Neste Brasil de deidades é quase um crime contestá-las. Há um cúmplice silêncio crítico, por exemplo, quando se fala sobre os 4 livros de Chico Buarque de Holanda. O patrulhamento é agressivo. Há uma indução calada ao elogio ou, no mínimo, a aprovação. Vejo olhares de condenação e, às vezes, até de discriminação e ódio, quando digo que acho ruins os livros de Chico B. de Holanda ou que não consigo gostar dos livros da conterrânea Raquel de Queiroz e tampouco do que escreve Leonardo Boff. É pior ainda quando falo que o Brasil vai pagar um alto preço pelos 8 anos de Lula. A questão é que só enxergo a grande oportunidade perdida de um salto real no rumo de um crescimento autossustentável (está na moda), da mesma forma que não vislumbro qualquer destino significante para os milhões de beneficiários do Bolsa Família. Para mim, só está sendo criada uma gigantesca (e desqualificada. No campo, desaprenderam até a fazer a agricultura de subsistência) massa de dependentes rurais e urbanos, cada vez mais ávida.
E não tenho que ficar aplaudindo quando há algum acerto. Não me cobrem isso. Um restaurante tem obrigação de fazer boa comida e não precisa ser elogiado. Já é pago por isso, e o maior elogio e o crescimento da frequência. Assim um governo tem obrigação de ser bom e de fazer as coisas certas, principalmente se o vento sopra a favor, como até agora (antes da crise cambial. E não vejo cabedal em Mantega para enfrentá-la). O caso é que para ser bom deve haver, pelo menos, um equilíbrio entre bons e maus atos. Têm colocado muitas mentiras na balança para fazê-la pender para o lado do bom. Mas a mentira se dilui como neve ao sol e escorrega do prato da balança. O lado mau, infelizmente, volta a se mostrar em sua face cruenta. É fácil comprovar. Basta observar, por exemplo, a guerrilha que toma conta do Rio de Janeiro, as filas cada vez maiores dos hospitais e postos de saúde, a escola de má qualidade, o caótico sistema de transportes, as crescentes favelas e o crescimento do Bolsa Família. De qualquer modo, transcrevo aqui parte de um texto de José Roberto Guzzo na VEJA desta semana. “O Brasil não tem um único indicador comparável aos do Primeiro Mundo em áreas fundamentais como educação, saúde, esgotos, transporte coletivo, criminalidade, rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e por aí afora. Não tem competência, sequer, para montar um exame de escola como o Enem”.
Só mesmo um imbecil se enfatuaria com os elogios de “visita da saúde” que ouve lá fora. O pior é que a oposição, que teria o relevante e democrático papel de cobrar, parece ter virado refém do medo. É necessário impedir que persista a farsa da propaganda política do anúncio da Petrobras, que cria um Brasil que não é real. A oposição precisa cumprir seu dever, pois quem tem medo morre mais de uma vez.
É minha opinião.
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