terça-feira, 31 de janeiro de 2012

CORRUPÇÃO, O MAL ORIGINAL


A CORRUPÇÃO - TERCEIRO CAPÍTULO
 
No terceiro capítulo da série de quatro artigos sobre corrupção, abordaremos que a propensão em praticar atos de corrupção é fortemente cultural e reflete as normais sociais do país em que se vive. A história brasileira apresenta vários momentos de degradação, servilismo e personalismo na vida política, que têm sido o alimento da corrupção material e política.
 
III - POLITIZAR A CORRUPÇÃO NÃO AJUDA
 
Cada um a seu modo, os escritores Euclides da Cunha (1866-1909) e Manoel Bomfim (1868-1932) teceram algumas reflexões que oferecem referenciais para entender o processo social que hoje se vivencia. Seriam os impedimentos, os vícios, as dificuldades, as impossibilidades oriundas dos homens ou das instituições?  Euclides da Cunha respondia: dos dois. Tanto aqueles primeiros são portadores de ações negadoras de mudanças redefinidoras da vida social quanto estas segundas. Em os Sertões, sua obra maior, ele trata do assunto, mas é em Contrastes e confrontos (1966) que ele afirma que a cultura política prevalecente no país se incumbia de internalizar em cada indivíduo os vícios de um modo de agir que levava à perpetuação das dificuldades políticas brasileiras. Ele atribuía a responsabilidade pela contínua decadência política e pela eterna reprodução de um padrão de domínio excludente a dois fatores: aos valores conciliadores e coibidores da publicização das diferenças e dos antagonismos e, também, ao sistema representativo (de coalização) que vigorava (e vigora) no país.

Manoel Bomfim defendia que a prática da conciliação levava a uma co-responsabilidade dos setores preponderantes na cristalização de uma tradição conservadora que tendia a neutralizar qualquer mudança voltada para os interesses coletivos. "Nessas condições, as constantes ações voltadas para as práticas conciliadoras teriam plantado todas as sementes de um modo de operar a vida política em que se torna regra transigir, dissimular, abjurar, desprezar princípios e sacrificar a pátria por motivos pessoais” (BOMFIM, 1931, p.142).

É bom compreender que politizar a luta contra a corrupção, de qualquer dos lados – dos acusadores e dos acusados – não traz qualquer contribuição positiva. Ao contrário. Só consolida negativamente na sociedade a percepção de que nossa cultura é essa mesmo. Corrupção é caso de polícia e assim deve ser tratada. Por isso dói muito quando se torna corrente o discurso tolerante a figuras como Carlos Lupi, Orlando Silva e Mário Negromonte, da mesma forma que aborrece ver José Sarney como presidente do Senado, Romero Jucá como líder no Congresso e Jáder Barbalho tomar posse, ainda que a lei dura (às vezes) assim o determine. É certo que a corrupção que hoje existe no governo federal, nos estados e municípios deste Brasil varonil existiu também no passado. Mas, nesses tempos de incertezas, como relata o escritor Robert Castel (As metamorfoses da questão social. Uma crônica do salário, p.21 e ss, editora Vozes), em que o passado se esquiva e o futuro é indeterminado, seria preciso mobilizar nossa memória para compreender o presente. Mas, será possível apreender, evitando uma grande volta, a especificidade do que acontece "hic et nunc" (aqui; nestas circunstâncias)? É possível.

A corrupção pode até ser maior agora que no passado, não levando em conta a questão da visibilidade que hoje se tem. Se alguns órgãos de imprensa omitiram ou minimizaram no passado, ainda hoje alguns ainda omitem, principalmente nos estados. Mas o que deprime é querer esconder a corrupção, ou justificá-la, através de sofismas como a governabilidade. A proposital barafunda é tanta que se perde a noção do que é realmente corrupção, e de quem é culpado ou inocente. Nem todos são culpados, mas inocentes são poucos. Estudiosos do assunto como o psicólogo Robert Kurzban, da Universidade da Pensilvânia, e Banjamin Olken, do Instituto Tecnológico de Massachusetts, concluíram estudos e pesquisas dizendo que só a rejeição social, do ostracismo à prisão, a permanente fiscalização e auditorias reduzem a corrupção. Por aqui, temos de suportar que, após rápido mergulho, corruptos circulem desenvoltos pelos salões, que voltem a disputar eleições , ganhem funções públicas e até sejam eleitos para a Academia Brasileira de Letras;  que usem o dinheiro salvo da simulada investigação para comprar apartamentos luxuosos até em outros países. Como esperar justiça se um servidor do próprio Judiciário (Magistrado ou funcionário) movimenta milhões em sua conta pessoal de assalariado e se torna tão difícil só identificá-lo?

