quinta-feira, 25 de novembro de 2010

CAMINHO SEM SAÍDA

A guerrilha urbana que assola o Rio de Janeiro é um caminho sem volta para o Estado, em todos os níveis. Não há como recuar. Não cabe armistício, como ocorreu na crise anterior, quando foi negociado um cessar fogo. Desta vez, o poder do Estado tem que ir até o fim e vencer o crime organizado ou se desmoralizar. Nesta caso, seria a decretação da incapacidade do Estado de cumprir o seu papel, como único donatário da ação coativa. Há muito tempo o Rio (e, infelizmente, não só o Rio) convive com duas organizações de poder. A ousada decisão do crime organizado de afrontar o poder do Estado é resultado da omissão dos governantes oficiais ao longo de alguns anos, estribado na farsa do discurso social, que nunca chega a ação. Agora, não há saída.

Quando estoura a crise, aparecem os papangus ocupando os tontos programas de jornalismo para fazer diversos diagnósticos, apresentar diversas causas. Os inteligentes cientistas sociais e especialistas em combate ao crime soltam sua farta retórica, que nada soma ou resolve. A hora é de ação, de combater a violência com violência, ainda que outras pessoas (prefiro não falar inocentes) possam ser atingidas. Não podemos invocar a realização de ataques cirúrgicos, como realizou o Estados Univos na invasão do Iraque, matando milhares de pessoas que não faziam parte dos grupos conflitantes. O aparato de combate ao crime e de administração do sistema penitenciário brasileiro, que permite o crescimento do crime, é despreparado e eivado de marginais de farda ou à paisana, mas ainda assim a guerra tem de ser travada. Chegou a hora da verdade, ainda que o poder público continue demonstrando que o combate ao crime não é pioridade. Basta lembrar o recente discurso de campanha da presidenta eleita, Dilma Rousseff, sobre pagar melhor os policiais. Sua primeira orientação na montagem do governo foi determinar a retirada da PEC 300, que institui um piso unificado aos PMs e bombeiros do Brasil.

Triste o poder que não pode.

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