Eleição de candidato único só existe em regimes de exceção. Em democracias, mesmo que sejam eleitorais, sempre abrem espaço para surpresas. Tal situação, quando ocorre, é caracterizada pelo crescimento de um nome outsider no desenvolvimento final da campanha. O cenário que tece a trama é sempre de crise, seja econômica, administrativa ou, principalmente, política. Foi assim com Collor de Mello, com a primeira eleição de Chávez, na Venezuela (crise ecnômica) e com Fujimori, no Peru.
Podemos colocar no mesmo caldeirão, puxando para o regional, a primeira eleição de Tasso Jereissati para o Governo do Estado do Ceará (crise marcada por um nome que pensava ter o domínio do processo eleitoral) e as eleições de Maria Luiza (desgaste profundo das lideranças que ocupavam a cena) e de Luzianne Lins (crise política) para a prefeitura de Fortaleza.
A corrência de tal caso ocorre em decorrência da existência, que pode se manifestar ou não, dos Territórios Não Mapeados (TNM), tese desenvolvida pelo professor John Curtice, da Universidade Strathclyde, em Glasgow. Os TNMs “são faixas do eleitorado que as pesquisas não conseguem detectar antes que a própria campanha eleitoral relacione estes "territórios não mapeados" (TNM) com um candidato cuja imagem corresponda às expectativas dos eleitores destes segmentos, sejam eles contínuos ou descontínuos”.
No Brasil, este ano, é pouco provável a ocorrência de TNM. As condições necessárias não são identificáveis. Marina Silva, apesar da exposição com o PV, não movimentará um TNM, espaço já ocupado pelos dois nomes mais fortes presentes na eleição e notadamente através de Lula, que acerta ao tentar casar a sua imagem à de sua candidata.
O Ceará sustenta as condições para a ocorrência de um TNM, mas, repetimos, a existência de um TNM não garante que ela vá se expressar. É necessário um candidato que se identifique com as expectativas dos eleitores, o que, no caso do Ceará não há, ainda. As vezes um TNM dispara mas não chega ao final. Um desepenho mediocre trava a onda de crescimento. Outras vezes o TNM pode embocar nos votos brancos e nulos, no caso do Brasil em que o voto é obrigatório. A informação que me despertou para a mobilização de um TNM me foi dada por uma liderança da região de Limoeiro: “lá o atual governador, hoje, perderia para os votos brancos e nulos”.
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