A
primeira pesquisa do Ibope, publicada nos jornais, sobre a sucessão em Fortaleza
reforça o discurso fanfarrão de Ciro, o mais velho integrante do clã Gomes. O
eleitor fortalezense quer mudar tudo por estar empanturrado com o modelo que
lhe é imposto há quase oito anos, e que, efetivamente, não deu a Fortaleza a
cara que o povo queria, ou esperava. Está é uma leitura que está expressa
claramente na pesquisa.
Os números falam claro. Estão
neles as explicações da candidatura do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), da
defesa de candidato próprio (PSB) e dos ataques à prefeita Luizianne Lins, que faz
Ciro Gomes. O mais velho do clã Gomes só contraria (e aí se nivela) a pesquisa
na hora em que apresenta os nomes dos prováveis candidatos do seu partido: Roberto
Cláudio, Salmito e Ferrúcio. São nanicos, no mesmo nível que os apresentados
pela prefeita: Elmano, Guilherme Sampaio e Arthur Bruno. Explique-se que Salmito
e Sampaio não foram incluídos na pesquisa. Nada mudaria. Quando Ferrúcio e
Bruno entram, há uma pequena mobilidade positiva para os dois, mas nada que
entusiasme. Trata-se apenas de um indicativo de maior "recall".
Sinceramente, se há uma coisa que
espanta na pesquisa é a presença do nome de Moroni, que está ausente do Ceará
há quase quatro anos, pois cumpre missão de sua igreja (Mórmon) em Lisboa,
Portugal. Os demais, em maior ou menor escala, estão constantemente na mídia.
Já se esperava o nível de reprovação da prefeita Luizianne pelo fortalezense e
a queda de aprovação do próprio governador Cid, mas não se esperava que o povo
rejeitasse com tanta convicção a permanência da aliança Cid-Luizianne. Será que
o fortalezense está resgatando a identidade do passado, quando só votava na
oposição em relação ao governo?
O cenário que mostra a pesquisa
do Ibope de final de abril não muda muito do que foi captado na pesquisa,
também do Ibope, de meados de Março (não foi registrada no TRE e não pode ser
publicada), a que tive acesso. Há diferenças de nomes. Roberto Cláudio,
Ferrúcio não são pesquisados. Salmito e o senador Pimentel aparecem. Os líderes
são os mesmos, terceiro e quarto também. Na pesquisa anterior, Arruda, em todos
os cenários, oscila entre 31 e 35%. Na atual, oscila (negativamente) entre 25 e
27%. Moroni, Férrer e Cals aparecem nas duas em idênticas posições.
O que tudo isso significa?
Implica que muita variação vai
acontecer a partir do momento em que todos os times entrarem em campo para
valer (a dica é de graça). Inácio achata, mas não baixa tanto, a não ser que
erre, Moroni, se aparecer, segura o índice e pode até crescer, pois ainda tem
capital. Marcos Cals e Heitor Férrer terão muitas dificuldades. Dos candidatos
do PSB e do PT, só o deputado Bruno pode chegar a um patamar inferior de
segundo turno. Os demais vão repetir o desempenho do candidato Aloísio, na
eleição de 2004, a não ser, repito, que se crie, no processo, uma situação como
ocorreu na eleição de 2004, que fabricou Luizianne. Em situação normal, ela não
existiria. Lembra-se?
Vou rememorar. No dia 9 de setembro
de 2004, o DataFolha publica a seguinte pesquisa: Cambraia (PSDB), 28%;
Moroni (PFL), 24%; Inácio Arruda (PCdoB), 23%. Luizianne Lins (PT), que tinha
3%, agora tem 8%, e Aloisio Carvalho (PMDB) foi de 2% para 5%. Você lembra que
Moroni ficou em primeiro lugar e foi com Luizianne para o segundo turno. Tudo
partiu de um erro de Inácio Arruda e de alguns setores, ou alas, do PT. Moroni
foi para um segundo turno sem dinheiro e tendo falado demais (disse que não
queria apoio do Jurubeba e do Cambeba). Só restou a ele o risível apoio
(velado) de Sergio Machado e Eunício Oliveira. O dinheiro prometido não
apareceu. Foi traído e, claro, derrotado.
Pode parecer, mas eleições (situações eleitorais) nunca se
repetem.
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