Este blog atrasou um pouco a publicação da situação política de Alagoas, Sergipe e Bahia, fechando o ciclo do Nordeste, em virtude da rodada de pesquisa realizada pelo Ibope em vários estados, entre eles Bahia, Ceará (veja abaixo) e Pernambuco. Nos três estados a situação não se alterou de forma a merecer reparos imediatos, pois foi a tomada de posição do Ibope depois da homologação das candidaturas nas convenções. A seguir, leia a análise dos números do Ibope do Ceará e Pernambuco e a situação nos em Alagoas, Sergipe e Bahia.
A 'TRISTE PARTIDA' DA OPOSIÇÃO
O Ibope publicou no Diário do Nordeste a sua primeira pesquisa para governador do Ceará pós-homologação oficial das candidaturas. O Ibope (campo, dias 30/07 e 01/08/10) saiu quinze dias depois do DataFolha (campo, dias 14 e 15/07/10), publicada no Jornal O Povo. Não há pretensão de fazer qualquer análise comparativa dos resultados. O objetivo é tão somente tomar como marco inicial de campanha um e outro levantamento. Veja os números do DataFolha: Cid F. Gomes(PSB) - 47%; Lúcio Alcântara(PR) - 26%; Marcos Cals (PSDB) - 7%. Francisco Gonzaga (PSTU) - 3% das; Soraya Tupinambá (Psol) - 1%. Marcelo Silva (PV) e Maria da Natividade (PCB) foram citados, mas não alcançaram 1%. Agora, os números do Ibope: Cid F. Gomes - 49%; Lúcio Alcântara - 24%; Marcos Cals - 9%; Marcelo Silva, Soraya Tupinambá e Francisco Gonzaga tem - cada um - 1% dos votos, enquanto Maria da Natividade não pontuou.
Não se compara pesquisas de diferentes institutos porque cada um deles executa uma metodologia diferente. A comparação só é válida, para que se estabeleça um quadro da evolução das candidaturas, a não ser que haja grandes discrepâncias (aí estará exposto um problema), em resultados seguidos de um mesmo instituto. O que se pode dizer, então, tomando como base os resultados de uma e de outra pesquisa? Há que se considerar que transcorreram 15 dias entre os levantamentos de campo do DataFolha e do Ibope e que, apesar desse período, em que os candidatos estiveram em intenso trabalho, o panorama inicial apresentado pelo Ibope é semelhante ao do DataFolha. Pode-se apontar, a partir daí, tendências. Nada além do que se poderia, em uma análise mais acurada, ter apontado na leitura do resultado da primeira pesquisa. A tendência que se observa agora tem mais força, em razão do decurso de 15 dias de trabalho, um tempo exíguo, principalmente para quem carrega pouco conhecimento. Mas, considerável para quem está de taxa cheia de conhecimento –casos de Lúcio e Cid F. Gomes.
Este segundo retrato da corrida eleitoral, tão logo iniciada, apesar de feito por máquinas fotográficas diferentes, revela tendência de consolidação do candidato Cid F. Gomes num patamar confortável, que abre clara perspectiva de vitória logo no primeiro turno (conquista de mais da metade dos votos válidos). Na parte restante dos votos válidos (menos da metade), revolvem-se os outros postulantes, quatro marcando posição, sem qualquer chance de alcançar um alentado patamar, e dois –Lúcio e Marcos Cals- lutando, sem rumo definido, para vencer a barreira, sem sequer conhecer as coordenadas. Lúcio, com saturado conhecimento, trepida na quota dos 25%, enquanto Cals (com 9%) revela tendência de crescimento lento, mas constante, fruto do seu desconhecimento, e avançará mais rápido quando o tambor televisivo levar mais longe e tornar mais abrangente sua mensagem.
O mais desalentador é que Lúcio e Cals disputam a mesma faixa eleitoral. Nenhum deles avançou na faixa de domínio situacionista, território que obrigatoriamente devem invadir se quiserem mudar o rumo eleitoral que se anuncia. Se alguma chance há está mais perto de Cals do que de Lúcio. O governador/candidato, Cid F. Gomes já disse, embora sem ter como afirmar cientificamente, que o momento social que se vivencia é de continuísmo e não de mudança. Em verdade, o território não está, ainda, mapeado eleitoralmente, o que significa que será mapeado como continuísta ou mudancista de acordo com a eleição (escolha) racional do eleitor. Por outras palavras, o eleitor mudará se estiver convencido que alguém da oposição poderá fazer mais e melhor por ele e/ou por sua comunidade. Lúcio, ele conhece de sobra e sabe que, mesmo sendo mais acessível e menos orgulhoso e oligarca, teria desempenho semelhante ou até inferior. Marcos Cals, ele conhece pouco. Em uma novela que se inicia a cada capítulo o autor vai agregando valores ao mocinho (personagem principal), tornando-o conhecido e habilitando-o a vencer todos os obstáculos para sair vitorioso ao final. Uma trilha mais fácil para Marcos Cals. Um “remake” de Lúcio é menos crível. É preciso melhorar muito, no conteúdo e na forma. Lúcio, um roteiro mais difícil, exige um rompimento epistemológico. Cals precisa de valores mais definidos e ousados, ultrapassar algumas contradições e controlar o pescoço de ventilador que areja o teto. Tem ao seu lado um modelo: Tasso Jereissati (passa ao eleitor a confiança de que faria mais e melhor pelo Ceará). Mas só a vizinhança não vai colar a imagem, principalmente porque Jereissati está confortável em seus 63% de preferência eleitoral para o Senado. É ajustar os rumos.
FOLLOW-UP DE PERNAMBUCO
O Datafolha (20 a 23 de julho) mostrou que o governador Eduardo Campos (PSB) tinha 59% das intenções de voto. Jarbas Vasconcelos (PMDB) tinha 28%. Sérgio Xavier (PV), 1%. Os demais candidatos tiveram menos de 1% das indicações dos entrevistados. O Ibope (entre 30/07 e 02/08) registrou que Eduardo Campos tem 60%, contra 24% de Jarbas Vasconcelos. Anselmo Campelo (PRTB) e Edílson Silva (PSOL) aparecem com 1% das intenções de voto. Os candidatos Jair Pedro (PSTU), Roberto Numeriano (PCB) e Sérgio Xavier (PV) não alcançaram 15 das citações (para pontuar). Situação que consolida a posição de Eduardo Campos e o credencia para uma vitória tranquila no primeiro turno. Para melhor entender o favoritismo de Eduardo Campos, comparando com a situação do Ceará, ele tem a vantagem de enfrentar apenas um adversário competitivo –Jarbas Vasconcelos, fartamente conhecido do eleitor. Desse modo, o mocinho está definido.
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