quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Festa de Arromba Sem Lei


O presidente Lula não foi com vergonha e como parte da estratégia de que nunca sabe de nada, seja de roubo no seu Governo ou do seu partido. Não compareceu, mas mandou todo o seu estado maior, que não se inibiu em prestar homenagem ao famigerado José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil de Lula e autor do abjeto mensalão. A festa dos 28 anos de fundação do PT, promovida para mil convidados, com direito a forró, custou R$ 90 mil, foi, em verdade, mais uma afronta à lei. Refiro-me à resolução do TSE de 2007, que proibiu detentores de cargos de confiança no governo de contribuir com seus partidos. Como é praxe do PT (e PC do B), os convites à festa custavam entre R$ 50 e 200. Desse modo, não restou aos ministros e assessores outro caminho que não burlar a lei recorrendo aos amigos para comprar os convites (até parece que infringir a lei é uma questão de convicção desse povo). Dirceu, processado pelo STF por corrupção ativa, formação de quadrilha e outros crimes, recebeu homenagens dos companheiros, transitou à vontade e até dançou forró. É o que ele merece dos iguais, ou não? Agora, quem dança mais José Dirceu e o PT ou o povo brasileiro?

So para que você não esqueça, veja o melô do Bolsa Família (You Tube).

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BANQUEIRO DE ESQUERDA
(OU O FIM DAS IDEOLOGIAS)

Adauto Bezerra, coronel da reserva do Exército, banqueiro, latifundiário e ex-presidente de Honra do Democratas, está costurando acordo com o PT e PSB (dois partidos tidos como de esquerda) para lançar seu irmão, Ivan Bezerra (secretário de Desenvolvimento do governo da oligarquia Gomes), como candidato a prefeito de Juazeiro do Norte. Exatamente por essa costura, Adauto saiu do partido ao perder o controle do Democratas em Juazeiro, que se define como oposicionista aos governos federal e estadual. A aliança que Adauto tenta construir é bem interessante, o que induz qualquer animal político a pensar que ele (AB) deu um giro à esquerda. Ou terá sido os partidos de esquerda que deram um giro à direita? Sem dúvida, todos são pustemas que querem o poder pelo poder.

JORNALISMO OU MARKETING?

Nem todo mundo entendeu ainda o papel dos veículos convencionais de comunicação (rádio, jornal e TV) levando em conta o rolo compressor da mídia ágil e interativa da comunicação por satélite e internetiana. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, pagou o preço por não captar essa mensagem. Cassou a concessão da TV comercial de maior audiência, levando-a para a área estatal, mas esqueceu a horizontalidade da comunicação, da qual é alavanca a internet e o celular. Resultado: perdeu o plebiscito. E assim, da mesma forma como mudam as relações de audiência (e leitura) da mídia convencional, também mudam (e não deveriam) o papel dos profissionais que fazem o produto final desses veículos. São mais profissionais de marketing – a serviço de quem paga, aos padrões ou direto ao profissional– que jornalistas ou radialistas. Se antes, os departamentos comercial e editorial trabalhavam cada um com sua autonomia, hoje são integrados, e o editorial se subordina ao comercial, como faz questão de dizer a diretora (herdeira) do jornal O Povo, Luciana Dummar. Os veículos convencionais vivem a plena transição de meio de informação jornalística para meio de propaganda de quem paga mais. E não só por questão de sobrevivência. Hoje, o que se vê em quase todos os veículos convencionais de comunicação são campanhas –contra ou a favor.

TRANSIÇÃO MAIS FÁCIL

Há pouco mais de um mês publicamos aqui neste espaço que as campanhas são uma necessidade da imprensa para influenciar a opinião de seu público, uma probabilidade cada vez mais difícil (veja os três tópico abaixo). Vamos relembrar o tema. Sabe-se que uma matéria isolada tem pouca memorabilidade. Assim mesmo uma campanha sobre um tema, fato ou pessoa, não tem garantia de memorabilidade, mas a probabilidade é muito maior. Há três tipos de campanha de imprensa: a pró-ativa, a reativa e a direcionada. A pró-ativa é quando um grupo de comunicação tem seu marketing de marca que fideliza seu público. Por exemplo, a Criança Esperança da TV Globo. A reativa é quando surge um problema ou fato e durante um período se faz uma cobertura em série, como no onze de setembro, na guerra do Iraque, no mensalão... A direcionada é uma campanha que tem um objetivo específico e conjuntural. Sempre é destrutiva. Quer dizer, é destrutiva para o adversário de quem paga (partido, corporação, empresário ou governante). No Brasil –no Ceará, principalmente– é assim que tem trabalhado a maioria dos veículos convencionais de comunicação


