sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O Desespero Não é só da Polícia

O episódio com o carro metralhado por policiais representa uma lição que deve ser decorada pelos que fazem o governo do Estado e a Policia, claro. O caso não significa só despreparo da PM, traz embutido no ato o despreparo também dos governantes, que não conhecem profundamente (melhor, cientificamente) o fazer segurança e policiar. Segurança (ensina Houaiss) é um substantivo feminino que significa:

1. ação ou efeito de tornar seguro; estabilidade, firmeza, seguração;
2. ação ou efeito de assegurar e garantir alguma coisa; garantia, fiança, caução;
3. estado, qualidade ou condição de uma pessoa ou coisa que está livre de perigos, de incertezas, assegurada de danos e riscos eventuais, afastada de todo mal;
4. estado, condição ou caráter daquilo que é firme, seguro, inabalável, ou daquele com quem se pode contar ou em quem se pode confiar inteiramente;
5. situação em que não há nada a temer; a tranqüilidade que dela resulta;
6. conjunto de processos, de dispositivos, de medidas de precaução que asseguram o sucesso de um empreendimento, do funcionamento preciso de um objeto, do cumprimento de algum plano etc.;
7. certeza, infalibilidade; convicção; evidência;
8. força ou firmeza nos movimentos; firmeza de ânimo, resolução, afoiteza, autoconfiança;
8. atitude de confiança nos próprios recursos, presença de espírito, autodomínio, geralmente aliada à certeza de pertencer a um grupo social valorizado ou de ser respeitado em seu grupo social;
9. estado em que a satisfação de necessidades e desejos se encontra garantida.

Claro que existem outros significados (Segurança nacional, do trabalho, por exemplo) e quando ao termo segurança se agrega a palvra pública (dever do Estado de criar condições para que o indivíduo possa viver em comunidade, livre de ameaças, em liberdade e bem-estar) a compreensão deve se alargar, o que nem sempre ocorre. Para se chegar a um estado de segurança é necessário policiar e aí o que acontece é pior ainda. Policiar é um verbo transitivo direto que significa vigiar ou fiscalizar, manter em ordem, por meio do trabalho da polícia ou de acordo com os regulamentos policiais. Por exemplo, policiar a cidade para assegurar a paz de seus moradores. Pode ser também vigiar com atenção, com aplicação; zelar ou tornar civilizado; civilizar e, ainda, não permitir que (algo) se produza ou se manifeste (fora de si ou em si mesmo); reprimir(-se), conter(-se).

O problema é que a questão da segurança foi tratada nos últimos meses sempre com muita jactância e pouca realização. Não se transforma uma realidade apenas com discurso ou com perfumaria. Vestir os policiais com farda de grife (houve até desfile de moda no Centro Dragão do Mal, digo do Mar para a escolha do estilista) e dotar o aparato policial de Hilux SW4 automática com equipamentos de última geração só criaram na cabeça dos policiais a falsa idéia de que eles estavam literalmente donos da situação. O excesso de confiança e a cobrança por resultados para apresentar à mídia deram a corda que faltava. O resultado foi a tragédia que se viu. E só agora o governador, deputados e o Fábio Campos entenderam que a polícia é desprerada. Adianta dar um jato moderno para um piloto de teco-teco. Não se arruma uma casa pintando a fachada para aparecer bem na fotografia.

Todos nós torcemos, como o Fábio Campos (colunista de política do O Povo) para que o programa Ronda de Quarteirão dê certo. Deixando lado a excessiva propaganda, é uma iniciativa louvável, mas deve começar com o aprimoramento do homem, com o pagamento de melhores salários e com o aumento do efetivo, pelo menos, em seis mil homens. O Ronda deve ser um programa de quatro anos e não um programa emergencial. O pior é que quando os governantes erram são os cidadãos que pagam a conta.

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