segunda-feira, 18 de junho de 2012

COMPOSTO O TABULEIRO DA SUCESSÃO

Disse em mais de uma oportunidade que Fortaleza viveria este ano uma eleição de nanicos. O rompimento da aliança PT-PSB, disfarçada, mas provocada e planejada pelo PSB do clã Gomes, remete o pleito a um patamar de igualdade inferior, quase um "remake" de 2004. Disse também, e repito, que sem dinheiro, tempo de TV e estrutura partidária dificilmente se conquista uma vitória eleitoral.

Assim é que definidos os caminhos, com os obstáculos/planos conhecidos já de todos, os partidos -mais as lideranças que lhes conduzem como donos- buscam agora compor a estrutura necessária (dinheiro e tempo de TV, não precisamente nesta ordem) para viabilizar -ou pavimentar- o caminho da vitória. O tabuleiro do xadrez eleitoral está quase composto em sua totalidade. Terão candidatos os seguintes partidos e/ou estruturas políticas:

01. PCdoB, do senador terminativo Inácio Arruda, com PP do Padre Zé Linhares e alguns minifúndios. Muito pouco, um quase isolamento, e Padre Zé ainda pode voltar ao seu parceiro original: o clã Gomes. Arruda está sendo cantado pelo PSB, essencialmente, para sair de campo como disputante para compor com o elenco do esquema governista, ao qual o comunista se acostumou;

02. PSB e PMDB. Candidato a ser escolhido em lista tríplice pelo clã Gomes. Vice do PMDB, do senador Eunício, que fez a aliança dos sonhos, achando que pavimentou sua candidatura ao governo em 2014. Deve ser agregado ainda o PSD, o governista PTB e outros pequenos. Sobram tempo de TV, meios e estrutura. Falta candidato. O nome será escolhido entre os sem votos Roberto Cláudio, Ferrúcio Feitosa e Salmito Filho. Depois virá a novela de construção do personagem;

03. PT de Luizianne. Ficou em maus lençóis e esbarrará na caríssima solidão do caixa dois para bancar o marketing do milagre. Conseguiu atrair o "bigode", apelido do PR, por estar em todos as bocas de poder, mas nunca entrar. Não creio que Capitão Wagner entre de vice. Seria demais. Seduzirá outros pequenos partidos para compor a sopa de letrinhas. Com o PR, melhora o tempo de TV, pois dinheiro e cabos eleitorais importantes não serão problemas. Os votos para dar a vitória ao subnutrido eleitoral Elmano de Freitas é que são os problemas. É esperar que o dinheiro farto adube o marketing do milagre de fazê-lo crescer, e vencer, em um ambiente de promessas não cumpridas e, por isso, também, de pouco simpatia eleitoral;

04. PDT e PPS, único grupo a ter a chapa já completa: Heitor Férrer e o sem voto Alexandre Pereira (PPS). É pouco. Falta uma estrutura maior, tempo de TV e os meios, que serão minguados, por mais que haja promessa em contrário. Heitor tem confundido as coisas e acha que pode fazer campanha da tribuna da Assembleia do Ceará, batendo só de um lado, enquanto seu vice acha que basta apenas adoçar algumas vozes e penas;

05. PSDB, de Marcos Cals e Tasso Jereissati, também está na solidão. Cals tem o direito. Pagou o pedágio na campanha passada. O diabo é que ele não evoluiu. Tempo de TV curto, meios disponíveis, mas não disponibilizados, e estrutura decadente. Ainda conversa com o DEM, de Moroni, mas Cals já pregou que não abre da candidatura. A união com o DEM, apesar de Chiquinho Feitosa, seria o melhor caminho da oposição que restou, já que o PR de Lúcio (que só toma decisões erradas e distanciadas da ética) vai com PT Luizianista e o PPS tenta se salvar com a meia oposição minada do PDT;

06. DEM. Vive uma inusitada situação de falta de comando, ou até de excesso de fraco comando. Moroni Torgan é o maior nome do partido. Consegue a incrível marca de sustentar algo em torno de 25% dos votos de Fortaleza, apesar de sua ausência do Brasil. Está em missão religiosa em Portugal e só retorna no próximo dia 30 de junho, prazo final das convenções. Até agora não conseguiu um parceiro que lhe confira densidade na TV, nos meios e na estrutura. Conversa atabalhoadamente com o PR e com o PSDB e já recebeu cantada do PSB (embora negada) para ficar de fora da disputa majoritária. Se vai ou se fica, é esperar até a convenção, claro, no último dia.

07. PSOL, de Renato Roseno, já fechou parceria com o PCB, mas nada que dê maior densidade em termos de tempo de TV e meios. Está acostumado a trabalhar no seu minifúndio e assume espaço cada vez maior. Não será mero participante.
Podem surgir outros candidatos de pequenos partidos, que serão meros figurantes da disputa, com o tempo comum de TV (10 minutos, para dividir com o total de candidatos, da meia hora que vai ao ar no começo da tarde e à noite). A disputa será intensa mesmo entre os 6 ou 7 candidatos relacionados. Novos e ruins capítulos da novela sucessória de Fortaleza, com baixa audiência, acontecerão nos próximos dias, mas nada que tire este roteiro do eixo.

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