segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Futuro Perigoso

Sério, acho que o Brasil está prestes a transpor o limiar da porta de um futuro perigoso, que a gente sabe como pode começar, mas nem de longe imagina como pode terminar. Presidente Lula, arrimado em uma popularidade de mais de 70% -e na placidez do judiciário- e não sendo ele candidato, ainda que tenha lançado o que agora supõe ser uma fiel escudeira, parece ter ingerido o soro da verdade e está soltando a língua, apresentando desenvoltamente o uniforme de ditador que escondia no armário.

Relembre os fatos que estão diariamente publicados na mídia dopada contra indignação. Vou recordar um deles. Em recente reunião, ao sancionar projeto que amplia os poderes do Ministério da Defesa e cria o Estado Maior Conjunto das Forças Armadas e assinar projetos de lei para enviar ao Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que gostaria de ficar mais alguns anos no poder. Veja o que ele disse: "junto com essa lei, eu poderia ter mandado uma emendinha para mais alguns anos de mandato". Em seguida, afirmou que se pudesse voltar atrás, “teria comprado um avião maior ou dois”. E completou sua fala à plateia de generais (também dopados contra indignação), falando que “com mais um ano de mordomias e agrados, poderia chama-los de camaradas”, a saudação comunista que se tornou famosa durante a Revolução Bolchevique, que nunca teve objetivos proletários e foi enterrada pelo coveiro Josef Stalin.

Fico imaginando o que Marisa fala ao marido presidente quando os dois estão deitados na cama “real”, com a TV ligada: Lula, bem que você poderia ter continuado, ao invés de colocar a Dilma. Com esses políticos frouxos e aduladores, você teria conseguido. Mas você também foi frouxo. Tá certo que tá combinado que você volta daqui a quatros anos, mas sabe-se lá. Você confia realmente na Dilma? “Ele responde, sem tirar a vista do jogo: Claro, Marisa. Depois, eu vou ficar monitorando tudo”. Ao fim do jogo, sem sono, Lula sai do quarto e caminha pelos corredores do recém-reformado Palácio do Planalto, como aparece no programa de TV, enquanto rola em sua cabeça aquele jingle fascista com o trecho que diz "entrego em suas mãos o meu povo". Pensa no que disse Marisa e avalia, enquanto olha pela janela envidraçado o belo cenário iluminado em torno do palácio: “Marisa tem razão, é muito fácil contentar o povo. Mais cinco milhões no Bolsa e estava tudo resolvido. Os outros são mais caros, mas também aceitariam. Bastava uma emendinha, como eu disse para os generais. Em situação muito pior, meus amigos Chavéz, Evo, Ahmadinejad conseguiram, sem falar no companheiro Fidel, que manda há 50 anos. Bom, paciência. Vou fazer tudo para conseguir uma vitória estrondosa contra esses bobocas e aí, quando eu voltar, ninguém me tira”.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Hora do Desespero, A Má Conselheira

Tenho pavor a história do “eu não disse”, mas não havia como errar. Em comentário anterior falei que o canhão da TV nunca apareceu tão sem forças para suscetibilizar mudanças. É fato, agora mais que antes. Não adianta contestar dados de pesquisa. São fatos momentâneos que precisam ser levados em consideração, atentando para a leitura de todos os números. A TV, inaugurado o horário dito gratuito do TRE, passou a distribuir informações de que estava em curso uma campanha e a mostrar os candidatos. A partir daquele momento começou a ser despertada uma intenção de voto, uma vez que o eleitor conhece a obrigatoriedade de ir às urnas.

Abre-se o eleitor para receber os insumos (“inputs”) necessários à sua decisão, que é tomada imediatamente e pode flutuar no decorrer da campanha. A cristalização do voto só vem (em parcela ponderável, principalmente entre aqueles não envolvidos partidariamente) na reta final do processo. No tempo do ultrapassado Mauro Benevides, a opinião era feita pelos meios de comunicação massivos e por grupos (no qual ele se incluía) de formadores de opinião. Ele desembarcava no aeroporto, soltava uma informação -e anexava sua opinião sobre o assunto-, colhida diligentemente pelos repórteres de plantão, e ia para casa se balançar em sua rede. Hoje não é mais só assim. A opinião não vem mais em cascata, de cima para baixo (na pirâmide social), como já contestava no início do século passado o sociólogo francês Gabriel Tarde. O eleitor bebe em diversas fontes, inclusive –e mais importantes- as do seu meio, até formar sua opinião. A TV pode formar ou não uma opinião, pois divulga opinião formada. Se houver sintonia, a repetição pode consolidar uma opinião.

PROGRAMAS INOPERANTES

Na campanha presidencial, como na campanha para governador do Ceará, os “inputs” produzidos pela oposição passaram longe de qualquer sintonia com o eleitor. O que ele esperava, levando em consideração o universo de insumos consumidos -e aí leva vantagem quem tem trabalho anterior, casos de Dilma e Cid F. Gomes-, era que a oposição aparecesse com um contraditório convincente. O que viu, no entanto, foi todo mundo querendo o manto de Lula, ou escondendo que integrava um time de oposição a Lula. Na TV e nas peças impressas, as fotografias de Lula e Dilma são disputadas no tabefe. Este é o resultado. Ora, se todo mundo quer ser do time de Lula ou continuar o que ele tem feito, por que mudar?

O candidato tucano José Serra faz um programa que deixa a sensação de “déjà vu” e ainda não teve a coragem de ser realmente de oposição com aquela história, no jingle, de “depois de Lula é o Zé”. Ele poupa Lula, dizendo que tudo bem, mas que o Brasil pode mais, e tenta aparecer como mais competente e preparado do que Dilma. Não é suficiente para o eleitor, que até pode concordar, mas entende que Dilma já está lá e tem Lula ao lado dela.

No Ceará, a oposição envergonhada, não acertou, nem na forma e tampouco no conteúdo, o programa de TV. Lúcio Alcântara, sobejamente conhecido do eleitor, diz que tem apoio de Lula e Dilma, que já escolheram Cid F. Gomes como preferido. Faz propostas iguais e algumas críticas rançosas. Caiu.

Marcos Cals não tem coragem de assumir José Serra e faz críticas frouxas ao candidato/governador, em um programa e comerciais ruins. Fala como um matuto estranhando a cidade, sem convicção e identidade. Enganchou a marcha na ladeira. Resultado: última pesquisa Datafolha: Cid F. Gomes saltou de 47 para 53%, Lúcio caiu de 24 para 19 e Cals foi de 7 para 9%.

O Brasil, quase todo, tem como favoritos candidatos apoiados por Lula, abrigados em diversas legendas (que nada significam). As exceções que confirmam a regra só pontuam em alguns estados: Rio Grande do Norte (Rosalba-DEM), São Paulo (Alckmin-PSDB), Minas Gerais (reação de Anastasia-PSDB), Amazonas (Omar Aziz-PMN), Distrito Federal (Roriz-PSC) e Paraná (Beto Richa-PSDB). Em alguns estados, dois candidatos disputam mendigando o apoio de Lula, como o Ceará.

BUSCAR O SEGUNDO TURNO

Que o quadro é plenamente favorável a Dilma e Cid F. Gomes, está claro. E a própria pesquisa dá sua contribuição. Não deve ser motivo, porém, para baixar as armas. Há, como disse acima, um aquecimento da intenção espontânea de voto, mas não significa, ainda, cristalização da decisão de voto. Campanha de um só lado não é bom para ninguém. Nem para quem está em vantagem isolada. A desmobilização é uma armadilha. Na campanha presidencial, Serra deve buscar uma aliança com Marina, estagnada nos seus 9% e assumir-se como oposição, pedindo que o eleitor reflita e deixe sua decisão para o segundo turno. É fazer o que Alckmin fez na campanha passada ou seguir o exemplo da recente campanha chilena (candidato de Bachelet perdeu e ela tinha popularidade maior que Lula). Ou seja, sair do tubo bem com o Lula e passar a ser realmente oposição e defender que o Brasil crescerá mais com a mudança. Mesmo caminho devem tomar as oposições no Ceará. Dizer que o programa está com baixa audiência é discurso velho. A audiência está diluída entre as diversas mídias, inclusive a editorial e a pontual.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Lula/Dilma X Aércio/Serra

Com 20 pontos percentuais de desvantagem, segundo o novo Datafolha, em relação à candidata petista, o candidato tucano, José Serra, até hoje ausente do programa de Marcos Cals, no Ceará, muda de rumo e aposta em depoimentos de políticos populares do PSDB. O ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves, vai dar a largada na propaganda de TV. Os tucanos e aliados esperam uma reviravolta como esta nova etapa na campanha do PSDB. Poderia até ser se o atraso não fosse tão grande. Serra insistiu em falar aquela bobagem “depois de Lula é o Zé”, enquanto Lula colava sua imagem em Dilma com a música, de tom fascista, que diz "entrego em suas mãos o meu povo". Perdeu a batalha, que há muito já efervescia. A democracia plebiscitária imposta pelo PT navega (porque há muito se preparava) com vento a favor. Agora, o embate toma mais contorno plebiscitário: Lula/Dilma x Aécio/Serra. A balança já pesa mais para um lado e vai ser difícil reverter. O Brasil só saber preço a pagar quando mergulhar nesse mar de tormentas.

CURURUS DA HISTÓRIA

O candidato Serra, e no Ceará, o candidato Lúcio Alcântara, vão passar à história como os maiores cururus da política. Diariamente, são expulsos, mas insistem em pegar carona no carro de Lula. Serra, tudo bem, nunca tinha feito tal invasão de domicílio. Melhor seria se tivesse tido a coragem de mostrar FHC, assumindo o modelo que foi seguido literalmente por Lula. Agora, Lúcio já pagou por esse erro na eleição passada. Insistir no erro só pode significar uma luta pela sobrevivência pós-eleitoral, como foi o caso. Significa que nem ele acredita que pode vencer.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Cheiro de Fascismo...



Não sei a razão, mas este jingle de Lula/Dilma que fala "entrego em suas mãos o meu povo" só me lembra de coisa ruim: fascismo, nazismo, igreja universal... Pior ainda é o discurso com essa conversa fiada de mãe, que, como disse Miriam Leitão, infantiliza o povo brasileiro. O Brasil não precisa de mãe, de pai, de milagreiro, de terrorista, nem de psicopata, como costuma falar Arnaldo Jabor.

O Brasil precisa de um administrador sério, não importa se ele gosta de baião de dois, de churrasco, de macarrão ou de tutu. E que ele tenha realmente compromisso com a ética política e não a permissividade (principalmente, com a corrupção) que tem sido a marca do período que vivemos. A partir daí se ele não atrapalhar, o país cresce. Basta ver que com Lula e toda a camarilha que ele uniu atrapalhando o Brasil ainda conseguiu crescer. O que vier a mais é lucro.

