastaram as centenas de reportagens sobre os bairros africanos (principalmente o Soweto) e o ufanismo de Galvão Bueno. É o fim da era Dunga e mais uma virada na página da história. É para o bem do Brasil. A virada sempre enseja uma renovação do modelo que vigia, apesar de alguns resultados favoráveis. O modelo já rendeu o que podia. Por isso, é muito improvável um continuismo. Dificilmente, Jorginho, auxiliar técnido de Dunga, será escolhido para ser o comandante da seleção. Que o sentimento de renovação possa se espargir e que a ruptura seja a marca deste novo e rico momento. Recomeçar é o sentido maior da vida. Merecemos outra experiência, que mantenha tudo que foi positivo, mas que renove e tenha ousadia de colocar este país em um patamar de desenvolvimento interno mais elevado. Vamos Brasil, é hora de renovação!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A Hora dos Ajustes


Todas as chapas para concorrer a eleição estão formadas. Até José Serra já tem um vice. A verdade é que nunca se perdeu tanto por nada. E o candidato presidencial tucano perdeu mais que todos. Caminhou mal o percurso da escolha e pagou o preço. Composto o quadro, ou postas as peças no tabuleiro, agora começam os movimentos. Estamos no finalzinho da Copa e é este o tempo que todos têm para ajustar a estratégia. Serra trafegou mal até agora. Marina caminhou sem resultado e Dilma surfou nas ondas de Lula, mas precisa de conteúdo, ainda que tenha menos importância que a forma, que lhe dá a vantagem (não me refiro ao que dizem as pesquisas) que sustenta até agora. O gancho de comunicação em cada um vai se pendurar já está posto, embora ainda passe por ajustes. Dilma é Lula e o PAC. Serra é o realizador de obras em São Paulo, o melhor ministro da saúde, tentando provar que pode fazer mais e melhor. Marina fica quase sem nada, imprensada pelos dois discursos similares. Ainda não desincorporou da doméstica, costureira, e mais tarde como professora de história do início da vida profissional. Faz algumas propostas pontuais. Precisa encontrar uma cunha.


O QUADRO NO CEARÁ

É possível dizer que o Ceará tem três candidatos competitivos para disputar o trono ocupado por Cid F. Gomes, recandidato a mais 4 anos. Diferente da campanha nacional, aqui nada se camininhou até as convenções. O tempo foi preenchido com um jogo de sujiga, que sempre parte dos poderosos contra os mais fracos. Jereissati e os Gomes tentaram levar no empurra uma aliança tão ampla que não sobraria nada (só os ananos) para fazer oposição durante a campanha. Seria uma reedição imposta da famosa União pelo Ceará, colocando no mesmo saco UDN, PSD e PTN, numa espécie de pacto que elegeu Virgílio Távora-(UDN) a governador em 1962. A arrogância do Gomes governador acabou ofendendo o aliado mais poderoso, que rompeu o pacto e lançou Marcos Cals, um deputado que servira ao governo Gomes até a desincompatibilização (3 de abril). Foi a senha para Lúcio Alcântara, tirado do governo pelos Gomes, com apoio de Jereissati em 2006, buscar a revanche, colocando ao eleitor a sua candidatura. Só agora, com o fim das convenções, o jogo está fechado e se inicia a campanha para os desafiantes, porque o candidato situacionista está em campanha há tempos, driblan do com facilidades a Justiça eleitoral.

Renovação x Oligarquia


O pontapé eleitoral foi marcado pela chuva de farpas atiradas pelos três principais postulantes, uma forma de cada um marcar seu terreno. Jerissati fez o “mea-culpa” ao reconhecer que não estimulou renovação nos últimos 20 anos e que o Ceará já não suporta mais o revezamento Jereissati-Gomes. Cid F. Gomes reagiu, primeiro através do irmão Ivo F. Gomes, que disse que Cid F. Gomes não fazia parte da geração Tasso-Ciro F. Gomes (se é complicado escrever com tanto Gomes, imagine...). Depois, foi o próprio Gomes governador que disse que Jereissati era como uma mangueira, que dá bons frutos, mas não deixa nada nascer embaixo dela. É verdade. Nasceu pouco. Quase nada. Tasso e Ciro F. Gomes não deixaram quase sobras. O pouco que nasceu ainda veio com erro conatural. A mesma prepotência e arrogância e uma duvidosa ética de dominação (Weberiana só quanto aos objetivos, mas não quanto a ação). Lúcio procurou marcar seu nicho dizendo (mas parecendo) que sua candidatura não era uma revanche de ressentido, mas que era preciso marcar suas obras, hoje com outros nomes (rebatizadas) no atual governo, e oferecer ao eleitor uma oportunidade para redenção. O problema é que pode não haver tanto eleitor arrependido. De qualquer modo, o sarcasmo de cada um deixa antever a estratégia que a seguir.

OS CAMINHOS DAS 3 CHAPAS

Não vale aqui entrar no mérito se os caminhos que pretendem seguir as 3 chapas vão estimular as 4 forças genéricas (Serge Tchakhotine) que agem de forma mais ou menos constante na determinação do comportamento do eleitor/indivíduo: impulso da combatividade, impulso das exigências materiais nutritivas, impulso sexual e impulso parental ou impulso da amizade. Sem a âncora do Ronda, Cid F. Gomes, vai deixar aos irmãos Ivo F. Gomes (este mais) e Ciro F. Gomes e aliados o papel de atacantes, e centrar seu discurso nas obras (centenas de maquetas eletrônicas) vão ocupar o generoso espaço do programa de TV e preencher os espaços da Internet e centenas de folhas de papel. Bem no estilo, “ninguém fez tanto, mas é preciso mais tempo para concluir e fazer muito mais”. Jereissati, sempre pajeando seu candidato Marcos Cals, vai focar na crítica da renovação, no nepotismo dos Gomes e na falta de obras de infra-estruturantes, tentando alinhar com o discurso de Serra, seu candidato a presidente. Lúcio, que divide com Cid F. Gomes o apoio a Dilma Roussef, vai assumir o papel de única oposição e fazer o resgate de suas obras, hoje rebatizadas por Cid F.Gomes no exíguo espaço de TV. Roberto Pessoas será o aríete mais usado. Ele e Jereissati vão tentar provocar um possível segundo turno. Cid F. Gomes faz o melhor discurso possível. Lúcio e Marcos Cals precisam de ajustes em suas campanhas.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A Guinada do Cenário Eleitoral


