segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A CAMPANHA DAS PÁGINAS POLICIAIS



O PSDB está tropeçando em sua própria sombra e enjoando de tomar iniciativas erradas. A sequência de erros acontece tanto em nível regional como nacional. No Ceará, o partido está esvaziado e tateia em busca de uma brecha para encontrar um discurso, pois que alardeava até agora, está perdido no tempo, e, se possível, voltar a conquistar um espaço para  crescer, uma tarefa quase inverossímil, pois neste Brasil varonil são poucos os partidos que logram crescer distanciados do poder. E o PSDB, que passou muito tempo no cerne do poder, não sabe viver sem ele e muito menos fazer oposição. Um exemplo disso é a propaganda partidária que coloca no ar. O Governador do Ceará e presidente do PSB, Cid Gomes, toma atitude estouvadas e a oposição tucana prefere colocar no ar comparações administrativas do passado e presente, saúde e educação, que o povo nem lembra mais. Propaganda fraca, muito fraca. A pessoa pode até assistir, mas não consegue ler e tampouco atinar.

Em São Paulo, o PSDB também está atravessando na contramão no apoio a Gilberto Kassab (era do DEM e agora comandando o PSD) para o governo do Estado-SP. A segunda pesquisa Datafolha sobre a eleição de 2012 em São Paulo animou o PT e enfraqueceu a ala do PSDB que defende que o partido abra mão de candidatura própria para apoiar o PSD do prefeito Gilberto Kassab. Para os petistas, a influência do ex-presidente Lula sobre 48% do eleitorado abre caminho para o crescimento do atrapalhado ministro da Educação, Fernando Haddad, que ainda aparece na faixa de 3% a 4% das intenções de voto.  Entre os tucanos, a avaliação é que o baixo índice de aprovação de Kassab (20%) e o desempenho do vice-governador Guilherme Afif Domingos (PSD), com 3% na pesquisa, induz o partido a não abrir mão da cabeça de chapa. O plano de Kassab, apoiado por uma ala tucana, é lançar Afif com o PSDB na vice. Seu desempenho, no entanto, o coloca no mesmo patamar dos tucanos que brigam para se candidatar: Bruno Covas (6%), Andrea Matarazzo (2%), José Aníbal (3%) e Ricardo Trípoli (2%).

Lá, como aqui, o PSDB está perdido e deixando sem obstáculos o espaço para o PT e aliados fazerem a festa. José Serra, que vai ter muito que se explicar  com o livro "A privataria tucana", de Amaury Ribeiro Júnior, está afastado da disputa municipal, pois sua rejeição chega a 35%, quase o dobro de seu índice de intenção de votos, que é de 18%. Claro que a eleição municipal em todos recantos do país ainda tem muito para definir seu quadro definitivo. Lula da Silva (cresceu com a doença), mas ainda assim não consegue transferir sua popularidade ao maldistinto Haddad. O PT tem tudo a favor, lá como aqui. Só perde se tropeçar na bainha da calça. Lá, o ex-deputado Celso Russomanno (PRB) lidera quatro dos cinco cenários pesquisados pelo Datafolha, com até 20%. Aqui os aliados (governo e prefeitura) se engalfinham em uma disputa intestina que não permite maior clareza nem na oposição. E, neste cenário, o ex-deputado Moroni Torgan faz falta.

Se o jogo já antecipa um conturbado cenário eleitoral para PSDB em 2012, o livro a "Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Junior", promete mais estorvos. O autor é mestre em armar patranhas. Já foi P-2 (área de espionagem da campanha de Dilma Rousseff em 2010) de campanha do PT e se envolveu no caso da quebra de sigilo da filha de José Serra (última campanha presidencial). Não implica, todavia, que o livro não possa conter informações sérias e constrangedoras. O processo de privatização realizado ao longo do governo de Fernando Henrique Cardoso, nos anos 90, verdadeiramente dilapidou patrimônios públicos, como a Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional, e camuflou negociatas, que, espero, a falta de credibilidade do autor, não comprometa . O livro revela, documentos inéditos sobre a transferência de bilhões de reais para esquemas de lavagem de dinheiro e pagamentos de propina aos altos escalões da República. O ex-governador de São Paulo, José Serra assim como o então presidente Fernando Henrique Cardoso são citados como cúmplices no ciclo de corrupção.

E, neste cenário, em que todos foram jogados na vala comum da gatunagem, o que sobra?


Em breve, vou concentrar todas as publicações no http://eriveltodesousa.com.br/

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