quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O TRAÇADO BARALHO DA SUCESSÃO


Cid Gomes chegou barbado à TV. Extirpou-a no camarim.


Vale uma abordagem complementar sobre conteúdo da entrevista de Cid Gomes (governador do Ceará) na TV O Povo, que está sendo vista na Internet. O governador tratou dos pontos principais da crise e até de política. O governador confessou que vai escrever um livro de memórias, quando contará todo o sentimento que carrega, inconfessado, no coração sobre a greve dos policiais militares e outros. Confessou, contraditoriamente, que a grande falha foi na comunicação, mas não admitiu que deveria ter tido uma presença maior na mídia na crise. "O que eu iria falar? Eu não estava seguro...". Ora, ora, o boato predomina onde não há informações.

Sobre a sucessão de Fortaleza disse que se depender dele (e só depende) o PSB não terá candidato próprio. Sofismou ao dizer que não manda no partido e que a eleição será tratada pelo partido em nível municipal. Foi uma resposta ao modelo Paulo Lustosa, ou seja, "papo-furado". O partido (PSB) foi tomado, no seu núcleo municipal, da família Novaes (Sérgio e a irmã Eliane, deputada estadual), que mantinha uma dominação favorável a Luizianne. Agora, a dominação é plena e nenhuma decisão sairá sem passar pelo governador. O boi sempre sabe onde fura a cerca. O PSB não terá candidato próprio, mas para apoiar o candidato petista Cid Gomes não perdeu tempo em colocar difíceis condições: primeiro, consiga fazer aliança partidária, a mais ampla possível (PMDB, PC do B, PSB etc.), e, segundo, que, fundamentalmente, no momento da campanha, seja um nome que inspire na população confiança”. Será que é o retrato de alguém que ele já pensa?
 
A prefeita petistas Luizianne Lins ganhou a batalha, mas não significa que ganhou a guerra. Cid, ao impor tais condições para apoiar o candidato petista, quer trazer a indicação para dentro do território que ele domina na legenda petista. Quer dizer, Luizianne pode vencer, mas não levar. Cid alegou não ter sido comunicado oficialmente das recentes decisões do PT e, por isso, não quis comentar se algum dos cinco nomes que estão na nova lista petista se encaixaria nesses critérios: Acrísio Sena, Artur Bruno, Camilo Santana, Elmano de Freitas e Guilherme Sampaio. Correndo por fora, mas fortalecido, está o senador José Pimentel, o come quieto, que tem um olho no gato e o outro no peixe.

A ternura tomou conta do governador cearense quando ele abordou a sucessão de Maracanaú, que é administrado por Roberto Pessoa (PR), maior opositor do clã governista, melhor dizendo, a única. Revelou amor aos maracanauenses, dos quais se considerou devedor. Até citou, tirando de sua vasta literatura de conhecimento, trecho do livro "O pequeno Príncipe (de Antoine de Saint-Exupéry) -"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"-, e prometeu participar ativamente da campanha de sucessão de Maracanaú. O que se pode entender é que ele vai se envolver pessoalmente na eleição de lá, mas até do que na daqui. Só está ruim porque os nomes que ele anunciou já estar trabalhando não são bons: Julio César, que foi prefeito três vezes e bem conhecido do povo, e Edson Silva, o cíclico radialista de raso conteúdo.

Veja, completa e com melhor qualidade, a íntegra do entrevista:

http://www.opovo.com.br/app/fortaleza/2012/01/25/noticiasfortaleza,2773232/assista-a-entrevista-de-cid-gomes-na-tv-o-povo.shtml

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