Agora, podemos dizer, temos um cenário eleitoral compatível com a história política do Ceará, sempre libertária e vanguardista. A tentativa oligarca de abafar de forma tirânica a democrática disputa esbarrou no seu próprio despotismo, provocando uma guinada inesperada na trajetória que se desenhava. Mesmo que nascido a fórceps, o novo quadro repõe o equilíbrio que lhe queriam subtrair. O Ceará terá um pleito disputado e com boas opções para o eleitorado. Pelos menos seis candidaturas, três delas fortemente competitivas, animará o processo. É comum as três campanhas a dificuldade de conseguir um vice (que nem deveria mais existir). Cid F. Gomes espera a indicação do nome pelo PT, enquanto Lúcio Alcântara e Marcos Cals (com a desistência de Paulo Oliveira) saem à caça. Correm também atrás do que sobra na chapa situacionista: tempo de TV e de rádio. O PSDB está em melhor situação, pois conta com o DEM e talvez o PPS. O PR trabalha para ficar com o PPS, embora sabendo da dificuldade (nacional), pois a chapa de Lúcio armará palanque para Dilma Rousseff e o PPS é Serra, como o PSDB e o DEM. A convenção do PR está marcada para terça-feira e a do PPS para quarta.

Cid F. Gomes continua favorito. Tem todos os astros alinhados em torno do seu nome, a máquina pública (federal, estadual e muncipal), o maior tempo de TV e rádio[1] e recursos ao alcance da mão. Os outros candidatos vivem os momentos difíceis de preparação da campanha, enquanto o candidato situacionista navega nas ondas da mídia do partido (PSB), do Governo e de aliados bajuladores, como Eunício Oliveira (PMDB). Vive e exercita, seguindo o exemplo do Governo Federal, aquilo que os especialias denominam de "efeito Mandrake", que ocorre em duas formas: 01) colocando o adversário na defensiva. A tentativa do dossiê contra Serra, por exemplo; 02) produzindo campos de enfrentamento que tiram o adversário do principal campo onde os votos são disputados, as ruas. Como disse com propriedade o ex-prefeito César Maia, em seus ex-blog, tudo o que quer o candidato situacianista é tirar seu adversário das "ruas" e retardar seu contato direto de mobilização nas bases dos multiplicadores e assim, dos eleitores. Para isso, os ambientes perfumados, engravatados, bem comportados são ideais para o candidato do governo se enfrentar com seu adversário. No outro dia, manchetes gloriosas sobre as ações do governo, sobre as obras em cada canto do Estado, sobre novas indústrias e geração de emprego, enquanto a tropa de “militantes” age nas "ruas" em defesa de sua cota de poder, cargos, recursos e empregos.


A NOVA OPINIÃO PÚBLICA DO CIDADÃO

Candidatos e coordenadores de campanha devem entender que uma campanha é como a lavoura. Deve ser semeada (candidato nas ruas, pedindo votos) e irrigada (difusão pela propaganda) e que a multiplicação que transforma intenção de voto em decisão de voto depende do adubo e de sementes de alta qualidade. Como disse Gaudêncio Torquato, é preciso lembrar que o caminho do voto começa no bolso, que supre o estômago. Depois o voto vai subindo e chega ao coração. Só por último, à cabeça. Lembro que certa vez o hoje deputado Ciro Gomes, na tentativa de se identificar com o eleitor (notadamente o mais pobre – maioria), começou a usar a lingagem dele. Ao dar uma entrevista sobre as causas de diarreia, preferiu usar a palavra caganeira, por entendê-la de uso mais comum no povão. Claro que não daria certo. Não é o “vamo-que-vamo” da Marina que produz a identidade de que tanto o presidente Lula usufrui. O publicitário ianque Malcolm MacDougall[2] escreveu que “... as pessoas são muito mais influenciadas por suas próprias impressões sobre as características pessoais do candidato do que o posicionamento dele em questões”.

Disse em ensaio anterior que campanhas políticas não se repetem. Podem até conter semelhanças, mas nunca são iguais. É um erro, portanto, intentar reproduzir campanhas vitoriosas. Campanha é um processo complexo, imprevisível e bastante não-científico[3]. Milhares de fatores convivem produzindo efeitos em uma campanha. Até hoje ninguém conseguiu fechar uma fórmula precisa sobre como fazer uma campanha vitoriosa e tampouco determinar uma idéia exata sobre qual evento, ou série de eventos, foi responsável pelo resultado de uma eleição. Pode ser o discurso do candidato, a situação da economia, um movimento social, um programa social (assistencialista, como o Bolsa Família), casos de corrupção ou o programa do candidato.