PIOR QUALIDADE

O Ceará nunca fez programas de TV de tão baixo nível nas campanhas majoritárias, para governador, porque o programa dos senadores está melhor.

Programa de Marcos Cals é matuto, do passado, arrastado e sem entusiasmo. As falas são ruins e não passam convicção. O jingle, então, desafasta.

O programa de TV de Lúcio quer transformar o Ceará em um salão de beleza. Só fala em brilho. E as falas do candidato ou do vice? Falta força, entusiasmo e postura.

Mesmo o programa de Cid F. Gomes é quase um varejão de ofertas, sem emoção. E as falas dele deixam brechas para críticas. Na segurança, então, há um filão a explorar em torno da fala do governador/candidato.

Sobre o Ronda, basta dizer que só boas intenções não salvam vidas. De boas intenções o inferno está cheio. O governador/candidato fez cortesia com chapéu do povo e acha que fez muito. Conversa, o bom administrador deve aplicar bem os recursos do erário e comete crime de responsabilidade se o desperdiça.

Quando ele fala da questão Hilux é um desastre. Dizer que não acha um exagero comprar Hilux porque a Polícia e o povo do Ceará merecem é um sofisma. O policial militar merece um melhor salário e condições de trabalho. O povo do Ceará merece sair das mais de 600 favelas, merece não ficar em filas quando procura assistência médica, merece escola de qualidade, merece andar sem medo –com policiais na rua e pode ser a pé-, merece mais emprego e merecia o estaleiro. Enfim, mais de 3 milhões de cearenses merecem uma vida melhor.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O Canhão da TV Sem Forças

Pode ocorrer, ainda que seja muito difícil, mudança de rumo no atual quadro eleitoral da eleição presidencial, com definição prevista para o primeiro turno. Em situação semelhante, no Nordeste, estão Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia. No Norte, Amazonas e Acre. Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul. No Sudeste, acabará no primeiro turno em Espírito Santo, Rio de Janeiro e são Paulo. No Sul, Paraná e Santa Catarina.

A grande surpresa da atual campanha é a incapacidade do chamado canhão TV para suscetibilizar alterações de situação nas campanhas. O que já era bom, tornou-se ainda melhor. Disse repetidas vezes que o marketing não faz milagres, apenas potencializa, dá sintonia ao produto junto ao consumidor. Mas o terreno já deve estar germinado. Há mais de um ano, a campanha de Dilma vinha sendo tocada, ao arrepio da lei, e efervescia em todos os segmentos sociais. Sobre o assunto, José Roberto de Toledo completa: “A propaganda eleitoral começou na TV e fez Dilma Rousseff (PT) disparar nas pesquisas. Nada mais factual, simples e equivocado. Em eleições, como em todo o resto, não há causa única para consequências avassaladoras. A entrada da TV no processo eleitoral é a gota d’água que transborda o copo, o grão de areia que provoca uma avalanche, a última tapinha no fundo da garrafa que faz esparramar o catchup. Não houvesse as condições necessárias, um estado crítico, não haveria a onda Dilma”.

Ainda que em campanha, tudo possa acontecer, mesmo quando um lado deslancha e parece correr sem obstáculo, qualquer alteração de quadro agora correrá por conta do erro, ou do acidente de percurso e não da normalidade dos fatos. A campanha presidencial, só uma completa guinada, que não parece provável, nos rumo da campanha Serra, pode mudar o atual prognóstico. Enquanto Dilma surfa na onda de um programa bonito, emocional, mas desprovido de conteúdo, Serra, com um programa bom, mas quase monotemático e burocrático, só esbarra na blindagem da popularidade de Lula. E Marina quer apenas aparecer como uma mulher de altos valores éticos e morais, credenciando-se a mais um período de ministério. Rio Grande do Norte (mais) e Ceará (menos) são quadros que ainda podem sofrer alterações. Na terra potiguar porque Rosalba enfrenta o poder em todos os níveis. No Ceará, só um milagre, principalmente porque os adversários do atual governador/candidato não acertaram o discurso, comerciais e programa de TV.

DOMÍNIO DO IMPONDERÁVEL

A situação está aberta, podendo ainda ser definida no primeiro turno em Sergipe, Maranhão e Goiás. No Amapá, além do equilíbrio entre três candidatos, um quarto nome corre por fora, com chances de entrar. Nos demais estados, a disputa só terá uma definição mesmo no segundo turno (veja tabela abaixo).

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Brasil-Dilma-PT....................47 - Serra-PSDB..............30 - Marina-PV...............9 - 1o. T

NORDESTE
1. CE-Gov. Cid-PSB................47 - Lúcio-PR..................24 - Cals-PSDB................9 - 1º. T
2. PI-Gov. Wilson-PSB...........26 - S. Mendes -PSDB.......24 - JVC-PTB................22 - 2º. T
3. MA-Roseana-PMDB...........50 - Lago-PDT.................26 - F. Dino-PCdoB........16 - ?
4. RN-Rosalba-DEM...............46 - Gov. Iberê-PSB........24 - C. Eduardo-PDT......14 - 1º. T
5. PB-Zé Maranhão-PMDB.....48 - R. Coutinho-PSB.......36 - L. Sarmento-PCO......1 - 1º. T
6. PE-E. Campos-PSB.............62 - Jarbas V.-PMDB.......25 - A. Campelo...............1 - 1º. T
7. AL-Collor-PTB...................38 - R. Lessa-PDT...........26 - Téo Vilela-PSDB......21 - 2º. T
8. SE-Déda-PT........................41 - João Alves-DEM......34 - Vera Lúcia-PSTU......3 - ?
9. BA-Wagner-PT...................46 - Paulo Souto-DEM.....19 - Geddel-PMDB..........11 - 1º. T

NORTE
10.Pará-S. Jatene-PSDB........25 - Ana Carepa-PT..........23 - Barbalho-PMDB.......24 - 2º. T
11. AM-Omar Aziz-PMN........49 - Alfredo N.-PT............37 - H. Amazonas.............1 - 1º. T
12. AC-Tião Viana-PT............63 - Tião Bocalon-PSDB....21 - Tijolinho-PRTB..........1 - 1º. T
13. AP*-Lucas-PTB................25 - J. Amanjás-PSDB......24 - Pedro Paulo-PP........19 - 2º. T
14. RO-Expedito J.-PSDB.......26 - Conf. Moura-PMDB...21 - João Cahulla-PPS.....15 - 2º. T
15. RR-Gov. Anchieta-PSDB...41 - Neudo Campos-PP....41 - Dr. Petrônio-PHS.......3 - 2º. T
16. TO-S. Campos-PSDB........40 - Gaguím-PMDB...........38 - Paulo Mourão............7 - 2º. T
.
CENTO-OESTE
17. DF-Roriz-PSC.....................38 - Agnelo-PT...............27 - Toninho-PSOL..........1 - 2º. T
18. MT-Silval Barb.-PMDB........28 - Wilson S.-PSDB........22 - Mauro M.-PSB........14 - 2º. T
19. MS-Puccinelli-PMDB...........52 - Zeca-PT..................33 - Nei Braga-PSOL........1 - 1º. T
20. GO-Perillo-PSDB.................45 - Iris Rez.-PMDB.......34 - Vanderlan-PR...........5 - ?

SUDESTE
21. ES-Casagrande-PSB...........51 - Luíz Paulo-PSDB........18 - Gilberto-PRTB.........2 - 1º. T
22. MG-Hélio Costa-PMDB......38 - Anastasia-PSDB........27 - Vanessa-PSTU.........2 - 2º. T
23. RJ-S. Cabral (PMDB).........58 - Gabeira-PV...............14 - Eduardo S.-PCB........2 - 1º. T
24. SP-Alckmin-PSDB..............50 - Mercadante-PT.......14 - Russomanno-PP.......9 - 1º. T


SUL
25. PR*-Beto Richa-PSDB........46 - Osmar Dias-PDT........33 1º. T
26. SC-Angela-PP....................38 - Colombo-DEM..........23 - Ideli-PP................15 - 1º. T
27. RS-Tarso Genro-PT............37 - Fogaça-PMDB...........31 - Y. Crusius-PSDB...11 - 2º. T

* No Amapá, Camilo Capiberibe (17%), é o quarto candidato, com chance.
* No Paraná, os demais candidatos têm menos de 1%.

OBS. O quadro é composto tendo em vista pesquisa de variados institutos. A fotografia do momento.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A Emoção e a Razão

O segundo dia da propaganda dos presidenciáveis na TV foi marcado pelo contraste, não deixando espaço para uma análise comparativa. Cada foi bem realizado dentro do formato e conteúdo escolhidos. Marina Silva (PV) e Dilma Rousseff (PT) usaram o tempo para valorizar a trajetória de vida. Dilma de forma chorosa, puxando pela emoção, enquanto Marina usou o simbólico da identificação da vida dela com a vida do povo. José Serra (PSDB) seguiu seu caminho racional de propostas, com testemunhais.

Entre os pequenos partidos, marcou posição o programa de Plínio, do PSOL, destacando sua proposta destinada ao problema da terra noi campo. Os outros candidatos seguiram o caminho batido dos rotos chavões políticos.

Veja o programa de Plínio:

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/08/19/programa-de-propaganda-de-plinio-19-8-noite-317572.asp

MARINA SILVA

Marina Silva usou seu tempinho na TV para se apresentar, mostrando sua trajetória de vida, através de diversas pessoas, evidenciando, assim o simbólico da vida cotidiana do povo, espelhado no exemplo da candidata do Partido Verde. Ao final, ela se apresenta, fechando o ciclo de desafios de sua vida. Bem resolvido. Bom programa. Depois do especial do National Geografic, Marina inicia seu programa no palanque eletrônico.

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/08/19/programa-de-propaganda-de-marina-19-8-noite-317574.asp

JOSÉ SERRA

Um programa didático de realizações –como ministro, prefeito e governador- e de propostas. Começa com o tucano mostrando Lula, como um líder à sua altura e experiência, "experiência que Dilma não tem". Mostra uma panorâmica de obras de estrada e metrô e entra no ponto fundamental do programa: a saúde, onde incluiu a questão da droga, principalmente o crack , o maior problema hoje no País. Seguiu o formato definido por sua campanha de esgotar o assunto, apresentando-o em três dimensões: diagnóstico do problema, a solução já aplicada, com prova, através de testemunhais, e a proposta em nível nacional. O formato dá clareza e torna convincentes as soluções/propostas que o candidato apresenta. É um formato eficiente, que mostra dinamicidade e competência. Bom programa. Mistura o racional de uma administração publica voltada para solução dos problemas da comunidade, mas não descarta o emocional, presente nos testemunhais de pessoas que tiveram o rumo da vida mudando através do benefício/serviço. Objetivo e esteticamente adequado.

