Uma Mão Lava a Outra

Funcionou a rebelião/barganha da base aliada, capitaneada pelo PMDB, é claro. Está se aproximando a eleição e é preciso dinheiro para para comprar votos. Asssim, o jeito foi forçar o governo, que só queria se fazer de gostoso, a liberar recursos de emendas parlamentares, retidos por conta da queda de arrecadação federal. Após quase duas horas de uma reunião esclarecedora com os líderes dos partidos aliados e o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, foi tudo acordado. A grana farta será liberarada em quatro parcelas de R$ 1 bilhão - uma por mês, de setembro até dezembro. A comemoração pela aprovação final da matéria foi geral. A maioria já se articula para agradecer rezando (tirando um terço) pela liberação da grana e pelos benefícios que virão para a população.

Qual a Vantagem?

A proposta de emenda à Constituição (PEC), que aumenta o número de vereadores no país, foi aprovada pela comissão especial da Câmara criada para analisar o assunto. O projeto aumenta o número de vereadores de 51,7 mil para 59,7 mil, ou seja serão mais 8 mil vereadores a comerem o dinheiro público. E como a proposta que reduz os gastos (de 5 para 4,5%) com os legislativos municipais também foi aprovada, significa que haverá mais prefeitos corruptos pagando a vereadores por fora para aprovar (?) suas matérias. Qualquer democrata é favor das casas legislativas, mas não precisamos de tantos vereadores e nem de tantos deputados. Aumentar traz alguma vantagem para o povo, para o país?

A Arte da Mentira

Quem tem um mínimo de isenção ficou estarrecido com o show de despejo da tropa de choque do governo Lula, liderada pelos senadores Mercadante, Salvatti e Renan Calheiros no depoimento de Lina Vieira no Senado. A preparada senhora foi firme e manteve a versão sem qualquer escorregão. Dilma mentiu mais uma vez, como o fez quando negoiu ter mandado fazer um dossiê contra FHC ou quando elaborou seu currículo. Ela sabe que mandou recomendar a secretária da Receita Federal a total discrição do encontro, por isso desafia que se mostre o registro. Mais feio é o presidente Lula fazer pronunciamento público sobre a matéria, pedindo exatamente que Lina mostre a agenda que não foi feita por recomendação. Claro que Lina, debutando entre raposas, caiu ao não determinar o registro. Foi ingênua na arte dos dissimulados. Interesante que o presidente Lula que nunca sabia de nada em matéria de corrupção envolvendo seus asseclas agora saiba de tudo. Que Deus afaste os generais da política, mas nem eles foram tão vergonhosamente dissimulados.

Todos do Mesmo Tamanho

No novo discurso do fico no plenário do Sendo, Sarney diz que “nenhum senador é maior que o outro”. Está certo, só que alguns são mais ladrões, outros menos. Poucos são honestos, alguns são casos de psiquiatria (basta prestar atenção nos olhos de Collor). Mas todos do mesmo tamanho, embora o presidente Lula insista em cobrar da mídia (só pode ser) que uma pessoa com o passado de Sarney não pode ser tratado como o homem comum. Até aí também está certo. Sarney não é um homem comum. Homem comum é a grande maioria dos trabalhadores brasileiros (que Sarney nunca foi e Lula foi só por um pequeno período de sua vida), que ganha um salário minguado, que sofre nas filas da saúde, que tem uma educação de má qualidade para os filhos, que paga um imposto escorchante, que é vítima de assaltantes e da polícia, que sofre (ou sonha) para conquistar a casa própria, que se espreme diariamente no transporte coletivo e vê os filhos crescer e chorar a falta de emprego, enquanto os "não comuns" distribuem empregos para parentes, agregados e amigos que nem precisam, às expensas dos "comuns". Esses "não comuns"deveriam condenados por crime hediondo. inclusive quem prega a impunidade quando deveria, por dever de ofício, pregar a decência.

Tropeçando na Vaidade

Interessante como doeu nos aduladores de Ciro Gomes a frase de FHC: "Ciro Gomes apenas tapou buraco" no curto tempo em que esteve no ministério da Fazenda. Naquele momento, implantado com sucesso o plano Real, muito pouco havia a fazer. Claro que o ministro tampão tinha um papel a cumprir. E cumpriu muito bem, até porque estava trabalhando dentro de sua especialidade. É aí onde reside a falta de reconhecimento de FHC. Se o Plano Real voava em céu de brigadeiro, era necessário um fanfarrão para sair por aí fazendo advertências para inibir qualquer ameaça. Na maioria dos casos foi só encenação. Duvida? Perguntem ao Egydio, que acompanhava o então ministro por todos os recantos deste país soltando jactâncias.

Currículo ou Vida Pregressa?

Estão confundindo as coisas. Quando o presidente Lula advertiu que era preciso olhar o currículo de quem se estava acusando, Sarney, Ranan Calheiros, Collor de Mello, Paulo Maluf e até Fernandinho Beira-Mar ficaram ouriçados com a perspectiva de alguma privilégio. Esqueceram que Lula não tem rigor vernacular e falou currículo quando queria dizer vida pregressa, mais adequado para o caso a que se referia: as falcatruas de Sarney no Senado & outros. A gafe de Lula foi a deixa para reações como a de Collor de Mello na reabertura do Senado contra o senador Pedro Simon. Com o rosto crispado (ou encrespado) Collor mandou Simon engulir (ou seria socar, que significa guardar algo espremendo em espaço exíguo) quando tivesse que citar seu nome. Por momentos breves voltou aquele mesmo homem irado que renunciou ao Planalto por corrupção (ou melhor, por amadorismo) embora não impedindo o impeachment. Quem viu a matéria nos jornais televisivos e nos jornais ficou assustado. O psiquiatra da novela Caminho das Índias explicaria aquela reação.

Pesquisa no Rio

Pesquisa telefônica realizada no Rio de Janeiro mostra que Ciro Gomes está bem posicionado. É sempre assim até que abre a boca. Veja os números, que estão por inteiro no ex-blog do Cesar Maia. Para presidente: Serra 24%. Ciro Gomes 16%. Heloisa Helena 15%. Dilma Rousseff 12%. Não sabe\branco\nulo 33%. Na segunda simulação, sem o Serra: Ciro Gomes 22%. Heloisa Helena 17%. Aécio Neves 14%. Dilma Rousseff 12%. Não sabe\branco\nulo 35%. De todos os candidatos a candidato, só a ministra Dilma Rousseff está em campanha aberta, rebocada pelo seu cabo eleitoral, enquanto Sarney afunda só, para salvar o barco.

Vão-se Os Anéis, Ficam os Dedos

Avariado e sem condições de continuar no jogo e abandonado pelo treinador do próprio time de sustentação ao Governo Federal, o senador Sarney só espera a substituição cumpulsória, e, como diz a Veja vai-se o último dos coronéis. Será que ele é o último, e pior, será mesmo que se vai? Mais ainda, será que as falcatruas que ele cometeu são privativas do cargo que ele exerce? Quer dizer, ele pode perdeu os anéis da pródiga coroa, mas ficam os dedos para continuar manipulando os escaninhos da nossa frágil república democrática. Renan Calheiros também perdeu os anéis em um passadp bem recente, mas não perdeu os dedos que agora acende o fogo da panela da corrupção em que ameaça jogar todos (ou quase todos) os senadores. Quem garante que ele vai fazer como Madalena?