Os fatos estão ocorrendo aos borbotões, aqui como alhures, em todas as áreas. Momento muito rico. Claro que no meio disso tudo, alguns teimem em bater na mesma tecla, ainda que desconhecedores em profundidade do assunto. É o caso do jornalista Fábio Campos, da coluna Política do jornal O Povo. Teima em receber e publicar comentários sobre o Ronda sem e nem cabeça. Apostar no conflito entre o velho e o novo é um tipo de caminho velho, manjado e óbvio. Mas o miolo do problema não é isso. O problema é que se está construindo uma casa nova em cima de uma estrutura cheia de ranhuras e mal-remunerada. E, todos sabemos, não se pode tratar desigualmente o que deveria ser igual. Criar, vamos dizer, um segmento de elite dentro de um organismo policial (ou outro qualquer) é possível, mas o corpo existente não pode ser abandonado ou execrado, principalmente, se só o novo membro da corporação não vai dar conta do trabalho todo. O velho corpo tem de ser utilizado para assegurar, mesmo que em pequena escala, o sucesso. Alimentar, via matérias pagas, a divisão é aumentar a ferida.
O DISCURSO SERÁ O MESMO
O jornalista, no afã de prestar serviço, faz uma análise enviesada. Diz que o discurso será abafado pelo Ronda. Pelo contrário, o Ronda vai fortalecer a necessidade de uma discussão mais ampla do tema. Preste atenção jornalista, Fortaleza não é o centro do mundo e o crime é abrangente e dinâmico. Quando a ação é tópica, como é o caso, ele se muda, busca novos métodos e formas. Basta ver (e ler) os jornais e os noticiários eletrônicos para pegar a pista. Se as ruas passam a sensação de segurança, dentro de casa a insegurança toma conta. Basta ver a manchete do Diário do Nordeste: “Assaltos às residências de veraneio geram pavor”. O crime saiu de algumas áreas públicas de Fortaleza e foi para o cinturão metropolitano da capital. Evidente que é elogiável em qualquer hipótese a iniciativa do Ronda, mas há muitos pontos a corrigir, e acrescentar. Já disse aqui, em outros comentários, que é preciso somar ao ronda (policiamento motorizado preventivo, ostensivo) o trabalho de investigação, de polícia judiciária e a polícia de terreno (o policial a pé ou o antigo cosme-damião). Por aí se vê que o governo do Estado só não vai resolver. Não tem efetivo, não tem meios (incluindo dinheiro) suficientes e tampouco o conhecimento necessário. O governo federal (com o mesmo problema no Brasil inteiro), as prefeituras e a sociedade devem ser chamados a uma participação efetiva.
... E OS OUTROS FATOS
Estendemos um pouco o comentário sobre o problema da segurança pela sua premência e pelo equívoco a que querem nos induzir. Vamos aos outros fatos:
O governo Lula nunca esperou uma rejeição tão forte ao anunciado aumento de imposto. Agora, depois do ADIM do Democratas, o STF deu prazo de 10 dias para que o governo justifique a necessidade do aumento do imposto, que até o vice-presidente José Alencar ficou contra.
- E a Patrícia Gomes, digo Sabóia, pegou a deixa da repercussão negativa do aumento de imposto e está dizendo eleitoreiramente, como o vice-presidente, que o “aumento é um remendo” e que o seu partido (agora é o PDT) vai reavaliar o caso. Aí sabe o que faz, e diz.
- Outra chibatada atingiu o lombo do governo Lula. O ministro Marco Aurélio, do STF, disse ser inconstitucional a extensão do “bolsa família” para os jovens, coincidentemente no ano eleitoral. E ainda vem o papangu do ministro da Justiça, Tarso Genro, que precisa explicar o caixa 2 da construção da sede do PT de Porto Alegre (conforme denúncia do ex-ministro Zé Dirceu) dizer que o “bolsa” não tem influência eleitoral. Ou é um idiota ou sabido demais.
- Fiquei esperando para ver se alguém falaria sobre uma matéria que saiu no jornal O Estado (o nosso) sobre uma triangulação na execução do réveillon deste ano. É que a licitação foi ganha por uma firma de Goiás, mas quem executou o contrato foi a empresa T’Aí –produções e eventos, de propriedade de Andréia Carvalhedo F. Gomes. O contrato era de R$ 1.180 milhão e a empresa executante ganhou com a intermediação R$ 236 mil (20%). Dá para entender de quem essa empresa, não?
- Outra do Governo Lula. O ministro da Justiça, o iluminado Tarso Genro, quer endurecer as leis de trânsito. Embora o motivo seja nobre (tem mesmo de endurecer), o ministro tem, pelo menos, que aprender a copiar. Fala-se em Brasília até em fazer confisco em caso de reincidências de multas de trânsito. Melhor dizendo, a multa da reincidência seria igual ao valor do veículo. A Constituição, artigo 150, IV, veda utilizar o tributo como efeito de confisco. Os governistas estão se espelhando no que fez a Espanha. Lá, instituíram até a multa mensal. Copiem direito, por favor.
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