segunda-feira, 5 de março de 2012

TIRO DE FESTIM NA ALIANÇA PT-PSB



Dia 7 de outubro vindouro teremos o vestibular nacional para escolher os prefeitos que administrar os 5.564 municípios brasileiros. Dos aprovados em 2008 (5.563) muitos não honraram como deviam a procuração que receberam dos eleitores. Aconteceram 383 trocas de prefeitos, sendo 210 por cassação (48 deles por infrações à legislação eleitoral). O segundo motivo para a troca de prefeito é a morte: 56, sendo que oito foram assassinados ou se suicidaram. No Ceará, 18 dos 184 prefeitos foram afastados por decisões judiciais.

Agora, já vivemos o agito preparatório do próximo vestibular. Muitos fazem os cursinhos na tentativa de conseguir a difícil aprovação das diversas bancas examinadoras para a indicação que os habilita à prestação do exame. Regras novas, como o Ficha Limpa, apimentam a disputa prévia. O STF, dois anos depois da lei entrar em vigor, validou na noite de quinta-feira (16/02/12) a aplicação integral da Lei da Ficha Limpa, que deixa inelegíveis políticos condenados pela Justiça em decisões colegiadas, cassados pela Justiça Eleitoral ou que renunciaram ao cargo eletivo para evitar processo de cassação.

Alguns candidatos, no último estertor, ainda tentam escapar da lei para garantir uma candidatura natimorta. Estão com processos à beira de julgamento e perdem tempo enviando influentes "amigos" para falar com juízes, desembargadores e ministros na busca desesperada de atrasar o processo. Trabalho perdido. O pior de uma candidatura é o eterno processo de explicar o inexplicável. A lei do Ficha Limpa, como disse o presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, vai criar um "filtro" contra a corrupção na política brasileira.

CANDIDATO OBSESSIVO

Há situações, aqui e ali, de políticos que teimam em arrancar uma candidatura em situações tão adversas, que colocam em risco a posição que têm, e que já seria muito segurá-la. São pré-candidatos que se apresentam com processos correndo na Justiça, na iminência de cair no Ficha Limpa, e, ainda, sem base de apoio, movidos somente pela obsessão de conquistar o poder.

Os casos judiciais são pontuais em vários municípios cearenses. Em outros, como Fortaleza, a questão é de base partidária, e, talvez, não somente por isso. No caso do PSB, o mais velho dos Gomes (Ciro), mesmo sem emprego (mandato), rasga o verbo, como é do seu estilo, e rejeita todos os pré-candidatos a prefeito cotados por Luizianne (PT-CE). “Nem pensar! Nenhum deles”. O irmão governador (Cid) e presidente do PSB-CE, mais vaselina, mal-disfarça a rejeição ao dizer repetidamente, como se ele próprio precisasse acreditar, que "não terá controle sobre o diretório (municipal) do partido, se não for conversa muito bem azeitada do PT com o PSB”.

Há menos de 30 dias para desincompatibilização e pouco mais de 90 para as convenções, os irmãos Gomes pavimentam o caminho para o que der e vier. Ciro releva que seu irmão Cid Gomes, presidente do PSB no Ceará, encontra-se “isolado” no partido ao defender que a sigla apoie um candidato do PT, acrescentando que há possibilidade de o partido não apoiar o candidato do PT ainda que Cid tenha fechado acordo com a prefeita Luizianne Lins (PT) em torno de uma candidatura petista

A fala histriônica de Ciro atomiza vontades até de aventureiros que borboleteiam em torno do processo. O senador Eunício fala em lançar candidatura do PMDB-CE. O outro senador, Inácio Arruda (PC do B-CE), também, porque precisado já que termina mandato e não tem votos para renová-lo. E aí, na cauda esfuziante do cometa, aparecem Roberto Cláudio (PSB-CE), Danilo Forte (PMDB-CE), o senador José Pimentel e outros de menor expressão. Tudo planejado. No mínimo, o tiro de festim servirá para aumentar o preço da barganha.

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