quinta-feira, 29 de abril de 2010

Viajando na Corda de Tasso

A senadora Patrícia Saboya (ex-Gomes) está viajando na corda de Jereissati e pensa (e fala) em reeditar a dobradinha com TJ, que foi responsável por sua eleição há quase oito anos. O sonho é alto, pois o que TJ diz não se escreve, mas é possível, pois para ter os lângidos olhares de Ciro ao seu lado na campanha, Jereissati é capaz de tudo, até mesmo de trair o seu partido (em nível nacional, já que o local vive à sua imagem e semelhança) e o seu candidato a presidente - José Serra. O momento é propício, pois Ciro está livre e desimpedido e já falou que não manifestará, por enquanto apoio a nenhum dos candidatos. Claro, vai esperar para ver quem tem mais chance de levar a parada.

RESPEITO SOBRANDO

O pessoal do PT não tem o menor respeito pelo povo do PSDB. Está aconselhando Cid Gomes a fechar aliança para o Senado com Eunício e Pimentel, pois Tasso e seus comandados depois da eleição apoiarão o governo naturalmente. Quer dizer, o povo do PSDB é todo oportunista.

OS NOVOS CORONÉIS

Agora, na opção da divisão todos acreditam (PT, PMDB, PSDB e PSB). Bem, é uma divisão diferente: Ciro vai com o PSDB em apoio a Jereissati e a Patrícia, enquanto Cid fica soberbamente na aliança original, ou seja, com PT e PMDB (leia-se Pimentel e Eunício). Está interessante esta campanha que se prepara. É como se a questão para governador já tivesse resolvida. Só se fala na campanha ao Senado. Deve estar tudo combinado com o eleitor. Realmente a política do Ceará, como dizia o saudoso Augusto Morcego, é uma faca de DOIS "GOMES".

terça-feira, 27 de abril de 2010

O Risco de Um Estado Total

Temos percebido que o Brasil galopa rumo a uma situação perigosa. Logramos uma trégua e temos este ano uma chance de mudar esta história. Refiro-me às duas tentativas de Lula e seu PT, felizmente malogradas, de conseguir um terceiro mandato, “venezuelando” este país. Mas devemos considerar que a candidata Dilma Rousseff concretiza o mesmo plano pelas vias do nosso sistema eleitoral. A candidata petista é mais PT do que Lula e representa uma ameaça muito maior de criação de um “Estado Total”, como aconteceu na Alemanha dos anos 30 do século passado, não pela via da popularidade, como exercita Lula, mas pelo aparelhamento da máquina estatal.

Em todo país, o que estamos presenciando é o alinhamento ao esquema do Planalto dos poderes da República, dos partidos subordinados (criando uma espécie de partido único), dos sindicatos, das associações da sociedade civil e até das manifestações artísticas. Em todo território nacional essa linha de procedimento se espalha velozmente. Se em nível nacional sobraram o PSDB, o PPS e o DEM, aqui no Ceará até essa trincheira está ameaçada por acordo entre Tasso Jereissati, Ciro e Cid Gomes, na tentativa de impedir uma candidatura de oposição legítima, pois a ameaça de uma candidatura surgida dentro do próprio grupo dominante não passa de pressão por uma melhor divisão do butim.

Não podemos e nem devemos desanimar e tampouco achar, de véspera, que a fatura está liquidada pelo rolo compressor que está preparado para triturar qualquer resistência. O que é verdade, infelizmente, é que as lideranças do Ceará se consumiram, acariciando o próprio umbigo. Jereissati, que prestou um grande serviço aos cearenses do final da década de oitenta até meados do decênio de 90, nega hoje tudo que foi feito. Apequenou-se, por medo de perder um segundo mandato de senador, busca oportunisticamente e a qualquer custo estabelecer com a oligarquia Ferreira Gomes uma aliança espúria.

Ora, pela história partidária que vive hoje, Jereissati (PSDB) era para assumir o papel de líder da oposição, junto com o PPS e o DEM, partidos que formam o lastro principal da candidatura oposicionista de José Serra. Ao contrário disso, e curvado às circunstâncias, o senador, procura homiziar-se no palanque de Dilma, ao lado do governador Cid Gomes, para não perder (se é que perderia) os votos comandados pelo Governo. Vai fazer o que já fez na campanha de Geraldo Alckmin e de Lúcio Alcântara. Filme repetido. Uma vergonha que o Brasil todo repudia.

Triste Ceará! Que mais liderancas sobram? Ciro Gomes foi escorraçado de uma candidatura no PSB e agora trabalha duas oportunidades: se Dilma despontar para ganhar a eleição, ele pegará uma beirada silenciosa do palanque. Se cair e Serra tomar a ponteira, com certeza receberá o apoio de Ciro, via Tasso Jereissati, que também navega nos dois barcos. Lucio? Bem, de Lúcio nunca deu para se esperar nada. Está sempre à escora do poder. Sobra o povo do PT, que é diluído em uma mistura de água com açúcar e só trabalha seus próprios interesses.

