É preciso reflexionar com cuidados os efeitos da chegada do Partido dos Trabalhadores ao governo central em 2002, que, sem dúvida, marcou uma inflexão na vida política brasileira. O PT concorreu em todas as eleições presidenciais diretas pós-redemocratização (1989, 1994, 1998, 2002 e 2006), conseguindo a façanha de eleger duas vezes o único candidato a presidente de toda sua história: Luis Inácio Lula da Silva. A vitória dele após três tentativas anteriores frustradas suscitou um debate muito rico e ainda pouco desenvolvido no Brasil: como o PT e Lula conseguiram, após as três derrotas, legitimar-se perante a sociedade brasileira e conquistar a presidência?
Diversos trabalhos acadêmicos foram produzidos. Um deles, coordenado pelo professor Fernando Limongi e tendo como integrantes Danilo César Fiore e Sérgio Roberto Guedes Reis, de dezembro de 2006, traz algumas interessantes conclusões. São interpretações acadêmicas acerca do percurso (político, social, ideológico, eleitoral etc.) do PT nas quatro eleições presidenciais em questão (89, 94, 98 e 2002). O estudo segue a lógica simples, facilitada pelo o fato de Lula ter sido o único candidato do partido em todos os embates, de percorrer três “caminhos” explicativos possíveis para a vitória petista em 2002 face às derrotas anteriores. A primeira: Lula e o PT mudaram, transformando-se em alternativa eleitoral viável para a maioria da população. A segunda: mudou a percepção da maioria da população, que “deu uma chance” a Lula e ao PT. A terceira: uma combinação das duas hipóteses anteriores.
As explicações acerca do desempenho eleitoral de Lula apresentam divergências diversas. Para alguns, a vitória de Lula foi o clímax de um ciclo de crescimento político-eleitoral do PT e de sua base social, para outros esta conquista se deu às custas da dispersão ideológica do partido. Claro que dicotomia está longe de esgotar o assunto. Outras abordagens recorrem à importância dos mecanismos sociais, econômicos e discursivos, predominando o papel da mídia nas eleições do período. Vale a pena repetir a pergunta nunca respondida: teria a televisão influenciado a performance do candidato? Outras indagações também carecem de respostas substanciais: qual o papel da abertura econômica no cenário eleitoral? O Brasil de 2002 era o mesmo de 1989?
Você aí, que está lendo este blog, já refletiu sobre isso? Em caso positivo, e se for de sua vontade, envie-nos a sua reflexão (e-mail - daltondivaldir@hotmail.com). Caso contrário, espere a continuação de nossa abordagem. Os estudos sobre a motivação eleitoral no período pós-democratização não estarão completos até que incluam a análise da eleição de 2006 (terá sido a bolsa-família a motivação maior, especialmente nas classes C/D/E?).
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