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/08/19/programa-de-propaganda-de-serra-19-8-noite-317571.asp

DILMA ROUSSEFF

A pesquisa grupo focal de análise e acompanhamento de programa, que são feitas por institutos especializados, devem ter recomendado a repetição e extensão do programa sobre a vida da candidata, já presente em parte do primeiro programa. Também funciona como vacina no caso de algum candidato resolver abordar a vida da candidata como guerrilheira e integrante de grupos armados. O generoso tempo foi preenchido em sua totalidade com a trajetória de vida da candidata. Um programa puramente emocional, com trilha melosa, sem qualquer conteúdo propositivo. Fala carregada de emoção, destacando a sensibilidade e a afetividade da mulher, principalmente no papel de mãe. Finaliza com sua chegada ao governo e depoimentos de pessoas com quem teve ligação, fechando, é claro, com o testemunho de Lula sobre a competência e o preparo da candidata. Programa no melhor estilo dramático francês, notabilizado pelo dramaturgo italiano Pietro Metastasio no século XVIII. Serve como vacina. É emocional, agrada ao povo, mas não tem sustentabilidade continuada.

O Marketing é o Culpado

Marqueteiro é como treinador de futebol. Todo mundo quer ser. Criticam Serra por subir o tom de crítica da campanha. Patrulhamento petista. É risco? Sim, há um risco porque a crítica deve ser bem feita e onde dói. Agora, é bom ponderar que Serra não tem outro caminho. Não se barra uma queda sem produzir um choque. Debate Uol/Folha foi o primeiro round. Se Serra recuar é o mesmo que dizer adeus.

CRISE NA CAMPANHA MARCOS CALS

No momento em que deveria estar tranquilo para crescer, com um programa bom e bem posicionado, a campanha de Marcos Cals (PSDB-CE) entra em crise. A cúpula do marketing leva uma rasteira, gerada pela intriga comum em campanha. Todos viram, na estréia, que o programa eleitoral saiu ridículo (veja comentários abaixo). Agora, Jereissati, por suas ligações passadas, coloca à frente do marketing a produtora Sandra Kraucher (especialista em rasteira). Kraucher chegou ao Ceará nos idos tempos do Cambeba, trazida pelo então especialista em questionário de pesquisa, Antônio Lavareda (pernambucano) e pelo diretor de TV, Einhart Jácome (virou cunhado de Ciro, casando com Lia F. Gomes). Depois, ela montou uma produtora (Companhia da Imagem) em parceria com seus dois patronos e ficou no mercado até o fim da era Tasso. No governo Lúcio, que tinha seu time, Kraucher caiu fora e saiu do Ceará. Agora, é rediviva, como marqueteira. Sei que as pessoas evoluem. Lavareda foi levado por Jereissati para o governo FHC, ficou rico, se tornou o mago das pesquisa e também marqueteiro. Einhart Jácome também virou marketeiro, arrimado na família Gomes, depois de passar algum tempo manipulando o mercado no Ceará (governo Ciro), através da agência Criação & Ltda., em parceria com o publicitário Fernando Costa (minoritário).

Marcos Cals, que não tem nada a ver com isso tudo, está pagando o preço, que pode sair mais caro e extrapolar ao próprio Jereissati. Só resta o caminho de tentar arrumar o campo minado do marketing da campanha. Marketing é assim mesmo, quase nunca é responsável pela eleição, mas é sempre culpado na derrota. Ajustar a rota em pleno voo (nova ortografia) é sempre complicado. Kraucher deve até ficar, mas um especialista em campanha eleitoral deve ser contratado para ajustar forma (principalmente) e conteúdo. A não ser que a campanha de Marcos Cals seja um jogo de faz de conta.

QUE CAMINHO RESTA

O que escrevi no tópico inicial vale para as campanhas aqui no Ceará. Marcos Cals, que precisa atingir pelo menos 20% nas pesquisa até o final de agosto, se quiser continuar sonhando com o segundo turno, patinha no uso de seu palanque eletrônico, o mais importante para subir seu conhecimento. O irônico de tudo é que Jereissati quem inovou na qualidade do palanque eletrônico (TV) no passado (campanha de 1986). Agora, quando é necessário um novo salto, ele vacila e cai no formato tradicional e carcomido.

Cid F. Gomes, como se diz por aí, está na dele. Não precisa fazer muito. Basta-lhe apresentar o canteiro de obras (à moda JURACY FAZ), ou fazer uma prestação de contas do seu governo (como falou em seu tradicional programa), massificar seu jingle plagiado de Luzianne Lins (campanha 2008) e correr para a galera (palavra horrenda). Por que tentar inovar? Não precisa.

Caberia a Lúcio Alcântara (PR-CE) mostrar algo mais criativo. Mas com pouco tempo de TV e a equipe (paulista) que montou, é melhor não esperar muita coisa. Mostrou, na estréia, um programa burocrático e esteticamente fraco. Há também a dubiedade de Lúcio. Ele insite em sua identificação como aliado de Lula. O diabo é que o presidente já apareceu na campanha do Cid F. Gomes e a imagem está colada. Sobra muito pouco. Mesmo erro que cometeu na eleição passada. Esqueça o Lula e aumente o tom de sua crítica (onde dói), que melhora. Substitua os comerciais (mais valiosos) que primam por uma frase de rima infame, apenas para colocar o slogan da coligação, e tente falar e agir da forma da entrevista da TV Verdes Mares. O ganho, poderá não ser suficiente para um salto, mas vai fazer o adversário suar.

Vou repetir. Só resta aos dois opositores subir o tom da campanha, sem medo do patrulhamento dos aliados do governo oligarca e dos colunistas comprados. Claro que representa um risco, mas não há outro caminho, em virtude da premência do tempo. Fazer crítica, como fazer humor, é só para quem sabe. Não há outra forma de cortar, estancar trajetórias ascendentes. O rompimento deve ser ab-rupto (nova ortografia) e deve induzir o eleitor a repensar conceitos e opiniões. A coragem (não a covardia) deve ser a marca de uma campanha, que visa a conquista de território adversário. Esconder aliados não evita perdas. O presidente francês, Nicolas Sarkosy teve a coragem de assumir políticas ditas de direita e venceu a eleição. No caso de Lúcio (que apoia Lula, mas não é apoiado por ele) é uma atitude inócua, mas no caso de Marcos Cals, esconder Serra é uma covardia que nada soma.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Cid Ganha no Primeiro Dia

O programa noturno dos candidatos a governador do Ceará (na TV) foi repetido. Só o candidato do PR mudou alguma coisa no pouco tempo que tem. Nada mudou. Não houve qualquer inovação. A mesmice de forma e de conteúdo.

LÚCIO ALCÂNTARA

O programa noturno, em que pese algumas melhorias nada acrescentou. Ruim o conteúdo e esteticamente pobre, medíocre. Lúcio repetiu a fala em uma mesa de trabalho, com uma iluminação fraca, passando a impressão que ele está doente. O diretor de fotografia deveria ver a entrevista que Lúcio deu na TV Verdes Mares e nela se inspirar. A imagem estava limpa, clara, passando decisão e agilidade. O candidato falou com vontade e convencimento. No programa, foi bem diferente. A linguagem televisiva deve melhorar muito. O jingle não fixa. Ë difícil de lembrar, mas não chega a comprometer. Está perdendo e precisa tomar providências para fazer os 2 minutos render, com agilidade, dinâmica e falas curtas. Do jeito que está ninguém vai perceber o programa.

MARCOS CALS

Pequenos ajustes no programa noturno, mas repetido em seu conteúdo maior. Foi só uma inversão de ordem. Nada mudou. Marcos Cals está fazendo um programa matuto, como bem qualificou o escritor Ruy Câmara, e esteticamente pobre. A musiquinha (jingle) é ruim e o locutor deve aprender a pronunciar o nome do candidato. Deve haver um jeito para que o pessoal que faz o programa possa melhorar a performance de Marcos Cals. Ele passa uma imagem de “voador” em suas falas. Seu olhar parece permanentemente cansado e baixo e o pescoço é indomável. Dá para mudar o enquadramento. Sobre a fala de Jereissati, ao final, vou repetir o que disse sobre o programa vespertino: a fala de Tasso Jereissati é ruim. Ele faz uma fala em tom baixo, comportada, e sem convencimento, quase pedindo desculpas à oligarquia. A fala de Tasso estava melhor e mais enfática no programa de senador. Perdeu o embate. Precisa melhorar muito para enfrentar o rolo compressor das obras. Seria mais adequado entrar logo nas propostas e incluir algumas críticas. Até o enquadramento de Tasso está ruim. Ele aparece meio encurvado, quando deveria ser aquele decidido e de fala franca.

Veja no Link:

http://www.marcoscals45.com.br/site/

CID F. GOMES

Repetiu o programa. Vale o comentário da tarde. Foi um bom programa, como se esperava, porque tem o que mostrar. Quem é governo sempre tem, ou inventa. Basta lembrar que a Luizianne Lins foi reeleita assim. Não tinha o que mostrar, mas fez imagens de fabricação de doces, de Passagem de ônibus a um real e do Bolsa Família e levou. Cid F. Gomes encheu o estado de canteiros de obras. Hoje mesmo ele começou a fazer a Transnordestina, pelos lados do Brejo Santo. Por que só agora? Você sabe a resposta. Sobre o programa, Cid F. Gomes mostrou tudo, como um resumo e, depois, fez uma fala otimista, alegre e até com certa dose de humildade, o que não tem. Ainda colocou Ciro F. Gomes para falar e pedir voto para ele e para Dilma. Esqueceu (?) os senadores, para alegria de Jereissati. O jingle, aquele que é uma cópia do de Luizianne Lins em 2008, foi executado ao compasso das mais imagens das obras. Ao encerrar, colocou Lula para falar da parceria com o governo do Ceará, mesmo que todos saibam que não haverá Lula nos próximos 4 anos. Resumindo, um programa saia e blusa, ainda que bem executado em seu formato tradicional.

http://www.youtube.com/user/CidGomes40

Cid Fez o Óbvio. Oposição Foi Apática

O programa dos candidatos a governador do Ceará na TV estreou sem muitas surpresas. O formato foi o mesmo que vem sendo executado há muitos anos, sem qualquer inovação das técnicas de comunicação e sem levar em conta metalinguagem.

CID F. GOMES

Fez o melhor programa, como se esperava, porque tem o que mostrar. Quem é governo sempre tem, ou inventa. Basta lembrar que a Luizianne Lins foi reeleita assim. Não tinha o que mostrar, mas fez imagens de fabricação de doces, de Passagem de ônibus a um real e do Bolsa Família e levou. Cid F. Gomes encheu o estado de canteiros de obras. Hoje mesmo ele começou a fazer a Transnordestina, pelos lados do Brejo Santo. Por que só agora? Você sabe a resposta. Sobre o programa, Cid F. Gomes mostrou tudo, como um resumo e, depois, fez uma fala otimista, alegre e até com certa dose de humildade, o que não tem. Ainda colocou Ciro F. Gomes para falar e pedir voto para ele e para Dilma. Esqueceu (?) os senadores, para alegria de Jereissati. O jingle, aquele que é uma cópia do de Luizianne Lins em 2008, foi executado ao compasso das mais imagens das obras. Ao encerrar, colocou Lula para falar da parceria com o governo do Ceará, mesmo que todos saibam que não haverá Lula nos próximos 4 anos. Resumindo, um programa saia e blusa, ainda que bem executado em seu formato tradicional.



