segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

UM JUDICIÁRIO ACIMA DA LEI



Reformas no poderes Executivo e Legislativo podem até nem andar, como é o caso da propalada e nunca apreciada Reforma Política, mas falar de reforma no Judiciário parece até crime. Ninguém tem coragem e quando aborda é com tanto cuidado que o assunto morre em seguida. No Judiciário transparência é proibida, basta ver a tentativa de crucificação da ministra Eliana Calmon, que dirige o Conselho Nacional de Justiça - CNJ. Qual o crime dela? Mostrar as irregularidades mais elementares de setores do Pode Judiciário. Foi o suficiente para fazer despencar dos céus a ministra e o órgão que administra uma borrasca capaz de fazer soçobrar qualquer embarcação.

Mas como até um renitente temporal embute na destruição que causa uma luz para o futuro, a crise que abalou a cúpula do Poder Judiciário trouxe um alento que os corruptos do Judiciário não contavam: fez emergir novamente a discussão sobre a transparência da Justiça brasileira. O debate foi deflagrado a partir das decisões provisórias de dois ministros do Supremo Tribunal Federal, esvaziando os poderes de investigação do CNJ. As liminares atendiam pedidos feitos por três associações de juízes, arguindo uma atuação de forma inconstitucional.

Ainda que a polêmica seja tão antiga quanto a própria criação do CNJ, instalado em 2005, só deixa a certeza de que o judiciário corporativo, lento e eivado de corrupção está em dessintonia com a sociedade e tem que ser reformulado, ou controlado verdadeiramente.

A ministra corregedora do CNJ abriu a discussão, que agora recrudesce, há algum tempo ao afirmar no Judiciário existem "bandidos de toga". Alguém tira a razão dela? Presenciei certa vez, mesmo não fazendo parte da roda, um alto prócer do judiciário cearense dizer sem qualquer pejo que era "um homem rico". Dá para ficar rico assim só de salário, mesmo que sejam os mais altos do país? E o mais grave é que quando, raramente, um magistrado é considerado culpado a punição é a aposentadoria compulsória.

Eliana Calmon critica a punição premiada da aposentadoria compulsória e adverte que há um "corporativismo ideológico perigosíssimo", que favorece a infiltração de "bandidos de toga". Acrescenta que à medida que os magistrados continuam com o corporativismo, estão favorecendo que as pessoas venham se esconder nessa grande arrumação que foi feita: "Aqui é muito bom, eu posso fazer tudo e estou fora do alcance da lei". É assim que muitos pensam.

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