O Congresso Nacional e a presidenta Dilma estão apenas em um
descarado faz de conta.
Retomam a mesma toada de enganação como se o movimento das ruas pudesse ser
contemplado apenas com lenga-lenga. Imagine que o próprio presidente do Senado,
senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que o PT ameaçou queimar, conforme a Veja
(foto), está apresentando projeto para moralizar o Congresso. E reaparece
trabalhando como se não devesse nada ao contribuinte, ao País. A Câmara fez um
arrastão, um pouco diferente dos que costumava fazer, e rejeitou – tão rápido
que até surpreendeu – a PEC 37, ou seja, mantém o ministério público na
investigação, para desgosto dos deputados Perboyre Diógenes (PMDB-CE) e Osmar
Baquit (PSD-CE), do pessoal dos consignados do Ceará (até hoje impunes), do
Moraisinho, empresário ainda hoje preso no caso do desaparecimento de R$ 300
milhões em licitações fraudulentas do ministério da Integração Regional (época
em que Ciro era ministro). Para amargura também dos senadores Renan Calheiros,
por razões múltiplas, que Alagoas e o Brasil conhecem, e Eunício Oliveira
(PMDB-CE), caso da licitação fraudulenta da Petrobrás, até hoje não
esclarecido, sem falar que o escândalo do Mensalão começou com o flagra do ex-chefe de departamento dos
Correios, Mauricio Marinho, recebendo propina de R$ 3.000, época em que
ele era ministro. Também estão contrariados com a queda da PEC 37 os condenados
Zé Dirceu, Delúbio Soares, Marcos Valério, João Paulo e José Genoíno; o
senador José Sarney e a filha Roseana; Jáder Barbalho, Fernando Collor de
Mello, Ideli Salvatti, Marta Suplicy e seu cartão cultura, Michel Temer, Maluf
e outros grandes e pequenos mensaleiros, aloprados, secretárias/amantes como
Rosemary Noronha (ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência em São
Paulo); pessoal que esconde dinheiro na cueca, na meia..., José Adalberto
Vieira da Silva e o deputado federal José Nobre Guimarães (irmão de Genoíno).
Preste atenção que é essa caterva aí engoliu o arquivamento
da PEC 37 e até apressou a votação, tudo pensando em salvar o mandato que
muitos deles vão tentar renovar no próximo ano. Nada do que foi e está sendo
feito nas ruas terá valido a pena se esse pessoal continuar no Congresso, e
mandando, como faz até agora. Sabemos que o pessoal do Bolsa Família esteve
fora dos manifestos, silenciada com o suborno eleitoral. E como se ainda não
fosse bastante, a senadora Marta Suplicy, que está como ministra da Cultura,
quer aumentar o bolsão de votos com o cartão cultura de R$ 50,00/mês. Tenho
insistido, e pode até parecer – e é – obsessão, que o movimento das ruas tenha um
efeito continuado. Veja bem, o protesto já pode apresentar resultados
favoráveis, mas são migalhas. E o que a presidenta demagogicamente aponta como
atendimento ao grito rouco das ruas não passa de paliativo que só vai apresentar
resultados em uma geração, principalmente no que se refere ao investimento de
R$ 50 bi e a melhoria dos serviços públicos. Já a transformação da corrupção em
crime hediondo, que ela queria – e já desistiu – colocar através da convocação
de uma Constituinte vai ser levado no “banho maria”.
Não engulo que o movimento das ruas se resuma a uma redução
da tarifa dos transportes públicos, rejeição da PEC 37 e um rosário de
promessas requentadas, que é jogado por quem já está há 10 anos no governo.
Refiro-me ao PT e alguns aliados, pois Renan Calheiros, Sarney, Genoíno, Jáder
Barbalho, Maluf estão aí a vida inteira. São ricos e, com exceção, é claro,
nunca fabricaram uma barra de sabão ou venderam outra coisa que não fosse
tráfico de influência e liberação de verbas. Só vou dizer mesmo que houve
mudanças valiosas e permanentes para este país se forem cortadas as mordomias e
benesses* (com efeito cascata) nos 3
poderes e se esse grupo (e outros que não há espaço para citar), que está
incrustado e mamando no poder há tantos anos, for expurgado, expelido definitivamente
da vida pública.
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