MARCOS CALS

Começa com um musiquinha ruim e com um locutor que diz Marcos “Cale-se”. O formato de imagens de sertão e de povo pobre é o que há de mais vulgar, principalmente se acompanhado por um repentista emendando a fala de Marcos Cals nos comícios ou reuniões. Veio, em seguida, o currículo de Cals, em formato aceitável. Mas a fala dele está mal produzida e o próprio candidato, também. O olhar está cansado e baixo e o pescoço continua a girar indomável. Tem de olhar mais para baixo e para a câmera. Ao final do programa, apareceu o patrono da candidatura, Tasso Jereissati. Ruim. Fez uma fala em tom baixo, comportada, e sem convencimento, quase pedindo desculpas à oligarquia. A fala de Tasso estava melhor e mais enfática no programa de senador. Perdeu o embate desta tarde. Precisa melhorar muito para enfrentar o rolo compressor das obras. Seria mais adequado entrar logo nas propostas e incluir algumas críticas.



LÚCIO ALCÂNTARA

Pouco tempo e menor ainda o conteúdo. A fala de Lúcio com ele atolado em uma mesa de trabalho não passa vontade, decisão e agilidade. O que fica é uma impressão de moleza, acomodação. O conteúdo da fala foi passável, mas precisa falar de forma mais incisiva, olhando desafiantemente no olho do ouvinte/eleitor. Talvez não seja possível, mas a linguagem televisiva deve melhorar muito. O jingle eu não lembro, mas ficou a imagem de um humorista de máscara, no modelo que já cansou as pessoas, como faz há 15 anos a TV Jangadeiro, perdendo audiência a cada dia. No final, entra a placa AGUARDE! Há de intuir que o que está sendo prometido é um quadro de humor, ideal para as bordoadas. Bom, bater através do humor é um bom caminho, mas fazer humor, da mesma que fazer críticas, não é fácil, principalmente quando o programa só passa uma nesguinha de 2 minutos. Ficou devendo no programa da tarde.

Fico devendo o programa de Lúcio, que é o unico que ainda não está disponível na internet.

Fico devendo os comentários sobre os candidatos dos pequenos partidos e dos senadores. Estão no forno.

Debate Esquenta Sucessão

ACOMPANHE DEBATE DOS PRESIDENCIÁVEIS NA UOL/FOLHA. DILMA ESTA SÓ, MAS NÃO TÃO DESPREPARADA. SERRA TEM PUXADO ASSUNTOS POLÊMICOS. MARINA ESTÁ ATUANDO COMO LINHA AUXILIAR DE DILMA.

VÁ NO LINK.

http://www.ustream.tv/channel/uol-noticias-ao-vivo

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Programa Noturno Dá Vantagem a Serra

O programa eleitoral nacional do horário noturno foi mudado totalmente pelos dois candidatos mais competitivos, José Serra e Dilma Rousseff. Já candidata do PV, Marina Silva, repetiu o editorial sobre o meio ambiente, apresentando-se como candidata ao final. Os candidatos dos pequenos partidos também repetiram seus programas.

http://www.minhamarina.org.br/salademarina/

DILMA ROUSSEFF

A candidata petista saiu do plano emocional, que pontuou seu programa vespertino, para fazer uma panorâmica das realizações do governo Lula no Brasil, deixando apenas um pequeno trecho sobre sua trajetória política. Sua abordagem sobre o Brasil foi ufanista e nada precisa, tanto em termos de prestação de contas como no campo das propostas. Deixou tudo no campo da continuidade. Abusou da produção, fazendo falas em diversos pontos do Brasil, em dobradinha com o presidente Lula, que mesmo não sendo candidato, foi a maior estrela. Dilma incluiu em seu relato, a produção, emprego, violência, saúde, Bolsa Família, estradas, Até o pré-sal foi lembrado, já entrando como resultante a erradicação da miséria, do desemprego e do analfabetismo. Exagerado, no sonho. Programa bem realizado na forma, caro, mas sem compromisso com o conteúdo. Nenhuma proposta específica. Só marola. Claro que foi o primeiro programa e que outros serão mais diretos, pois se continuar na festa, a percepção será inevitável. A música apresentada me pareceu apelativa, como se Lula e Dilma fossem deuses, responsáveis pela condução do povo desvalido ao Canaã.


JOSÉ SERRA

O candidato tucano seguiu o padrão do programa da tarde, privilegiando sua trajetória política de ministro, prefeito e governador, mesclando com depoimentos de pessoas que foram beneficiadas por seus programas. Testemunhais fortes e convincentes. Não perdeu tempo e foi logo ao calcanhar da administração de Lula: a saúde. Focou todo seu programa nas realizações e propostas voltadas para o setor, de forma bem didática e precisa. Manteve o mesmo clima otimista do programa da tarde e encerrou com o jingle, uma música bem conhecida. Felizmente, foi subtraído o trecho que fala de Lula. A música é boa e bem presente no imaginário. “bate, bate, coração...”. Levou vantagem. Perdeu à tarde e ganhou no programa da noite, que tem maior nível de audiência.

A nota hilária da campanha Serra foi o texto, um escorregão do redator, que transformou no maior don Juan descarado do dessas plagas, comendo todo mundo e ainda revelando os nomes. Veja no primeiro link. O segundo link é o programa Serra.

http://www.youtube.com/watch?v=6ilV_hEfKnw

Primeiro Dia na TV Dentro do Esperado

JOSÉ SERRA

Quem viu o primeiro programa nacional do rico horário dito gratuito na TV pode perceber que o jogo vai ser duro. Começou em um clima de encharcar lenço. O candidato tucano, José Serra, foi o primeiro dos grandes e já mostrou suas armas, falando com otimismo e garra, só emocionalizando na hora de mostrar seus personagens, inclusos na sua atuação como governador de São Paulo ou como ministro da Saúde, e quando abordou sua trajetória de vida. O quadro apareceu invertido. Serra só colocou falas de pessoas atendidas em programas que ele implantou. Não apareceram nomes famosos ou de destaque da política ou outras áreas. Bem posicionado, em clima elevado, mas ignorando em larga escala a metalinguagem e os preceitos de Ferndinand de Saussure (semiótica). Sua mensagem é clara: O Brasil tem problemas, mas tem dados positivos, e, assim, ele pode fazer muito mais (está no como comercial). Só o jingle arranhou, para mim. Ele poderia dizer a mesma coisa sem falar no Lula (“...depois de Lula é o Zé”). Bobagem, ele não ganha nada com esse “depois”, mas somente se provar que tem competência –que acho que tem- de que pode fazer mais que o Lula/Dilma, nas mesmas condições.


DILMA ROUSSEFF

Estilo Lula de outras campanhas, com bom uso do simbólico. A estrada inicial parece muito com a estrada que Lula percorria na campanha anterior, chegando ao Planalto. Programa plenamente emocional, que poupou a candidata de falas complicadas e usando (Não o povo, como Serra) seu banco de crédito eleitoral: Lula, outras lideranças e parentes. Apareceu até o ex-marido. Jogou as vacinas para o caso de exploração de sua vida de terrorista passada e esbanjou comentários e falas de líderes sobre sua competência na gestão. A candidata de fala empolada e abusada só entrou nas boas, e mostrou até alguns momentos de emoção. Lula foi preciso no seu depoimento (está no ar também como comercial) e confirmou que será realmente o âncora do programa (e da campanha). A mensagem, todos já sabíamos: para o país continuar crescendo. Nada de música tema no primeiro programa, mas só trilhas de emoção bem no estilho dramalhão. Também nada de propostas. Programa forte, voltado para posicionar a candidata, agregando-lhe atributos positivos – mulher competente, preparada, firme e valente, mas humanitária e que sabe ser mãe. Bom progama. Mais somador que o de Serra.


MARINA SILVA

Posicionou-se como defensora do meio ambiente. Terminou dizendo que era Marina Silva, candidata a presidente da República. Pouco tempo e pouco conteúdo.


Os demais candidatos repetiram chavões ou reclamaram do pouco tempo. Sem comentários.

DEPUTADOS FEDERAIS-CE

As falas insípidas de sempre e o desfile de figurinhas carimbadas, algumas ainda tendo que explicar o 135 (Ficha Limpa). Merece destaque a fala de Ciro F. Gomes na abertura do programa dos deputados do PSB. Ele apareceu na abertura para agradecer ao povo cearense pelos mais de 630 mil votos na eleição anterior. Esperei até que fosse pedir desculpas por ter traído esse enorme contingente eleitoral, ao transferir seu domicílio eleitoral para São Paulo na desmedida ambição de ser candidato a presidente da República. Não fez (a prepotência não deixou). Disse apenas que não era candidato a nada (porque não pode) e pediu votos para os deputados e seu irmão Cid F. Gomes.

Na mesma linha, o candidato a governador, Lúcio Alcântara, abriu o horário dos deputados do PR, mas poderia ter evitado. Apareceu atolado em uma mesa de trabalho e o que disse nada significou. Só tirou o tempo dos deputados federais. Alexandre Pereira, candidato a senador, tomou também alguns segundos deputados federais do PPS, para pedir voto. Falou de quina e sem fixar o olho. Serviu, pelo menos, para se mostrar. Luizianne Lins igualmente abriu o programa dos deputados federais do PT. Falou pouco e tirou poucos votos.

Em resumo, todos ficaram como estavam.

COMERCIAS, AS VEDETES

Desde o início da manhã de hoje (dia 17/08/2010), os comerciais estavam no ar. Jereissati, candidato à reeleição ao Senado, foi um dos primeiros a aparecer. Foi direto ao assunto, falando de seus projetos no Senado (como o FGTS). Não quis perder tempo. Não fechou bem o comercial. Eunício, candidato ao Senado pelo PMDB, colocou seu jingle que tenta massificar o número 151 e as e o apoio. Só. É uma estratégia. Cid F. Gomes preferiu colocar dois comerciais logo no primeiro dia. Uma gravação com o presidente Lula, pedindo voto para ele, e outro, que mostra que ele e a equipe sabem copiar. Seu jingle é um remake do jingle de Luizianne em 2008 e o conceito usado no comercial é CID FAZ, que é igual ao JURACY FAZ. É um caminho.

Os comerciais, sem dúvida, são as vedetes do horário eleitoral. Como eles são inseridos na programação normal da TV podem ser "consumidos" sem que haja tempo para mudar de canal. Recebem, portanto, mais atenção e investimento.