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O TRAÇADO BARALHO DA SUCESSÃO


Cid Gomes chegou barbado à TV. Extirpou-a no camarim.


Vale uma abordagem complementar sobre conteúdo da entrevista de Cid Gomes (governador do Ceará) na TV O Povo, que está sendo vista na Internet. O governador tratou dos pontos principais da crise e até de política. O governador confessou que vai escrever um livro de memórias, quando contará todo o sentimento que carrega, inconfessado, no coração sobre a greve dos policiais militares e outros. Confessou, contraditoriamente, que a grande falha foi na comunicação, mas não admitiu que deveria ter tido uma presença maior na mídia na crise. "O que eu iria falar? Eu não estava seguro...". Ora, ora, o boato predomina onde não há informações.

Sobre a sucessão de Fortaleza disse que se depender dele (e só depende) o PSB não terá candidato próprio. Sofismou ao dizer que não manda no partido e que a eleição será tratada pelo partido em nível municipal. Foi uma resposta ao modelo Paulo Lustosa, ou seja, "papo-furado". O partido (PSB) foi tomado, no seu núcleo municipal, da família Novaes (Sérgio e a irmã Eliane, deputada estadual), que mantinha uma dominação favorável a Luizianne. Agora, a dominação é plena e nenhuma decisão sairá sem passar pelo governador. O boi sempre sabe onde fura a cerca. O PSB não terá candidato próprio, mas para apoiar o candidato petista Cid Gomes não perdeu tempo em colocar difíceis condições: primeiro, consiga fazer aliança partidária, a mais ampla possível (PMDB, PC do B, PSB etc.), e, segundo, que, fundamentalmente, no momento da campanha, seja um nome que inspire na população confiança”. Será que é o retrato de alguém que ele já pensa?
 
A prefeita petistas Luizianne Lins ganhou a batalha, mas não significa que ganhou a guerra. Cid, ao impor tais condições para apoiar o candidato petista, quer trazer a indicação para dentro do território que ele domina na legenda petista. Quer dizer, Luizianne pode vencer, mas não levar. Cid alegou não ter sido comunicado oficialmente das recentes decisões do PT e, por isso, não quis comentar se algum dos cinco nomes que estão na nova lista petista se encaixaria nesses critérios: Acrísio Sena, Artur Bruno, Camilo Santana, Elmano de Freitas e Guilherme Sampaio. Correndo por fora, mas fortalecido, está o senador José Pimentel, o come quieto, que tem um olho no gato e o outro no peixe.

A ternura tomou conta do governador cearense quando ele abordou a sucessão de Maracanaú, que é administrado por Roberto Pessoa (PR), maior opositor do clã governista, melhor dizendo, a única. Revelou amor aos maracanauenses, dos quais se considerou devedor. Até citou, tirando de sua vasta literatura de conhecimento, trecho do livro "O pequeno Príncipe (de Antoine de Saint-Exupéry) -"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"-, e prometeu participar ativamente da campanha de sucessão de Maracanaú. O que se pode entender é que ele vai se envolver pessoalmente na eleição de lá, mas até do que na daqui. Só está ruim porque os nomes que ele anunciou já estar trabalhando não são bons: Julio César, que foi prefeito três vezes e bem conhecido do povo, e Edson Silva, o cíclico radialista de raso conteúdo.

Veja, completa e com melhor qualidade, a íntegra do entrevista:

http://www.opovo.com.br/app/fortaleza/2012/01/25/noticiasfortaleza,2773232/assista-a-entrevista-de-cid-gomes-na-tv-o-povo.shtml

domingo, 22 de janeiro de 2012


No segundo capítulo da série de quatro artigos sobre corrupção, abordaremos que a propensão em praticar atos de corrupção é fortemente cultural e reflete as normais sociais do país em que se vive. A história brasileira apresenta vários momentos degradação, servilismo e personalismo na vida política, que têm sido o alimento da corrupção material e política. Durante o reinado carioca de D. João VI, tornou-se popular uma quadrinha que dizia:
 
"Quem furta pouco é ladrão,
quem furta muito é barão,
quem mais furta e mais esconde
passa de barão a visconde".
 