A forma foi sempre mais importante que a essência, o conteúdo, principalmente quando vivemos a horizontalidade tecnológica[4]. Ninguém nega o quanto o uso da Internet foi importante na campanha de Barack Obama. Ninguém nega também a crescente importância dessa nova mídia nas eleições. No Brasil não se encontrou ainda a forma mais adequada de chegar ao internauta, ainda que reconhecendo que o processo está em pleno desenvolvimento. O ex-blog de César Maia citou entrevista do professor Massimo Di Felice, coordenador do centro de pesquisa sobre opinião publica em contextos digitais da Eca-Usp no jornal Estado de SP (25/04/2010) sobre o tema. Destaca o professor que "a internet cria uma arquitetura informativa absolutamente distinta das anteriores e, mais do que isso, cria um novo tipo de democracia e um novo tipo de opinião pública. Até aqui é a democracia baseada na opinião. O cidadão é cidadão na medida em que ele opina de 4 em 4 anos”. A internet revoluciona essa lógica e inaugura um tipo de democracia qualitativamente diferente. A comunicação em rede é uma tecnologia que, pela primeira vez, disponibiliza não só o acesso a todas as informações, como também possibilita que cada indivíduo crie conteúdo e o distribua. A rede está criando, de fato, uma nova realidade em que as pessoas se afastam cada vez mais da política partidária, do debate político profissional, porque acham que isso não resolve nada. Agora são cidadãos o ano inteiro, não só a cada quatro anos. Para eles o voto é a última coisa na qual estão pensando.

É fato que a mídia Internet ainda não supera a mídia TV, até porque o processo de evolução não se há completado. Mas há ocorrido parcialmente, e não resta questionamento de que a comunicação das campanhas eleitorais neste ano deve mudar, em parte para atingir o eleitor. Será um erro confundir com "internetização" das campanhas, como estão fazendo, com resultado duvidoso quase todas as campanhas em curso. Será a uma simples repetição do sistema anterior de 'democracia opinativa'. O “xis” da questão será encontrar a melhor forma de atingir um eleitor que faz “política” no seu dia-a-dia e não diferencia, como diz César Maia, as campanhas eleitorais como um 'momentum' especial. Usar a internet como um veículo de comunicação unilateral -do candidato ao eleitor- é repetir o mesmo sistema anterior. É o professor De Felice que pergunta: “como atrair a atenção de um eleitor que passa pela eleição como rotina?” Como interagir na lógica do que o professor De Felice chama de 'democracia colaborativa'?

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[1] Este ano o tempo para governo é de 18 minutos, sendo que um terço (6 minutos) é divido igualmente por todos os candidatos (se forem 6, cada um terá um minuto). O tempo restante (12 minutos) é distribuído de acordo com a bancada federal dos partidos. Só juntam tempo os partidos coligados. O PR, para demonstrar, pode ter um minuto do tempo comum mais o tempo proporcional do partido e mais o tempo proporcional do PPS, se houver a coligação. Assim, o tempo de Lúcio, com PR e PPS ficaria em torno de 2m30s. PSDB e DEM teriam em torno de 4m30s e PSB-PT-PMDB-PC do B-PTB-PDT ficariam com mais ou menos 8m.

[2] Citado no livro Murro na cara, de Vitor Paolozzi.

[3] Do livro Murro na cara, de Vitor Paolozzi, pag. 12.

[4] Vale a pena repetir trecho de um texto que escrevi em ensaio anterior. “Andando pelo sertão queimado pelo sol causticante despertei para o intenso brilho do chapéu das parabólicas, encimando barracos miseráveis. Depois, vi na cintura de transeuntes, entorpecidos pela modorra, um pequeno aparelho –o celular. É a horizontalidade tecnológica influindo diretamente na horizontalidade social. Essa consciência, que chega de longe e de perto, que difunde inexoravelmente a injustiça das desigualdades, coloca em ebulição as tradições, o desenvolvimento de novos extratos sociais, nascidos da expansão do sistema educativo, que produz o amálgama da resistência”.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A Lição Das Campanhas

Preste atenção! Campanhas eleitoriais nunca se repetem. Pode até ter semelhanças, mas nunca é igual. Claro que Cid F. Gomes sabe disso e deve contratar os melhores consultores do Brasil. Desta vez, ele não contará com os créditos do ronda (mas os débitos), nem terá os puxadores de voto que teve na campanha anterior. Tampouco terá um adversário pedindo para perder, sem falar que desta vez o senador Tasso Jereissati deverá realmente estar do outro lado. A pista vai ser o nome que TJ vai lançar para concorrer. Se for um nome sem expressão, como Marcus Cals, ficará claro que ele não quer a disputa e que fará o jogo mole que fez das outras vezes para não repelir os votos (ao Senado) dos Gomes.


A DIREÇÃO DO MARKETING

É preciso que os opositores saibam o que é campanha eleitoral e a motivação do eleitor. O Ceará, mais que o Brasil, tem TNM (Território Não Mapeado) eleitoralmente, mas para detectá-lo é necessário entender, pois ele só ocorre durante a dinâmica da campanha. A campanha de Cid F. Gomes vai ter como foco os canteiros de obras espalhados pelo Ceará, no melhor modelo que deu certo em três oportunidades com Juracy Magalhães (uma vez com Cambraia e duas vezes com o próprio JM). E aí, como enfrentar esse rolo compressor que já foi detonado (é só o que se vê na TV)? Bem, esta lição é mais cara. Sem dúvida, o que se considera imbatível, tem fragilidade quase explítica. É bem a história daquele bom vendedor de cavalo que não esconde o defeito do animal, mas só diz que "o defeito está na vista". Se os especialistas não perceberem que o cavalo é cego, vão comprá-lo. Aí não haverá jeito, pois não sobrará tempo para trocar o cavalo.

sábado, 12 de junho de 2010

Veja Ensaios

Segunda-feira você poderá ler o terceiro ensaio ("Mixórdia da dominação III") sobre a história política do Ceará dos últimos 30 anos.


