quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Antenção à Crise na Bolívia


Nada na política latino-americana ocorre isoladamente. Quando acontece, logo se desfaz. Há uma onda de volta ao passado, claro que com novo figurino, como reflexo do fracasso da onda neoliberal. Muito foi prometido e nada foi cumprido. Emerge um movimento que parte da base dos excluídos. Terminada a segunda guerra mundial, o mundo experimentou uma onda de progresso e deu saltos na conquista dos direitos do cidadão. O poder público tudo podia. Os anos 60 chegaram com a explosão dos direitos individuais (apogeu filosófico, amor livre, drogas e “rock and roll”), mas trouxe a tiracolo o fantasma das ditaduras na América Latina. A onda de crescimento (ideário cepaliano) à custa do poder público leva à bancarrota dos anos 80, a dita década perdida. O fim da rota empurrou o bloco no rumo da democracia. Democracias instáveis foram o resultado da transição apressada, sem prestação de contas com o passado. Os anos 90 foram marcados pelo neoliberalismo, rendidos à idéia de que o mercado tudo podia. Da mesma forma que o Estado não pode. O mercado também não. O final da década passada trouxe nova crise e um novo século em ebulição.

OS NOVOS VELHOS

O século XXI fincou uma nova leva de governantes, muitos localizados na esquerda. Na prática, a teoria não se confirmou. Em verdade, à esquerda de hoje cairia melhor o carimbo de social-democracia, cujas bandeiras coincidem com os problemas da região: pobreza, desigualdade e desemprego. Afinal, o que é esquerda? A própria denominação de esquerda confunde pessoas "bem definidas" ideologicamente como Oman carneiro, Ciro Gomes, Cid Gomes, Arialdo Pinho, Ivan Bezerra, entre outros, já que se trata de um conceito que vem da Guerra Fria, dos anos 60, associado aos movimentos revolucionários de Guevara, ao governo chileno de Allende e a própria revolução cubana. Mesmo os governos feitos marcadamente por pessoas com convicções –comunistas, socialistas– de esquerda, não lograram implantar suas idéias no Governo. São exemplos o Uruguai (Tabaré Vázquez), o Chile (Michelle Bachelet), Bolívia (Evo Morales, maior identificação prática) e Brasil (Lula). A força do liberalismo, da organização produtiva e o sistema internacional funciona como um eficaz freio à aplicação do ideário esquerdista. Apenas um rasgo esses governos têm em comum: uma determinada preocupação com o social e a trôpega intenção de distribuir renda dentro do capitalismo, depois de 30 anos de ditaduras e neoliberalismo. É assim que instalaram redes sociais de apoio aos excluídos, mas sem rupturas e assumindo orientações econômicas plenamente conservadoras.

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