Jereissati, que chegou ao governo prometendo acabar com a
miséria, gaba-se que resgatou o respeito ao Ceará com alguns projetos e obras
sociais (só lembro do projeto São José, agentes de saúde e de urbanização de favelas,
que mal andou), com o controle das contas (públicas, é claro) e a construção de
algumas obras de infraestrutura, destacando-se o novo terminal do aeroporto
Pinto Martins (hoje já em ampliação) e o Porto do Pecém. Mas vendeu duas joias
da “coroa” – a Coelce e o BEC-Banco do Estado do Ceará – apenas para atender ao
modismo neoliberal das privatizações (que vergonhosamente o PT segue), porque o
dinheiro da venda a nada serviu, visivelmente, até que despareceu por completo.
Cid Gomes nunca falou abertamente do combate à miséria, mas apeou
no governo com a promessa (e plano) de acabar com a violência. Agora, ele se
gaba e propaga em profusão que, com apoio do governo do PT, PMDB & demais
aliados, fez obras por todos os cantos, algumas delas que nem chegou a ocupar
ou colocar em funcionamento. Cid perdeu o tiro no que viu e jacta-se de ter
acertado no que não viu. A violência que ele viu continua indomada e desgraçadamente
crescente, apesar do plano (Ronda do Quarteirão) – que lhe valeu até a
reeleição – e do seu alto custo para o erário. O (tiro no) alvo que ele não
mirou na campanha ou no seu programa de governo (que nunca vi) aparece hoje de
forma concreta e ocupa o marco referencial (parece até o marco regulatório do
PT) do seu discurso.
Mediante a fala de Tasso na TV, (sem identificação explícita)
de promessas não cumpridas e de que “não dá pra ficar brincando de política”,
terminando por cobrar respeito ao Ceará, a criatura se voltou contra o criador,
reptando até a uma comparação e espicaçando o criador ao dizer que NÃO foi ele
quem VENDEU a Coelce e o BEC – ainda que o clã tenha sido conivente, pois era destemido
defensor do governo à época –, quando deveria ter humildade (imagine isso em um
empedernido oligarca) de fazer o "nossa culpa". Os dois, pode ser
dito, trabalharam bem. Mais os dois – mais o atual do que o passado – não
colocaram as pessoas (prioritariamente) como objetivo final de todas as ações. Mas,
para não incorrer em ato leviano, até que pensaram nisso, sim, ainda que sem
denodo e com a arrogância de quem não precisa de ajuda e apoio da sociedade. Em
consequência, o resultado não veio. O Ceará, principalmente a região
Metropolitana de Fortaleza, continuou intumescendo populacionalmente e
multiplicando os problemas, resultando no domínio da violência e em um quadro
de miséria que deveríamos ter reduzido amplamente, como era promessa, essencialmente
no caso da insegurança.
Portanto, não adianta, agora, o Gomes governador mandar
abrir a janela e ver obra por todo lado (como bem dizia o ex-prefeito Juracy
Magalhães), porque ao abri-la o morador corre o risco de um assalto e, se
apurar a vista, vai ver, mais adiante, um cinturão de miséria. E foi essa
violência, principalmente, que fez o Ceará virar chacota no cenário nacional,
como cutucou Jereissati. Vi, no Bom dia Brasil da Globo, o apresentador Chico
Pinheiro dizer, depois de ver uma matéria sobre um dos milhares de assaltos a
ônibus em Fortaleza, que aquilo ERA A IMAGEM DO ATRASO, do subdesenvolvimento -
e não sem razão.
Só para avivar a memória, veja a seguir o bate-boca entre Cid
e Tasso, que esquentou os primeiros lances da sucessão estadual de 2014. Os
aliados do Gomes governador ficaram irados e começaram a contagem das obras,
enquanto os aliados de Jereissati (hoje a maioria em outros partidos)
fortaleceram a esperança de que ele venha a topar uma candidatura majoritária.
Tasso Jereissati (PSDB)
usou o tempo do seu partido na TV para atacar o governo, embora sem nominar.
Falou em “promessas não cumpridas”, enfatizando que “não dá pra ficar brincando
de política”. Fechou a fala, ressuscitando o slogan da campanha de Beni Veras
ao Senado: “O Ceará merece respeito”.
X
Cid Gomes (Pros) usou
o Facebook para responder: “...alguém na condição de ex-Governador deveria se
dar ao respeito (...) A avaliação de um gestor público se dá por suas realizações
e o quanto elas servem ao povo... O Tasso foi Governador por três mandatos. 12
anos. Eu estou no governo há 7 anos incompletos. Pois muito bem, lanço o
desafio: some tudo que o Tasso fez nos seus doze anos. Multiplique por dois e
ainda não dará o que foi feito nestes últimos sete anos. O desafio vale para
qualquer área: Educação, Saúde, Emprego, Estradas, Habitação, Saneamento,
Aeroportos, Recursos Hídricos etc. (não falou em segurança, mas no fim deu a
estocada mais forte). Em tempo, eu não
vendi a Coelce e nem o BEC”.
Confira no link: http://t.co/Zj5przXWwz
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