ANTES TARDE DO QUE NUNCA

Senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) declarou que é hora de renovar (colocar sangue novo) a política cearense. A verdade é que já passou da hora e ele mesmo é o culpado pelo revezamento de poder entre as duas famílias que agora condena. Desde 1987, são 12 anos de Jereissati, 8 anos da família Gomes e 4 anos do Lúcio, eleito pelos dois. Agora, está em disputa mais 4 anos para a família Gomes ou o rompimento com essa oligarquia e a ironia seria a ruptura partir de casa. Quase nunca é diferente. Lembre-se que foi Juracy, vice de Ciro na prefeitura de Fortaleza no início dos anos 90, que patrocinou o maior enfrentamento à dupla Tasso-Ciro.

SEM CANDIDATO MEIA-BOCA

Estou fazendo força para acreditar no rompimento entre PSDB-PSB. Ainda penso que uma conversinha de Gomes (o mais velho) com Jereissati vai fazer tudo retornar ao que era. Foi assim nos últimos 20 anos. Mas, se assim não for, espero que Jereissati, que tem pavor a gastar dinheiro (dele) em campanha, não lance um candidato meia-boca, como o inodoro Marcus Cals, para concorrer ao pleito. Se ele vai para a briga teria de fazer uma grande briga, agregando toda a oposição (o DEM já é dele, o PS, o PPS e até o PR). Aí teríamos realmente uma democracia eleitoral.


QUEIMOU RUIM

O governador Cid Gomes (PSB-CE) ficou irritado com a faca na barriga do PSDB e reagiu dizendo que não gosta de ser pressionado. A pressão tucana, apesar de não ser deliberativa (ou seja, pode ter recuo) teve segundo round, quando o próprio Jereissati declarou que o partido pode ter candidato próprio porque a política cearense precisa de sangue novo. Cid disse ainda que tem um cronograma a cumprir nesse aspecto e que, se o PSDB achou de decidir por um candidato, isso é questão deles. E agora Jereissati, gostou do canto de carroceria?

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A Mixórdia da Dominação II


No Ceará, começava uma dominação que já supera a barreira dos 20 anos. O velho coronelismo dos donos dos votos deu lugar ao pragmatismo empresarial, que colocava a propaganda na TV como principal cabo eleitoral, algo bem parecido com o método democrático descrito por Schumpeter. Vivemos agora a segunda geração desse modelo, ascedente pela chegada (e por força) ao poder do produto melhor acabado do sindicalismo brasileiro. Lula e seu PT. A evolução política que se esperava com a guinada a esquerda esbarrou ligeiro na fraqueza moral[1] atávica e na ambição de prolongar a dominação dos novos líderes.

O início da era Jereissati até passou alguma esperança, mas o modelo elitista hermético adotado cerceou uma maior participação mesmo da elite. O rol fechado de ungidos só permitiu a entrada do jovem Ciro Gomes, um deputado de segundo mandato (1982 e 1986), originário da Arena e filiado ao PDS (seu sucedâneo), que fez parte do jeep de César Cals, coronel que revezou com Adauto Bezerra e Virgílio Távora os governos da ditadura. Verborrágico e adepto da gabarolice, Gomes ganhou a confiança e admiração de Jereissati, que precisava de um arauto que defendesse e verbalizasse os atos do Governo. Deu certo. O deputado de poucos votos ganhou notoriedade e foi indicado para disputar a sucessão de Maria Luiza Fontenele na Prefeitura de Fortaleza, tendo de transferir seu título de Sobral fora de prazo (Mauro Benevides deu um jeito). Venceu por uma diferença de pouco mais de cinco mil votos.

Dois anos depois, era eleito para suceder o próprio Jereissati, deixando o vice Juraci Magalhães como prefeito, que se constituiria no maior adversário do grupo nos 16 anos seguintes. Ficou no cargo até dia 6 de setembro de 1994. Saiu, a convite do presidente Itamar Franco, para assumir o Ministério da Fazenda no lugar de Rubens Ricupero, flagrado confidenciando ao jornalista Carlos Monfort que havia problemas no Plano Real no instante em que a Rede Globo estava se preparando para colocar no ar um programa jornalístico, no episódio que ficou conhecido como escândalo da parabólica. A partir daí passou a figurar no cenário nacional, chegando a disputar por duas vezes a presidência da República pela leganda do PPS: em 1998, ficando em terceiro lugar, com 7.426.190 votos, e em 2002, quando ficou em quarto lugar com 10.170.882 votos. No início da última campanha presidencial, Gomes chegou a surpreender, mas foi pego na mentira, quando disse em entrevista que tinha estudado a vida inteira em escola pública e que havia combatido a ditadura militar[2]. A meteórica carreira de Ciro Gomes não deixou um rastro memorável. Foi sempre marcada pelo descompromisso ético, ideológico e pelo oportunismo. Em pouco tempo, apenas para atender as oportunidades, Gomes fugiu do PDS (1983), abrigou-se no PMDB da era Tasso e o seguiu para o PSDB, após a frustrada aventura de adesão do grupo a Collor de Mello (PRN) durante a campanha presidencial do alagoano. Transferiu-se para o PPS (1996) na primeira disputa presidencial (1998), repetiu o lance na eleição seguinte (2002). Apoiou Lula no segundo turno em troca de cargos na estrutura do governo federal.

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[1] Hobbes nos ensina que a ética está formada por um ato de consciência voluntária do homem e da mulher, consciência que é derivada da formação moral, social, religiosa, política ou acadêmica de cada um. Dentro dessa concepção individual, a ética transcende a esfera do pessoal para alcançar a ética coletiva e assim se estabelece o que poderíamos denominar de ética ou moral pública.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A Mixórdia da Dominação I

INTRODUÇÃO

O Ceará vive um momento ímpar da sua história política, mas não é possível analisar a razão do inusitado quadro sem recuar no tempo para chegar as raizes deste nova geração, que agora domina a poítica do Ceará, e seu cruzamento com o grupo nacional que ascendeu ao poder na virada do século. A seguir, sob o título "A mixórdia da dominação I", o primeiro texto sobre o assunto.

