quinta-feira, 24 de maio de 2012

PIMENTEL, A CABEÇA DE GÓRGONE



Como registramos em comentários anteriores, a turma do PT, encabeçada pela prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, ficou tiririca (não é o deputado paulista e tampouco erva daninha) com a alcaguetagem do governador Cid Gomes (PSB-CE) ao ex-presidente Lula, em São Paulo. Como fez com o ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), o Gomes governador deixou de atender as ligações telefônicas de Luizianne, conforme ela se queixa, até conseguir o encontro com Lula da Silva. Pode, ao invés de um giro, ter feito um jirau. A reação dos petistas está sendo forte e o diálogo promete se tornar muito difícil, senão impossível. parece sina dos irmãos Gomes cair na lábia de Lula. Foi assim com Ciro na eleição presidencial passada, quando o mais velhos dos Gomes acreditou na conversa 171 (estelionato no CP*) de Lula, de que poderia ser o candidato dele para a presidência ou ao governo de SP. Transferiu sei domicílio eleitoral para SP e ficou sem eira nem beira. Voltou o domicílio para o Ceará depois do pleito, calado e com cara de otário, como ele mesmo denominava os brasileiros, quando foi ministro da Fazenda do Governo Itamar Franco.

A prefeita Luizianne fez alguma coisa mas não soube cantar. Está saindo em baixa credibilidade e os Gomes querem sepultá-la (efeito Maria Luiza, que o mais velhos Gomes conhece bem) para os embates eleitorais posteriores. Mas se administrativamente foi fraca, politicamente a prefeita é esperta. Ainda está na memória como ela enfrentou o PT em 2004, arrancando sua eleição com o enfrentamento ao senador Inácio Arruda, apoiado principalmente pelo petista Zé Dirceu, cassado por ser chefe do mensalão. Os episódios são similares, mas nunca se repetem plenamente. Luizianne está irada também pela pesquisa divulgada e até destaca que tanto os nomes prefeituráveis dela como os dos clã Gomes são nanicos na preferência eleitoral (todos na faixa de 2%), mas não deixa de usar a sua cabeça de Górgone para ameaçar o clã, ou seja, o senador José Pimentel, que tem Sérgio Novais como primeiro suplente. Seja como for, a novela de péssimo roteiro da aliança PT-PSB terá novos capítulos nos próximos dias, com a presença do presidente do PT, Rui Falcão, em Fortaleza.

*Art. 171 do Código Penal - Decreto Lei 2848/40 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

BELEZA E OLOR DE PIZZA



A ribombante CPI de Carlinhos Cachoeira caminha com passo trôpegos. passou em branco no propalado depoimento do ator principal. Usou o direito de ficar calado, ao lado do gari do PT, ex-ministro da Justiça de Lula, Márcio Thomaz Bastos, com honorário que cala qualquer consciência- R$ 15 milhões. Depois do "depoimento", elogiado pela mulher do bicheiro, a enxuta Andressa Mendonça, o forte olor de pizza tomou conta do ambiente, para gáudio de Sarney, Romero Jucá, Renan Calheiros, Jáder Barbalho, Lula, José Dirceu, Genoíno e tantos outros, como os cearenses que se recusaram a votar na instalação da CPI: Eunício Oliveira (PMDB), Aníbal Gomes (PMDB), Arnon Bezerra (PTB), Eudes Xavier (PT), José Linhares (PP), Manoel Salviano (PSD), Mauro Benevides (PMDB) e Vicente Arruda (PR). E eles não poderiam agir diferente, afinal não se fala de corda em casa de enforcado.

Como nada disse o indigitado ainda que se lhe tenha perguntado, nada foi acrescentado ao que se propala. A novidade mesmo ficou por conta da dona de uma loja de lingerie em Goiânia, Andressa Mendonça, a mulher do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Loura, olhos claros, corpinho violão e um certo ar de ingenuidade, Andressa foi alçada ao cargo de musa da CPI e ganhou os noticiários e um convite para pousar na Playboy. Ela é ex-mulher do empresário Wilder Pedro de Morais, primeiro suplente de Demóstenes Torres. Tudo em casa.

domingo, 20 de maio de 2012

UM BÊBADO SE APOIANDO NO OUTRO

A Fortaleza "bela" é o troféu

Dois bêbedos abraçados, naquela conversa pegajosa, despedem-se pela enésima vez, tentando, cada um, pegar caminhos diferentes. A questão é que, sem o apoio um do outro, podem cair. A história é de bêbados mas bem que parece a novela da aliança PT-PSB para a sucessão da prefeitura de Fortaleza. O que fazem os integrantes de um partido e do outro é dar um tempo para que passe a carraspana e as pernas ganhem mais firmeza e que assim possam chegar em casa sem queda. Não está fácil, porque os dois são ébrios de primeiro porre.