Uma democracia que não respeita partidos e faz alianças dessa natureza, ao arrepio da lei, aproveitando-se do mambembe sistema eleitoral, pode também dispensar o povo.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O Surgimento de um Caudilho

Logo depois da eleição de Lula pela primeira vez, em 2002, um cientista político espanhol (Ludolfo Paramio) publicou um ensaio em que previa para a América Latina uma guinada à esquerda. Menos de oito anos depois, o que se vê é uma guinada a um modelo de democacia personalista/paternalista de partidos ou de grupos de partidos dominantes, com semelhanças (felizmente com mais diferenças) com a era do populismo que marcou o Brasil do início do século passado, que foi seguido pelo ciclo de ditaduras militares, marcantes em boa parte dos países latino-americanos depois da metade do século até a década de 90. A transição à democracia se deu em um contexto econômico conturbado de alta do petróleo e de hiperinflação, que resultaram na adoção de políticas macroeconômicas de tendência neoliberal – privatizações, corte de gastos e de benefícios sociais.

Foi esse cenário que forjou a maioria das lideranças políticas que hoje manda no País e que serviu de pano de fundo às mudanças políticas que ocorrem hoje na América Latina, predominantes (guardadas as vicissitudes) em países como Venezuela, na Bolívia, no Brasil, Chile, Equador, Argentina, Uruguai, entre outros. O cientista político gaúcho (UFRGS) Benedito Tadeu César afirma que o panorama que se vislumbra é o contraponto do passado e que assim hoje “vivemos um momento muito rico, que não é um retorno ao velho populismo nem o trilhar de uma esquerda tradicional. Trata-se da busca de uma alternativa a esse modelo hegemônico que nenhum de nós sabe ainda o que é”. Podemos ainda não ter um rótulo perfeito, mas estamos vendo muito bem o que é. Vivemos hoje, como no passado, uma democracia (eleitoral) de fachada para manter o velho sistema político paternalista/populista. Claro que os excessos do modelo são diferentes hoje, assim como as demandas e a economia. Os problemas hoje são quase sempre de ausência do Estado, que não pode exercer suas competências e que não chega a todas as regiões e cidadãos. A visão econômica de mercado predominante desde a transição vem provocando um ciclo vicioso. O mercado concentra riquezas, concentra poder e fratura a sociedade, fazendo crescer as brechas sociais e afetando a coesão social.

Estavam gestadas as condições propícias para tecer os caudilhos. Lula, arrimado em um sistema eleitoral (que permite a reeleição imediata) e de partidos fracos, transformou-se em um caudilho verborrágico e autoritário, acariciando o capital e impondo suas vontades. O modelo espalhou-se por todas as regiões, especialmente nas mais pobres, com apoio explícito ou velado da corte planaltina. Lideranças que cresceram e apareceram na luta da transição à democracia, como Tasso Jereissati, negaram o passado e aderiram, no ocaso de suas carreiras políticas (na tentativa de prolongá-las), aos novos modelos caudilescos oligárquicos produzidos no início pelo discurso “tassista” das “mudanças” e estabelecido na maré que recebeu o codinome de “onda vermelha”.

Da mesma forma que Lula tenta empurrar a indigesta Dilma Rousseff, o chefe Jereissati, detentor de alentado poder financeiro e político, tenta inviabilizar as oposições do Ceará. Costura à socapa uma aliança regional espúria com a família Ferreira Gomes, que já abriga em seus longos braços o governo do Ceará e parcela ponderável do poder central. Em sua ambígua posição, desrespeita e zomba até dos acordos que foram firmados em nível nacional em torno de uma candidatura de oposição. Jereissati (chefe do PSDB), que seria o líder da oposição no Ceará ao lado de PR, PPS e DEM, conspira por um arrastão eleitoral do candidato da situação, Cid Gomes, e leva a reboque os setores caudilhescos do DEM. Deixando só e sem tempo o grupo divergente do DEM e o PPS, enquanto o PR se contrai em crise existencial.

O arrastão eleitoral é um jogo perigoso, que sofre ameaças internas, com ameaças de fissuras na base de apoio do Governo, caso seja formalizado (que não será) o apoio do PSDB. A ameaça interna, que é somente um estratégia de ocupação de espaço, não ceifará o ânimo da oposição. A bandeira oposicionista será hasteada por um candidato, juntando o PPS, DEM e PR, mesmo que o poder caudilesco impeça a formalização da aliança e que tenhamos de enfrentar um latifúndio de tempo na TV e no rádio e o poder econômico.