Sem ter muito a mostrar, a prefeita transformou a festa púbica do réveillon –realizada nos mesmos moldes em todo o Brasil– em um “grande ato político-eleitoral”, com direito a discurso e a elogios pagos na mídia. Sem dúvida, a polêmica resultante dos atos ilícitos praticados no igual evento em 2006/07 levou a que a festa de 2007/08 fosse ampliada e bem cuidada, inclusive no item de segurança. Este foi, ao invés de um ato político-eleitoral, um ato que poderíamos chamar de cívico-eleitoral. É a maior demonstração de que quando o ato é limpo todos ganham. Ganhou a administração municipal porque conseguiu realizar um bom evento; ganhou o povo, que foi brindado com uma bonita festa; ganharam também as lideranças políticas (ou não) que denunciaram as falcatruas da festa anterior, obrigando ao bom resultado do evento deste ano. Que sirva de lição –ainda que tardia– para a prefeita e seu imenso séqüito de aduladores. Pelo visto, porém, a lição mais produziu ódio do que humilde lição, a tirar pelo discurso raivoso da prefeita, condenando “os poderosos”. Bem, se os poderosos são aqueles que denunciaram a roubalheira, prestaram um bom serviço à causa democrática, porque o maior beneficiado foi o povo. E é para o povo que o poder público deve direcionar as suas ações.
E POR FALAR EM PODEROSOS...
Há alguns anos não ouvia a palavra “poderosos” sair da boca de quem detém o poder. A última vez foi na campanha eleitoral para governador de 1986. Saiu da boca do camaleônico Mauro Benevides (PMDB) num comício em Juazeiro do Norte. Era um comício de Tasso Jereissati (PMDB), que disputava com Adauto Bezerra (PFL) o trono estadual. Benevides (que sempre fora da panelinha do poder, embora em sigla diferente, não importava) estava ocasionalmente no palanque de Jereissati, que representava a situação, já que levava o apoio do governador Gonzaga Mota, após o rompimento com os coronéis. Benevides sempre falava antes de Jereissati, que sempre pedia para que ele (Benevides) criticasse fortemente os coronéis. Sempre ensebado, Benevides enrolava e não batia em ninguém. Mas, daquela vez, o evento era na casa dos coronéis e Jereissati foi enfático. Sem saída, Benevides respondeu lacônico: deixa comigo. Veio o momento do discurso, Benevides tomou a palavra e falou por mais de 15 minutos e nada contra Adauto ou os coronéis. Jeressati, quase apoplético, como sempre ocorre quando é contrariado, interpelou Benevides: “Mauro, cadê as críticas?” Benevides, no melhor estilo vaselina, respondeu: “Tasso, não ouviu aquela parte em que falei dos poderosos? São eles”. E assim foi até o final da campanha.
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