O governador do Ceará, Cid
Gomes (PSB, por enquanto), está concluindo sua vilegiatura pela Itália, mas vai
encontrar um imbróglio pela intolerância oligárquica a qualquer tipo de
questionamento a sua atuação governamental, que deu muito certo no dois
mandatos em Sobral, mas tem gerado dissabores por cá. Quando bateu em retirada,
deixando o campo político minado pelas manifestações de rua, soltou algumas
bazófias, que, de retorno, será obrigado a enfrentar, agravando o desgaste de
imagem que já sofreu no bojo dos protestos. O governador, em visível
desconforto motivado por tudo que estava acontecendo
nas ruas e até mesmo no seu partido (assunto não abordado por
desconhecimento da imprensa), menosprezou os movimentos populares de rua, que
tem produzido mudanças, principalmente no governo federal e no Congresso Nacional
e, anunciou, sem sequer saber se o assunto prosperaria, que poderia aproveitar
o plebiscito sugerido pela presidenta Dilma (PT) para saber o que povo cearense
pensava sobre algumas obras que têm causado polêmica, como o Aquário (já em
execução) e a ponte estaiada (ainda no projeto).
Vamos por partes. Sobre o caso do partido, muito pouco ele
pode fazer, a não ser abandonar, com seu grupo, o PSB, um movimento que já foi
feito algumas vezes nos últimos anos para acomodar os interesses do clã. O caso
é que a ex-prefeita de Fortaleza, Luzianne Lins, cada vez mais acuada no PT
cearense, hoje dominado pelo irmão de Genoíno (condenado no mensalão), José
Nobre Guimarães, foi convidada oficialmente para deixar o PT e se filiar ao
PSB. Luzianne no PSB seria a garantia de que o partido teria um palanque no Ceará para o presidenciável socialista. O giro virou um jirau nos diversos assuntos que Cid Gomes tocou. No PSB,
foi divergente das pretensões presidenciais do presidente nacional e governador
de PE, Eduardo Campos, apostando todas as suas fichas em Dilma Rousseff e Lula.
Os protestos aqui e no Brasil inteiro sepultaram os planos do clã na corrida
presidencial, com profundas ligações com a estadual, porque de uma só vez ele
segurava o PT e o PMDB do oportunista Eunício Oliveira, que está se fazendo de
morto na crise das ruas, mas não deixa de lamber a rapadura. Agora, dá para
entender porque a viagem no meio da crise? Dilma e o PT caíram na vala comum e
terá muita dificuldade em conquistar um segundo mandato. O tsunami que varreu o
mundo político, principalmente PT e PMDB, ainda terá ainda muitos “rounds”, mas
a corrida presidencial deixou todo mundo japonês, um quadro que pouco se alterará
até o início da largada. Afundar com Dilma (ou qualquer outro) incomoda muito o
clã e o namoro do PSB com Luizianne pode ser a deixa que o clã deseja para se
mudar de malas e bagagens para o alternativo PSD, igualmente desgastado, mas,
pelo menos, seu presidente nacional, Gilberto Kassab, com o pífio desempenho junto
ao eleitorado para a sucessão de SP (2%), não vai levantar muito a voz. A
desconstrução política (principalmente partidária) vai fazer suar o clã para
segurar o poder depois de 2014. É uma nova engenharia que envolve o PMDB
(Eunício, e os vices Domingos Filho e Gaudêncio Lucena), O PSB, o PT, uma mais
que provável mudança de partido e a fabricação de um candidato estadual a
partir do barro sem consistência de que dispõe – Leônidas Cristino. Izolda,
Mauro Filho e Roberto Cláudio, o prefeito eleito de Fortaleza este ano, que nem
respostas começou a dar à cidade e ao povo.
O caso do plebiscito será outro suadouro e a ser enfrentado
pelo clã. Quando se cospe para cima quase sempre cai na cara. Com soberba, o
governador anunciou que iria aproveitar o plebiscito para pesquisar se o povo concorda
com algumas obras. O plebiscito nacional nem vai prosperar para produzir
resultados para as próximas eleições, mas no Ceará vai render, e muito. Em
Brasília, a polêmica toma conta em virtude do princípio da anualidade quando se
trata de mudanças eleitorais, mas por cá não é o caso. O princípio será a aprovação ou não do povo cearense sobre,
principalmente, das obras do Aquário e da Ponte estaiada. A turma da
tocaia não perdeu tempo. A Câmara Municipal de Fortaleza aprovou pedido de
urgência para votação do Projeto de Decreto Legislativo 28/2012, do vereador
João Alfredo (Psol), que determina o plebiscito sobre a construção do Aquário.
A matéria será votada em até cinco sessões da Casa. Projeto no mesmo sentido
também foi apresentado na Assembleia Legislativa do Ceará pelo deputado Heitor
Férrer (PDT). Está mais que feito o imbróglio. Por que falar sobre isso
governador, especialmente porque a obra está em execução e já foi gasto mais de
R$ 52,6 milhões do erário? Se o povo não aprovar, como esse dinheiro do povo
será resgatado? Não vou nem entrar nos questionamentos licitatórios e
comparativo dos gastos com o volume visível das obras, mas o rolo está feito e
dificilmente o governo sairá ganhando. Fala aí prefeito Roberto Cláudio, já que
o governador e o vice ainda não chegaram e até o danado secretário Bismarck
Maia está de férias, afinal a obra é na cidade em que o senhor é prefeito. Que
bola, hem?
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