O alvo da quadra era o tesoureiro-mor do reino, Francisco Bento Maria Targini, visconde de São Lourenço, arrecadador de rendas da Província do Ceará, que foi para o Rio de Janeiro, com a corte em 1807. Era conhecida a história que dizia respeito à compra de mantas para o Exército que Targini fizera a um fornecedor inglês. O hábil homem público teria mandado dividir cada uma das peças ao meio, revendendo-as depois ao governo brasileiro pelo dobro do preço original. José da Silva Lisboa, o visconde de Cairu, em sua "História dos Principais Sucessos Políticos do Brasil", disse que Targini "... fazia ostentação de opulência mui superior ao ordenado do seu emprego". Daí outra quadrinha que ficou famosa:
 
"Furta Azevedo no Paço
Targini rouba no erário
e o povo aflito carrega
pesada cruz ao calvário".
 
Faz lembrar alguns casos denunciados mais recentemente?






II - A CORRUPÇÃO É QUASE CONTAGIOSA
 
Defende o escritor Calil Simão (Improbidade Administrativa – Teoria e Prática. Leme: J.H. Mizuno, 2011, p. 10 e ss) que não existe corrupção política sem haver corrupção social. Ele aporta, sem se importar com os contraditórios, que, primeiro, a sociedade se corrompe para, posteriormente, corromper o Estado. Ensina ainda que a corrupção social se apresenta sempre que os indivíduos não possuem desinteresse individual, ou seja, quando não conseguem sacrificar um interesse particular em prol do interesse coletivo. O suíço Samuel Bendahan (has a PhD in economics and specializes in organizational behaviour, leadership and governance), do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, através de uma pesquisa, chegou a uma conclusão preocupante: se somos honestos na maior parte do tempo, isso pode se dever apenas à falta de oportunidade para enganar. Ou seja, a oportunidade leva à corrupção.
 
A pesquisa de Bendahan, relatada por Laura Spinney na revista New Scientist, mostrou que ao se iniciar um jogo para testar os participantes, apenas 4% deles justificava o roubo. Na quinta rodada, 20% dos participantes já roubavam. Na décima, eram 45%. No mesmo artigo, é relatada a pesquisa de Joris Lammers, da Universidade de Tilburg, na Holanda e de Adam Galinsky, da Universidade do Noroeste de Chicago. Eles concluíram que as pessoas com poder tendem a enganar mais, mas são mais duras do que os que não têm poder ao condenarem atos imorais. Os que têm mais poder são mais hipócritas, considerando seus atos corruptos menos condenáveis do que os praticados por outras pessoas. Para Lammers, o poder cria uma miopia moral, pois além de dar mais oportunidade aos que tendem à corrupção, também influencia a forma de pensar. Lammers compara os efeitos provocados pelo poder aos do álcool: “Reduz o alcance da visão e também leva a uma conduta que pode se chamar de hiperautoconfiança ou hiperfirmeza”.
 
Decorre daí situações como a da célebre frase do famoso vídeo sobre a negociação (de desapropriações) da Linha Leste do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT):

        - Então, vamos ver se a gente faz um rolo aí... Eu desaproprio e depois a gente vê...

Onde existe uma cultura de corrupção, ela é quase contagiosa. Foi a conclusão a que chegou a pesquisadoras Danila Serra, da Universidade Estadual da Flórida. Outra pesquisadora, Abigail Barr, da Universidade de Oxford, e Danila Serra fizeram um estudo com estudantes de 34 países com diferentes índices de corrupção, de acordo com a Transparência Internacional, e concluíram que a propensão em praticar atos de corrupção é fortemente cultural e reflete as normais sociais do país em que se vive. Por isso uma pessoa originalmente honesta não está imune à corrupção.

sábado, 21 de janeiro de 2012

O TAMANHO DA RETALIAÇÃO


O polímata Ciro Gomes (PSB-CE), irmão do governador Cid Gomes, presidente do PSB do Ceará, deu o tom da retaliação que os policiais militares do Ceará e o pessoal do Corpo de Bombeiros devem esperar. Em entrevista o polímata abriu o verbo. “Esses marginais fardados, covardes que são, usaram como escudo crianças e mulheres, e o Cid (o irmão governador) tomou uma decisão que qualquer pessoa pode condenar, mas que é decisão duríssima de tomar. Ele preferiu ceder a carregar na consciência o cadáver de uma criança”. Coitadinho! Depois vão rir à farta em uma confortável habitação em Nova Iorque.

