domingo, 7 de julho de 2013

O GIRO QUE VIROU JIRAU




O governador do Ceará, Cid Gomes (PSB, por enquanto), está concluindo sua vilegiatura pela Itália, mas vai encontrar um imbróglio pela intolerância oligárquica a qualquer tipo de questionamento a sua atuação governamental, que deu muito certo no dois mandatos em Sobral, mas tem gerado dissabores por cá. Quando bateu em retirada, deixando o campo político minado pelas manifestações de rua, soltou algumas bazófias, que, de retorno, será obrigado a enfrentar, agravando o desgaste de imagem que já sofreu no bojo dos protestos. O governador, em visível desconforto motivado por tudo que estava acontecendo nas ruas e até mesmo no seu partido (assunto não abordado por desconhecimento da imprensa), menosprezou os movimentos populares de rua, que tem produzido mudanças, principalmente no governo federal e no Congresso Nacional e, anunciou, sem sequer saber se o assunto prosperaria, que poderia aproveitar o plebiscito sugerido pela presidenta Dilma (PT) para saber o que povo cearense pensava sobre algumas obras que têm causado polêmica, como o Aquário (já em execução) e a ponte estaiada (ainda no projeto).

Vamos por partes. Sobre o caso do partido, muito pouco ele pode fazer, a não ser abandonar, com seu grupo, o PSB, um movimento que já foi feito algumas vezes nos últimos anos para acomodar os interesses do clã. O caso é que a ex-prefeita de Fortaleza, Luzianne Lins, cada vez mais acuada no PT cearense, hoje dominado pelo irmão de Genoíno (condenado no mensalão), José Nobre Guimarães, foi convidada oficialmente para deixar o PT e se filiar ao PSB. Luzianne no PSB seria a garantia de que o partido teria um palanque no Ceará para o presidenciável socialista. O giro virou um jirau nos diversos assuntos que Cid Gomes tocou. No PSB, foi divergente das pretensões presidenciais do presidente nacional e governador de PE, Eduardo Campos, apostando todas as suas fichas em Dilma Rousseff e Lula. Os protestos aqui e no Brasil inteiro sepultaram os planos do clã na corrida presidencial, com profundas ligações com a estadual, porque de uma só vez ele segurava o PT e o PMDB do oportunista Eunício Oliveira, que está se fazendo de morto na crise das ruas, mas não deixa de lamber a rapadura. Agora, dá para entender porque a viagem no meio da crise? Dilma e o PT caíram na vala comum e terá muita dificuldade em conquistar um segundo mandato. O tsunami que varreu o mundo político, principalmente PT e PMDB, ainda terá ainda muitos “rounds”, mas a corrida presidencial deixou todo mundo japonês, um quadro que pouco se alterará até o início da largada. Afundar com Dilma (ou qualquer outro) incomoda muito o clã e o namoro do PSB com Luizianne pode ser a deixa que o clã deseja para se mudar de malas e bagagens para o alternativo PSD, igualmente desgastado, mas, pelo menos, seu presidente nacional, Gilberto Kassab, com o pífio desempenho junto ao eleitorado para a sucessão de SP (2%), não vai levantar muito a voz. A desconstrução política (principalmente partidária) vai fazer suar o clã para segurar o poder depois de 2014. É uma nova engenharia que envolve o PMDB (Eunício, e os vices Domingos Filho e Gaudêncio Lucena), O PSB, o PT, uma mais que provável mudança de partido e a fabricação de um candidato estadual a partir do barro sem consistência de que dispõe – Leônidas Cristino. Izolda, Mauro Filho e Roberto Cláudio, o prefeito eleito de Fortaleza este ano, que nem respostas começou a dar à cidade e ao povo.


O caso do plebiscito será outro suadouro e a ser enfrentado pelo clã. Quando se cospe para cima quase sempre cai na cara. Com soberba, o governador anunciou que iria aproveitar o plebiscito para pesquisar se o povo concorda com algumas obras. O plebiscito nacional nem vai prosperar para produzir resultados para as próximas eleições, mas no Ceará vai render, e muito. Em Brasília, a polêmica toma conta em virtude do princípio da anualidade quando se trata de mudanças eleitorais, mas por cá não é o caso. O princípio será a aprovação ou não do povo cearense sobre, principalmente, das obras do Aquário e da Ponte estaiada. A turma da tocaia não perdeu tempo. A Câmara Municipal de Fortaleza aprovou pedido de urgência para votação do Projeto de Decreto Legislativo 28/2012, do vereador João Alfredo (Psol), que determina o plebiscito sobre a construção do Aquário. A matéria será votada em até cinco sessões da Casa. Projeto no mesmo sentido também foi apresentado na Assembleia Legislativa do Ceará pelo deputado Heitor Férrer (PDT). Está mais que feito o imbróglio. Por que falar sobre isso governador, especialmente porque a obra está em execução e já foi gasto mais de R$ 52,6 milhões do erário? Se o povo não aprovar, como esse dinheiro do povo será resgatado? Não vou nem entrar nos questionamentos licitatórios e comparativo dos gastos com o volume visível das obras, mas o rolo está feito e dificilmente o governo sairá ganhando. Fala aí prefeito Roberto Cláudio, já que o governador e o vice ainda não chegaram e até o danado secretário Bismarck Maia está de férias, afinal a obra é na cidade em que o senhor é prefeito. Que bola, hem?

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