quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O Marketing é o Culpado

Marqueteiro é como treinador de futebol. Todo mundo quer ser. Criticam Serra por subir o tom de crítica da campanha. Patrulhamento petista. É risco? Sim, há um risco porque a crítica deve ser bem feita e onde dói. Agora, é bom ponderar que Serra não tem outro caminho. Não se barra uma queda sem produzir um choque. Debate Uol/Folha foi o primeiro round. Se Serra recuar é o mesmo que dizer adeus.

CRISE NA CAMPANHA MARCOS CALS

No momento em que deveria estar tranquilo para crescer, com um programa bom e bem posicionado, a campanha de Marcos Cals (PSDB-CE) entra em crise. A cúpula do marketing leva uma rasteira, gerada pela intriga comum em campanha. Todos viram, na estréia, que o programa eleitoral saiu ridículo (veja comentários abaixo). Agora, Jereissati, por suas ligações passadas, coloca à frente do marketing a produtora Sandra Kraucher (especialista em rasteira). Kraucher chegou ao Ceará nos idos tempos do Cambeba, trazida pelo então especialista em questionário de pesquisa, Antônio Lavareda (pernambucano) e pelo diretor de TV, Einhart Jácome (virou cunhado de Ciro, casando com Lia F. Gomes). Depois, ela montou uma produtora (Companhia da Imagem) em parceria com seus dois patronos e ficou no mercado até o fim da era Tasso. No governo Lúcio, que tinha seu time, Kraucher caiu fora e saiu do Ceará. Agora, é rediviva, como marqueteira. Sei que as pessoas evoluem. Lavareda foi levado por Jereissati para o governo FHC, ficou rico, se tornou o mago das pesquisa e também marqueteiro. Einhart Jácome também virou marketeiro, arrimado na família Gomes, depois de passar algum tempo manipulando o mercado no Ceará (governo Ciro), através da agência Criação & Ltda., em parceria com o publicitário Fernando Costa (minoritário).

Marcos Cals, que não tem nada a ver com isso tudo, está pagando o preço, que pode sair mais caro e extrapolar ao próprio Jereissati. Só resta o caminho de tentar arrumar o campo minado do marketing da campanha. Marketing é assim mesmo, quase nunca é responsável pela eleição, mas é sempre culpado na derrota. Ajustar a rota em pleno voo (nova ortografia) é sempre complicado. Kraucher deve até ficar, mas um especialista em campanha eleitoral deve ser contratado para ajustar forma (principalmente) e conteúdo. A não ser que a campanha de Marcos Cals seja um jogo de faz de conta.

QUE CAMINHO RESTA

O que escrevi no tópico inicial vale para as campanhas aqui no Ceará. Marcos Cals, que precisa atingir pelo menos 20% nas pesquisa até o final de agosto, se quiser continuar sonhando com o segundo turno, patinha no uso de seu palanque eletrônico, o mais importante para subir seu conhecimento. O irônico de tudo é que Jereissati quem inovou na qualidade do palanque eletrônico (TV) no passado (campanha de 1986). Agora, quando é necessário um novo salto, ele vacila e cai no formato tradicional e carcomido.

Cid F. Gomes, como se diz por aí, está na dele. Não precisa fazer muito. Basta-lhe apresentar o canteiro de obras (à moda JURACY FAZ), ou fazer uma prestação de contas do seu governo (como falou em seu tradicional programa), massificar seu jingle plagiado de Luzianne Lins (campanha 2008) e correr para a galera (palavra horrenda). Por que tentar inovar? Não precisa.

Caberia a Lúcio Alcântara (PR-CE) mostrar algo mais criativo. Mas com pouco tempo de TV e a equipe (paulista) que montou, é melhor não esperar muita coisa. Mostrou, na estréia, um programa burocrático e esteticamente fraco. Há também a dubiedade de Lúcio. Ele insite em sua identificação como aliado de Lula. O diabo é que o presidente já apareceu na campanha do Cid F. Gomes e a imagem está colada. Sobra muito pouco. Mesmo erro que cometeu na eleição passada. Esqueça o Lula e aumente o tom de sua crítica (onde dói), que melhora. Substitua os comerciais (mais valiosos) que primam por uma frase de rima infame, apenas para colocar o slogan da coligação, e tente falar e agir da forma da entrevista da TV Verdes Mares. O ganho, poderá não ser suficiente para um salto, mas vai fazer o adversário suar.

Vou repetir. Só resta aos dois opositores subir o tom da campanha, sem medo do patrulhamento dos aliados do governo oligarca e dos colunistas comprados. Claro que representa um risco, mas não há outro caminho, em virtude da premência do tempo. Fazer crítica, como fazer humor, é só para quem sabe. Não há outra forma de cortar, estancar trajetórias ascendentes. O rompimento deve ser ab-rupto (nova ortografia) e deve induzir o eleitor a repensar conceitos e opiniões. A coragem (não a covardia) deve ser a marca de uma campanha, que visa a conquista de território adversário. Esconder aliados não evita perdas. O presidente francês, Nicolas Sarkosy teve a coragem de assumir políticas ditas de direita e venceu a eleição. No caso de Lúcio (que apoia Lula, mas não é apoiado por ele) é uma atitude inócua, mas no caso de Marcos Cals, esconder Serra é uma covardia que nada soma.

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