terça-feira, 4 de dezembro de 2007

E no Brasil de Lula/FHC/Zé Dirceu

Os jornais estampam manchetes com a redução do índice de analfabetismo. E Lula comemora histrionicamente, afinal “minha mãe nasceu analfabeta, mas isso vai acabar, pois nunca na história deste país se fez tanto pela educação”. Pois é, mais uma vez o Brasil ficou em último lugar (41 participantes) no ranking de Pisa, dessa vez com ênfase para a matemática, embora não se restrinja ao tema. Em 2000, com 32 nações e ênfase para a leitura, o Brasil também ficou em último. Mesma qualificação de 2003. A verdade é que vivemos aquilo que a mídia costuma chamar de “apagão educacional”. É como um amigo, do Conselho de Educação costuma lembrar, aos 15 anos, os jovens, que freqüentaram regularmente o ensino básico, não aprenderam o essencial. São incapazes de ler e entender um texto, de resolver questões simples de matemática, de adquirir conhecimento científico. Pior: não se vislumbra luz no fim do túnel. Faltam quadros para levar avante um projeto sério de recuperação do tempo perdido.

LULA E O EFEITO CHÁVEZ

A maioria dos brasileiros respirou aliviada. Chávez e sua pretensão plena de ditadura disfarçada de socialismo foram derrotados. Ainda que novas investidas venham a ocorrer, o efeito da derrota do SIM na Venezuela já agrada bastante por sepultar a inconfessada vontade de Lula por um terceiro mandato. Já foi dito e sabemos que escondida no armário de todo “esquerdista” no poder está uma jaqueta de ditador. Desta vez concordo com o jornalista Clóvis Rossi (viu Fábio campos, espelhe-se) quando disse, em seu artigo na FSP, que “popularidade é como desodorante: tem prazo de validade. Esgotado o prazo, cheira mal”.

ELEITOR SABE O QUE QUER

Sem qualquer dúvida, Lula votaria pelo SIM a Chávez e torceu para que isso acontecesse tanto quanto torceu para que o Corinthians não caísse para segunda divisão. No mesmo dia do voto na Venezuela, a FSP publicava pesquisa (Datafolha) aconselhando que Lula se mantivesse dentro do prazo de validade, ou seja, 65% das pessoas ouvidas desaprovam a pretensão de Lula (e principalmente de sua turma, incluindo o Inácio Calheiros Arruda) de disputar um terceiro mandato. Só 31% aprovaram a idéia, número que representa exatamente o que tinham Lula e seu PT, patamar de onde nunca deviam ter saído. Lula e seu PT, que nasceram ganhando a simpatia da classe média e setores da intelectualidade, caíram para dominar (via bolsa-família) as regiões com mais numerosos bolsões de pobreza. É o que diz o Datafolha:

AVALIAÇÃO ÓTIMO+BOM DE LULA NAS CAPITAIS E ESTADOS)

Porto Alegre 26% - RS 37%; Florianópolis 33% - SC 41%; Rio 36% - RJ 43; São Paulo 37% - SP 43; Belo Horizonte 42% - MG 53; Curitiba 47% - PR 47; Salvador 43% - Bahia 54%; Distrito Federal 47%; Fortaleza 54% - Ceará 60; Recife 57% - PE 65%.

SAÚDE NO TOPO

Na mesma pesquisa, a SAÚDE aparece pela primeira vez como principal problema do Brasil. Desde mediados dos anos 90 a (in)segurança reinava absoluta no topo. Agora divide sua posição (21%) com a saúde (21%) e o desemprego (18%). A saúde também aparece como a área do governo petista que merece maior crítica. Então, vale perguntar: e para que serviu a CPMF recolhida durante todos esses anos? Zé Dirceu pode dar a resposta.

A VEZ DOS SENADORES

As duas derrotas de Lula (Chávez e o Corinthians) podem levar a terceira: a queda da CPMF. Os senadores devem estar estimulados, menos o Inácio Arruda, óbvio, depois da queda do SIM de Chávez, da descida corinthiana (milhares de torcedores já estão pedindo que Lula pare de azarar o time) e da subida Saúde ao primeiro lugar como prioridade social. Os argumentos estão montados. Se mais ninguém, afora a tropa de choque de Lula, se vender ao Planalto a CPMF está derrotada.

EXEMPLO DO EQUADOR

Já que o assunto remete ao Congresso Nacional, vamos continuar por lá. É preciso que os congressistas vejam com cuidado a proposta de uma Constituinte exclusiva para a reforma política. A atual safra congressista não gera confiança de que uma iniciativa dessa natureza acabe bem. Vejam o exemplo que vem do Equador, conforme matéria no jornal El País: “La Constituyente de Ecuador asume el poder y disuelve el Congreso”. É assim mesmo, os partidários do presidente Rafael Correa assumiram o pleno controle das instituições do País até que a nova redação da Carta Magna equatoriana seja aprovada. A onda dos golpes brancos está crescendo na América Latina e já chegou a Rússia. Como Chávez queria, via reforma constitucional, Putin conseguiu através das urnas, embora com resultado duvidoso, e já planeja se perpetuar no poder passando para primeiro ministro, cargo hoje decorativo. Dá para dormir sem pesadelos?

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