Crítica Que Vale

A temperatura da campanha aumenta. O tempo é curto para causar o efeito desejado, mas antes tarde do que nunca. Em um ato político em Porto Alegre, Serra acusou o governo de clientelismo no caso dos Correios, cuja diretoria, segundo ele, “não serve aos Correios, mas aos partidos ou setores de partidos”. Depois, acrescentou: “Nunca o patrimonialismo e a fisiologia avançou tanto no nosso país. Nunca o governo foi tão ousado para fins privados. O que eu quero fazer é estatizar os órgãos públicos para servirem ao público, e não aos partidos, a um interesse, a um grupo”.

GERAÇÃO DILMA NA GRAMÁTICA

Já vimos algumas vezes, estupefatos, as falas truncadas, sem qualquer nexo, da candidata do PT, Dilma Rousseff, na TV -e o youtub esta repleto. Fazem-me lembrar até, permita-me a digressão, as falas e gesticulação de Sergio Machado (presidente da Transpetro) em 1998, quando foi candidato ao Governo do Ceará. Quando ele dizia "nós vamos", gesticulava para trás, e quando falava "vamos voltar", gesticulava para frente. Um desastre. Ainda bem que ele quase fica devendo voto. Voltando ao assunto da falta de preparo da turma do PT na formação intelectual deste país, faço questão de mostrar aqui outro exemplo de barbárie intelectual, para tomar as palavras do jornalista Reinaldo Azevedo (comentando o assunto), que toma conta até das universidades.

Foi durante uma aula inaugural de História na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, a Uni-Rio, proferida pelo ministro Celso Amorim. Ao fazer a saudação ao ministro, que só acumulou derrotas na política externa brasileira, a magnifíca reitora, professora doutora Malvina Tuttman (petista de carteirinha) fez o seguinte discurso (veja trechos transcritos por Reinaldo Azevedo):

"(…) Celso Amorim, um dos homens deste país que, atualmente, vem imprimindo e mostrando a seriedade desse país não só para fortalecer a autoestima nossa, do povo brasileiro, mas, em especial, dos nossos irmãos estrangeiros, que, por meio de uma política governamental importante de relações exteriores e, sem dúvida alguma, falava há pouco com o ministro, por conta da capacidade, da força, da história de vida do ministro, do embaixador Celso Amorim, o nosso país, hoje, não só por isso, mas também por isso, tem um reconhecimento e um valor importante internacional. (…) Uma das pessoas que eu considero (…) um dos nomes mais representativos da história deste país".
(…) O ministro, ele não ficará historicamente lembrado, já que estamos numa aula inaugural de história, apenas por sua passagem neste momento político do nosso país, mas enquanto aquilo que ele representa como brasileiro que se orgulha de ser brasileiro e que leva esse orgulho para fora dos muros, das fronteiras do nosso país.
(…) E posso lhe [a Amorim] dizer que, além da satisfação de estar reitora neste momento político importante do nosso país, onde as universidades têm recebido um justo olhar para aquilo que ela produz de importante, de ciência para esse país, e isso tem acontecido, nós podemos ter um marco importante, antes de 2003 e depois de 2003, e, por isso, eu posso me orgulhar de estar reitora neste momento, desde 2004, ministro, e completarei o meu mandato até 2012…
Mas eu quero também lhe cumprimentar e lhe dizer da grande satisfação de Malvina Tuttman, cidadã brasileira, estar, neste momento, sentada ao lado de um grande homem, um homem que fortalece o nosso país, um país que vem crescendo e que irá, se ainda não surpreendeu, irá surpreender não só alguns brasileiros incrédulos, mas Irá surpreender ao mundo. Ministro, que quero lhe dizer que o senhor verdadeiramente nos deu uma aula. Uma aula de autoestima, uma aula de mediação de combinação de habilidade de negociação com, se o senhor me permite, uma certa ousadia, ou muita ousadia, diplomática importante. E eu acho que essa é a grande diferença, essa habilidade conjugada à ousadia, mas uma ousadia que sabe aonde quer chegar, uma ousadia respeitosa. Isso fez e faz com que o nosso país, internamente, se veja de uma outra maneira e que, externamente, tenha essa representatividade internacional que nós temos.
Do contra, ministro, nós sempre vamos encontrar. E é bom até, porque as opiniões muitas vezes contrárias nos fazem repensar e, algumas vezes, se temos essa habilidade, nos fazem crescer também e verificar que as diversas vozes contribuem, se elas não vêm para atrapalhar, elas contribuem para o nosso avanço. O senhor falou tantas coisas importantes, mas eu destacaria, se o senhor me permite, uma palavra importante, que, para nós, é especial e que marca também a visão da política no nosso país em todos os sentidos, principalmente neste momento das relações exteriores.
E é alguma coisa que tem de ser inserida no nosso modo de estar no mundo, que é a paz. E o nosso governo, por meio do nosso presidente e do senhor, tem dado também essa lição para o mundo, para nós e para o mundo. Eu fiquei orgulhosa, orgulhosa, ministro, da atitude que o Brasil teve especificamente, há muitas, mas especificamente ao fato do Irã. Gostei. E sou judia! E aí fico muito á vontade de dizer dessa minha satisfação, desse meu orgulho, porque, acima de tudo, nós somos homens e mulheres, crianças e pessoas mais amadurecidas, mas que temos convicções muitas vezes contraditórias, mas alguma coisa tem de nos unir, a condição de sermos humanos, e, por isso, a paz é imprescindível.
Eu acho que a atuação do presidente Lula e a atuação do ministro das Relações Exteriores pode, no meu entendimento, podem ser caracterizadas e definidas, para mim, numa palavra que, nesse momento, é a mais importante de todas: paz. Muito obrigada, ministro, seja muito saudado pela nossa comunidade!

Entendeu tudo?

Confira nos links abaixo:

http://www.youtube.com/mrebrasil#p/u/0/Y4LW97Vy99w
http://www.youtube.com/watch?v=qWgol6I-YpY&feature=related
http://http://www.youtube.com/mrebrasil#p/u/0/Y4LW97Vy99w

Agora vejam como Dilma vai falar na TV (veja no link):

http://www.youtube.com/watch?v=KDI31P0vj2Q

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O País Que Construímos Está Bom?


Temo, sinceramente, por minha segurança física e mental quando tenho, por obrigação social, de procurar uma repartição pública para conseguir qualquer documento ou outro serviço. Ainda bem que no Ceará, principalmente, porque governado por uma oligarquia prepotente, despótica, não pode ser implantada a pena de apedrejamento, como no Irã. O Brasil não adota a pena de morte e, como unidade da República Federativa Brasileira, lhe é interdito.

Já chego à repartição pública, principalmente o Detran da Santos Dumont, porque moro perto, de cabeça baixa, para não ferir os sentimentos dos soberanos servidores públicos. É a quarta vez que sou rechaçado arrogantemente no Detran da Santos Dumont (repito, para que todos decorem o local). Duas vezes, porque ousei argumentar que não tinha conta de luz ou de telefone em meu nome para comprovar endereço. Moro em um apartamento de minha mulher e as contas (telefone e energia) estão em nome dela. Ofereci declaração de IR, extrato de conta bancária, certidão de casamento e tudo o mais que poderia dispor constando meu endereço residencial, mas tudo que ouvi de volta foi um “te vira”. Nada disso (o que apresentei como alternativa) vale. A saída foi pagar um despachante e ele chegou com tudo transferido. Como pode?

Por “infelicidade” minha troquei o carro por um menos velho e tive outra vez que transferir o veículo. Fui outra vez ao Detran da Santos Dumont para realizar o serviço. Torci para que alguma coisa houvesse mudado. Foi outro grosseiro ricochete. Decidi baixar a cabeça e sair sem dar uma palavra. Outra vez, tive de pagar a um despachante. Dias depois, fui fazer a vistoria no carro no mesmo Detran da Santos Dumont. Fiquei pacientemente na fila. Depois, ao acessar a área de vistoria, esperei mais ainda enquanto o vistoriador merendava e escolhia o que queria almoçar. Normal, eram quase 10 horas. Quando a vistoria ia começar, minha mulher, que me acompanhava, viu uma moto cortar a fila e ser atendida na nossa frente. Ela reclamou e, com extrema má vontade, o servidor público explicou que a moto era de uma senhora de 62 anos, que tinha direito, portanto, a tratamento preferencial. O rapaz, de pouco mais de 20 anos que conduzia a moto, confirmou.

Resultado: o vistoriador circulou nosso carro por três vezes, de cara fechada, até dizer que os vidros do carro tinham uma película “reflexiva” e que teríamos de arrancá-la, se quiséssemos fazer a vistoria. Minha mulher tentou argumentar que a película era igual a dos outros carros que ali estavam sendo vistoriados, mas o bruto servidor público só retrucou, logo dando as costas, que “não estava nem aí”, pois para ele “era uma película reflexiva e pronto”. E acrescentou, em tom de ameaça: “É melhor a senhora não discutir comigo”. Fomos ao Detran ao lado do Iguatemi, pagamos um despachante, e duas horas depois estávamos com o carro vistoriado e transferido.

O Detran da Santos Dumont já é um caso especial. Ou eu me mudo ou vendo o carro. Não é diferente nas outras repartições, nos três níveis. Na Secretaria de Finanças do município petista, perde-se um dia para pagar um imposto ou um ITBI, se o servidor público não estiver de mal humor. Uma nota fiscal avulsa é uma via-crúcis. Um alvará de funcionamento só sai no jabá. E se o que você necessitar estiver na esfera do judiciário, é pior. Se for um caso que dê cadeia, talvez seja melhor puxar uma cana (permita-me a gíria) nesta época petista, em que a família do preso tem direito a um salário médio mensal de R$ 700,00. O que há afinal com o nosso serviço público? Será que a arrogância da oligarquia Gomes que tomou conta do Estado –e quer ficar por mais 4 anos, no mínimo, pois ainda existem dois irmãos e uma irmã na linha de sucessão- se espraiou por toda máquina pública do Estado. Nas repartições federais e municipais, há mais de 6 anos, passaram a atuar, pelo aparelhamento aplicado pelo PT (através da miríade de cargos de confiança), como se o órgão público fosse um curral particular, que massacra ou submete o animal que dele precisa.

Sei que a fila anda e já não tenho o mesmo poder de convencimento (não pago propina, a qualquer título) e a mesma paciência de alguns anos passados. Mas, entre viver brigando para ser cidadão pleno e me recolher a um mundo que pouco precise do poder público (incluindo o judicial), estou mergulhando cada dia mais na segunda opção. Faço qualquer negócio para não ter de recorrer ao poder público, embora contribua em dia com os escorchantes impostos cobrados. Só à saúde pago quatro vezes: ao antigo IPEC ou fundo de saúde, como servidor estadual; ao INSS, como empregador ou prestador de serviço; à Unimed, que hoje não passa de um INSS metido a besta, pois lá as filas de atendimento de especialistas dão meses de espera e até para tirar um sinal tem de ir pessoalmente solicitar; e, por fim, pago diretamente ao profissional de saúde quando quero ser atendido com brevidade, cuidado e mais lhaneza.