Ciro Gomes deveria emitir seus impropérios contra os auxiliares do governo, que enganaram seu irmão, demonstrando inegável incompetência para trabalhar nos momentos de crise. Os "covardes marginas fardados", conforme Ciro Gomes, são todos os contingentes da PM e do Corpo de Bombeiros, menos, é claro, o comandante geral e o secretário de segurança e uns poucos gatos-pingados que ocupam postos na Casa Militar do Governo, ou em outros órgãos da administração, pelo que são bem aquinhoados.

COMPROMISSO DE HIPÓCRITA


Hospitais, planos de saúde e a maioria dos médicos trabalham observando mais o taxímetro correr do que o paciente. Centenas de casos ocorre todos os dias. Poucos chegam à mídia. Escrevi recentemente aqui sobre o atendimento desatencioso de um despreparado ou omisso médico no Hospital da Unimed de Fortaleza uma senhora com uma grave crise de pedra na vesícula. A mulher, de meia idade, tinha dores atrozes, crises de vômito e febre. Com os exames à mão (de sangue e ultrassonografia) ele não viu ou não soube ler a gravidade do quadro e apenas mandou ministrar Buscopan e liberou a paciente, que deveria ter sido internada imediatamente para uma cirurgia imediata. A sorte da referida senhora foi o acompanhante, que observou calado o atendimento desinteressado do  médico (plantonista do Hospital da Unimed Fortaleza) e conduziu a paciente a outro atendimento médico. Um simples exame da paciente e dos exames convenceu a médica, no caso, a internar a mulher, que se torcia de dores. Menos de 4 horas depois, a médica procedeu uma cirurgia de urgência. Logo depois, ela disse que a vesícula (o conduto) estava obstruída pelas pedras e já em processo de necrose. Irresponsabilidade médica ou despreparo? Ou as duas?

No mesmo dia, o Brasil tomou conhecimento, através do noticiário midiático, da morte de um graduado servidor público federal. Era o sceretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Ferreira. Morreu na sala de espera do Hospital do Planalto (Brasília), enquanto eram preenchidos os formulários que os planos de saúde e os hospitais impõem ao paciente.  Duvanier Ferreira, de 56 anos de idade, morreu em consequência de um infarto, após ter o atendimento negado em dois hospitais particulares de Brasília, o Santa Lúcia e o Santa Luzia. O plano de saúde dele não era aceito pelas instituições. Para atendê-lo, os hospitais exigiram um cheque caução, mas como ele estava sem cheque, o atendimento foi recusado. Duvanier só foi atendido em um terceiro hospital, o Hospital Planalto, mas o seu estado se agravou. Os médicos ainda tentaram reanimá-lo, mas sem sucesso. Agora, os mercenários da saúde vão aceitar uma simulacro de investigação, até que o caso caia no esquecimento.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A CORRUPÇÃO EM QUATRO CAPÍTULOS


A corrupção é e sempre foi um entrave sério ao crescimento do Brasil. Muitas são as causas, muitas e perversas são as consequências. Só há um caminho para combater esse mal, que corrói instituições e contamina a sociedade: levar os culpados ao ostracismo da prisão.Todavia, isso não tem ocorrido. O que se observa nitidamente, é que muitos dos agentes atuais do poder (em todos os níveis) não assumem compromissos verdadeiros combatê-la. Alguns tentam até politizá-la, produzindo um mal maior. Sabemos que é difícil modificar uma prática que se vem perpetuando ao longo da história, mas é preciso ao menos sinalizar nessa direção. É necessário que essas pessoas que hoje se encontram em posição de mando, pelo menos, dêem sinais claro de que condenam e não exaltam os vícios políticos que cristalizam condutas, atos e ações que fazem soçobrar projetos de mudanças em favor de interesses coletivos. Em quatro artigos, que publicaremos a cada dois dias, vamos abordar o assunto em profundidade, na tentativa de, ao menos, aclarar o papel dos atores e o papel da sociedade. Peço que leiam e critiquem, acrescentem e tomem posições. Ficarei lisonjeado.

