segunda-feira, 20 de setembro de 2010
UM BRASIL DE ESTRUTURA POLÍTICA PODRE
A cúpula da máquina do poder estadual no Ceará, como em diversos estados, segue a prática do Planalto, (exemplo: último caso na Casa Civil, com Erenice Guerra/Dilma Rousseff). Está tudo podre e a fedentina se espalha por todos os recantos deste país enxovalhado pela corrupção irrefreável. E o pior é que a grande maioria dos brasileiros e cearenses está dando o sim para que essa mesma cúpula putrefata permaneça no poder por mais um período. É o mesmo que dar um aval para que se produza a impunidade, que faz proliferar a corrupção.
Mas, por que o eleitor tem esse comportamento? Vi um dia desses um homem de aproximadamente 40 anos, rosto marcado pela desilusão, dizer para um amigo, que o perguntara sobre seus candidatos, que votaria naqueles que estão no poder porque não adiantava mudar, ‘são todos uns ladrões!’. É fato que esta é a visão que tem a maioria dos eleitores das camadas populares. E não há mistério. O comportamento eleitoral é resultante da cultura política e há pelo menos três teses mais fortes que tratam do assunto:
1) sociológica que leva em conta o contexto social do grupo e são, é claro, compreendidas dentro do contexto dos diversos grupos sociais;
2) psicológica, que se assenta na estrutura da personalidade e no sistema de crenças, independente do contexto social em que vivem.
Há ainda a perspectiva psicossociológica, que integra princípios sociológicos e psicológicos, indicando o modelo da centralidade, considerando a posição do indivíduo da estrutura da sociedade.
3) a teoria da escolha racional, a mais importante, para mim, utiliza como referência o individualismo metodológico, partindo do principio de que os indivíduos são racionais e objetivam sempre maximizar seus ganhos (lembra do Bolsa Família).
Serge Tchakhotine, no livro (excelente) “A mistificação das massas pela propaganda política” resume tudo ao dizer que “há quatro forças genéricas que atuam de maneira mais ou menos constante na determinação do comportamento dos indivíduos: 1) o impulso da combatividade, 2) o impulso das exigências materiais; 3) o impulso sexual; e 4) o impulso parental ou impulso da amizade.
Todas as teses têm fundamentos importantes na explicação do comportamento eleitoral do brasileiro das camadas populares. No Brasil, os estudiosos do assunto (que são poucos e de pouca profundidade) consideram as teorias sociológicas e psicológicas mais aproximadas da realidade, o que discordo, preferindo a teoria economicista ou da eleição racional.
Há conhecimento de sobra, através de pesquisas, apontando que o eleitor das camadas populares não acreditam em partido e de modo geral não se interessam por política. Caracterizam-se por sua vulnerabilidade e volatilidade eleitoral. Decidem o voto (e a eleição) em função da imagem e de atributos pessoais dos candidatos e apresentam baixo grau de informação e interesse político. Optam, quase sempre, pela distância e pela descrença em relação a política e os políticos, refletindo a ‘racionalidade’ referente a visão que o eleitor popular tem da estrutura política em que vivem. Se a estrutura é essa (podre) que estamos vivenciando, do contexto social que vige não poderia sair outro comportamento do eleitor.
Veja a seguir, matéria sobre o escândalo de corrupção dos irmãos Gomes:
Polícia Federal investiga escândalo que envolve os irmãos Ciro e Cid Gomes.
Documentos apreendidos apontam o desvio de 300 milhões de reais das prefeituras do estado entre 2003 e o fim do ano passado.
Licitações viciadas favoreciam sistematicamente as 17 empresas de Raimundo Morais Filho.
Com o segundo mandato praticamente assegurado, o governador cearense Cid Gomes não vai poder concentrar-se na festa da vitória. Reportagem de VEJA desta semana revela os detalhes de uma investigação da Polícia Federal sobre um esquema de corrupção que, envolvendo os irmãos Cid e Ciro Gomes, desviou 300 milhões de reais de prefeituras do Ceará entre 2003 e 2009.
A enorme teia de ilegalidades ─ descobertas casualmente pela PF em 2009, durante a investigação de fraudes cometidas pelo empresário Raimundo Morais Filho ─ foi batizada pelos próprios envolvidos de “Integração Cearense”, uma alusão ao Ministério da Integração Nacional, ocupado por Ciro de 2003 a 2006. A operação começava com o repasse de recursos do ministério a prefeituras cearenses.
Licitações viciadas favoreciam sistematicamente as 17 empresas de Morais, que se apropriava de 4% do valor do contrato e entregava o restante ao deputado estadual Zezinho Albuquerque (PSB), principal articulador político de Cid Gomes na Assembleia. Na etapa seguinte, esse dinheiro era repassado às prefeituras, que pagavam pelas obras uma quantia inferior à prevista nos contratos. Segundo a documentação apreendida pela PF, a quantia excedente financiou, na campanha de 2006, as candidaturas de Cid a governador e de Ciro a deputado.
Interessado em negociar uma delação premiada, Morais produziu um minucioso relatório sobre as operações criminosas. Procurados por VEJA, Zezinho e os irmãos Gomes negaram qualquer envolvimento com o episódio. Ciro afirma que sequer conhece o pivô do escândalo.
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