Não posso negar que hoje estou envergonhado com o meu país (sem nacionalismo besta). Vejo que estamos no fundo do poço do ponto de vista ético e moral. Não sei quanto a sociedade vai pagar quando emergir desse mergulho ignominioso, mas sei que mais que o alto preço será penoso o longo tempo que o país levará para se limpar de tanta desonra. Como aceitar que um presidente da República seja omisso com um caso escandaloso (verdadeiro ou não, a gravidade é a mesma) e depois ainda saia alardeando? Refiro-me a matéria publicada pela Veja e jornais desta semana (*). Para facilitar vou resumir a matéria.
Em fevereiro do ano passado, o então presidente Lula convidou Asfor Rocha, à época presidente do STJ, para uma audiência no Palácio do Planalto. Informou ao magistrado que o indicaria para a vaga no Supremo, que seria aberta com a aposentadoria do ministro Eros Grau, que faria 70 anos em agosto. Em novembro, numa reunião na casa de José Sarney (PMDB-AP), Asfor pediu que o senador enviasse uma mensagem a Lula: não aceitava mais a nomeação porque se sentia atingido em sua honra. O ministro do STJ teria declinado porque o próprio presidente passou a alardear aos quatro ventos que ele (Asfor) havia pedido dinheiro para dar um voto numa causa, teria recebido a grana — R$ 500 mil —, mas não teria votado conforme o prometido. Contou a mesma história a um ministro, a um ex-ministro, a um governador e a um advogado muito influente de Brasília. O presidente teria sabido da história através do compadre Roberto Teixeira, que atuara no caso como “consultor da empresa”.
Que seja verdadeiro ou não, o fato é muito grave, não? Deixo ao entendimento de cada um a apreciação dos diversos ângulos criminosos do caso nas suas duas possibilidades.
O QUE FAZER, ENTÃO?
Há algum tempo bradamos contra o hegemonismo desregrado (é brando, ainda) do lulopetismo. Neste ponto o artigo de tucano Fernando Henrique Cardoso (**) toca em pontos preponderantes da ação (ou omissão) do governo petista (na lição que ele passa à oposição) como a desmoralização institucional, o papel da democracia moderna, o crescimento explosivo da dívida interna, o fortalecimento do capitalismo monopolista e burocrático (que fortalece privilégios e corporativismos) e a reforma política, já comprometida com a proposta do voto através de listas fechadas. O PT e seus aliados descartáveis não têm medidas, mas perseguem um objetivo: a dominação plena, ou seja, com o partido sobrepondo-se ao Estado, no melhor modelo stalinista. Daí a proposta do voto em listas fechadas e a emenda constitucional (já aprovada na CCJ) que veda ao vice o direito de assumir a presidência no caso de Vacância (***).
É mais que hora, portanto, de todos os segmentos sociais atentarem para o devasso rumo político (e econômico) que o país está tomando (ou já tomou). Como disse FHC, no mundo contemporâneo o caminho não se constrói somente através de “partidos políticos, nem se limita ao jogo institucional. Ele brota também da sociedade, de seus blogs, twitters, redes sociais, da mídia, das organizações da sociedade civil, enfim, é um processo coletivo”.
(*) http://www.google.com.br/search?q=Lula+e+o+compadre+Roberto+Texeira&ie=utf-8&oe=utf-8&aq=t&rls=org.mozilla:pt-BR:official&client=firefox-a
(**) http://blogs.estadao.com.br/radar-politico/2011/04/14/leia-a-integra-do-artigo-de-fhc-o-papel-da-oposicao/
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