A MÍDIA DISTRIBUI INFORMAÇÕES
(PODE OU NÃO FORMAR OPINIÃO)

Não caiu ou poder de fogo da Comunicação. Apenas está diluído no multiverso de meios. Na sociedade da informação em que cada Pessoa recebe o impacto diário –queira ou não– de milhares de estímulos informacionais, a reação de cada um a estes mesmos impactos representa um vetor decisivo na formação da opinião. Foi-se o tempo em que se podia falar numa tal comunidade abstrata denominada de ‘formadores de opinião’. Já há estudos conseqüentes (como ensina Gabriel Tarde)[1] que mostram que a opinião pública não se forma mais por impactos verticais, desde os meios de comunicação e menos ainda de formadores de opinião. Os meios de comunicação de massa, que tem a audiência como elemento de competição, por definição, não formam opinião, pois audiência é opinião já formada. Estas centenas de estímulos informacionais são espontaneamente selecionados pelas pessoas como que guardando em alguma caixa na cabeça aqueles que interessam. Depois, por indução externa ou pela importância que dão, estas informações produzem fluxos nos contatos com outras pessoas cuja opinião é importante para quem pergunta. Estes fluxos de opinamento podem ser curtos (terminar rápido), ou longos (serem multiplicados para outras pessoas). A mídia distribui informações, não forma opinião. Mas como muitas informações são comuns a toda a imprensa, elas chegam a milhões de pessoas e a probabilidade de serem selecionadas é maior. Quando os fluxos de opinamento individuais se multiplicam, dando a informação uma qualificação convergente, estes podem se tornar opinião publica.

PESQUISA EVITA O EFEITO CONTRÁRIO

É por essa razão que alguns veículos, através, principalmente, de seus colunistas têm repetido tanto alguns ataques ou defesa (caso do Ronda, com Fábio Campos, jornal O Povo), embora desconheçam –com exceções– a fundamentação científica. Preste atenção, se a mídia, especialmente a TV, retorna a informação coincidindo com estes fluxos, seja por sensibilidade jornalística, seja por pesquisa, seja por coincidência, esta informação já qualificada rapidamente se torna opinião pública. Daí que uma informação com o maior destaque que tenha, aparecendo uma ou duas vezes na imprensa, tem uma probabilidade muito menor de se tornar opinião publica que outra que é apresentada como campanha, ou seja, por dias e semanas na TV. Mas é bom atentar que a imprensa -em campanha- deve ter um enorme cuidado para não dizer uma coisa e os fluxos de opinamento processarem outra. Por isso, devem os veículos -quando em campanha- acompanhá-la com pesquisas sistemáticas para saber como as pessoas estão traduzindo a informação dada em overdose.

A FORÇA DA COMUNICAÇÃO PONTUAL

É o caso de indagar que, se assim é, por que a comunicação de governo, de muitas empresas e da maioria dos políticos investe tanto em anunciar e mesmo “comprar” veículos e profissionais dos meios de comunicação de massa (ou convencionais)? O Caso é que, de um modo geral, governos, políticos e empresários pouco acreditam e, portanto, dão pouca atenção à comunicação pontual (ou direta), ou seja, folders, panfletos, internet boca-a-boa etc. e são hiperestésicos aos estímulos informacionais, favoráveis ou desfavoráveis. Ah, o Fábio Campos disse na coluna que o Ronda do Quarteirão acaba com o discurso da segurança! É no momento em que a matéria é negativa que se cai na armadilha, pois o político, essencialmente, não tem controle sobre os fluxos e quando reage a esse tipo de matérias estará gerando novos estímulos a informação que não lhe é favorável, o que pode produzir fluxos de opinamento que não existiriam sem a sua intervenção. Da mesma forma a armadilha se arma quando a matéria é positiva, pois a tendência do contemplado é deleitar-se, esquecendo que se não produzir aqueles ditos fluxos ficará no esquecimento. E melhor ainda será ter a matéria favorável reproduzida através da comunicação pontual. Aprende quem quiser.


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[1] Para as pessoas que estudaram as idéias de Gabriel Tarde, ele estabeleceu princípios de toda uma sociologia das nuanças, dos detalhes e dos relacionamentos infinitesimais, de uma microssociologia heterogênea e foi um crítico à reificação dos sujeitos coletivos e à naturalização dos fenômenos macrossociais. Foi um crítico ferrenho ao mecanicismo e organicismo do arcabouço teórico de Émile Durkheim. Segundo Tarde, haveria uma tendência (que alguns autores chamam de antropocêntrica) de "imaginar homogêneo tudo o que nós ignoramos".

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