A MIXÓRDIA DA DOMINAÇÃO I

A prática cotidiana da política tem feito com que os atores percam a visão global e terminem por cair em um exercício político egocêntrico que responde bem às necessidades de presença no ambiente social, mas que igualmente produz distorções nos objetivos sociais. Para Maximilian Emil Carl Weber, a política é a aspiração de participação no poder e esta aspiração ao poder pode decorrer da sede de prestígio ou pode ser produzida por puro egoismo. Thomas Hobbes dizia que a política tudo previne e tudo gera. É este cenário que vive hoje a política do Ceará, como um espelho opaco do Brasil. Para entender melhor tudo isso, é preciso recuar um pouco no tempo. Foi a partir do final da década de 70 que começaram a tomar forma as lideranças que viriam a ter seu apogeu depois da virada do milênio.

A maioria cresceu no território minado da ditadura militar, alguns usando o trampolim dos movimentos sociais, do sindicalismo, da resistência política ou ainda na controlada tribuna política notadamente oposicionista. O início do decênio de oitenta trouxe o enfraquecimento da ditadura e o consequente fortalecimento sindical e dos movimentos sociais e de classe. Em 1985, instalou-se a transição à democracia Iam-se os anéis, mas ficavam os dedos. Uma trôpega reorganização partidária e eleitoral, teoricamente, traria um maior pluralismo ideológico, mas só colocou em evidência as manjadas caras da velha política brasileira que ainda prevaleciam no cenário nacional, incrustados nos dois maiores partidos (MDB, depois PMDB, e PFL). A predominância dessas velhas lideranças tornaram insignificantes as mudanças de valores e práticas políticas, permanecendo as mesmas relações clientelistas e o impúdico tráfico de influência no Congresso Nacional. O período final da transição foi sacudido pelo impeachment de Collor de Mello (dezembro de 1992), um golpe duro na incipiente retomada democracia brasileira, mas que, por força da surpreendente mobilização social terminou por assegurar a sua continuidade e fortalecimento.

Fortaleza, em que pese ter chegado à ruptura por um movimento de elite, foi a primeira capital a quebrar os velhos paradigmas. A professora universitária Maria Luiza Fontenele foi eleita prefeita (1986-89). Era a primeira mulher e a primeira prefeita de capital eleita pelo emergente PT, vencendo surpreendentemente (até o Ibope, que errou seus prognósticos) batidos líderes como Paes de Andrade (PMDB) e Lúcio Alcântara (PFL). Aberta a porta, o grupo do CIC, sob o comando de Tasso Jereissati, ainda que fortemente influenciado por velhos caciques, patrocinou o rompimento definitivo, ao vencer Adauto Bezerra (PFL) na eleição ao governo do Estado. Não foi privilégio do Ceará. Era a primeira eleição direta livre após o novo ordenamento constitucional e em todo o Brasil houve, em maior ou menor escala, um rompimento com o “status quo”. Foi essa geração que nos legou, entre outros, Collor de Mello (AL), valdir Pires (BA), Álvaro Dias (PR), Pedro Simon (RS), Orestes Quércia (SP), Moreira Franco (RJ) e Miguel Arraes (PE).

domingo, 30 de maio de 2010

Ninguém é Mais Dilma do Que Tasso e Aércio


Os jornais, os donos das versões e não dos fatos, já veicularam a versão de Tasso Jereissati também se negando, embora nem tivesse ainda sido convidado, a ser o vice de José Serra. Com aliados como esses, Serra já pode encomendar o pijama da aposentadoria e Dilma Roussef nem precisava que Lula fosse seu carro elétrico. Enquando a petista tinha vários partidos e nomes disputando vaga de vice, no ninho tucano todo mundo foge da indicação como o diabo foge da cruz. Qual a leitura que fica? É Serra abaixo. Mais uma vez, Jereissati é responsável pela derrocada tucana. Ele já foi falso à bandeira na primeira campanha de Serra e na campanha de Geraldo Alckmin e agora repete o jogo. Desta vez Jereissati tem aliados até mais fortes: Aécio Neves e o Democratas, que tem seu presidente, o fraco Rodrigo Maia, acusado de envolvimento no mensalão do DF. Precisa mais? Claro que José Serra vai tentar amenizar o baque, passando a impressão que o vice não tem lá essa importância toda e poderá nem ser apresentado na convenção. Assim, ele busca evitar qualquer polêmica e exploração e ganha tempo para buscar nomes ou tentar convencer (ou pelo menos segurar) os deletérios a cumprirem um papel mais relevante ou repensarem.

DEM E PSDB-CE RESPIRAM ALIVIADOS

Ao procurar dizer que não aceitaria o improvável futuro convite, Jereissati só quis tranquilizar o seu ninho, que era uma azáfama só com declaração desastrada do presidente e coordenador da campanha tucana, Sérgio Guerra. E como o que dá para rir também dá para chorar, Cid Gomes, governador do Ceará e candidato a reeleição, se possível, eliminando todos os adversários mais fortes, volta ao torniquete do PT, operado para empurrar José Pimentel na segunda vaga ao Senado. Patrícia Saboya (ex-Gomes) volta a solidão que só vislumbra uma disputa para a Câmara Federal.