Sério, estou deveras preocupado. Depois de tudo, abro a TV ou pego um jornal para ver se identifico o que sinto em alguém, neste momento de campanha eleitoral, quando a crítica ao poder é mais farta, e o que vejo é mais decepcionante ainda. Vejo o candidato de oposição, José Serra, quase pedindo desculpas ao presidente Lula por ter de fazer algumas críticas ao Governo Federal e a candidata dele, Dilma Rousseff, como se Lula não fosse o pai do pecado. Logo em seguida, vejo no jornal O Povo (pag. 02, edição do dia 15/08/2010) o senador Tasso Jereissati, durante comício, se humilhando ao povo sobralense, berço da dinastia Gomes, pela ousadia de ter lançado a candidatura de Marcos Cals ao governo do Estado. Marcos Cals, coitado, parecia um alienígena no palanque. E no jornal de hoje, dia 16/08/2010, pag. 16, é mais desalentador. Jereissati parece ridículo pedindo respeito a Ciro F. Gomes, coordenador da campanha de reeleição do irmão, na tentativa de barrar a cooptação de prefeitos tucanos. O que há? Nos bastidores, todos comentam que o deputado paulista (com votos do Ceará), Ciro F. Gomes, só está cooptando o voto de governador. No mesmo jornal, página anterior, o candidato Lúcio Alcântara, que todos já conhecemos, faz uma crítica sobre o fracasso do Ronda. Alegro-me um pouco, mas minha alegria dura pouco. Logo em seguida, ele defende o diretor do DNIT, Guedes Neto, preso pela PF por suspeita de corrupção. Conforta-me, pelo menos, o fato de Lúcio ter tido a coragem de defender, em campanha, o diretor do DNIT, que foi uma indicação sua.

Estou fechando o jornal, contrito, quando vejo uma crítica. “Eu não estou contente com o ritmo das obras dos aeroportos. Acho que elas deveriam ser muito mais céleres”. Finalmente, pensei. É uma censura leve, mas serve. A surpresa veio em seguida. A crítica era da candidata Dilma Rousseff. Uma lástima. A oposição tem sido tão inerme que deixa seu espaço para a situação ocupar. Será que há remédio ou vamos continuar no calvário? Sinto tanto menoscabo e opressão do poder público que, às vezes, chego a pensar que tudo está funcionando muito bem e que sou eu quem está errado.

domingo, 15 de agosto de 2010

Campanha em Tono Comportado

O panorama das pesquisas começa a mostrar algumas mudanças no quadro eleitoral. É a segunda rodada do Datafolha e o que se percebe é a situação se consolidar na campanha presidencial e em alguns estados, enquanto em outros tem início a marcha da mudança.

A disputa presidencial segue em marcha batida para um desfecho que coloca o País como refém de um jogo perigoso. Dilma Rousseff, a despótica candidata do PT, está a apenas 3 pontos de uma vitória logo no primeiro turno. Não considero um fatura definida, mas um freio no crescimento constante da candidata deve ser logo aplicado. E o grande problema é que não enxergo na estratégia de José Serra (PSDB-DEM) as condições necessárias para isso. Apostar somente no tambor global da TV é esperar demais. É fácil disfarçar a fala sem nexo da candidata no programa e nos comerciais do horário eleitoral. Sobram os debates, mas sempre há uma rota de fuga, principalmente se ela continuar inflando.

O sinal para uma mudança de rota tem de aparecer até 30 de agosto. Até lá, se a proa do navio não tomar outro rumo, o barco poderá soçobrar no primeiro turno. Será uma batalha renhida, a partir da próxima terça-feira, dia 17. Claro que os ecos do programa eleitoral, de início, com baixa assistência, deve chegar às ruas em sintonia. Ou seja, o que for dito na TV deve ser repicado no rádio, nos comícios, nas caminhadas e entrevistas.

Não vão bastar somente a apresentação de planos de governo, a realização de obras, a experiência administrativa. É preciso ir mais fundo e escarafunchar o comportamento individual ou o traço de caráter de cada um. Sem dúvida, Dilma vai seguir a estratégia de se segurar, explorando seu banco de crédito eleitoral: Lula. Serra deve ter coragem e ousadia para mostrar o que sabe fazer e ir além, espicaçando a couraça de proteção da candidata situacionista, chegando ao seu passado, procedimento e ligações. É jogo baixo, vão dizer alguns, mas em uma campanha deve-se fazer o necessário para vencê-la. Não se pode ficar silente diante os fatos graves em nome de uma cobrança de nível. Incorre em aguda desídia quem, sabedor de fatos de relevante gravidade, os omite ao povo. Só resta este caminho e Serra, ou qualquer outro candidato de oposição, deve trilhá-lo sem medo.

ALIANÇAS INODORAS

Há pouco a esperar em termos de alianças políticas para o candidato tucano. Afora o tempo de TV e de rádio, o DEM nada lhe adiu. Em alguns casos até subtraiu. Mesmo o pavão Aécio Neves, confortável nos seus 70% de preferência para o Senado, não tem feito valer sua influência para guindar com presteza seu candidato, Anastasia, em Minas, que tem apenas 17% contra 43% de Hélio Costa. O mesmo pode-se dizer de Tasso Jereissati, no Ceará, montado em seus 63% para repetir o mandato no Senado, enquanto seu candidato Marcos Cals se arrasta com lesmice. Minas e Ceará vivem situações inversas, mas similares. Anastasia, que era o vice de Aécio, apesar do peso eleitoral da máquina, cresce lentamente, enquanto no Ceará, Marcos Cals, candidato de oposição tem caixa para crescer, mas se move tropegamente, empurrado por uma campanha insossa, de ideias batidas, quase reverenciando o poder. Nos bastidores correm soltos os boatos que Ciro F. Gomes (deputado federal por São Paulo, embora com votos dos cearenses), coordenador da campanha do irmão Cid F. Gomes, durantes as reuniões com prefeitos, vereadores e lideranças (independente do partido) só pede votos para o irmão.

Ambiguidade na Crítica


O respeito (ou medo de perder mais) que Jereissati tem com o poder estadual aqui no Ceará, José Serra manifesta com Lula, na campanha nacional. O máximo que faz Serra é dizer, com acerto, que “não se governa na garupa”. Estamos cansados de presenciar situações em que criaturas costumam ganhar vida própria longe do alcance do criador, quando assumem o poder. Engana-se quem vota em Dilma pensando reeleger Lula. Nunca é a mesma coisa, nos mostra a experiência.

É nítida a ambiguidade do tucano Serra ao criticar o governo federal, mas sem tocar no chefe dele. Mesma dubiedade que revela Jereissati em relação aos irmãos Gomes. Em Sobral, por ocasião de um comício, Jereissati quase pede desculpas ao povo sobralense por estar apoiando Marcos Cals e não a oligarquia Gomes. Este exercício de equilibrismo acaba comprometendo a confiança no destino da campanha, tanto aqui, como lá. Serra evita colidir com Lula e Jereissati foge do enfrentamento com Ciro F. Gomes, principalmente.

TERCEIRA VIA CUIDADOSA

Vivemos, ao que parece, uma campanha em que os principais candidatos pisam com cuidado para não acordar a ira do poderoso de plantão para não fechar definitivamente as portas do futuro. Mesmo a candidata do PV, Marina Silva, que só teria espaço encarnando uma terceira via corajosa, parece deslumbrada e satisfeita só com sua candidatura, tentando mostrar uma grandeza que está distante de realmente irradiar. Faz um discurso contido, evitando qualquer crítica ao governo ao qual serviu até outro dia e sequer alfineta a toda poderosa ministra Dilma, que foi a cerceadora de seus espaços como ministra do meio ambiente. Um comedimento que só interessa e só é interessante a quem exerce o poder e vê escancaradas as portas para prorrogá-lo.

Panorama em Alguns Estados

A propaganda eleitoral cara, mas dita gratuita, que se inicia nesta terça-feira pode determinar novos caminhos que venham a preencher vazios que nos parecem estranhos nos discursos de muitos dos candidatos. Em Minas Gerais, por exemplo, há terreno fértil para crescimento do tucano Antônio Anastasia, mas é preciso ir mais fundo na crítica ao peemedebista Hélio Costa, principalmente através de Aécio Neves. A diferença de 26 pontos é alta, mas Hélio não emana segurança.

No Rio de Janeiro, o peemedebista Sérgio Cabral, com 57%, segundo o último Datafolha, dificilmente deixará escorregar a vitória logo no primeiro turno. O verde Gabeira, com apenas 14%, não encontrará forças para reverter o quadro. A imensa máquina governativa e alianças amplas e a estrondosa visibilidade de Cabral não será ofuscada.

Em São Paulo o também tucano Geraldo Alckmin está com a vitória no primeiro turno nas mãos. O horário da TV deve consolidar sua posição, pois o petista Aloizio Mercadante, com apenas 16% das intenções de voto, dificilmente reagirá e menos ainda Celso Russomanno (PP), que só chega a 11%. Interessante é que a também petista Dilma Rousseff tem bem melhor desempenho em São Paulo que Mercadante.

No Amazonas, o atual governador Omar Aziz, que era vice de Eduardo Braga (saiu para concorrer ao Senado), lidera a disputa ao governo, conforme o Ibope. O candidato Aziz (PMN) tem 49% de intenções de voto. Em segundo lugar, aparece o candidato Alfredo Nascimento (PR), com 37%. Omar Aziz deve levar a disputa no primeiro turno, principalmente escudado na força de Eduardo Braga, que é o líder na disputa para o Senado. Mesmo que ele tenha registrado uma leve queda (erro amostral) de 2%, pois em junho (campo 12 a 17) ele apareceu com 51%, enquanto Alfredo Nascimento (PR) aparecia com 36%. Trata-se de uma simples acomodação amostral.

No Distrito Federal, Joaquim Roriz (PSC), com o 135 e tudo, lidera a disputa pelo governo do Distrito Federal com 41% das intenções de voto, de acordo com pesquisa Datafolha. Apesar da dianteira, a diferença para o segundo colocado, Agnelo Queiroz (PT), que era de 13 pontos percentuais na rodada anterior, caiu para oito -o petista tem 33%. Um quadro complicado e Roriz, depois da crise do Ficha Limpa, vai ter de enfrentar uma pedreira. O segundo turno se aproxima.