I - O PODER ABSOLUTO CORROMPE ABSOLUTAMENTE

Muito já se escreveu e pesquisou sobre a corrupção, política, essencialmente. Na teoria política há uma frase famosa do inglês John Emerich Edward Dalberg-Acton, primeiro Barão Acton, conhecido como Lord Acton, que diz que "o poder tende a corromper - e o poder absoluto corrompe absolutamente". Lord Acton aprofundou demais quando acrescentou que "a autoridade política, nas sociedades humanas, em função apenas e tão somente de sua existência tende a danificar as relações entre seres inicialmente dotados de igualdade". Mas é claro que em uma sociedade patrimonialista e conservadora como a brasileira e ainda com um sistema de partidos e um presidencialismo de coalização como o nosso, o poder facilita e tende a corromper quase que incontrolavelmente. 
 
O poder político é sedutor e faz de seu detentor uma pessoa diferente das demais, cercando-a de símbolos, distinções, privilégios e imunidades que sinalizam sua hierarquia superior. Um exemplo aviltante são as regras de cerimonial, que regulamentam qual deve ser o comportamento das pessoas inferiores na presença da autoridade, uma herança remota dos reis, faraós e similares, tidos como ungidos pelos deuses. Como passar do tempo, exposto à adulação e ao servilismo, vem a transformação do indivíduo privado em uma autoridade (quase uma deidade) pública utente do poder. Alguns, como Chávez, são deolépeticos. Há também aquele que se julga um polímata, sabedor de todas as coisas sabíveis e de mais algumas ("de omni re scibili et quibusdam aliis").
 
Pode-se supor, também, que a frase de Lord Acton seja uma racionalização moderna da frase que o escravo encarregado de segurar a coroa de louros sobre a cabeça do general romano vitorioso deveria pronunciar, repetidamente, ao seu ouvido, durante a cerimônia do "triunfo" (homenagem que os cidadãos romanos prestavam ao general que entrava em Roma desfilando à frente a seu exército): "Não esqueças que és humano". Quem sabe, vivificar tal costume não fosse benéfico a alguns políticos e, fundamentalmente, ao povo, que deveria ser o verdadeiro beneficiário do poder público?

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

ERRO MÉDICO OU DESPREPARO?


Médico do Hospital da Unimed manda para casa uma paciente que precisava de uma cirurgia de emergência. Ela estava com dores agudas na região estomacal, febre e crise de vômitos, quadro típico de colecistite (inflamação da vesícula biliar). A ultrassonografia mostrava tudo e o médico não soube ler. Mandou administrar Buscopan e liberou. Ainda bem que a família da paciente não acreditou. Procurou uma médica recomendada por um amigo e ela, ao ler o exame, internou a paciente e fez a cirurgia de urgência, como mandava o estado da paciente, advertindo que se decorresse mais um dia o quadro poderia ter um agravamento perigoso. 

Cuidado! Só a borra está ficando.

domingo, 8 de janeiro de 2012

O DIA DO "FICO" EM CASA



Os Gomes e sua trupe podem comemorar. Já estão na história do Ceará, e do Brasil. Quem sabe, não aparece um deputado, do grupo mais atuante, para sugerir um feriado. A oportunidade e o precedente histórico já existem. Está na história do Ceará e do Brasil. O Dia do "Fico" de Pedro I, por coincidência, também em janeiro (9 de janeiro de 1822). O dia em que os fortalezenses vaiaram o sol. Aconteceu também no fatíloquo mês de janeiro (30 de janeiro de 1942), na Praça do Ferreira. Então, vale instituir o 3 de janeiro de 2012, como o dia em que a boataria parou o Ceará. Ou, ainda, aproveitando, como o dia do "fico" em casa. A prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, e os auxiliares Elmano e Catanho somente não entraram para a história porque a estrepitosa vaia parou na contagem regressiva para a entrada do janeiro (de 2012). Perderam a oportunidade. Seria o dia (a noite) em que os fortalezenses vaiaram a lua e seus dois satélites (postes) sem luz.

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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

AS LIÇÕES QUE ENSINA A GREVE NA SEGURANÇA PÚBLICA



Passado o caos gerado pela boataria e pelo vácuo de autoridade é hora de o governo analisar o episódio em toda sua dimensão. Não para buscar culpados, pois agora já não mais interessam, mas para apurar desempenho, ajustar a máquina e corrigir os erros, principalmente políticos. Da mesma forma que o ócio é mal habitante das horas, a arrogância e a adulação, por obrigação, são péssimas habitantes das horas de crise. Os grevistas, mesmo agindo de forma amadora e ao arrepio da lei, souberam muito bem usar e abusar de suas atribuições para espalhar o terror. 