No passado, quando o PT & companhia era oposição a qualquer que fosse o governo e disputava toda e qualquer eleição, se dizia que a turma da esquerda só se unia na cadeia. Agora PT & companhia não são mais esquerda e estão aparelhados e unidos no poder, enquanto a oposição (PSDB, DEM, PPS etcetera) vive drama existencial e crise de identidade, com jogo duplo em suas disputas eleitorais, pois só consegue se unir mesmo no poder. E aí vale qualquer atitude para segurar qualquer nesga de poder que sobra.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Vice Que Não Ajuda, Atrapalha

Aécio Neves, do alto do seu apurado espírito público (o próprio umbigo) está fora mesmo da eleição presidencial. Definitivamente não aceita ser o vice de Serra. Com o revés, Serra e seus grupo teve de engolir em seco e partir para outras opções. Tasso Jereissati', que só pensa em ser senador (o clube é realmente sedutor), é lembrado, junto com Beto Richa (PSDB) e Dornelles (PP), opções que enfraquecem a candidatura Serra. Até a convenção nacional, marcada para dia 12 de junho, muita água vai passar sob a ponte. E, aqui no Ceará, o governador Cid Gomes e seu irmão mais velho, Ciro Gomes, e muita gente mais (do PT, PMDB, PDT etc.) torcem para que Jereissati seja o escolhido e aceite. A vaga dele ficaria escancarada para Pimentel? Ou para Patrícia Saboya (ex-Gomes)? Até mesmo o insosso Lúcio Alcântara, se tivesse coragem, poderia entrar no jogo. Só quem não está muito alegre é o pessoal do DEM, porque aí perderia a vaga de primeiro suplente e seu presidente, Chiquinho Feitosa, se veria empurrado para enfrentar ele mesmo uma candidatura, talvez a deputado estadual. E agora, Jereissati? Só há uma certeza em todo esse imbróglio: a candidatura Serra perde força com Aécio de fora.


ICASA É SEGUNDA FORÇA

Com o Ceará hoje no G-4 da primeira divisão do futebol brasileiro, o Icasa, participando da segundona, é verdadeiramente a segundo força do futebol cearense. O resto luta pelo ascenso. Só isso. Festa e mais festas por campeonatos que não têm mais significado, como os regionais, e amistosos internacionais caça-níqueis, funcionam como consolo ou desculpa de jacu, como se dizia no passado.

FREUD EXPLICA

Propaganda espírita vai ser investigada a pedido do Ministério Pública. Estava na cara o desrespeito à legislação eleitoral. O pior foi desrespeito à decisão judicial que proibia a continuidade da veiculação. Mesmo assim os poderosos (como dizia o deputado, que já foi senador, Mauro Benevides) continuaram a colocar o VT espírita no ar. Nele, o governador do Ceará, Cid Gomes, fala como presidente do partido (PSB), elogiando ele mesmo como governador. Pode Freud?


O FICHA LIMPA ALCANÇA?

Justiça reconheceu o envolvimento do deputado estadual Carlomano Marques (PMDB-CE) por desvio de verbas federais, em 1992. Infelizmente, com a demora na formalização da culpa o crime já estava prescrito. Tudo bem (bem mesmo, não), mas vale perguntar se ele pode ser alcançado pelo Ficha Limpa? Claro que não. Por sinal, todos estão evitando falar ou sofismando sobre o assunto, mas a verdade é que o senador Dornelles (PP), o mesmo que é lembrado agora para vice de Serra, acabou com o Ficha Limpa ao apresentar, e ser aprovada, uma correção no texto, retirando a expressam "que tenham" (sido condenados) e colocando no lugar "que forem" (condenados). Ou seja, todos que foram condenados estão livres. Somente serão alcançados pelo Ficha limpa os que forem condenados a partir da aprovação da lei. Até o Fernandinho Beira-Mar comemorou.


SÓ PUXÃO DE ORELHAS?

O TCM concedeu parecer favorável às contas de governo da prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), referentes ao ano de 2006. O conselheiro Francisco Aguiar, relator, apresentou documentação em que a Prefeitura explicou supostas irregularidades, apontadas pelo Ministério Público de Contas. Foram três votos a favor e uma abstenção. O parecer do Tribunal agora segue para apreciação dos vereadores, que certamente vão aprovar tudo, com bastante louvor, que o diga do vereador Machadinho, do DEM, que estava com Moroni, nas últimas eleições, mas votou mesmo foi na petista (foto abaixo). Apesar da aprovação das contas de governo de 2006, o relator Francisco Aguiar disse que a Prefeitura é "desorganizada" e precisa de mais zelo com suas contas. Sei não, mas parece que alguém abriu as pernas, pois passar pito não papel do TCM

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Fortaleza Apavorada e Turismo em Baixa

Os números da pesquisa do PNUD mostram que vivemos em uma cidade apavorada pela violência. A insegurança, que já foi um problemas dos pobres e por isso não foi combatida adequadamente, atinge agora todos os segmentos sociais. Ningúem está a salvo. 92,25% acham que a violência continua crescendo. 20% da população do Ceará já foi agredida fortemente uma vez e 7,09 mais de uma vez. São percentais absurdamente altos, que demonstram da incapacidade (ou incompetência) de o aparato de segurança pública do Estado de combater o avanço afoito da criminalidade. Nas eleições de 2006, o atual governador foi eleito com uma proposta (Ronda do quarteirão) para resolver a questão da violência. Estamos quase no final do mandato dele, muito dinheiro e discurso foi gasto, e até agora violência só cresceu. Uma nova eleição está às portas, o quê fazer? Está provada a incompetência. O crime, apesar do avanço, tem sido combatido com sucesso em alguns Estados. No Recife, por exemplo, com peruas da Volks e um plano de ação social, como aconteceu na Colômbia e era a proposta de Moroni nas eleições passadas, a máquina pública tem conseguido reduzir os índices do crime. No nosso caso, muito dinheiro público (com Hilux) foi desperdiçado. Só quero ver que proposta será feita na campanha.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Quatro Campanhas de Promessas

