terça-feira, 27 de abril de 2010

O Risco de Um Estado Total

Temos percebido que o Brasil galopa rumo a uma situação perigosa. Logramos uma trégua e temos este ano uma chance de mudar esta história. Refiro-me às duas tentativas de Lula e seu PT, felizmente malogradas, de conseguir um terceiro mandato, “venezuelando” este país. Mas devemos considerar que a candidata Dilma Rousseff concretiza o mesmo plano pelas vias do nosso sistema eleitoral. A candidata petista é mais PT do que Lula e representa uma ameaça muito maior de criação de um “Estado Total”, como aconteceu na Alemanha dos anos 30 do século passado, não pela via da popularidade, como exercita Lula, mas pelo aparelhamento da máquina estatal.

Em todo país, o que estamos presenciando é o alinhamento ao esquema do Planalto dos poderes da República, dos partidos subordinados (criando uma espécie de partido único), dos sindicatos, das associações da sociedade civil e até das manifestações artísticas. Em todo território nacional essa linha de procedimento se espalha velozmente. Se em nível nacional sobraram o PSDB, o PPS e o DEM, aqui no Ceará até essa trincheira está ameaçada por acordo entre Tasso Jereissati, Ciro e Cid Gomes, na tentativa de impedir uma candidatura de oposição legítima, pois a ameaça de uma candidatura surgida dentro do próprio grupo dominante não passa de pressão por uma melhor divisão do butim.

Não podemos e nem devemos desanimar e tampouco achar, de véspera, que a fatura está liquidada pelo rolo compressor que está preparado para triturar qualquer resistência. O que é verdade, infelizmente, é que as lideranças do Ceará se consumiram, acariciando o próprio umbigo. Jereissati, que prestou um grande serviço aos cearenses do final da década de oitenta até meados do decênio de 90, nega hoje tudo que foi feito. Apequenou-se, por medo de perder um segundo mandato de senador, busca oportunisticamente e a qualquer custo estabelecer com a oligarquia Ferreira Gomes uma aliança espúria.

Ora, pela história partidária que vive hoje, Jereissati (PSDB) era para assumir o papel de líder da oposição, junto com o PPS e o DEM, partidos que formam o lastro principal da candidatura oposicionista de José Serra. Ao contrário disso, e curvado às circunstâncias, o senador, procura homiziar-se no palanque de Dilma, ao lado do governador Cid Gomes, para não perder (se é que perderia) os votos comandados pelo Governo. Vai fazer o que já fez na campanha de Geraldo Alckmin e de Lúcio Alcântara. Filme repetido. Uma vergonha que o Brasil todo repudia.

Triste Ceará! Que mais liderancas sobram? Ciro Gomes foi escorraçado de uma candidatura no PSB e agora trabalha duas oportunidades: se Dilma despontar para ganhar a eleição, ele pegará uma beirada silenciosa do palanque. Se cair e Serra tomar a ponteira, com certeza receberá o apoio de Ciro, via Tasso Jereissati, que também navega nos dois barcos. Lucio? Bem, de Lúcio nunca deu para se esperar nada. Está sempre à escora do poder. Sobra o povo do PT, que é diluído em uma mistura de água com açúcar e só trabalha seus próprios interesses.

Uma democracia que não respeita partidos e faz alianças dessa natureza, ao arrepio da lei, aproveitando-se do mambembe sistema eleitoral, pode também dispensar o povo.

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