No Paraná, Beto Richa (PSDB) abriu vantagem de 12 pontos sobre Osmar Dias (PDT). Segundo pesquisa Datafolha feita de 9 a 12 de agosto, Richa tem 46% de intenção de voto, contra 34% de Dias. No levantamento anterior, feito de 20 a 23 de julho, a vantagem de Richa era de apenas cinco pontos: 43% a 38%. Os demais candidatos, Paulo Salamuni (PV), Amadeu Felipe (PCB), Robinson de Paula (PRTB), Avanilson (PSTU) e Bergmann (PSOL), não chegaram a 1% cada. Se as eleições fossem hoje, o ex-prefeito de Curitiba seria eleito no primeiro turno, mas o quadro permanece incerto pelo menos até 30 de agosto. Se permanecer em tendência de crescimento, Richa pode liquidar a batalha logo no dia 3 de outubro.

No Rio Grande do Sul, a atual governador e candidata Yeda Crusius (PSDB) está com sinal amarelo em sua campanha, já que a campanha está se polarizando entre Tarso Genro e José Fogaça. A última pesquisa do Datafolha apontou que o candidato do PT, Tarso Genro, lidera a disputa pelo governo do Rio Grande do Sul com 38% das intenções de voto. O petista ampliou a dianteira para 11 pontos percentuais em relação a José Fogaça (PMDB), que tem 27%. Na rodada anterior, a diferença entre eles era de oito pontos. Yeda Crusius (PSDB) aparece em terceiro lugar com apenas 16%. Há muita briga pela frente pelos lados gaúchos.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Prática Totalitária


Dilma Rousseff mentiu mais uma vez. Na sua entrevista ao Jornal Nacional da TV Globo, a despreparada candidata petista disse que no primeiro mandato o governo Lula custou a fazer obras porque teve de enfrentar a inflação descontrolada. Só para repor a veracidade dos fatos, quem enfrentou a inflação foi o Plano Real, instituído no governo Itamar Franco, quando FHC era ministro da Fazenda. Naquela época (dados citados por Miriam Leitão – O Globo), julho de 1994, o acumulado de 12 meses estava em 5.000%.

Já em 2002, último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, quando a inflação teve um leve surto de alta, muito mais pela incerteza eleitoral criada pelo velho e esquecido discurso radical do PT, chegou somente ao patamar dos 12.5%.

E a ironia -que Dilma Rousseff faz questão de não levar em conta, pela deliberada vontade de manipular- é que aquele arranco de alta foi reduzido pelo instrumental criado no Plano Real que o PT havia renegado (votou contra), mas que segue literalmente até hoje. Qual o objetivo de Dilma ao fazer tal afirmação? É reproduzir no imaginário das pessoas o flagelo da inflação vivido antes do Plano Real. Vê-se claramente uma típica atitude, como classifica o filósofo Alexandre Koyré (veja texto abaixo), de quem segue preceitos de regimes totalitários: “em suas publicações, em seus discursos e, evidentemente, em sua propaganda, os representantes dos regimes totalitários pouco se importam com a verdade objetiva.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A Verdade da Mentira


A mentira é uma coisa tão séria que muitos e renomados estudiosos escreveram sobre ela. Tal assunto não mereceria uma abordagem mais acurada se não fossem os ocupantes do poder central acusados de fazer uso da mentira repetidas vezes. Seria, então, a política o mundo mais fértil para proliferar a mentira? A cientista política Hannah Arendt(1) lembra que as "as mentiras sempre foram consideradas instrumentos necessários e legítimos, não somente do ofício do político ou do demagogo, mas também do estadista”. O filósofo e professor Jacques Derrida(2) diz que a mentira não é um fato ou um estado, é um ato intencional, um mentir – não existe a mentira, há este dizer ou este querer-dizer que se chama mentir. Para alinhavar uma definição, mentir, para Derrida, seria dirigir a outrem (pois não se mente senão ao outro, não se pode mentir a si mesmo, a não ser a si mesmo enquanto outro) um ou mais de um enunciado, uma série de enunciados (constativos ou performativos) cujo mentiroso sabe, em consciência, em consciência explícita, temática, atual, que eles formam asserções total ou parcialmente falsas. Quando alguém mente, o que conta, em primeiro e último lugar, é a intenção. Era o que sempre afirmava o sábio Santo Agostinho (cita de Jacques Derrida): "não há mentira, apesar do que se diz, sem intenção, desejo ou vontade de enganar" (fallendi cupiditas, voluntas fallendi).

Mentir não é enganar-se nem cometer erro; não se mente dizendo apenas o falso, pelo menos se é de boa fé que se crê na verdade daquilo que se pensa ou daquilo acerca do que se opina no momento. Mentir é querer enganar o outro, às vezes até dizendo a verdade. Pode-se dizer o falso sem mentir, mas pode-se dizer o verdadeiro no intuito de enganar, ou seja, mentindo. Para Santo Agostinho, talvez em busca de imunizar-se, não mente quem acredita (ou crê) naquilo que diz, mesmo que isto seja falso. Immanuel Kant definia a veracidade como um dever formal absoluto. Para ele, a mentira é o mau “a priori” em si mesmo, na sua imanência, sejam quais forem as motivações e consequências. “Se não se banir incondicionalmente a mentira, destrói-se o laço social da humanidade em seu próprio princípio. Nessa pura imanência é que reside a sacralidade ou santidade do mandamento racional de dizer o verdadeiro, de querer dizer o verdadeiro” (cita de JD). O filósofo Alexandre Koyré(3), na mesma linha de Arendt, publicou (Nova York, em 1943) texto, sob o título de “The political function of the modern lie”, em que afirma que “nunca se mentiu tanto quanto em nossos dias. Nunca se mentiu de forma mais descarada, sistemática e constante." Ele prossegue dizendo que nesse campo os regimes totalitários inovaram poderosamente. Em outro trecho de sua publicação, Koyré assinala que, “em suas publicações (mesmo naquelas que se dizem científicas), em seus discursos e, evidentemente, em sua propaganda, os representantes dos regimes totalitários pouco se importam com a verdade objetiva. Transformam a seu bel-prazer o presente e até o passado. Situam-se além da verdade e da mentira”.

A semelhança bate na cara. Uma mentira é verdade até que se prove o contrário. Quando deixou que fosse dito em seu currículo que tinha mestrado e doutorado (área de economia), Dilma teve a intenção de enganar, e a prova em contrário não se fez esperar. Mentira absoluta. Lula disse que não sabia de nada no episódio do Mensalão (mentira?). Dilma negou que sua principal assessora, Erenice Guerra, secretária-executiva da Casa Civil, tivesse ordenado levantamento de despesas realizadas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sua mulher Ruth e ministros da gestão tucana a partir de 1998(mentiu?). Não devemos confundir mentiras pessoais com mentiras de estado. Claro que a mentira, em uma análise no tempo, perpassa pela história da cristianização, passa pelos pseudos da Grécia e vai até a República de Platão. Os Estados Unidos bombardearam o Iraque arrimados na informação de que aquele país teria um arsenal atômico. Era verdade? O ditador do Iran, Mahmoud Ahmadinejad, é acusado de beneficiar urânio com objetivos belicosos. Ele afirma (mente ou não?) que tem objetivos pacíficos. Em “Mein Kampf”, muitos consideram, Hitler criou uma teoria da mentira. Jacques Chirac, que foi primeiro-ministro da França de 1974 a 1976 e de 1986 a 1988 e foi também presidente de 19995 a 2002, reconheceu solenemente a responsabilidade, ou seja, a culpabilidade do Estado francês durante a ocupação nazista na deportação de dezenas de milhares de judeus, na instauração de um estatuto dos judeus e em numerosas iniciativas que não foram tomadas apenas sob a coação do ocupante nazista, um crime contra a humanidade. O papa Bento XVI pediu desculpas pelo papel da Igreja durante o holocausto. A mentira não sobrevive indefinidamente (será?).


1. Hannah Arendt, Truth and politics, em Between past and future: eight exercises in political thought, New York, The Viking Press, 1968, p. 252-253 e ss.
2. Jacques Derrida, filósofo, é professor da École Pratique des Hautes Etudes en Sciences Sociales da Universidade de Paris e ex-professor da École Normale Supérieure. Tornou-se internacionalmente conhecido pelos livros L'ecriture et la différence e De la grammatologie, ambos traduzidos no Brasil.
3. Alexandre Koyré, La fonction politique du mensonge moderne, em Rue Descartes 8/9, Collège International de Philosophie, Paris, Albin Michel, nov. 1993.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Eleições no Brasil - Governador III

ALAGOAS – AGRESSÕES E POLÊMICA

Carregando um rastro de sangue e de corrupção, o ex-presidente e atual senador, Collor de Mello (PTB), com mais 4 anos de mandato, prossegue sua trajetória de retorno político, agora pleiteando o governo de Alagoas. O início da campanha está sendo marcado por polêmicas e agressões. Começou com o surpreendente lançamento, em meio a contestações, e seguiu com a proibição judicial do uso associativo dos nomes de Lula e de Dilma Rousseff. Depois, ligou para sucursal da revista Istoé, em Brasília, e ameaçou o jornalista Hugo Marques: “quando eu lhe encontrar, vai ser para enfiar a mão na sua cara, seu fdp”. O telefonema foi gravado. A ligação foi consequência de uma matéria publicada na última edição de IstoÉ, na qual o jornalista relatava que todos os candidatos ao governo de Alagoas e 87% dos que concorrem ao Legislativo local têm algum tipo de problema com a Justiça.
Mesmo assim, Collor de Mello lidera a preferência do eleitorado, segundo pesquisa do Ibrape, realizada entre 9 e 13 de julho. Collor apareceu com 38%, o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) com 26% e o atual governador, Téo Vilela (PSDB), saiu com 21%. Mário Agra (Psol), 1%. Jeferson Piones (PRTB) e Tony Cloves (PCB) tiveram menos de um ponto percentual. O levantamento, contratado pelo PMDB alagoano, teve 2 mil entrevistas e foi registrado no TRE-AL com o número 7.322/2010. O Ibrape também verificou os números para a Presidência da República. O candidato José Serra (PSDB) e a candidata Dilma Rousseff (PT) apareceram empatados tecnicamente. O tucano aparece com 41% e Dilma tem 37% da preferência. Marina Silva (PV) tem 6%. Outros candidatos, juntos, somam 1%. Brancos, nulos e indecisos são 15%. Em eventual 2º turno, Serra teria 44% dos votos em Alagoas. Dilma, 40%. Brancos, nulos e indecisos seriam 16%.

Comentário – A candidatura de Collor de Mello mexeu a panela da sucessão de Alagoas, deixando o quadro cercado pela imprevisibilidade. A vantagem de Collor e o apoio declarado do senador Renan Calheiros não garantem sua presença no segundo turno, que certamente virá. O ex-governador Ronaldo Lessa e o atual governador Teotônio Vilela têm gordura para queimar e vão fazer uma campanha dura. O risco maior é vitimizar o ex-presidente aos olhos do povo. Será uma campanha de golpes baixos, com o marketing direcionado aos ataques.

