No capítulo que foi publicado na última sexta-fera neste blog mostramos os caminhos partidários que a família Ferreira Gomes tem percorrido na busca de conquistar espaços (e mandatos). No capítulo de hoje vamos mostrar as a primeira campanha presidencial de Ciro e a conquista da prefeitura de Sobral pelo irmão Cid Gomes, enquanto Pastrícia chega a Assembléiia Legislativa. Veja, a seguir, o terceiro capítulo.
A História Política de uma família - capítulo III
O SEGUNDO FERREIRA GOMES NO GOVERNO
No período de 1994 até 2006, quando ficou sem mandato, Ciro foi duas vezes candidato a Presidente da República, a primeira pelo PPS (1998) e a segunda pelo PSB (2002), uma dança de partido a que ele já está acostumado a cada véspera de eleição. Mas, a partir de 1990 já havia outro Ferreira Gomes com mandato. Era o atual governador, Cid Gomes, que foi eleito para a Assembléia Legislativa do Ceará a primeira vez na carona do irmão Ciro (eleito governador do Ceará) com 21.895 votos. Cid renova o mandato em 1994, conseguindo 45.520 votos. Enquanto Cid cresce na Assembléia e chega a presidente do Legislativo cearense, Ciro, sem emprego, ou melhor, sem mandato, após deixar o ministério de Itamar Franco consegue ser aluno visitante da Universidade de Harvard onde cristaliza uma amizade dom o professor Mangabeira Unger. Dessa amizade sai o livro “O próximo passo, uma alternativa prática ao neoliberalismo”, publicado em 1996. O livro, não muito bem acolhido, seria a base da campanha de Ciro à presidência da República de 1998, e Unger emprestaria ao “cearense” de Pindamonhangaba-SP o brilho intelectual e o cheirinho de esquerda que ele, Ciro, tanto desejava. Não funcionou como ele esperava.
Mais quatro anos viveria Ciro Gomes na planície. Houve até um tempo em que ele, sem mandato, teve que ser empregado do Beach Park (embora raramente viesse ao Ceará), empreendimento turístico do qual era sócio o atual chefe da Casa Civil do Governo Cid Gomes, Arialdo Pinho, embora a questão não fosse a falta de dinheiro. Já estava longe o tempo em que o Gomes mais velho se vangloriava de andar em um carro usado e de morar em uma casa classe média baixa no bairro de Dionísio Torres (rejeitou morar na residência oficial, por trás do Palácio da Abolição), mesmo como governado do Ceará, porque não queria habituar seus filhos a um padrão de vida que ele dizia não poderia manter.
Enquanto Ciro vivia a planície, muito bem, obrigado, Cid deixava a Assembléia em 1996 para concorrer pela segunda vez à Prefeitura de Sobral (na primeira vez foi derrotado por Ricardo Barreto). Conseguiu eleger-se com 41.605 votos. Em 2000 vai à reeleição e obtém a vitória com 48.322 votos. Governa os dois mandatos em aliança com a esquerda, tendo o PT como principal parceiro. Saí da Prefeitura em 2004, mas deixa um dos integrantes do grupo Ferreira Gomes como prefeito: Leônidas Cristino, que fora secretário de Infra-estrutura de no governo de Ciro e depois foi eleito deputado federal em 1994 com 92.520 votos. Em 1998, não conseguiu repetir o feito e ficou sem mandato, mas continuou sob a proteção da família. Agora é prefeito.
Ciro Gomes ficou fora do poder por oito anos, mas a família e os agregados continuaram progredindo. Cid chegara a prefeito de Sobral e tinha sonhos de chegar ao Governo do Estado, como aconteceu. Outro irmão, Ivo Gomes, dava os primeiros passos como secretário de Cid em Sobral, enquanto a ex-mulher, Patrícia Gomes, hoje Sabóia, também fazia carreira. Em 1996, numa campanha milionária para vereadora, com total apoio do ex-marido, ela não consegue a votação que pensa, mas é eleita com 21.839 votos. Dois anos depois, aproveita a candidatura de Ciro para a Presidência e salta para a Assembléia Legislativa, já pelo PPS, com 79.739 votos.
A amizade Ciro-Tasso, construída desde a campanha de 1986, solidificava-se cada vez mais, ao ponto de ser tramada dentro de casa (entre os próprios companheiros de partido e até parentes) a rasteira que foi dada em Sérgio Machado, na eleição de 1988 (uma história que contaremos a seguir, com os incríveis lances de bastidores). Na eleição de 1998, a amizade passou por uma dura prova e resisitiu. Jereissati (PSDB) apoiava a reeleição de Fernando Henrique Cardoso, mas não fez nada para impedir que Ciro (PPS) fosse o mais votado no Ceará. Vem a campanha presidencial de 2002, e a amizade é outra vez testada, mas passa com louvor.
(veja amanhã a seqüência da história política da família Ferreira Gomes: Capítulo IV – A MORTE PELA BOCA.
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