EXATAMENTE POR ISSO

Prezados parceiros Walmor, José Parra, Ruy a mídia brasileira ingressou em um período cego de concorrência "universal", que espetaculariza fatos banais e cai como uma matilha de lobos famintos em pratos cheios como o de Realengo. Agora, como a maioria está comprometida (para não dizer vendida), questões sérias como a roubalheira dos petralhas, a morte de crianças em hospitais, as drogas, o tráfico de armas (para citar só alguns) recebem tratamento tópico e ocasional.

É o mal de uma imprensa mais afeita a cultuar ídolos de pés de barro, principalmente se integrantes de grupos do poder. Já foram ídolos neste Brasil, por vezes desvairado, enganadores como José Genoíno, José Sarney, Marta Suplicy, Collor de Mello, Aloísio Mercadante (recordando só alguns). Recentemente, vimos a mitificação de José Alencar só porque ele resistiu com humor a um extenso e intenso tratamento do câncer que contraiu e o levou à morte. Tudo que ele fez (ou não fez) como político, esquecendo a vida empresarial dele, foi olvidado. Ninguém lembrou que Alencar calou diante o mensalão e todos os outros escândalos), que sua empresa – a Coteminas – vendeu cada vez mais uniformes ao Exército brasileiro, quando ele foi guindado a Ministro da Defesa (há outros casos) e que até morreu sem reconhecer (ou pelo menos aceitar o exame de DNA) uma filha.

Ao ser entrevistado por Jô Soares, em agosto de 2010, Alencar falou sobre o processo de investigação de paternidade que lhe movia Rosemary de Morais, sua suposta filha, e a recusa em se submeter a um teste de DNA. Ao complacente entrevistador, Alencar revelou ser um canalha, ao falar que a mãe de sua suposta filha era prostituta ao mesmo tempo em que assumiu ser um frequentador das zonas de meretrício das cidades onde morou desde jovem. Dá para canonizar Alencar? Lutas como a dele contra o câncer são travadas por milhares de pessoas anônimas no sistema público. A diferença infeliz é que eles não têm direito aos melhores hospitais e médicos, como Alencar, com o mesmo dinheiro público.