No PSB e no PT os pré-candidatos se mexem, repetindo os tradicionais movimentos: alguns eventos, reuniões, visitas a jornais e veículos eletrônicos. O discurso está na ponta da língua. Só não podem falar de corda em casa de enforcado; e se tiver de criticar, que seja uma crítica "construtiva", que não pegue na ferida. Exemplo: Elmano de Freitas (PT-CE) foi conversar, reservadamente (é bom dizer), com Ivo e Ciro, os dois integrantes do clã Gomes que, no discurso, rejeitam a manutenção da aliança, e o agregado Arialdo Pinho. Falou toda a decoreba, menos, é claro, da parte dos consignados. No final, Ivo, para dizer que é justo, disse que a crítica que faz não é contra nomes, mas ao modelo. 

Do outro lado, quem mais se mexe é o deputado presidente da AL-CE, Roberto Cláudio (PSB), ainda que Ferrúcio, o secretário da Copa, não perca uma chance de aparecer enfatiotado e com seu cabelo congelado. O governo Cid deu um generoso adjutório. Colocou na TV, no horário do PSB, os seus pré-candidatos. Deu até uma sobra para o nômade Edson Silva, que agora quer ser candidato em Maracanaú. 

O discurso que fazem, tanto um lado como o outro, tenta pegar o que, supostamente, o povo que ouvir, evidente, com a permissão da chefia. Elmano até arrisca uma independência que não tem, ao considerar responsabilidade em demasia o slogan “Fortaleza Bela” adotado pela gestão petista. Roberto Cláudio não disfarça e realinha o discurso feito por Ciro, seu principal mentor. E Ferrúcio... ainda está decorando.

Muitos outros capítulos virão.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

PESQUISA MOSTRA PRIMEIRO TABULEIRO ELEITORAL


A primeira pesquisa do Ibope, publicada nos jornais, sobre a sucessão em Fortaleza reforça o discurso fanfarrão de Ciro, o mais velho integrante do clã Gomes. O eleitor fortalezense quer mudar tudo por estar empanturrado com o modelo que lhe é imposto há quase oito anos, e que, efetivamente, não deu a Fortaleza a cara que o povo queria, ou esperava. Está é uma leitura que está expressa claramente na pesquisa.




Os números falam claro. Estão neles as explicações da candidatura do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), da defesa de candidato próprio (PSB) e dos ataques à prefeita Luizianne Lins, que faz Ciro Gomes. O mais velho do clã Gomes só contraria (e aí se nivela) a pesquisa na hora em que apresenta os nomes dos prováveis candidatos do seu partido: Roberto Cláudio, Salmito e Ferrúcio. São nanicos, no mesmo nível que os apresentados pela prefeita: Elmano, Guilherme Sampaio e Arthur Bruno. Explique-se que Salmito e Sampaio não foram incluídos na pesquisa. Nada mudaria. Quando Ferrúcio e Bruno entram, há uma pequena mobilidade positiva para os dois, mas nada que entusiasme. Trata-se apenas de um indicativo de maior "recall".

Sinceramente, se há uma coisa que espanta na pesquisa é a presença do nome de Moroni, que está ausente do Ceará há quase quatro anos, pois cumpre missão de sua igreja (Mórmon) em Lisboa, Portugal. Os demais, em maior ou menor escala, estão constantemente na mídia. Já se esperava o nível de reprovação da prefeita Luizianne pelo fortalezense e a queda de aprovação do próprio governador Cid, mas não se esperava que o povo rejeitasse com tanta convicção a permanência da aliança Cid-Luizianne. Será que o fortalezense está resgatando a identidade do passado, quando só votava na oposição em relação ao governo? 