O governo do Ceará parece ter sido atingido pelo vírus da incompetência, que transita fagueiro pelos corredores governistas, quando optou por permanecer calado durante todo o episódio da desgastante greve. Ora, eles sabem e todos sabemos que o boato se realimente e se espalha como um rastilho quando não encontra o seu antivírus: a informação. O Ceará parou (e fechou) na boataria. A violência não saiu do trilho e continuou nos seus altos índices de "normalidade". Nada além disso. O mesmo procedimento está em curso na greve dos policiais civis. É claro, só o humilde reconhece (não por discurso) o erro.

A MÃO QUE AFAGA É A MESMA QUE APEDREJA

Resultado de tudo: o governo saiu derrotado, vai retaliar na surdina (o clã não esquece. Ainda bem que os governos passam) e pagar o preço (deixamos de fora o alto preço que população já pagou). E o preço que o governo vai pagar não é relativo somente aos custos para o erário, mas, principalmente, o preço político. O corrosão é acentuada e grave o precedente. De quebra, fabricaram um algoz, o suplente de deputado capitão Wagner (PR), já cogitado para uma candidatura a vice ou a prefeito de Fortaleza. E neste deserto de nomes até que tem espaço, pois entra como uma cunha no ponto fraco do governo - a segurança pública. Por ironia, o tema que elegeu o governo pode, agora, derrotá-lo. "A mão que afaga é a mesma que apedreja...", como escreveu o soturno poeta paraibano Augusto dos Anjos.

UM LOBO É UM LOBO, UMA VAIA É UMA VAIA

Pode a vaia à prefeita de Fortaleza, na festa do Réveillon, não ter sido sobra da crise na segurança, mas com certeza algumas consequências políticas da greve já estão em curso no seio petista. Óbvio que a prefeita minimizou o fato, verbalizando que foi um pequeno apupo. Foi uma sonora vaia, extensiva aos dois pré-candidatos (Elmano e Catanho), que a ladeavam no palanque, ela nem percebeu.

Veja o que ela disse sobre a vaia e a presença imperceptível dos dois pré-candidatos: “Vi uma coisinha isolada, pontual. Não houve essa vaia em massa. Sou muito sensível a essas coisas. Eu seria a primeira a ficar arrasada. E saí feliz”. Sobre a presença de Waldemir Catanho e Elmano Freitas, seus dois pré-candidatos preferidos, ao seu lado no palco: “Nem percebi que o Catanho e o Elmano estavam do meu lado. As pessoas foram encostando para dar força. Sem fazer nenhuma menção a eles, ali passa batido. Não foi coisa feita com objetivo de torná-los conhecidos”. Nós sabemos, prefeita.

Não dá para olvidar que governo e prefeitura são parceiros de administração e de proposta na questão da segurança pública. A prefeita prometeu reforçar a Guarda Municipal durante sua gestão. Foi apenas um discurso para esvaziar (na campanha) seu principal adversário (Moroni), que prometia reestruturar e contratar 5 mil homens e mulheres para a Guarda Municipal, transformando-a em uma força auxiliar da PM. Até agora o "rapa" só é competente na perseguição dos ambulantes.

POLÍCIAS FEDERAL, ESTADUAL E METROPOLITANA

A greve ilegal da PM e do Corpo de Bombeiros e agora da Polícia Civil deixa lições que precisam ser aprendidas. Já que a lei foi aviltada e o regulamento e a hierarquia vilipendiados é hora de mudar tudo. O caminho é a unificação das polícias por nível de abrangência, ou seja, nos planos federal, estadual e municipal, acabando com a salada hoje existente. Existe a Polícia Federal (do Ministério da Justiça) e a Polícia Rodoviária Federal (ligada ao DNIT), e algumas guardas, como a ambiental, florestal etc. Nos âmbitos estadual e municipal a miscelânea é a mesma. PM, Polícia Civil, Guarda Municipal, AMC etc. Passariam a existir três polícias e cada uma delas nos seus diversos níveis (ou unidades) de atuação: Polícia Federal, Polícia Estadual e Polícia Metropolitana, ligadas, respectivamente ao ministério da Segurança pública e as secretarias estadual e municipal de igual denominação. O Corpo de Bombeiros deixaria de ser militar e seria uma unidade da Defesa Civil, com abertura, inclusive para voluntariado. É um caminho mais coeso.