No almoço que o jornal O Povo ofereceu a José serra, candidato a presidente pelo PSDB, Jereissati falou do trabalho do ex-governador paulista pelo Ceará, como ministro do Planejamento. Mesma conversa que ele usou na última visita de Fernando Henrique Cardoso ao Ceará, na oportunidade para destacar que os paulistas fizeram muito mais por este Estado do que os nordestinos. Sem dúvida, uma verdade que pode ser facilmente constatada. Basta ver que já beirando os oito anos muito pouco ou quase nada o governo Lula, em alinhamento municipal e estadual, trouxe para esta terra, principalmente em termos de obras estruturantes. Algumas casinhas populares e o Cuca da Barra do Ceará. Nem o Hospital da Mulher, que embalou as duas campanhas de Luizianne até agora foi concluído. E ainda se for, não será mais no Governo dele. As campanhas são o cenário perfeito para renovação das promessas, algumas já cansadas, como por exemplo, a refinaria, a siderúrgica, a transposição do São Francisco (em oito anos apenas 10% realizado) e a Transnordestina. Mas o pior mesmo é que, apesar do suborno eleitoral (Bolsa Família & outros programas assistencialistas), os focos de miséria estão presentes e ocupam a paisagem no dia-a-dia de todos nós, alimentando fartamente a violência até agora sempre crescente. Mais grave é que o direito a reeleição imediata paradoxalmente reduz o mandado de todos os governantes em todos os níveis. O modelo é sempre o mesmo, dois anos sem fazer nada (ou melhor, pagando as contas de campanha), o terceiro planejando e licitando e no último a abertura de canteiros de obras estrategicamente espalhados. No governo seguinte, ganhando ou perdendo, algumas obras são concluídas e outras se arrastam a cata de recursos que quase nunca chegam. Lembram da ponte do Sabiaguaba e do Metrofor? No social, o quadro pior. Filas nos hospitais públicos (e até nos planos de saúde, como Unimed), fila da morte no IJF, falta de remédio, postos de saúde sem médicos ou com atendimento precário, falta de moradia. É como se o Bolsa fosse uma panacéia. E não é. Situações como a que você pode ver no vídeo abaixo infelizmente perduram no cotidiano das nossas cidades.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O Papel do Jornalismo

Blogs de mera informação pululam na Internet. São tantos que o problema é selecionar a boa informação. Este blogdoerivas não tem preocupação com quantidade de informação. Tem por objetivo somente o aprofundamento dos fatos, indo aos antecedentes e às consequências, com um olhar crítico. Em verdade, será este o papel futuro dos jornais impressos, pois não dá para competir com o volume e a instantaneidade da Internet. É mais difícil, claro. E também mais caro. Por isso, nossos jornais não passam de um rol de matérias do dia anterior, quase sempre sem nenhum aprofundamento de detalhes e juízo crítico. Evidente que o jornalismo, como disse Mariano Grondona, do La Nación, não existe para apoiar ou substituir os detentores do poder, pois seu papel na democracia é ser um “contra-poder”, ou seja, um dos freios sociais mais eficazes para limitar o poder do Estado, cuja tentação natural é o autoritarismo. Assim, as duas principais ferramentas são, de um lado, a informação para fazer conhecer o que os poderosos procuram esconder, e do outro lado, a crítica, para revisar com independência o que dizem e decidem os poderosos.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O Desespero é Mau Conselheiro

O festival de absurdo já começou. No programa eleitoral do PT nacional na TV, na quinta-feira, dia 13 de maio, dia de Nossa Senhhora de Fátima, Lula extrapolou, como sempre faz, a sua fala na defesa de Dilma Rousseff, sua candidata. Cometeu o desplante de comparar a distinta senhora com o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, que passou a maior parte da vida dele na prisão por lutar contra o apartheid. O objetivo ficou claro. As notícias sobre os cometimentos, através de atos da violentos, da senhora Dilma durante a ditadura preocuparam os coordenadores e maketeiros da campanha. Daí, veio o remédio, ou a vacina: abordar o assunto agora para limpar a área no futuro, ou seja quando chegar o horário gratuito da campanha. O pior de tudo foi o desrespeito proposital do PT e do presidente da República à lei, pois o programa do partido se transformou numa plena peça de campanha eleitoral antecipada. A tanto leva o desespero!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Chico Xavier na Moda


Está deveras interessante a participação do governador do Ceará no horário eleitoral gratuito do partido (PSB) na TV. Aparentemente, para atender a legislação, ele aparece como presidente do partido prestando contas do trabalho do governador do Estado (ele mesmo) como se não fosse ele e sim outra pessoa. É confuso, parece um sessão espírita. Lembrei de algumas cenas do filme de Chico Xavier.

A Evolução do Político

O momento (ou a oportunidade) determina o comportamento do político? Veja o trecho do livro "Vidas cruzadas", que será publicado em breve por Erivelto de Sousa e tire suas conclusões:

_____"A primeira reunião, da qual somente participaram os integrantes do primeiro time, foi realizada na casa de Sérgio Machado (Villejack Jeans), na rua Coronel Jucá com Santos Dumont. Uma casa que fora do empresário Bichucher e estava sob a posse da Caixa Econômica para ser leiloada[1]. O resultado dessa reunião foi um documento rascunhado em máquina de escrever Olivetti, que ficou denominado de “primeiro desenho de briefing para fundamentar a Campanha Tasso”. O rascunho tinha o seguinte conteúdo:

_____“Trata-se do maior desafio da História Política do Ceará. Um empresário jovem aparece no cenário para derrubar a oligarquia dos coronéis que dominam a política do Estado. Inquestionavelmente, trata-se de uma disputa entre o velho e o novo, o passado, e presente e o futuro (estes últimos representados por Tasso). Tasso é o Brasil Novo, o Brasil do Plano de Estabilização Econômica, o Brasil do capital produtivo, o Brasil do Trabalho.

