(A foto é republicada para que você possa visualizar com precisão o reflexo de ex-deputado paulista Ciro F. Gomes no espelho sucessório de Fortaleza)
Em comentário anterior mostrei a habilidade da família Gomes no circo eleitoral que eles costumam montar às vésperas de eleições, como agora. O espetáculo do circo já foi iniciado, mas terá sua maior função no primeiro domingo de outubro do próximo ano. O picadeiro foi a Assembleia Legislativa do Ceará. O ex-deputado paulista, Ciro F. Gomes (PSB), tentava falar sobre a questão ambiental, mas como ele nada sabe do assunto, usou o tempo para sentar fogo na prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT). Seu objetivo era reduzir o tamanho da barganha no momento da escolha do nome para a sucessão de Fortaleza.
O mais velho dos Gomes gostou dos ecos do ato e não perdeu tempo; logo no dia seguinte tratou de embaralhar o jogo sucessório, prenhe de candidatos a candidatos de um lado (PSB) e do outro (PT), e já jogou um nome às feras: o roliço Roberto Cláudio (confira no link abaixo), que mesmo sendo um deputado de poucos votos, caiu nas graças da família Gomes. Foi brindado com a presidência da Assembleia do Ceará e agora tem seu nome lançado pelo ex-deputado paulista para a prefeitura. A questão é: isso é mais um prêmio ou um castigo? Amizade ou sacanagem? É tudo ao mesmo tempo. É o jogo circense sem ética e oportunista dos Gomes. É Ciro no espelho, conforme se vê na foto. Como Roberto Cláudio, um deputado de poucos votos em segundo mandato, Ciro F. Gomes, embora em circunstâncias diferentes, foi pego no último instante* para ser candidato a prefeito de Fortaleza, substituindo a então petista Maria Luiza Fontenelle. Ele ganhara alguma notoriedade como líder do primeiro Governo Tasso em uma AL conflagrada, sob o comando do deputado Antônio Câmara.
Roberto Cláudio foi pego muito antes do último instante. Tem tempo para se confirmar ou se queimar no pântano apinhado de pretendentes. Claro que, para ele, tudo resultará em lucro. Não fossem os Gomes, seria um deputado a marcar passo até a próxima e duvidosa reeleição. E quais as consequências da fala de Ciro F. Gomes? E mais: será que o irmão governador e presidente do PSB sabia do lançamento do nome de Roberto Cláudio? Resposta para a primeira indagação é: muitas; para a segunda: sim. O próprio irmão governador fez o mesmo espetáculo quando lançou o nome do irmão mais velho para o Senado, dois ou três meses passados, gerando iguais consequências ainda que com menor repercussão, porquanto mais reduzido o número de pretendentes. Inácio Arruda (PC do B) foi o mais atingido.
Em verdade, a fala do ex-deputado paulista foi uma resposta intestina ao grupo petista do PSB, comandado por Sérgio Novais, presidente municipal da legenda, que havia aprovado a indicação da irmã e deputada estadual Eliane Novais para ser candidata à sucessão de Luizianne Lins. Na ocasião, os Gomes teriam dito que a pretensa postulação de Eliane era um "balão de ensaio" com vistas a fortalecer Luizianne no comando da disputa pela sua sucessão. O troco foi dado. Roberto Cláudio é o segundo balão de ensaio que sai das hostes do PSB, este com vistas a fortalecer Cid F. Gomes na condução da campanha sucessória. O problema é que agora a espingarda espalhou chumbo em outras direções. Os ferimentos produzidos de um lado e do outro podem levantar um muro de separação entre os aliados nem sempre pacíficos.
* Aliás, depois do último instante. Àquela época o prazo de filiação era de seis meses. Ciro F. Gomes era filiado ao PMDB de Sobral. Foi feita uma transferência com data atrasada para ele poder concorrer, contando com a benevolência de Mauro Benevides, que então tinha o domínio da máquina peemedebista e estava satisfeito por ter indicado como vice Juracy Magalhães.
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=991287
Nenhum comentário:
Postar um comentário