O aparelhamento da máquina pública onde o PT governa só não vê quem não quer. O ladrão fugitivo Henrique Pizzolato, que tem cidadania brasileira e italiana, é o maior exemplo disso. Nascido em Concórdia, Santa Catarina, na comunidade de Engenho Velho (1952), numa cidade de maioria de descendentes de italianos, Pizzolato é um petista de carreira e velho conhecido da família Silva e agregados. É ex-integrante do PT, foi diretor do Banco do Brasil e presidente do Sindicato dos Bancários em Toledo (Paraná) e da CUT no mesmo Estado. Concorreu a cargos eletivos, como o governador do Paraná em 1990, a vice-governador do mesmo estado em 1994 e de vice-prefeito do município paranaense de Toledo em 1996, por sorte da administração pública, sempre sem sucesso. Foi alçado a diretor de Seguridade da Previ em 1998, eleito pelos funcionários do Banco do Brasil, tendo deixado o cargo em maio de 2002, para trabalhar na eleição do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, administrando os recursos da campanha juntamente com o tesoureiro Delúbio Soares. Depois da posse de Lula, em 2003, ocupou o cargo de diretor de marketing do Banco do Brasil e antecipou sua aposentadoria após denúncias de envolvimento no caso do mensalão. Planejou tudo (inclusive a fuga) cuidadosamente, com ajuda do time que você conhece. Tinha dúvidas? Há insinuações em colunas (claro, que não da mídia amestrada, mas sim da "mídia golpista", como assim denomina o PT), que o ex-diretor do BB seria depositário de segredos caros aos maiores líderes do PT e que teria negociado com eles a fuga e um "exílio" dourado.
Duas versões estão nas páginas da complacente "mídia golpista": uma, que Pizzolato fugiu pelo aeroporto internacional de Guarulhos, com possível (PF investiga) ajuda de um policial federal (veja doc.). Outra, que teria saído pela fronteira do Paraná, seguindo para Buenos Aires, na Argentina, onde, já com outra via do passaporte italiano - a primeira fora entregue à Justiça do Brasil, com o documento brasileiro -, tomou um voo para Itália. Por uma ou outra forma, tudo foi minuciosamente planejado com aval de Zé Dirceu e outros petistas. Dirceu, acrescente-se, também chegou a analisar sua fuga para Venezuela ou Cuba, onde tem boas relações. O fato é que Pizzolato sempre esteve preparado. Não se tem informações de quando ele teria conseguido o passaporte italiano, que agora lhe serviu. O episódio faz lembrar que dona Marisa Letícia Lula da Silva também tem passaporte italiano e até explicou as razões do pedido: “...por insistência dos filhos. Ninguém de nós quer ir embora do Brasil, diz ela. “É só uma oportunidade, no caso de se precisar”. Marisa obteve o passaporte italiano porque seus bisavós emigraram para o Brasil no início de 1900. Segundo uma lei italiana, aprovada em 1992, isto é suficiente para que o descendente conquiste a cidadania, embora da língua de Dante ela só saiba dizer “pizza e polenta e olhe lá!” (Barbara Gancia publicada em 2/12/2005).
Não tem muita importância que dona Marisa nada conheça da Itália, que sequer
tenha ouvido falar de Michelangelo, Leonardo Da Vinci ou Sophia Loren e que nem
saiba ler a cédula de votação que recebe para votar, como cidadã daquele país. Agora começa a se aclarar, mas antes não ficou explicado a frase dela ao justificar o pedido: “É só uma
oportunidade, no caso de se
precisar”. Fico pensando se houve na história dos países atitude
semelhante. Já imaginou Michelle Obama solicitando cidadania a Cuba, Costa Rica
ou México? O ex-primeiro-ministro italiano, Sílvio Berlusconi, acusado de vários
crimes (e já condenado), podendo ir para a cadeia, não pediu cidadania ao
Brasil, por exemplo. Certamente, uma situação que nunca antes se viu na história deste país, e que, se
aconteceu noutra parte do mundo, só pode ter sido em alguma “republiqueta de
terceira categoria, a fim de garantir a fuga de algum ditador ladravaz”. Pelo menos
é esta a pista que ficou com a fuga de Pizzolato, condenado a 12 anos e 7 meses
de reclusão pelos crimes de peculato, formação de quadrilha e lavagem de
dinheiro. É realmente um caso de grande
precisão.