SERGIPE – DISPUTA REPETIDA

Marcelo Déda, atual governador e candidato à reeleição, fez uma carreira que só deslanchou com a subida do PT ao governo. Até então não conseguia votos para uma eleição de vereador. Em 2000 foi eleito prefeito de Aracaju e reeleito em 2004, com 72,38% dos votos. Renunciou dois anos depois para concorrer ao governo do Estado, enfrentando João Alves Filho (DEM), que já foi governador por três vezes. Venceu com 52,48% dos votos no primeiro turno. Agora, o mesmo embate vai mobilizar os sergipanos. Déda luta pela reeleição e João Alves luta para lhe tomar o lugar. Há pesquisas recentes, mas não registradas. O último levantamento foi registrado pelo instituto Dataform (15 a 17 de junho) e mostrou o governador/candidato Marcelo Déda (PT) com 41%, seguido pelo ex-governador João Alves (DEM), com 34,4%. Vera Lúcia (PSTU) tem 3,2%; Pastor Arivaldo (PSDC), 1,6%; Nilson Lima (PPS), 1,3%; Reynaldo Nunes (PV), 0,8%; Leonardo Dias (PCB), 0,4%. A pesquisa foi realizada para o jornal Cinform, ouviu 1.067 eleitores, tem margem de erro de três pontos percentuais e foi registrada no TRE-SE com o número 5.829/2010.

Comentário – Pesquisas feitas pelos partidos, mas não registradas e, portanto, para controle interno, apontam que a situação entre os dois principais candidatos permanece estável, com leve tendência de crescimento de João Alves. Marcelo Déda não repetiu no governo o sucesso que obteve na Prefeitura de Aracaju e não consegue abrir vantagem que lhe garanta uma vitória de primeiro turno. O desenvolvimento da campanha aponta para um acirramento eleitoral. Até na rejeição, os dois candidatos apresentam números semelhantes. 27,1% dizem que de forma alguma votariam em João Alves, enquanto 24,455 garantem que da mesma forma não votariam de jeito nenhum em Marcelo Déda. Será uma campanha voltada para propostas, com valorização dos erros e pontos fracos de cada um. Em Sergipe, vale muito o bloco de aliados que o candidato consegue reunir. João Alves tem levado vatagem por ter ao seu lado as lideranças mais conhecidas. Disputa que tende a ser resolvida somente em segundo turno.

BAHIA – BASE DE LULA EM CONFRONTO

A primeira pesquisa eleitoral realizada pelo Datafolha após a oficialização das candidaturas revela que Jaques Wagner (PT) lidera a disputa, com 44% das intenções de voto. O atual governador é seguido pelo candidato Paulo Souto (DEM), com 23% das menções, pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), com 13%, e pelos candidatos Bassuma (PV), e Professor Carlos (PSTU), ambos com 1%. Foram citados, mas não alcançaram 1% das intenções de voto os candidatos Marcos Mendes (PSOL) e Sandro Santa Bárbara (PCB). Afirmam votar em branco ou anular o voto, 5% e outros 14% não sabem em quem votar. O levantamento ouviu 1.086 eleitores baianos entre os dias 20 e 23 de julho de 2010, em 51 cidades do estado da Bahia. A margem de erro desta pesquisa é de 3,0 pontos percentuais para mais ou para menos.

Comentário – Disputa na Bahia ainda não mostra clareza quanto a uma decisão de primeiro turno, embora a possibilidade apareça. Três são os candidatos mais competitivos e o segundo turno vai depender do desempenho de Paulo Souto e Geddel Vieira Lima, este em aberta disputa com Wagner pelo apadrinhamento de Lula, principalmente depois que a pesquisa mostrou que 48% afirmam que votariam no candidato apoiado por Lula, 25% talvez votassem nesse candidato, e 22% não votariam em um candidato apoiado pelo presidente. Por enquanto, é Jaques Wagner quem está faturando a popularidade de Lula. Para a maioria dos entrevistados (57%), o presidente Lula está apoiando o atual governador Jaques Wagner para a sucessão baiana, enquanto 6% dizem que Lula apoia o ex-ministro Geddel Vieira Lima e 3% dizem que ele apoia o ex-governador Paulo Souto. Dos entrevistados, 33% não sabem quem o presidente apoia na Bahia. O arrastão de Lula é a aposta de Wagner para vencer no primeiro turno.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A Pesquisa do IBOPE Mantém Tendência

Este blog atrasou um pouco a publicação da situação política de Alagoas, Sergipe e Bahia, fechando o ciclo do Nordeste, em virtude da rodada de pesquisa realizada pelo Ibope em vários estados, entre eles Bahia, Ceará (veja abaixo) e Pernambuco. Nos três estados a situação não se alterou de forma a merecer reparos imediatos, pois foi a tomada de posição do Ibope depois da homologação das candidaturas nas convenções. A seguir, leia a análise dos números do Ibope do Ceará e Pernambuco e a situação nos em Alagoas, Sergipe e Bahia.

A 'TRISTE PARTIDA' DA OPOSIÇÃO

O Ibope publicou no Diário do Nordeste a sua primeira pesquisa para governador do Ceará pós-homologação oficial das candidaturas. O Ibope (campo, dias 30/07 e 01/08/10) saiu quinze dias depois do DataFolha (campo, dias 14 e 15/07/10), publicada no Jornal O Povo. Não há pretensão de fazer qualquer análise comparativa dos resultados. O objetivo é tão somente tomar como marco inicial de campanha um e outro levantamento. Veja os números do DataFolha: Cid F. Gomes(PSB) - 47%; Lúcio Alcântara(PR) - 26%; Marcos Cals (PSDB) - 7%. Francisco Gonzaga (PSTU) - 3% das; Soraya Tupinambá (Psol) - 1%. Marcelo Silva (PV) e Maria da Natividade (PCB) foram citados, mas não alcançaram 1%. Agora, os números do Ibope: Cid F. Gomes - 49%; Lúcio Alcântara - 24%; Marcos Cals - 9%; Marcelo Silva, Soraya Tupinambá e Francisco Gonzaga tem - cada um - 1% dos votos, enquanto Maria da Natividade não pontuou.

Não se compara pesquisas de diferentes institutos porque cada um deles executa uma metodologia diferente. A comparação só é válida, para que se estabeleça um quadro da evolução das candidaturas, a não ser que haja grandes discrepâncias (aí estará exposto um problema), em resultados seguidos de um mesmo instituto. O que se pode dizer, então, tomando como base os resultados de uma e de outra pesquisa? Há que se considerar que transcorreram 15 dias entre os levantamentos de campo do DataFolha e do Ibope e que, apesar desse período, em que os candidatos estiveram em intenso trabalho, o panorama inicial apresentado pelo Ibope é semelhante ao do DataFolha. Pode-se apontar, a partir daí, tendências. Nada além do que se poderia, em uma análise mais acurada, ter apontado na leitura do resultado da primeira pesquisa. A tendência que se observa agora tem mais força, em razão do decurso de 15 dias de trabalho, um tempo exíguo, principalmente para quem carrega pouco conhecimento. Mas, considerável para quem está de taxa cheia de conhecimento –casos de Lúcio e Cid F. Gomes.

Este segundo retrato da corrida eleitoral, tão logo iniciada, apesar de feito por máquinas fotográficas diferentes, revela tendência de consolidação do candidato Cid F. Gomes num patamar confortável, que abre clara perspectiva de vitória logo no primeiro turno (conquista de mais da metade dos votos válidos). Na parte restante dos votos válidos (menos da metade), revolvem-se os outros postulantes, quatro marcando posição, sem qualquer chance de alcançar um alentado patamar, e dois –Lúcio e Marcos Cals- lutando, sem rumo definido, para vencer a barreira, sem sequer conhecer as coordenadas. Lúcio, com saturado conhecimento, trepida na quota dos 25%, enquanto Cals (com 9%) revela tendência de crescimento lento, mas constante, fruto do seu desconhecimento, e avançará mais rápido quando o tambor televisivo levar mais longe e tornar mais abrangente sua mensagem.

O mais desalentador é que Lúcio e Cals disputam a mesma faixa eleitoral. Nenhum deles avançou na faixa de domínio situacionista, território que obrigatoriamente devem invadir se quiserem mudar o rumo eleitoral que se anuncia. Se alguma chance há está mais perto de Cals do que de Lúcio. O governador/candidato, Cid F. Gomes já disse, embora sem ter como afirmar cientificamente, que o momento social que se vivencia é de continuísmo e não de mudança. Em verdade, o território não está, ainda, mapeado eleitoralmente, o que significa que será mapeado como continuísta ou mudancista de acordo com a eleição (escolha) racional do eleitor. Por outras palavras, o eleitor mudará se estiver convencido que alguém da oposição poderá fazer mais e melhor por ele e/ou por sua comunidade. Lúcio, ele conhece de sobra e sabe que, mesmo sendo mais acessível e menos orgulhoso e oligarca, teria desempenho semelhante ou até inferior. Marcos Cals, ele conhece pouco. Em uma novela que se inicia a cada capítulo o autor vai agregando valores ao mocinho (personagem principal), tornando-o conhecido e habilitando-o a vencer todos os obstáculos para sair vitorioso ao final. Uma trilha mais fácil para Marcos Cals. Um “remake” de Lúcio é menos crível. É preciso melhorar muito, no conteúdo e na forma. Lúcio, um roteiro mais difícil, exige um rompimento epistemológico. Cals precisa de valores mais definidos e ousados, ultrapassar algumas contradições e controlar o pescoço de ventilador que areja o teto. Tem ao seu lado um modelo: Tasso Jereissati (passa ao eleitor a confiança de que faria mais e melhor pelo Ceará). Mas só a vizinhança não vai colar a imagem, principalmente porque Jereissati está confortável em seus 63% de preferência eleitoral para o Senado. É ajustar os rumos.

FOLLOW-UP DE PERNAMBUCO

O Datafolha (20 a 23 de julho) mostrou que o governador Eduardo Campos (PSB) tinha 59% das intenções de voto. Jarbas Vasconcelos (PMDB) tinha 28%. Sérgio Xavier (PV), 1%. Os demais candidatos tiveram menos de 1% das indicações dos entrevistados. O Ibope (entre 30/07 e 02/08) registrou que Eduardo Campos tem 60%, contra 24% de Jarbas Vasconcelos. Anselmo Campelo (PRTB) e Edílson Silva (PSOL) aparecem com 1% das intenções de voto. Os candidatos Jair Pedro (PSTU), Roberto Numeriano (PCB) e Sérgio Xavier (PV) não alcançaram 15 das citações (para pontuar). Situação que consolida a posição de Eduardo Campos e o credencia para uma vitória tranquila no primeiro turno. Para melhor entender o favoritismo de Eduardo Campos, comparando com a situação do Ceará, ele tem a vantagem de enfrentar apenas um adversário competitivo –Jarbas Vasconcelos, fartamente conhecido do eleitor. Desse modo, o mocinho está definido.