_____Nesse sentido, Tasso Jereissati representa a redenção do Ceará, a possibilidade de lançar o Estado nas portas do futuro. Encarnando esse espírito de modernidade e trabalho, Tasso é a única alternativa para tirar o Estado das amarras que o prendem a uma visão paternalista, clientelista e caracterizada por currais eleitorais.

_____Tasso tem um discurso claro: trabalho, competência, honestidade, obras voltadas para o desenvolvimento social. Obras que atendam verdadeiramente às necessidades de um povo que foi enganado com promessas de obras mirabolantes, grandiosas, mas de pouco teor social. Voltar-se-á Tasso para os pequenos. Seu compromisso será com os pobres. Nesse sentido, procurará fazer um governo ouvindo o povo, suas necessidades. Os tecnocratas de plantão não terão vez no seu governo, porque seus planos mirabolantes não se assentam na realidade.

_____Um conjunto de obras pequenas, mas extremamente necessárias, marcará seu governo.

_____Sua proposta de municipalizar o Governo fundamenta-se na visão simples do governante que não se deixa encantar e se seduzir pelas obras de fachada.

_____Procurará desenvolver a microempresa, como forma de ampliar o rol de possibilidades industriais e comerciais do Estado e de aumentar substancialmente o número de empregos.

_____Sua preocupação é consertar um Estado quase ingovernável. Plantar as sementes de um desenvolvimento, sanear. Como um governo que se preocupará com programas vindos do povo, certamente focará sua administração para as áreas de saúde, da habitação, da educação.

_____No campo, dedicará especial atenção à eletrificação rural, partirá para obras de apoio que permitam oferecer ao município a infra-estrutura necessária para o desenvolvimento auto-sustentado.

_____Sua modernidade não é sinônimo de desconhecimento. É empresário bem sucedido, que procura consolidar com muito trabalho e obstinação suas atividades empresariais.

_____Como ingressante na política, não tem os vícios dos políticos tradicionais.

_____Acha que não se deve encarar a questão da reforma agrária como simples distribuição de terra. É importante analisar o processo em seu todo, a questão da comercialização dos produtos agrícolas, da assistência ao agricultor, do armazenamento, da água para a irrigação.

_____Escolherá pessoas competentes, honestas e passará a nomear pessoas através de concurso público.

_____Tasso é, enfim, o protótipo do homem necessário aos novos tempos. É o candidato ideal para o eleitor fiscal, o eleitor que cobra de seus governantes.

_____Atacando a miséria por todos os lados, falará franco ao seu povo. Fará um governo transparente, límpido, aberto a críticas e a sugestões.

_____Participará ativamente do processo MUDA BRASIL de Tancredo/Sarney. Mudou o Brasil, mudará o Ceará com Tasso Jereissati: essa é a mensagem básica que a campanha deverá trazer.

_____Procurar aliar a Sarney, de forma indireta, com Tasso, fazendo com que sua aprovação se some ao nome de Tasso.

_____O visual deve ser moderno, agradável, limpo, claro, aproveitando os aspectos visuais de Tasso, que deve apresentar-se de forma jovial, impregnando os valores de confiança, credibilidade, fortaleza (força), fiscalização, compromisso com o novo, futuro, honestidade, capacidade de trabalho, simplicidade: arregaçando as mangas para construiu um novo Ceará, com o povo humilde, com as classes consumidoras, com a classe média, com o Interior".


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[1] A casa, por sinal, foi objeto de uma pendenga entre Beni Veras e Sérgio Machado. Beni, no leilão, depois anulado, chegou surpreendentemente a fazer um lance, para desgosto de Machado, que não esperava isso do amigo. O grupo se unia nos objetivos, mas era marcado por disputas intestinas, inclusive entre os primos Sérgio, Assis e Jaime Machado. Sérgio foi o “primeiro ministro” de Tasso no primeiro governo. Foi derrubado no seu objetivo de ser candidato à sucessão pelo próprio grupo, tendo o primo Assis (junto com Byron Queiroz, um executivo que serviu por muitos anos ao grupo Macedo e depois presidiu o BN) como um dos articuladores de sua queda.

sábado, 8 de maio de 2010

Como Ter Mandato Sem Votos?

A resposta é fácil. Basta ter dinheiro e comprar uma vaga de suplente (a primeria, é claro). Fazer um bom acordo (não o acordo que Esmerino Arruda fez com Sergio Machado. Não assumiu um dia) e esperar, e ainda, enquanto isso, com o direito de rezar para o titular ser afastado por falta de decoro ou morrer. O Congresso está cheio de gente (quase um terço dos 81 senadores) que não recebeu voto. No Ceará, Chiquinho Feitosa está quebrando todas as barreiras para ser o primeiro suplente de Jereissati e agora é Deusmar (Payless, ou chupada!) Queiroz quem está disputando a $ a vaga pelo PRB. Vale muito. Vale im(pu)unidade. E o eleitor...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Debate: Nada a Acrescentar


Insosso o primeiro debate entre três do pré-candidatos (Serra, Dilma e Marina). O problema para Serra e Marina é que nesse caminho a fraca Dilma leva vantagem. Marina quis ser diferente, encarnando a terceira via, enquanto Serra e Dilma ficaram com discursos muito parecidos. Serra, não é por aí.


NOVELA, SÓ NOVELA.

Viver a vida foi a pior novela que a Globo veiculou no horário nobre das oito. Ridículo o cara (antropófago) numa festa de casamento de uma filha com a presença de quase todas que ele traçou. Infelizmente a emissora concorrente maior explora a miséria do povo através da religião, que foi inventada pelo homem para exercer a dominação.