O cenário que mostra a pesquisa do Ibope de final de abril não muda muito do que foi captado na pesquisa, também do Ibope, de meados de Março (não foi registrada no TRE e não pode ser publicada), a que tive acesso. Há diferenças de nomes. Roberto Cláudio, Ferrúcio não são pesquisados. Salmito e o senador Pimentel aparecem. Os líderes são os mesmos, terceiro e quarto também. Na pesquisa anterior, Arruda, em todos os cenários, oscila entre 31 e 35%. Na atual, oscila (negativamente) entre 25 e 27%. Moroni, Férrer e Cals aparecem nas duas em idênticas posições.

O que tudo isso significa?

Implica que muita variação vai acontecer a partir do momento em que todos os times entrarem em campo para valer (a dica é de graça). Inácio achata, mas não baixa tanto, a não ser que erre, Moroni, se aparecer, segura o índice e pode até crescer, pois ainda tem capital. Marcos Cals e Heitor Férrer terão muitas dificuldades. Dos candidatos do PSB e do PT, só o deputado Bruno pode chegar a um patamar inferior de segundo turno. Os demais vão repetir o desempenho do candidato Aloísio, na eleição de 2004, a não ser, repito, que se crie, no processo, uma situação como ocorreu na eleição de 2004, que fabricou Luizianne. Em situação normal, ela não existiria. Lembra-se? 

Vou rememorar. No dia 9 de setembro de 2004, o DataFolha publica a seguinte pesquisa: Cambraia (PSDB), 28%; Moroni (PFL), 24%; Inácio Arruda (PCdoB), 23%. Luizianne Lins (PT), que tinha 3%, agora tem 8%, e Aloisio Carvalho (PMDB) foi de 2% para 5%. Você lembra que Moroni ficou em primeiro lugar e foi com Luizianne para o segundo turno. Tudo partiu de um erro de Inácio Arruda e de alguns setores, ou alas, do PT. Moroni foi para um segundo turno sem dinheiro e tendo falado demais (disse que não queria apoio do Jurubeba e do Cambeba). Só restou a ele o risível apoio (velado) de Sergio Machado e Eunício Oliveira. O dinheiro prometido não apareceu. Foi traído e, claro, derrotado.

Pode parecer, mas eleições (situações eleitorais) nunca se repetem.

"LEMBRE-SE QUE ÉS APENAS UM HOMEM"



Há muito tempo não via nada mais prepotente do que o fecho (ou encerramento) da propaganda do PSB, feito pelo governador do CE, o socialista Cid Gomes. O arauto convidado fala sobre um assunto, que é escalado pelo Governador, também presidente estadual do partido, e o generoso governador cearense entra no final para dizer, encerrando o VT: "...trabalhar para melhorar a sua (minha) vida." Temos um governador oligarca, ungido dos deuses, trabalhando para melhorar a minha vida, sem se preocupar com a dele. Quase uma divindade, sem dúvida, ainda que, às vezes, incompreendida.

Claro que quando fala que ele (que também é o partido, é o Estado e o governo) "trabalha para melhorar a minha (sua) vida", não está se referindo às pessoas que, como essa família que aparece na foto que você vê acima, vivem em extrema pobreza. Essas pessoas fazem parte de uma discurso roto, que escutamos há muito tempo, de erradicação da miséria.

De qualquer modo, para reavivar a privilegiada e refinada cabeça do governador, hoje o mais importante integrante do clã Gomes, registro uma frase de um homem pobre do Quênia (que bem poderia ter sido alguém de Arneiroz, no Ceará, ou de Guarbibas, no Piauí), dita ao ensaista William T. Vollmann, que lhe perguntara o que era pobreza:

 “NÃO ME PERGUNTE O QUE É POBREZA PORQUE VOCÊ VIU ELA DO LADO DE FORA DA MINHA CASA. OLHE A CASA E CONTE O NÚMERO DE BURACOS. VEJA OS UTENSÍLIOS E AS ROUPAS QUE ESTOU USANDO. OLHE TUDO E ESCREVA SOBRE O QUE VIU.
O QUE VOCÊ ESTÁ VENDO É POBREZA”.