quinta-feira, 7 de novembro de 2013

TASSO JEREISSATI X CID GOMES: CAMPANHA ANTECIPADA

Enquanto Tasso Jereissati e Cid Gomes batem boca, o Ceará está mergulhado na violência e na miséria, desassistido na saúde e engatinhando para sair do atraso vergonhoso da educação, ostentando, em seu território, a segunda maior cidade do Estado em miséria: 566 aglomerados subnormais de ocupações irregulares (favelas) com 121.165 barracos mal-acabados que abrigam 441.937 pessoas. As ações de um e de outro não foram suficientes para mitigar o sofrimento de tanta gente.

Jereissati, que chegou ao governo prometendo acabar com a miséria, gaba-se que resgatou o respeito ao Ceará com alguns projetos e obras sociais (só lembro do projeto São José, agentes de saúde e de urbanização de favelas, que mal andou), com o controle das contas (públicas, é claro) e a construção de algumas obras de infraestrutura, destacando-se o novo terminal do aeroporto Pinto Martins (hoje já em ampliação) e o Porto do Pecém. Mas vendeu duas joias da “coroa” – a Coelce e o BEC-Banco do Estado do Ceará – apenas para atender ao modismo neoliberal das privatizações (que vergonhosamente o PT segue), porque o dinheiro da venda a nada serviu, visivelmente, até que despareceu por completo.

Cid Gomes nunca falou abertamente do combate à miséria, mas apeou no governo com a promessa (e plano) de acabar com a violência. Agora, ele se gaba e propaga em profusão que, com apoio do governo do PT, PMDB & demais aliados, fez obras por todos os cantos, algumas delas que nem chegou a ocupar ou colocar em funcionamento. Cid perdeu o tiro no que viu e jacta-se de ter acertado no que não viu. A violência que ele viu continua indomada e desgraçadamente crescente, apesar do plano (Ronda do Quarteirão) – que lhe valeu até a reeleição – e do seu alto custo para o erário. O (tiro no) alvo que ele não mirou na campanha ou no seu programa de governo (que nunca vi) aparece hoje de forma concreta e ocupa o marco referencial (parece até o marco regulatório do PT) do seu discurso.

Mediante a fala de Tasso na TV, (sem identificação explícita) de promessas não cumpridas e de que “não dá pra ficar brincando de política”, terminando por cobrar respeito ao Ceará, a criatura se voltou contra o criador, reptando até a uma comparação e espicaçando o criador ao dizer que NÃO foi ele quem VENDEU a Coelce e o BEC – ainda que o clã tenha sido conivente, pois era destemido defensor do governo à época –, quando deveria ter humildade (imagine isso em um empedernido oligarca) de fazer o "nossa culpa". Os dois, pode ser dito, trabalharam bem. Mais os dois – mais o atual do que o passado – não colocaram as pessoas (prioritariamente) como objetivo final de todas as ações. Mas, para não incorrer em ato leviano, até que pensaram nisso, sim, ainda que sem denodo e com a arrogância de quem não precisa de ajuda e apoio da sociedade. Em consequência, o resultado não veio. O Ceará, principalmente a região Metropolitana de Fortaleza, continuou intumescendo populacionalmente e multiplicando os problemas, resultando no domínio da violência e em um quadro de miséria que deveríamos ter reduzido amplamente, como era promessa, essencialmente no caso da insegurança.

Portanto, não adianta, agora, o Gomes governador mandar abrir a janela e ver obra por todo lado (como bem dizia o ex-prefeito Juracy Magalhães), porque ao abri-la o morador corre o risco de um assalto e, se apurar a vista, vai ver, mais adiante, um cinturão de miséria. E foi essa violência, principalmente, que fez o Ceará virar chacota no cenário nacional, como cutucou Jereissati. Vi, no Bom dia Brasil da Globo, o apresentador Chico Pinheiro dizer, depois de ver uma matéria sobre um dos milhares de assaltos a ônibus em Fortaleza, que aquilo ERA A IMAGEM DO ATRASO, do subdesenvolvimento - e não sem razão.


ATAQUE E DEFESA


Só para avivar a memória, veja a seguir o bate-boca entre Cid e Tasso, que esquentou os primeiros lances da sucessão estadual de 2014. Os aliados do Gomes governador ficaram irados e começaram a contagem das obras, enquanto os aliados de Jereissati (hoje a maioria em outros partidos) fortaleceram a esperança de que ele venha a topar uma candidatura majoritária.


Tasso Jereissati (PSDB) usou o tempo do seu partido na TV para atacar o governo, embora sem nominar. Falou em “promessas não cumpridas”, enfatizando que “não dá pra ficar brincando de política”. Fechou a fala, ressuscitando o slogan da campanha de Beni Veras ao Senado: “O Ceará merece respeito”.

X

Cid Gomes (Pros) usou o Facebook para responder: “...alguém na condição de ex-Governador deveria se dar ao respeito (...) A avaliação de um gestor público se dá por suas realizações e o quanto elas servem ao povo... O Tasso foi Governador por três mandatos. 12 anos. Eu estou no governo há 7 anos incompletos. Pois muito bem, lanço o desafio: some tudo que o Tasso fez nos seus doze anos. Multiplique por dois e ainda não dará o que foi feito nestes últimos sete anos. O desafio vale para qualquer área: Educação, Saúde, Emprego, Estradas, Habitação, Saneamento, Aeroportos, Recursos Hídricos etc. (não falou em segurança, mas no fim deu a estocada mais forte). Em tempo, eu não vendi a Coelce e nem o BEC”.

Confira no link: http://t.co/Zj5przXWwz

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